17/07/2018

Remoção de azulejos no antigo Hotel Braganza (R Vítor Cordon) - pedido de esclarecimentos à CML


Exmo. Senhor Vereador
Arq. Manuel Salgado


C.C. PCML, Provedoria de Justiça, AML, DGPC e media

Tendo em conta o disposto no Regulamento Municipal de Urbanização e Edificação de Lisboa, artigo 13º, ponto 9 e artigo 14º, ponto 2: “É interdita a remoção de azulejos de fachada de qualquer edificação, salvo em casos devidamente justificados, autorizados pela Câmara Municipal em razão da ausência ou diminuto valor patrimonial relevante destes”; o artigo 13º, ponto 10: “Na vistoria de valor histórico patrimonial que precede a demolição total ou parcial dos edifícios da Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico nas situações admitidas no RPDML, deve ser elaborado um Registo para memória futura, do qual conste resenha histórica, levantamento gráfico (plantas, alçados, etc.) e fotográfico relativo ao imóvel, bem como a indicação dos materiais construtivos e decorativos com valor arquitetónico ou histórico que nos termos do n.º 6 do artigo seguinte devem ser preservados.”; e ainda a mais recente alteração do RJUE DL 555/99 de 16 de Dezembro, conferida pela Lei 79/2017 de 19 de agosto, pronuncia-se sobre o indeferimento de licenciamentos no caso de remoção de azulejos de fachadas, artigo 24 nº2 “Quando o pedido de licenciamento tiver por objeto a realização das operações urbanísticas referidas nas alíneas a) a e) e i) do n.º 2 do artigo 4.º, o indeferimento pode ainda ter lugar com fundamento em: A operação urbanística implicar a demolição de fachadas revestidas a azulejos, a remoção de azulejos de fachada, independentemente da sua confrontação com a via pública ou logradouros, salvo em casos devidamente justificados, autorizados pela Câmara Municipal em razão da ausência ou diminuto valor patrimonial relevante destes";

E considerando a recente demolição autorizada pela CML dos azulejos de fachada da Rua Vitor Cordon, ao edifício da ex-Universidade Livre, antigo Hotel Braganza, integralmente removidos, e independentemente das questões da nova côr proposta em maqueta, e o "clássico" aumento de 1 piso no edifício;

Somos a solicitar o melhor esclarecimento de V. Exa. relativamente à legalidade da autorização da CML dos referidos azulejos.


Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Júlio Amorim, Miguel Atanásio Carvalho, Henrique Chaves, Rui Pedro Martins, Fernando Silva Grade, Beatriz Empis, Irina Gomes, Helena Espvall, Ana Celeste Glória, António Araújo, João Oliveira Leonardo, Virgílio Marques, Jorge Pinto

9 comentários:

João Ribeiro disse...

E não é que...

Correndo o risco de ser crucificado, neste caso particular prefiro a pintura do novo projecto aos azulejos.

Miguel de Sepúlveda Velloso disse...

Caro João,

Não será crucificado por tão pouco....


A questão é saber qual o objectivo de uma legislação de protecção do azulejo, se depois em obras de autor (Souto de Moura, por ex;) os mesmos são removidos.


Por outro lado ºe saber se há efeitos retroactivos da nova lei, abrangendo desse modo as obras antes dela licenciadas?

Cumprimentos

João Ribeiro disse...

Obrigado pela atenção caro Miguel. Concordo plenamente com o cumprimento das questões legais. Neste caso foi apenas uma questão de gosto pessoal sem ter em conta esse tipo de questões legais.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Azulejos retirados ou roubados é mato nesta terra. Há muitos anos a igreja da Encarnação, na fachada para a rua do Alecrim, retirou a esmagadora maioria deles e pintou a parede de amarelo, como ainda está. Gostaria de saber quem deixou e onde param eles! O azulejo é identitário desta terra.

Anónimo disse...

Este azulejo não é nada popular. O Aires Mateus também o eliminou num edifício na esquina da Borges Carneiro com a Rua dos Navegantes.
Por acaso hoje vi a fachada de um grande edifício em obras na Rua do Salitre sem os seus belos azulejos. Espero que voltem ao sítio.

Anónimo disse...


O histórico Hotel Bragança, o melhor de Lisboa no final do séc. XIX, referido nos romances de Eça de Queirós e outros, também em RISCO!
E esse piso novo em cima também é absolutamente lamentável !!
O obscurantismo, a nova idade das trevas, domina a milenar cidade de Lisboa.

Anónimo disse...

São apenas azulejos banais de um edifício... e depois de outro e mais de outro e ainda de outro...

MTM disse...

Bom dia, gostaria de saber se obtiveram alguma resposta.
Obrigada
Cumprimentos,

Marta

CIDADANIA LX disse...

Resposta directamente, não. Indirectamente, ficou-se a saber que o PIP foi aprovado antes da entrada em vigor da lei que protege os azulejos de fachada. Coincidências :-)