Dois anos depois de serem montadas
ilegalmente, as telas que cobrem a frente do edifício foram objecto de uma
ordem de remoção.
Por José António Cerejo, Público de 5 Junho 2014
A
Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) determinou, no fim de Abril, a
remoção das megatelas informativas que foram montadas há dois anos na fachada
do Museu Nacional de História Natural e Ciência, na Rua da Escola Politécnica,
em Lisboa. A direcção do museu confirma que foi notificada, mas diz que “está a
tratar do assunto junto das entidades competentes”.
Instaladas
em Maio de 2012, as duas telas, com 18 metros de comprimento por dez de altura
cada uma, foram colocadas em cima de um estrutura metálica tubular de grandes
dimensões que, por sua vez, foi fixada às paredes do museu (antiga Faculdade de
Ciências). A iniciativa — justificada com a necessidade de dar projecção às
actividades do museu — suscitou polémica na altura, tanto mais que a Direcção
Regional de Cultura tinha emitido seis meses antes um parecer desfavorável à
sua concretização.
Para
lá das dimensões das telas, a montar na frente de um edifício que estava em
vias de classificação (no ano passado, foi classificado como monumento de
interesse público), o parecer criticava o facto de elas serem “salientes
relativamente ao plano” da fachada principal, provocando “um forte impacto
visual sobre o núcleo museológico”. Nessa altura, porém, não foi ordenada a sua
retirada, sendo criado um grupo de trabalho conjunto, entre a Direcção Regional
de Cultura, o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico e
a Universidade de Lisboa, com o objectivo de corrigir a situação e encontrar
uma solução compatível com a salvaguarda dos valores patrimoniais em presença.
A
criação daquele grupo de trabalho foi decidida pelo director-geral do
Património Cultural logo em Maio de 2012, o qual considerou que as telas se
manteriam com carácter provisório até ser encontrada uma alternativa. O
provisório, porém, prolongou-se até hoje, não havendo referência na informação
técnica que agora levou à ordem de remoção a qualquer reunião ou decisão
daquele grupo de trabalho.
No
final do ano passado, a DGPC questionou a Câmara de Lisboa sobre se as telas
tinham sido objecto de alguma licença camarária, tendo a autarquia respondido
que, naquele caso concreto, a instalação estava isenta de licenciamento
municipal.
Face
às queixas chegadas à DGPC sobre o facto de tudo continuar na mesma, o
subdirector-geral, João Carlos Santos, ordenou no dia 22 de Abril a remoção das
telas e das estruturas metálicas, devendo ser reposta a fachada no estado em
que se encontrava anteriormente.
A
informação que deu origem ao despacho do subdirector-geral sugere que seja
encontrada uma outra solução com menor impacto visual, “mantendo-se, contudo, a
possibilidade de se publicitar a actividade e eventos culturais do museu, de
uma forma digna, bem visível ao público, eventualmente através de pendões de
dupla face, menos agressivos para o imóvel classificado”.
Contactado
pelo PÚBLICO, o director do museu, José Pedro Sousa Dias, confirmou que já conhecia
a posição da DGPC. “O museu cumprirá necessariamente a lei, mas estamos a
tratar do assunto junto das entidades competentes”, afirmou.
Sousa
Dias acrescentou que há “um grupo de trabalho conjunto com a DGPC por causa da
zona de protecção [em que o museu se insere] e que a questão das telas é uma
das que aí estão a ser tratadas”. Quanto à data de retirada das polémicas
estruturas, o director do museu nada disse.
2 comentários:
Já começaram as já previsíveis infiltrações, foi..?
Até que enfim !!
A Direção do Museu da Ciência deveria reconhecer o MAU SERVIÇO prestado à Cultura ...e à Ciência ...
Depois queixam-se de não ter dinheiro ... pudera, afastando deste modo os visitantes !!!
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