In Sol Online (12 de Abril)
Por Telma Miguel
«O que faz um museu do Estado quando tem orçamento zero do Estado para fazer aquilo que é um dos seu core business, ou seja exposições?
Absolutamente nada. Ou então, a resposta dos nossos tempos, com ilustres exemplos internacionais: fundraising.
O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA),com a mais importante colecção nacional, optou pela segunda via e procurou financiadores. E é por isso, por causa de uma visão muito pragmática de que os museus têm que, para sobreviver, ir buscar o público e o dinheiro (numa economia de mercado eles andam juntos) onde eles estiverem, que António Filipe Pimentel, o director do MNAA, tem ido nos últimos tempos mais vezes ao Centro Colombo, em Lisboa, do que aquilo que estaria à espera. E durante o dia, em horário laboral. Nesta última semana tem ido ao Colombo dar entrevistas e explicar a presença da arte antiga portuguesa entre pessoas com sacos de compras da Nespresso e do Continente.
No passado dia 29, abriu no Centro Colombo a exposição Construir Portugal. Arte da Idade Média (até dia 1 de Julho), com curadoria de Anísio Franco, conservador do museu. No dia seguinte, uma sexta-feira, mais de 800 pessoas entraram no imenso cubo de madeira, uma solução arquitectónica de Manuela Fernandes, para observar, com uma curiosidade não prevista, as 31 peças medievais que constroem uma narrativa inspiradora do processo de formação do reino português. De 5 de Julho, a 30 de Setembro, será a vez de Desenhando o Mundo. Arte da Época dos Descobrimentos, o que dá «uma presença espessa e continuada, de seis meses, que é importante», como diz António Filipe Pimentel . As exposições foram desenhadas e escolhidas pela sua temática "fortemente identitária e de forte comunicabilidade para todos os públicos" [...].»