14/01/2013

E Agora?

 Enquanto numa rua ao lado o elegante edifício de gaveto está completamente esventrado e vai receber um daqueles tratamentos caros à nossa classe política e promotores, os números 29 a 31 da Rua Mouzinho da Silveira se degradam, e o gaveto dessa rua com a Rua Rosa Araújo está destinado a ser mais um cenário de fachada, o nº 15 da Rua Castilho mantém-se de pé, apesar de maltratado e negligenciado. Agora  a rua está vedada com barreiras porque, aparentemente, o edifício apresenta perigo para os transeuntes.
No entanto uma série de janelas estão abertas deixando entrar chuva, vento, pombos e todos os ingredientes para "demolir" um edifício sem que para tal se esteja autorizado, o que nos leva a presumir inilidivelmente que a preservação destes interiores não faz parte dos planos de ninguém; certamente dos planos do proprietário e dos responsáveis da CML não fará, certamente.
São essas janelas, precisamente, que deixam ver uns tetos decorados típicos da sua época em bom estado! Será que a qualidade da construção deste imóvel é uma maçada para quem o quer ver arrasado - por causas naturais, é claro!
Vejam, pelas fotografias, se este é o prédio que qualquer cidade deitaria no lixo. Na nossa cidade é!







Estes dois edifícios, numa clara referência neo-gótica (de que não há muitos em Lisboa), estão a apodrecer a olhos vistos. Bem sei que os terrenos dariam uns ótimos prédios altos...

Este edifício é lindíssimo. Tem uma cobertura à francesa e o rendilhado das varandas faz um efeito impressionante. Terá interiores digníssimos mas não tem pladur com focos, chão flutuante e um "faz de conta" que os materiais são de qualidade das construções atuais e por isso não interessa a nínguém. Pois a mim interessa, e muito.


Deste gaveto na Rua Castilho/ Mouzinho da Silveira resta a fachada e a entrada.O que este edifício precisava era, de fato os interiores de design-chão que qualquer caixa de cimento e vidro apresenta hoje e que enche de tanto prazer o mercado comprador de imóveis que saliva com as tais cozinhas com móveis pretos lacados muito minimalistas e inteligentes, porventura mais do que quem as comprou

Lembremo-nos destas coisas quando vier a hora de deitar o boletim de voto na urna; não sei quem virá a seguir ou se será melhor mas os atuais já provaram não estarem à altura desta cidade.

4 comentários:

Anónimo disse...

Esse primeiro edifício vai ser demolido?
Não acredito!

Anónimo disse...

Acho que as fachadas vão ser mantidas.

Anónimo disse...

Quando em plena Praça Luís de Camões vemos um edifício Pombalino, onde no piso térreo(situada uma estação dos CTT) se verificam vários cortes e alterações estruturais(como a demolição de pilares originais e alvenarias) para a ampliação de espaços comerciais, então está tudo dito!

Julio Amorim disse...

É que nem um raio de uma fachada conseguem manter. Na maioria dos casos fica tudo "modernaço" e sem interesse algum. Qualquer demolição é bem mais honesta que a cidade embalsamada que os nossos netos vão herdar. Mas de uma podemos estar certos....a história não irá absolver brutinhos nenhuns.