19/11/2014

Renovação de pedido de Arquivo Municipal de Lisboa e Museu de Arte Outsider p/Miguel Bombarda


Exmo. Senhor Presidente da CML
Dr. António Costa,
Exma. Senhora Vereadora da Cultura
Dra. Catarina Vaz Pinto,


Cc. Vereador Urbanismo, AML, DGPC, JF Arroios e Media

No seguimento das n/anteriores solicitações em igual sentido, e tendo presente a recentíssima classificação do edifício principal do antigo hospital Miguel Bombarda como de Interesse Público, verificando-se na altura, inclusive, a ampliação da zona de protecção já existente pela classificação anterior do balneário D. Maria II e do pavilhão de segurança ("panóptico"), somos a sugerir à CML para aproveitar esta ocasião e avançar com uma proposta à proprietária do antigo complexo hospitalar, a ESTAMO, S.A., no sentido de, em conjunto, ser encontrada uma solução estruturada e viável para o futuro daquele importante conjunto agora praticamente todo protegido, em alternativa ao PIP entretanto suspenso.

Assim, voltamos a sugerir a V. Exas, a ideia apresentada em 2009 e sgs., de destinar aquele espaço aos arquivos municipais, designadamente os edifícios das antigas enfermarias em "poste telefónico" e em "U", bem como parte do edifício principal para além, evidentemente, de se garantir a musealização do acervo do Hospital Miguel Bombarda (arquivo, mobiliário e o espólio do Dr. Miguel Bombarda) e a manutenção e a melhoria do Museu de Arte Outsider, in situ, nos edifícios classificados.

Mais, pedimos a atenção de V. Exas para o extraordinário aproveitamento do Espai de Memòria, em Barcelona, decorrente do encerramento do grande Hospital de São Paulo, onde se fizeram galerias para exposições e salas de teatro, bibliotecas e centro de estudos, para além do Arquivo Histórico Hospitalar, procedendo-se, obviamente, ao restauro do património arquitectónico, no que resultou uma casa aberta a TODA a sociedade, a TODOS os cidadãos.

(O processo de restauro e reabilitação do recinto deste hospital histórico começou em 2009 quando a actividade hospitalar se transferiu para um novo edifício, o Hospital de la Santa Creu i Sant Pau (http://www.santpaubarcelona.org/), edifício modernista de Lluís Domènech i Montaner. Depois de 8 décadas de actividade assistencial, os edifícios sofreram numerosas alterações, algumas delas com impactos negativos no conjunto monumental. Em 2006 a Fundació Privada Hospital de la Santa Creu i Sant Pau encomendou um Plano Director para avaliar o estado dos diferentes pavilhões e estabelecer uma estratégia de reabilitação. Antes do início dos trabalhos foi criada a Mesa de Patrimoni. este órgão, formado por representantes da gestão patrimonial de todas as instituições envolvidas no projecto, assegurou a necessária coordenação institucional, definindo os critérios de intervenção. A primeira fase da reabilitação incluiu uma àrea de 29.517 m2 construção, 31.052 m2 de espaços exteriores, 12 pavilhões e 1 Km de galerias subterrâneas. O custo total é de 100 M €, financiados pelo FEDER, a Generalitat de Catalunya, o Govern d’Espanya, Institut per a la Diversificació i l’Estalvi de l’Energia (IDAE), l’Ajuntament de Barcelona, a Diputació de Barcelona, o Banc de Desenvolupament del Consell d’Europa (CEB) e a Fundació Privada Hospital de la Santa Creu i Sant Pau. Embora o projecto ainda não esteja concluído na totalidade, abriu ao público em Fevereiro, com salas de exposições, salas de concertos, centro de congressos e reuniões, "espaço de memória", Arquivo Hospitalar e até um pequeno campus universitário das Nações Unidas. As obras de restauro e reabilitação já conquistaram prémios internacionais)

Cremos ser este um exemplo que deve ser estudado e aplicado em Lisboa, imaginando-se, planeando-se e desenvolvendo-se uma outra Lisboa que não apenas a de um urbanismo assente na abertura de mais hotéis e condomínios de luxo.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Bernardo Ferreira de Carvalho, Cristiana Rodrigues, Inês Beleza Barreiros, Luís Marques da Silva, Virgílio Marques, Júlio Amorim, Miguel de Sepúlveda Velloso, João Oliveira Leonardo e Nuno Franco

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