05/11/2018

LISBOA ANTIGA - Chafarizes e Fontanários em Lisboa


Chafariz tipo "marco fontanário" em pedra na Rua dos Remédios à Lapa
Um dos grandes problemas da Lisboa antiga foi o abastecimento de água, só parcialmente resolvido com a construção do Aqueduto das Águas Livres.
Em 1731, D. João V publicou o alvará pelo qual se ordenava o início dos trabalhos de construção do Aqueduto das Águas Livres que ia buscar a água à quinta das águas livres em Belas e a transportava até Lisboa. Obra magnífica, que demorou 102 anos. Foi preciso esperar por 1748 para que as primeiras águas chegassem à cidade e por 1834 para que o Aqueduto estivesse terminado, tendo desempenhado as suas funções de fornecimento de água a Lisboa, até que teve o seu fim funcional em 1964.
Os fontanários em pedra ou em ferro, são o último tipo de chafarizes instalados pela Câmara Municipal de Lisboa, a maioria já no séc. XX. À medida que o tempo foi passando os chafarizes foram-se tornando cada vez menos essenciais à cidade, reduzindo-se a sua necessidade a bairros de camadas sociais mais baixas.
Durante a década de 90, virtualmente todos os moradores em Lisboa passaram a ter água potável corrente em casa., por consequência, a essencial e original função do chafariz, como meio de acesso à água potável na cidade, desaparece. Este equipamento passará a ter uma existência ligada, sobretudo, ao consumo ocasional no espaço público, ou unicamente como elemento constituinte da memória e ornamento da cidade, sendo quase sempre encontrados sem abastecimento de água.
Chafariz da Travessa da Torrinha, recentemente desaparecido
Tem-se verificado recentemente o desaparecimento de muitos destes elementos característicos da nossa Lisboa antiga, estamos a falar, por exemplo, do chafariz que existia na Travessa da Torrinha.
Cabe a todos e a cada um de nós, zelarmos para que as memórias da nossa cidade não se percam. A riqueza de um povo não se mede só pelo crescimento económico, mas também e muito principalmente pela capacidade de manter e valorizar o seu património. Assim, vimos solicitar às entidades responsáveis pela cultura e aos cidadãos para que participem no levantamento de todos os chafarizes ainda hoje existentes na nossa cidade e solicitem à Câmara Municipal de Lisboa, a sua limpeza e recuperação, bem como a recolocação dos que entretanto foram retirados, no seu local de origem.


João Pinto Soares

3 comentários:

Anónimo disse...

Vão fazer algum post acerca do lodão classificado da praça da alegria que caiu na última 2ª feira?

Anónimo disse...

Os Pedros estão atentos, o Baby Costa e o Cegonho.
Estamos na nova era. A era de avançar rapidamente e em força.
Descaracterizar e destruir património, vestígios de marcos de identidade de como estivemos e crescemos de há cem anos.
Lisboa precisa das directivas que entrarão em vigor nos próximos anos e que serão um travão a desmandos que assistimos no território.
Contudo não vamos ter dinheiro para recuperar centenas de património valioso que se encontra em ruínas.
Soluções?
Só com o aumento da CIDADANIA.
Aqueles em ruínas, só com outros autarcas que percebam do que falamos e que não vão atrás do facilitismo e da ignorância das massas. Porque essas querem pão para a boca e também bens de consumo superficial.
Autarcas que tenham um entendimento diferente do que é uma Nação e do que é uma Língua e que procurem coesão com aqueles que querem um Mundo mais democrático e sustentável.
Dividir o Mundo em três partes, também não pode ser a solução.
Vêm aí eleições.
Há sempre uns melhores que os outros e uns menos corruptos que os outros e uns mais coerentes que outros.
Não é fácil.
Mas a Natureza está a avisar-nos.
E não é com ditaduras que vamos lá.
Lá, ter um Mundo com menos assimetrias.
A vergonha está aí.
Não podemos ser como a cegonha, porque só às vezes esta se comporta assim.
A cabeça entre as orelhas...

GuilhermeSM disse...

Este ataque massivo ao património não pretende outra coisa senão apagar a nossa memória colectiva! Quando não houver história para defender e for tudo banal os nossos poderão governar a seu belo prazer sem ter que lidar com incómodas oposições cívicas!
Devemos lutar por um aumento da democracia, um controlo de proximidade aos autarcas e lutar contra o sistema de financiamento das câmaras que só incentiva corrupção e licenciamentos desenfreados!