Não podiam ter mantido e recuperado os varandins, as bancadas, o palco, os bastidores? Porquê?
Um blogue do Movimento Fórum Cidadania Lisboa, que se destina a aplaudir, apupar, acusar, propor e dissertar sobre tudo quanto se passe de bom e de mau na nossa capital, tendo como única preocupação uma Lisboa pelos lisboetas e para os lisboetas. Prometemos não gastar um cêntimo do erário público em campanhas, nem dizer mal por dizer. Lisboa tem mais uma voz. Junte-se a nós!
C.C. AML, DGPC, Vereador Urbanismo, ATL
Serve o presente para manifestarmos a nossa estupefacção pelo facto de o pedido de licenciamento de obras de reabilitação do Pavilhão Carlos Lopes e respectiva área envolvente (Proc. nº 1243/EDI/2015) ter por base obras de demolição que não foram mencionadas aquando do anúncio público sobre a constituição de direito de superfície da CML para a Associação de Turismo de Lisboa (ATL), em Junho passado, cujos responsáveis foram então peremptórios em afirmar que as futuras demolições no pavilhão apenas passariam pela “substituição do telhado em amianto” e pelo “recinto de jogos a fim de criar um espaço amplo para eventos e afins“.
Desde modo, apresentamos o nosso protesto pela CML estar prestes a aprovar, contrariando os pareceres técnicos dos próprios serviços (vide Informação Nº 41859/INF/ECR-CMP/GESTURBE/2015, de 15 de Setembro de 2015):
· A demolição do interior da ala norte (salão com galeria, colunas, painéis de azulejos – demolições a nosso ver inúteis e não “vitais para o projecto”, como os projectistas reclamam);
· A demolição do interior dos torreões do lado nascente (escadaria, elementos em ferro, estuques, etc. - demolições a nosso ver inúteis e não “vitais para o projecto”, como os projectistas reclamam);
· A abertura de vãos nos alçados norte e sul (demolições a nosso ver inúteis e não “vitais para o projecto”, como os projectistas reclamam, e que irão desfear irremediavelmente os respectivos alçados);
· O envidraçamento das galerias em colunata da fachada principal (será a forma mais fácil de prevenir novos roubos de azulejos mas é básica e desfeia o local);
· A abertura de terraços na cobertura para colocação de equipamentos técnicos (ar-condicionado), que irão desvirtuar as coberturas do pavilhão e resultar num impacto visual negativo visto este ser visível a partir de toda a envolvente de 360º (há outras formas menos intrusivas de resolver estas instalações técnicas nomeadamente enterrando-as ou integrando-as na geometria original das coberturas);
· O abate de várias árvores na envolvente do pavilhão, o que não deixa de ser caricato, dada a área desafogada em que o pavilhão se encontra e que possibilita toda e qualquer movimentação de máquinas e pessoas.
Resumindo, cremos que a nova função/uso a dar ao Pavilhão Carlos Lopes deve fazer um esforço para se adaptar ao edifício existente e nunca o contrário como se verifica em demasiados aspectos deste projecto.
Solicitamos a melhor atenção a este protesto, Senhor Presidente.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Alexandre Marques da Cruz, Maria do Rosário Reiche, Miguel Atanásio Carvalho, Virgílio Marques, Fernando Jorge, Jorge Santos Silva, Júlio Amorim, Paulo Lopes, Rita Filipe Silva, Bruno Rocha Ferreira, Luís Marques da Silva, Miguel de Sepúlveda Velloso, Rosa Casimiro, João Oliveira Leonardo, Carlos Miguel Jorge, Jorge Pinto, Pedro Henrique Aparício, Fátima Castanheira e Beatriz Empis
In Público (1.7.2015)
Por Inês Boaventura
In Diário de Notícias/LUSA (13.6.2015)
In O Corvo (11.2.2015)
Por Fernanda Ribeiro
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Ok, mas a Junta podia ser pró-activa neste particular. Que tal tentarem liderar o processo e fazer deste pavilhão uma causa da Junta até final do mandato? Que tal "protocolizarem" com a CML? Que tal começarem a sondar potenciais investidores/parceiros na zona? (estou-me a lembrar de vários que aceitariam de bom grado...). A obra não precisa de ser só de uma vez, pode ser por tranches. Que tal?
In LUSA/I Online (28.1.2015)
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Quanto ao Pavilhão dos Desportos, puxem pela cabeça que logo terão ideias.
Como é do conhecimento de Vossas Excelências, o estado actual do Pavilhão dos Desportos/Pavilhão Carlos Lopes, sito no Parque Eduardo VII, inspira os maiores cuidados a todos quantos se importam com o património de Lisboa, conforme reportam as fotos em anexo, tiradas recentemente, e a reportagem da SIC emitida há poucos meses - há, inclusive, portas abertas para o exterior, pessoas a pernoitarem no interior e foram já danificados azulejos dentro do espaço.
Escusado será lembrarmos as vicissitudes várias por que tem passado este legado da Grande Exposição Internacional do Rio de Janeiro, de 1923, designadamente quanto ao encontrar uma solução definitiva acerca da sua recuperação e viabilização como equipamento ao serviço da população de Lisboa. Este edifício, aliás, embora tenha sido concebido para ser temporário, terá ganho considerável reforço construtivo aquando das obras de adaptação para o mundial de hóquei em patins de 1947.
Trata-se, a nosso ver, além de um belo exemplo da Arquitectura Ameaçada dos Séculos XIX e XX, enquanto pavilhão de gosto ecléctico e revivalista, como o atestam a sua silhueta, a sua planta e os seus elementos decorativos, dos azulejos às esculturas das fachadas e interior; de um equipamento fundamental para a revitalização de que todos ansiamos para o Parque Eduardo VII e a sua envolvente, cuja fruição pelos lisboetas continua a ser insuficiente, dado o potencial evidente, e efémera, sobretudo em função da Feira do Livro e de outros acontecimentos esporádicos.
Ultrapassados que estão os projectos, mais ou menos megalómanos, de recuperação deste Pavilhão, que passavam, alguns deles, pela total demolição do interior do edifício, pela adulteração da fachada a nascente com intervenção de cariz "contemporâneo", outro, e por investimentos de grande escala, todos ; solicitamos a Vossas Excelências, enquanto responsáveis máximos das entidades a quem cabe encontrar uma resolução do problema, CML (proprietária), Junta de Freguesia das Avenidas Novas (órgão eleito pela Freguesia respectiva) e Associação de Turismo de Lisboa (o Pavilhão tem, antes de mais, um extraordinário potencial turístico-económico-cultural), que cheguem a um entendimento quanto ao futuro imediato do Pavilhão, permitindo-nos sugerir que esse entendimento passe pela:
1. Efectivação de um convénio entre a CML, Junta de Freguesia das Avenidas Novas e Associação de Turismo de Lisboa (ATL), no qual a CML proceda à cedência provisória do Pavilhão conjuntamente àquela Junta e à ATL, por um período de 3 anos (até final do corrente mandato), renováveis por 4 anos por acordo mútuo e consoante os resultados entretanto atingidos, com vista ao desenvolvimento e à implementação urgente de um projecto de recuperação total do edifício.
2. Nesse protocolo, a Junta de Freguesia e a ATL assumiriam a recuperação do edifício como sendo um projecto estruturante para a Freguesia e para o turismo da capital, responsabilizando-se por:
2.1 Encetarem, urgentemente, um levantamento exaustivo das condições estruturais do edifício e das necessidades do reforço imediato das mesmas, recorrendo a:
a) Protocolo com entidade independente de reconhecido mérito na área da engenharia de estruturas, com vista à elaboração e acompanhamento de projecto.
b) Mecenas na área da hotelaria e afins, existentes nos limites geográficos da Freguesia e ao “crowdfunding”, para efeitos de angariação dos fundos necessários a esse fim.
2.2 Planearem, calendarizarem e desenvolverem a intervenção de recuperação total do edifício, exterior e interior, assente no recurso a verbas próprias e ao mecenato, “crowdfunding”, Orçamento Participativo (ex. parte específica da obra - reparação do telhado, reparação da fachada principal, restauro da azulejaria) e aos instrumentos existentes de apoio à reabilitação urbana e à valorização turística.
2.3 Desenvolver, em parceria com os pólos universitários existentes na Freguesia, o necessário estudo de mercado sobre que projecto de ocupação/exploração futura do Pavilhão (ex. uma solução mista entre a prática(ensino) desportiva possível e/ou mercados Campo de Ourique/Ribeira e saraus e eventos culturais/artesanato?), de modo a que seja possível garantir a boa prossecução dos objectivos propostos, isto é, garantir o resgate definitivo do Pavilhão e o seu pleno usufruto pela população, contribuindo em última instância para a melhoria significativa da oferta turística da capital e para o "upgrade" do Parque Eduardo VII.
3. Em resultado disso, seja lançado o necessário concurso público para viabilizar o desiderato do ponto anterior, seja pela concessão global de todo o edifício, seja parcial.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, José Filipe Soares, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Martins, Pedro Henrique Aparício, Alexandre Marques da Cruz, Miguel de Sepúlveda Velloso, Júlio Amorim, Paulo Lopes, Jorge Manuel Batista, Virgílio Marques, Inês Beleza Barreiros, Gonçalo Maggessi
Cc. AML, DGPC e Media
Estruturalmente, estamos a falar de quanto? Recuperação do telhado e restauro das fachadas e dos azulejos, quanto? Podia-se avançar com campanha por fases, antes de qualquer megalomania ou projecto de alterações que destrua a unidade de conjunto, antes de 'invenções' e toques de autor como o eram a alteração prevista na fachada nascente no projecto de 2006. Alguém sabe de quanto estamos a falar?
«Ainda não é desta que o Pavilhão Carlos Lopes é reabilitado e passa a ter uso. A Câmara Municipal de Lisboa vota amanhã a exclusão da proposta apresentada pela Fundação Aragão Pinto, liderada por Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, que ganhara o concurso público internacional para a reabilitação e exploração do pavilhão.
Em Março passado, muitos rejubilaram com a notícia de que havia uma proposta vencedora no concurso público internacional aberto pela Câmara Municipal de Lisboa para a concessão da exploração do Pavilhão Carlos Lopes: a da Fundação de Solidariedade Social Aragão Pinto, liderada por Bruno de Carvalho, actual presidente do Sporting.
Isso significava que, ao fim de mais de dez anos inactivo e a degradar-se profundamente, aquele equipamento colectivo da cidade iria ser recuperado, num investimento estimado em perto de sete milhões de euros. Significava também que passaria a ter ocupação, com as funções de um pavilhão multiusos, não só com valências desportivas, como permitindo a realização de eventos, o que poderia dinamizar a área onde se encontra.
A proposta de concessão à Fundação Aragão Pinto, a troco de rendas a pagar à autarquia, fora apresentada pelo vereador do Desporto, Manuel Brito. Na altura, a ideia foi questionada pelos vereadores da oposição, que quiseram saber qual seria o destino dos três milhões de euros de verbas do Casino de Lisboa, que a câmara previa aplicar na recuperação do Pavilhão Carlos Lopes. Em declarações à Lusa, em Março, o vereador Manuel Brito afirmou que a autarquia poderia utilizar esse montante para reduzir o prazo da concessão, que no máximo poderia ser de 35 anos.
Mas eis que na ordem de trabalhos da reunião camarária de amanhã, dia 10 de Julho, surge uma proposta subscrita por Manuel Brito e também pelo vice-presidente da câmara, Manuel Salgado, que prevê a exclusão da proposta que em Março era dada como vencedora, a de Bruno de Carvalho, entretanto eleito presidente do Sporting.
O Corvo tentou apurar junto da Câmara Municipal de Lisboa quais os motivos na origem do abandono da proposta apresentada pela Fundação Aragão Pinto. Mas não encontrou resposta às questões colocadas. O vereador Manuel Brito fez saber, através da assessora de imprensa da presidência, que não prestava declarações e só depois da discussão em câmara falaria sobre o assunto.
Infrutíferas foram também as tentativas feitas pelo Corvo junto do gabinete do vereador Manuel Salgado, que remeteu para o gabinete de comunicação e marca. Este gabinete respondeu ao Corvo via email: ” Infelizmente, não nos é possível atender ao seu pedido e enviar a proposta solicitada. Lamentamos eventuais inconvenientes”.
Já a oposição manifestou desejo de esclarecer a sua posição. “A proposta de concessão estava desde o início mal formulada. Não solicitava ao concorrente as necessárias garantias bancárias e, ainda por cima, tratando-se de uma IPSS. Por isso, pedimos a retirada daquela proposta para que fosse reformulada”, disse ao Corvo o vereador do PSD Victor Gonçalves.
Mas, segundo Victor Gonçalves, a autarquia terá optado por tentar anular a proposta e “contestar o júri do concurso, por ter aceitado as condições apresentadas pelo concorrente”.
“Está mal, isso é pôr em causa o júri, que era presidido por um director municipal. E agora, com a exclusão da proposta, volta tudo à estaca zero e o Pavilhão Carlos Lopes continua a degradar-se”, salientou Victor Gonçalves. O pavilhão não só continua a degradar-se, como essa situação se mantém sem solução à vista.»
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Estava-se a ver... a CML implicou por alegada ligação da fundação a capitais da IURD, segundo consta
«A Fundação Aragão Pinto, a quem a Câmara de Lisboa se prepara para concessionar a exploração do Pavilhão Carlos Lopes, pretende que este edifício histórico volte a ser palco de eventos desportivos e de concertos. Mas o projecto da fundação prevê também outras actividades, como “passagens de modelos, festas e até uma discoteca mais intimista”, com “bares de apoio”.
A explicação é de Bruno de Carvalho, presidente daquela fundação de solidariedade social, criada em 2009 com a missão de apoiar crianças e jovens carenciados e com necessidades especiais. Em entrevista ao PÚBLICO, o também candidato à presidência do Sporting afirmou que a reabilitação do edifício, avaliada em cerca de sete milhões de euros, será assegurada “por fundos da fundação e através de acordos com parceiros que irão fazer a exploração de actividades que não estão na esfera da fundação, nomeadamente ao nível do estacionamento e da gestão hoteleira e de espectáculos”.
“Vamos fazer a recuperação total do pavilhão, mas vamos manter toda a traça a nível exterior. A nível anterior, toda a arena vai desaparecer e será construída uma nova”, refere Bruno de Carvalho. O empresário acredita que, depois desta intervenção, o pavilhão poderá albergar “grandes eventos europeus e mundiais desportivos”, bem como “concertos de todo o tipo de música e teatro”. Vão também realizar-se concertos de Verão no exterior, “mais relacionados com as várias culturas regionais do país”.
“Vamos ter uma sala que é lindíssima e que pretendemos alargar. Pensámos fazer ali eventos, passagens de modelos, festas e até uma discoteca mais intimista. Terá também bares de apoio interiores e nas galerias exteriores”, descreve Bruno de Carvalho. Está prevista ainda a instalação no local do “Museu Carlos Lopes” e a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, valência cuja necessidade é destacada pelo empresário atendendo a que “o pavilhão vai passar a ter uma utilização diária”.
Bruno de Carvalho não nega que este projecto da Fundação Aragão Pinto (que passará a ter no pavilhão a sua sede e secretariado) poderá também servir ao clube a cuja presidência é candidato: “Caso ganhe as eleições no Sporting, este espaço poderá ser uma belíssima ajuda para as modalidades do Sporting. Servirá de espaço para treinar, mas não irá inviabilizar a construção de um pavilhão perto do Estádio José de Alvalade.”
A votação da proposta que previa a entrega à fundação do Pavilhão Carlos Lopes, na sequência de um concurso público lançado em 2012, chegou a estar agendada, mas a Câmara de Lisboa acabou por adiá-la até que aquela entidade apresentasse uma garantia bancária e esclarecesse quais as formas de financiamento de que dispunha para financiar o projecto. “Este foi um concurso público internacional e o júri deu-nos a vitória, o que significa que nós cumprimos na totalidade os regulamentos e as suas exigências, quer ao nível do projecto de arquitectura, quer ao nível de explicação de memória descritiva, quer ao nível do modelo de sustentabilidade financeira”, reage Bruno de Carvalho.
Rita Magrinho, que foi vereadora com o pelouro do Desporto, considera “um bocado estranho” o projecto agora apresentado para o edifício. A deputada do PCP na assembleia municipal é contra a concessão do espaço, defendendo que este devia permanecer nas mãos do município, que podia promover a sua reabilitação com as contrapartidas do Casino de Lisboa (uma parcela de 1,7 milhões de euros foi destinada para esta reabilitação e não se sabe que destino tiveram) e com verbas comunitárias, através de candidatura ao QREN.
Edifício definha à espera de reabilitação
Aqui há vidros partidos e paredes rabiscadas
Encerrado em 2003 por falta de condições de segurança, o pavilhão criado na década de 20 do século passado para celebrar o 100.º aniversário da independência do Brasil, é hoje uma sombra do que já foi. Tomado de assalto por pombos e outra passarada ruidosa que vê nos vidros partidos uma oportunidade, o edifício está rabiscado e rodeado de ervas daninhas que crescem sem que ninguém lhes ponha um travão. Junto às estátuas em pedra representando a arte e a ciência, que ladeiam o pórtico nobre, há ainda sinais de um dos vários projectos para o Pavilhão Carlos Lopes que não passaram disso mesmo. As faixas anunciando a criação de um Museu Nacional do Desporto, a inaugurar em 2011 segundo os planos do Governo de José Sócrates, lá continuam, ainda que rasgadas e com uma cor desmaiada que deixa adivinhar o abandono a que o edifício foi votado nos últimos anos. “É uma dor de alma o estado de degradação em que se encontra o pavilhão”, dizia António Costa em 2008. Resta saber o que diria hoje.»
«A Câmara de Lisboa devia ter votado ontem uma proposta que previa a entrega à Fundação de Solidariedade Social Aragão Pinto, cujo conselho de administração é presidido pelo candidato à presidência do Sporting Bruno de Carvalho, da reabilitação e exploração do Pavilhão Carlos Lopes. Mas a proposta acabou por ser adiada. A autarquia vai exigir à fundação, que foi a única concorrente ao concurso público lançado em 2012, que apresente uma garantia bancária e esclareça quais as formas de financiamento de que dispõe. A reabilitação do pavilhão está orçada em cerca de sete milhões de euros, prevendo-se que este equipamento mantenha a sua valência desportiva, permitindo também o desenvolvimento de actividades como conferências. Os vereadores do CDS e do PSD criticaram, soube o PÚBLICO, a extemporaneidade da apresentação desta proposta, por considerarem que poderia interferir com a campanha eleitoral em curso no Sporting.»

Na ordem de trabalhos da reunião de CML dia 13:
«1 - Proposta n.º 145/2013 (Subscrita pelos Srs. Vereadores Manuel Salgado e Manuel Brito) Aprovar a Proposta de Adjudicação referente ao Concurso Público Internacional para celebração de contrato de concessão de exploração relativo ao Pavilhão Carlos Lopes, nos termos da proposta;»
... já agora, alguém pode disponibilizar o teor do concurso? Obg.
«Uma viagem ao edifício com mais ervas daninhas (e ainda não estamos a falar de políticas nem de políticos)
Faltam 15 dias para a maratona de Los Angeles. Em Lisboa, o atleta Carlos Lopes treina-se. Ou talvez não... De repente, é varrido por um carro, perto do Estádio da Luz. O condutor é um tal Lobato Faria, comandante da TAP, ao volante de um Mercedes SL. “Fui ao ar e fiquei lá por uns segundos. Depois caí, com força. Levei algum tempo a levantar-me com medo de pensar que já não ia a Los Angeles. Ergui-me e comecei a correr, mas o senhor que me atropelou insistiu em levar-me ao Hospital de Santa Maria. Lá, fiz radiografias à cabeça e à bacia. Os exames repetiram--se na Clínica de São Lucas. Estava bem, sentia-me bem e o sonho da medalha olímpica continuava bem presente.” [...] Em Lisboa, o atleta Carlos Lopes treina-se. Ou talvez não... De repente, é alvo de mais uma homenagem. Está a ver aquele edifício majestoso entre o Parque Eduardo VII e a saída do metro Parque? Esse mesmo.
Idealizado pelos arquitectos Guilherme e Carlos Rebello de Andrade e Alfredo Assunção Santos, é construído no Brasil para a Grande Exposição Internacional do Rio de Janeiro, inaugurada a 21 de Maio de 1923. Mais tarde é reconstruído em Lisboa, com o nome de Palácio das Exposições. A Grande Exposição Industrial Portuguesa é o acontecimento ideal para a sua rentrée, a 3 de Outubro de 1932. Adaptado para receber eventos musiciais e desportivos desde 1946, é palco do Mundial de hóquei em patins em 1947 (ganho por Portugal, sem uma derota sequer em seis jogos) mais uma infinidade dos afamados Jogos da Cidade de Lisboa (um batalhão de miúdos a subir e a descer a rua entre provas e mais provas), antes de mudar o nome para Pavilhão Carlos Lopes. Desconhecemos se o próprio Carlos Lopes ainda se passeia por lá mas desaconselha-se completamente. Seria varrido outra vez. Por um carro chamado desgosto XXL.
“Aquilo” está ao abandono. Continua a ser uma obra majestosa e grandiosa, com significado histórico, só que ao abandono. As ervas daninhas (calma, ainda não estamos a falar de políticas nem de políticos) circundam o edifício e até aventuram-se dentro dele. As pessoas passeiam--se alegremente pela Feira do Livro e depois deparam-se com “aquilo”. A bela e o monstro ao mesmo tempo.
Quem se assusta facilmente, pára à frente da porta principal e perde segundos, minutos a olhar para a infra-estrutura. Quem não se assusta facilmente, também pára à frente da porta principal e perde segundos, minutos a olhar para a infra-estrutura. É impossível ficar indiferente. Encerrado desde 2003, é prometida a reabilitação do Pavilhão Carlos Lopes com o sonante Museu do Desporto mas a ideia perde-se entre as ervas daninhas (agora sim). Em 2008, por exemplo, a ideia é lançada pelo governo mas não sai do papel. Chega-se agora à conclusão de erguer um Museu/Casa do Património do Desporto no Palácio Foz, na Praça dos Restauradores, de acordo com o email de resposta de António Matos, assessor de Alexandre Mestre, secretário de Estado do Desporto e da Juventude. Da Câmara Municipal de Lisboa, ninguém atende telefonemas ou responde a mensagens para esclarecer. É o black-out. Um pouco à imagem do Carlos Lopes (o pavilhão), continuamente varrido da memória dos portugueses. O seu interior, claro. Porque o exterior é medalha de ouro na arquitectura e na localização.»
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O estado do Pavilhão Carlos Lopes é uma vergonha imensa!! Mais vergonhoso ainda é assistir às sucessivas promessas vãs. Pergunto-me que terá feito a CML ao dinheiro que estava cabimentado via receitas do Casino para a recuperação do pavilhão?
In Diário de Notícias (22/12/2011)