26/02/2019

Chegado por e-mail:


«Caros Bloggers,
Tomei há pouco conhecimento do vosso blog e li publicações bastante interessantes.
Uma vez que se preocupam em denunciar situações que envolvem os direitos dos cidadãos em relação ao espaço em que vivem, gostava de alertar para um problema que considero um atentado aos meus direitos.
Enviei este mail para a Câmara Municipal de Lisboa há poucas semanas:

Exmos. Senhores:

Sempre caminhei bastante, mas particularmente nos últimos anos substituí o ginásio por caminhadas diárias, que são fundamentais e trazem grandes benefícios para a minha saúde física e psicológica. Tento variar os meus percursos, mas cada vez tenho maior dificuldade em sentir que os meus direitos como cidadã, como peão, e como caminhante estão a ser respeitados pela autarquia em que vivo.

Quando conjugo o momento de caminhar com alguma outra atividade ou serviço que tenha de realizar, e quero deslocar-me a alguns lugares específicos de Lisboa, o estado dos passeios ou a inexistência dos mesmos torna o meu percurso e a minha experiência muito difíceis. Isto é algo que só quem anda a pé tem consciência e revela que os planeadores urbanos não têm esse hábito e só pensam em deslocações por via automóvel.

O meu exemplo concreto: resido na Rua Jorge de Sena, freguesia de Santa Clara. Para chegar ao Lumiar os passeios são muito estreitos, nem permitem que duas pessoas caminhem lado a lado. Se eu quiser chegar a Telheiras há vários obstáculos sem passeios: o Paço do Lumiar, o próprio acesso a Telheiras. A Alameda das Linhas de Torres está permanentemente suja, com a calçada a colar-se aos meus sapatos.

Numa caminhada mais longa até à Estrada da Luz deparo-me com vários troços desta rua sem passagem para os peões. Tenho mesmo de ir pela estrada, junto aos carros, a caminho da Loja do Cidadão das Laranjeiras.

Esta falta de respeito por quem quer disfrutar da cidade pelo seu pé demonstra o desinteresse dos poderes autárquicos pelos cidadãos, pela sua saúde e pelo próprio património da cidade, que assim não é usufruído por quem o podia estar a observar e a descobrir com calma e serenidade.

Aconselho uma tomada de consciência da necessidade de melhorar os passeios da cidade, para os cidadãos a poderem apreciar a pé, o que pode contribuir para a melhoria da saúde pública e para a diminuição de inúmeras despesas relacionadas com obesidade, problemas mentais e psicológicos, e para a diminuição da emissão de gases e despesas em combustíveis. Sugiro também uma campanha de consciencialização para os cidadãos de Lisboa caminharem mais, substituindo assim o uso do automóvel e das trotinetes, que em nada contribuem para a sua saúde.

Agradeço uma resposta a esta minha preocupação.

Obrigada pela atenção.

Os meus melhores cumprimentos,

Já recebi uma resposta que me encaminhou para o Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa, Volume 2 – Área Operacional Via Pública, Lisboa, Câmara Municipal. Presidente da CML António Costa. Vereador da Mobilidade (2010-2013) Fernando Nunes da Silva. http://www.cm-lisboa.pt/viver/mobilidade/acessibilidade-pedonal/plano-de-acessibilidade-pedonal.

Este relatório está muito bem escrito. Infelizmente não há grande concretização das suas propostas.

Deixo a sugestão de pensarem neste assunto, que afeta a vida de tanta gente, mas que também revela a total falta de consciência da caminhada como um interesse de saúde pública e de interesse dos cidadãos.

Depois de décadas de desvio do interesse público para os transportes rodoviários e para os shoppings, acredito que deve ser feita uma campanha bem pensada para atrair de novo os cidadãos para a rua, para o espaço público e para andar a pé. Para isso tem de haver condições de acessibilidade.

Agradeço a atenção e apresento os meus melhores cumprimentos,

Maria Antónia Pires de Almeida»

Deve estar para breve, o adeus ao Pátio Estefânia ...


Por falar em azulejos roubados, atenção que está para venda um prédio na R. D. Estefânia 70-76 (Pátio Estefânia) com fachada revestida a azulejo Viúva Lamego do séc. XIX (um padrão relativamente raro e só produzido pela VL), que é este ... aliás, o próprio Pátio é um mimo e é raro em Lisboa. Mais um para o béléléu possivelmente... (foto do dito, quando ainda lá funcionava uma funerária ...)

Azulejos do séc. XIX na Feira da Ladra: 4 por 10 €


Com o fenómeno do turismo de massas aumentou o roubo e a venda de azulejos para servir o apetite dos turistas...

Fotos do Sábado passado, de Fernando Jorge.

21/02/2019

Azulejos escavacados em fachada do prédio da Rua dos Cegos, 32 /Pátio Dom Fradique


ATENÇÃO: Alguém pode passar na Rua dos Cegos/Menino Deus/Pátio D. Fradique, nº 32, e fotografar o desaparecimento/arranque de azulejos em curso? Obra em curso, mas o procedimento é ilegal, se o projecto tiver sido aprovado depois da entrada em vigor da lei que protege o património azulejar de fachada! Muito obrigado!

Enquanto isso e o Bocage toma um café...


O processo de classificação do edifício da esfera-armilar, de Norte Júnior, na Av. República, 55-B/Av. Elias Garcia (pedido subscrito pela prof. Raquel Henriques da Silva a 4 de Maio de 2017) é arquivado. Razão: a CML aprovou entretanto um Pedido de Informação Prévia (PIP) do arq. Valsassina, considerando-o, o projecto, como estruturante para a cidade de Lisboa. Mundo cão. :-( Mais cão ainda se pensarmos que o pedido de classificação teve despacho de abertura para publicação em DR, mandado suspender pela Secção do Património Arquitectónico e Arqueológico do Conselho Consultivo, para recolher parecer da CML, e depois de o receberem, informando que havia PIP em apreciação, a coisa é mandada arquivar. Canino, portanto.

O Café Nicola está Em Vias de Classificação, finalmente!


«Abertura do procedimento de classificação do Café Nicola, piso térreo, incluindo o património móvel integrado, na Praça D. Pedro IV, 24 e 25 e na Rua Primeiro de Dezembro, 14 a 20...»
https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/119847772/details/2/maximized?serie=II&parte_filter=31&dreId=119847739
(fotos: CML)

17/02/2019

Lisboa a perder na guerra contra os taggers


A senhora DGPC, arquitecta Paula Silva, dizia há tempos numa entrevista, que a guerra ganha-se desta forma: eles pintam e nós voltamos a pintar por cima.

Ficámos sem saber quem éramos o "nós". Sabemos, contudo, que nas mentes bem pensantes do PCML, Fernando Medina, e dos seus amigos, a tese é a mesma.

Para estes senhores gastar dinheiro desta forma, é irrelevante. Colocar câmaras é que não, apanhá-los e instaurar-lhes um processo-crime por destruição do património privado e público, também não.

O direito dos taggers é infinitamente mais bem salvaguardado do que o direito dos lisboetas a terem a sua cidade limpa desta forma degradante de expressão

Estranha-se que nunca sejam apanhados em flagrante de tinta.

Enquanto em Lisboa, a CML e a DGPC acharem que contra estes selvagens, só o soft "pintamos por cima outra vez" é que é remédio para uma praga fora de controlo, a cidade continuará a acordar mais suja e a adormecer mais desesperada.

e outros a precisar de cuidados. . .


Palácio Pessanha, fechado, com janelas abertas, jardim a virar matagal. Versão mais reduzida da malograda Quinta das Águias na mesma rua da Junqueira



Palácio dos Patriarcas ou Burnay. Um dos grandes e originais palácios de Lisboa. A cúpula está neste estado, aparentemente, a repartição dos Serviços Sociais da UL saiu. Esta casa deveria ser reabilitada para que todos os lisboetas conhecessem a magnífica escadaria com o seu trompe-l'oeil, o portal de aparato que dá para o jardim.



Uma das singularíssimas estufas do jardim e uma esplendorosa araucária sp. a precisar de cuidados e de ser classificada.


Para o melhor e para o pior: obras começaram nos palácios Ribeira Grande a Almada Carvalhais

Palácio Ribeira Grande, tardoz e antigo espaço do jardim


Palácio Almada Carvalhais, o reboco está a ser retirado deixando descobrir as antigas pedras da empena.

Demolições na garagem que ocupou o lugar dos jardins.


Depois de demasiados anos ao abandono e à incúria, estas duas formidáveis casas lisboetas entraram em obras.

Veremos como ficam. Para já, um aplauso.

13/02/2019

Pedido de adiamento e correcção projecto para A Napolitana - reunião de CML dia 14


Exmo. Senhor Presidente da CML
Dr. Fernando Medina


CC. AML, JF e media

No seguimento do agendamento para a próxima reunião de CML do dia 14 de Fevereiro (Proposta CML n.º 47/2019), do projecto de alterações (proc.nº 1398/EDI/2017) à antiga unidade industrial A Napolitana, sita na Rua de Maria Luísa Holstein, em Alcântara;

Considerando que A Napolitana está Em Vias de Classificação desde 25.10.2017 (https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/114089169/details/maximized?serie=II&parte_filter=31&dreId=114089151),

Considerando que A Napolitana tem sido objecto do desinteresse geral por quem de direito (sucessivos executivos camarários) desde o dia do seu encerramento, o que permiti sucessivas alterações físicas no seu interior e o desvirtuamento de parte significativa dos espaços interiores e a desprotecção do seu assinalável espólio, bem como, a nível de IPPAR/IGESPAR/DGPC a caducidade de um 1º processo de classificação, que tinha sido aberto pelos próprios serviços (2004-2009), erro reconhecido posteriormente, e só recentemente corrigido com a abertura de um 2º processo de classificação, acima referido;

Considerando a importância que este antigo complexo fabril ainda tem de facto para Alcântara e para a cidade, passados 110 anos sobre a sua construção, desde logo a nível do estudo da arquitectura industrial portuguesa, enquanto obra marcante do legado da dupla de construtores e projectistas Vieillard & Touzet;

E considerando que, pelo que é descrito nos pareceres apensos à proposta, o projecto acima referido (proc.nº 1398/EDI/2017), a ser aprovado como está, destruirá o que resta do interior do edifício, não estando asseguradas características relevantes para lá das fachadas, do sistema construtivo e de circulação antigos, o que nos parece assaz escasso;

Serve o presente para apelar a V. Exa. para adiar a discussão da Proposta referida, devolvendo-a aos serviços de Urbanismo, em especial ao recentemente lançado conselho científico da Carta do Património, de modo a fazer-se corrigir o programa proposto pelo promotor e pelo arquitecto respectivo, e assim garantir-se uma ainda maior preservação do edificado, contribuindo de facto para a memória industrial do local e da dupla Vieillard & Touzet a quem o país tanto deve; bem como pela validade e eficácia das sondagens e escavações arqueológicas respectivas.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Cavalho, Fernando Jorge, Júlio Amorim, Rui Pedro Martins, Henrique Chaves, Mónica Alfredo, Pedro Cassiano Neves, Rui Pedro Barbosa, Beatriz Empis, Helena Espvall

...

Resposta da CML (28.3.2019)

11/02/2019

Furem-se as abóbodas do claustro e já!


Adivinha: abobadela, abobadela, quais delas (abóbodas do claustro da Sé de Lisboa), estarão a ser já furadas para passar cabos para iluminação do claustro, no digníssimo projecto do sr. arq. Adalberto? Saberá esta gente o que é integridade física de um MN?

(foto: Lisbonne idée)

08/02/2019

Nos 100 anos sobre a morte de Júlio de Castilho:


Fonte: Pedro Mascarenhas Cassiano Neves

Razia em jardim em curso frente ao Clube Ferroviário, responsabilidade: JF São Vicente


No jardim entre o Pancas Palha e outro palácio na Calçada dos Barbadinhos, frente ao Clube Ferroviário, desbaste geral no jardim, desde a manhã de ontem, sem aviso prévio nem justificação de nada. Resta este dragoeiro e pouco mais. Onde está informação sobre isto? A que título a digna Junta de Freguesia de São Vicente age à margem do Regulamento Municipal do Arvoredo? Pouca vergonha!

(fotos e alerta de HO)

06/02/2019

O Bloco das Águas-Livres é Monumento de Interesse Público, no entanto ...


O Bloco das Águas-Livres é Monumento de Interesse Público, no entanto o GCP parece que acha que não (como parece que não acha que o Aqueduto seja MN, aliás), pois além das miseráveis coberturas dos campos de padel, agora ainda quer construir um edifício colado àquele violando claramente a zona de protecção do mesmo. A DGPC aprova isto, é? Lindo serviço.

Casa-Museu Anastácio Gonçalves - Pedido de reabertura à MC


Exma. Senhora Ministra
Dra. Graça Fonseca


C.C. DGPC, JF Avenidas Novas e media

Encontrando-se concluídas desde há largas semanas as obras de requalificação do espaço público decorrentes da construção da “Torre das Picoas”, também conhecida por Edifício 41, e, considerando que já se encontra também concretizado o novo acesso à Casa-Museu Anastácio Gonçalves, bem como as obras de alterações previstas na mesma, designadamente no que toca à requalificação das zonas de recepção/bilheteira, reservas e acessibilidades;

Solicitamos a V. Exa. que nos informe sobre a data de reabertura da Casa-Museu Anastácio Gonçalves, uma vez que a mesma está encerrada ao público desde Maio de 2018, e porque o edifício faz muita falta a todos aqueles que não só apreciam o seu magnífico acervo e o próprio edifício mas também as iniciativas culturais que nele costumam decorrer, mais precisamente de cariz artístico, musical e literário.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando JOrge, Pedro Henrique Aparício, Vítor Vieira, Ana Alves de Sousa, Júlio Amorim, Pedro Cassiano Neves, Beatriz Empis, Ana Celeste Glória, Rui Pedro Martins, António Araújo, Maria Maia, Helena Espvall, Henrique Chaves, Maria Ramalho, Fernando Silva Grade, Maria João Pinto, José Maria Amador, Fátima Castanheira

Foto: Blog "O Universo numa Casca de Noz"/ABA

04/02/2019

Jardim da Cascata e Paço Real de Caxias - Queixa e pedido de providência cautelar ao MP


Exma. Senhora Procuradora-Geral da República
Dra. Lucília Gago


O Paço Real de Caxias está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1953 (Decreto nº 39175, DG, 1.ª série, n.º 77 de 17 Abril), estando incluídos nessa classificação o chamado “Jardim da Cascata” e respectivas esculturas, estas últimas em terracota e atribuídas a Machado de Castro.

Em 10.01.1986 a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) e o Ministério da Defesa Nacional (MND) assinaram um “protocolo de cedência para recuperação, manutenção e utilização do Jardim da Cascata”, tendo nessa altura sido demolidos vários elementos espúrios e feita a desmatação do terreno a expensas da CMO.

Em 1993 foi efectuada uma candidatura ao programa europeu “Conservação de jardins de valor Histórico”, sendo atribuído ao projeto da Quinta Real de Caxias o estatuto de Projeto-Piloto de Recuperação do Património Paisagístico Europeu, facto que permitiu à CMO avançar com um projeto de recuperação do jardim, adjudicado posteriormente por concurso, e que compreenderia a reposição dos desenhos de buxo (já concretizados), a regularização dos caminhos de saibro (idem), a recuperação do sistema hidráulico que alimenta a cascata (por comprovar), lagos e repuxos e adaptação do sistema de rega (por comprovar), a reposição das pinturas a fresco da “casa da nora” e da cascata (concretizados mas já vandalizados), a colocação de sinalética e iluminação (concretizada), a recuperação da “Casa da Nora”, da “Casa da Fruta”, do “Pavilhão do Aquário” - com adaptação da primeira a sala de leitura e exposição das estátuas a restaurar (?) -, a recuperação do tanque da cascata, os socalcos ajardinados e as respectivas galerias (?), a reconstituição de uma ruína por detrás da cascata para oficina de restauro (?) e a recuperação de uma dependência exterior para recepção/posto de Turismo (?).

Em 1994 é anunciado pela CMO o início do trabalho de recuperação e consolidação das 25 esculturas em terracota, da autoria de Machado de Castro, pelo Instituto de Restauro Rainha D. Leonor (?), sendo as mesmas retiradas do seu “palco cénico”, e substituídas por silhuetas em cartão, colocadas nos locais das peças originais.

Em 2009-2010 é anunciada pela CMO a reparação de 7 esculturas, optando, contudo, por expor no jardim réplicas em resina, ficando as originais em exposição na “casa da nora” (https://arquivos.rtp.pt/conteudos/recuperacao-da-quinta-real/).

Considerando a situação actual confrangedora do Jardim da Cascata no seu todo, passados 33 anos sobre o início deste processo de recuperação dos equipamentos e do edificado ali existente, em que, visível e comprovadamente, apenas se concretizou a reposição do buxo, a limpeza dos caminhos e a colocação de sinalética (alguma dela errónea, ex. a que diz respeito à Cartuxa);

E considerando que se constata a ausência das esculturas referidas, seja das esculturas originais em terracota, seja de qualquer réplica em resina, existindo apenas uma das estátuas e algumas silhuetas em cartão.

Serve o presente para apresentar queixa ao Ministério Público, solicitando a melhor intervenção dos serviços da Procuradoria Geral da República no sentido de apurar:

*As razões por que, 33 anos passados sobre a assinatura do protocolo Câmara-Ministério e 26 anos sobre a candidatura a fundos europeus, o estado do Jardim da Cascata é aquele que se depara a quem o visita.
*Se as 25 esculturas em terracota foram de facto restauradas e qual o local onde se encontram neste momento.
*As razões por que não estão no jardim as anunciadas réplicas em resina.

Mais solicitamos ao Ministério Público que, face ao estado calamitoso do Paço Real de Caxias e à comprovada ineficácia do procedimento concursal feito pelo MDN/Turismo ao abrigo do Programa Revive no sentido de se encontrar um concessionário para aquele conjunto histórico;

Interponha uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo no sentido responsabilizar quem tutela o Paço Real de Caxias, a tomar com urgência medidas que permitam acautelar o valioso património histórico que o edifício ainda encerra, impedindo assim que seja ainda mais depauperado do que já está, ou seja, permita travar um processo de degradação dum bem cultural de elevado valor histórico-patrimonial em situação de abandono continuado.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Castelo-Branco, Ana Celeste Glória, Júlio Amorim, Pedro Cassiano Neves, Pedro Jordão, Maria do Rosário Reiche, António Araújo, Rui Pedro Martins, Helena Espvall, Virgílio Marques, Fernando Silva Grade, João Pinto Soares, Miguel de Sepúlveda Velloso, Fátima Castanheira, José Maria Amador, Miguel Jorge

Cc. Media

02/02/2019

Entretanto em San Francisco as ilegalidades resolvem-se assim....

Largent House, 49 Hopkins, SF

Richard Neutra, 1936


A Casa Largent concebida por Richard Neutra em San Francisco (1936) foi ilegalmente demolida em princípios de 2017. Neutra, um dos mais conceituados modernistas de Los Angeles, desenhou muitas casas em LA, mas pouquíssimas na Bay Area. A Cidade de San Francisco onde se vende o imobiliário mais caro em todos os Estados Unidos, quis desta vez estatuir exemplo uma vez por todas tendo ordenado o proprietário a reconstruir uma réplica da Casa Largent e, ainda, colocar um cartaz informativo no passeio com a história da desaparecida casa. Depois de chegar à conclusão que as multas chorudas por ilegalidades já não resolviam os problemas, a Comissão de Planeamento de San Francisco deu finalmente o murro na mesa e uma forte mensagem para quem no futuro quiser ultrapassar as leis em vigor. 

“If a developer has even a thought of demolishing a house illegally, I’d like them to go up to 49 Hopkins and take a look at the plaque, because this is what’s going to happen in the future,”

Pode ler o resto aqui

01/02/2019

Arquivo Municipal de Lisboa no antigo Hospital Miguel Bombarda

Hospital Miguel Bombarda - Edifício principal

O Hospital Miguel Bombarda, na Rua Gomes Freire, em Lisboa, foi o primeiro hospital de doentes psiquiátricos em Portugal. Fundado em 1848 por decisão do chefe do Governo, marechal Duque de Saldanha, ficou instalado na Quinta de Rilhafoles, no edifício do antigo convento da Congregação dos Padres da Missão de S. Vicente de Paulo, que ficou vago após a extinção das ordens religiosas, em 1834, e para o qual se transferiram os enfermos internados em precárias condições no Hospital Real de S. José.

O edifício, que resistiu ao terramoto de 1755, ficou a constituir um grande hospital, dimensionado para 300 doentes, que funcionou até ser desactivado em 2008 e encerrado três anos depois. No interior da sua cerca, dado o grande interesse patrimonial, foram classificados em 2001, sob proposta do Hospital Miguel Bombarda, como Conjunto de Interesse Público, os edifícios do balneário D. Maria II, o Pavilhão de Segurança e o edifício principal (antigo convento), pelo que o hospital no seu conjunto ficou protegido por Zona Especial de Protecção (ZEP).

De entre os valores patrimoniais presentes no edifício principal (antigo Convento) encontra-se o gabinete do seu director, Professor Miguel Bombarda, local onde foi assassinado em 3 de Outubro de 1910 por um antigo doente, nas vésperas da implantação da república. No quadro a óleo do Marechal Duque de Saldanha por trás da secretária, pode ver-se a marca de uma das balas que vitimou Miguel Bombarda.

Balneário D. Maria II ou Casa dos Banhos

O Balneário D. Maria II, ou casa dos Banhos, foi inaugurado em 29 de Outubro de 1853, data do aniversário do príncipe-consorte D. Fernando pela Rainha D. Maria II, sendo o primeiro edifício construído de raiz em Portugal para tratamento de doentes com perturbação mental. Cerca de metade dos utilizadores eram doentes externos que, por prescrição dos médicos da cidade, aí se dirigiam para serem tratados aos “nervos”. O Balneário proporcionava diversificados tipos de banhos: sauna ou de vapor com ervas aromáticas, turcos, de onda, duches verticais e laterais, de imersão, quentes, tépidos e frios, ou alternados na temperatura, que os médicos procuravam adequar às várias situações clínicas, como as de agitação ou de depressão.

Pavilhão Panóptico de Segurança e Museu

O Pavilhão de Segurança, de 1896, é um dos raríssimos edifícios circulares panópticos existentes no mundo, aqui com pátio a descoberto, para beneficiar o estado mental dos pacientes e prevenir a transmissão de doenças, e apresentando arredondamentos generalizados de arestas, para evitar contusões.

O Museu, instalado no edifício do panóptico dispõe de vários arquivos específicos, mas complementares: um arquivo de centenas de livros manuscritos e outros documentos, dos quais se destacam os livros de registo de todos os doentes desde 1848; o acervo de material clínico e hospitalar, remontando ao séc. XIX; um arquivo fotográfico de doentes, além das imagens sobre o quotidiano hospitalar ao longo do tempo.O Museu dispõe ainda da mais antiga e maior colecção de pintura, desenhos e pequenas esculturas ou azulejos, de doentes do país, permitindo a descoberta e a revelação de uma outra arte portuguesa, desde 1902. Elas abrangem uma rara gama de temáticas, abordagens e emoções, de artistas como Jaime Fernandes, Hélio, Demétrio, Valentim ou José Gomes, a maioria de genuína Outsider Art – Art Brut – Arte Crua, de autores sem formação ou autodidactas, mas também arte naif e arte convencional.

A riqueza vegetal da cerca do Hospital Miguel Bombarda

O riquíssimo património vegetal que se pode encontrar na cerca do convento, com alguns exemplares certamente centenários, requer uma protecção eficaz mediante a sua classificação de Interesse Público ou de Interesse Municipal.

Alameda das Oliveiras, da antiga quinta de Rilhafoles (Século XVI), árvores com uma idade entre os 400 e os 500 anos

Conclusão: Estamos assim em presença de um espaço riquíssimo em património e história, onde pela sua centralidade e bom estado de conservação dos edifícios, ficaria enriquecido e com ele a cidade de Lisboa, com a instalação do Arquivo Municipal de Lisboa, presentemente disperso por diversos locais da cidade. Assim haja vontade política para o fazer.


João Pinto Soares