11/03/2021

Casa de Cesário Verde - Paço do Lumiar - Pedido de expropriação à CML

Exmo. Senhor Presidente da CML
Dr. Fernando Medina
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa
Dr. José Leitão


CC. AML, JF, DGPC, Vereadores do Urbanismo e da Cultura, media

Como é do conhecimento de V. Exas., a casa onde Cesário Verde viveu e morreu em 1886, sita no Largo de São Sebastião, nº 12-14, no Paço do Lumiar, encontra-se desde há mais de duas décadas num estado de conservação absolutamente deplorável e indigno.

Essa situação é motivo de vergonha para a cidade, sobretudo porque respeita à morada de um dos seus maiores poetas, conforme se assinala na placa que a própria CML mandou colocar em 1986 (foto), logo ali, no Paço do Lumiar onde, tal como tão bem descreveria o autor, a cidade coexiste com o campo. Por sinal, ainda, num belo Largo onde o único edifício em mau estado é exactamente este, e numa estrada em que a CML interveio recentemente a nível do espaço público e reorientação do trânsito.

Julgamos ser da mais elementar justiça que a CML, finalmente, fazendo uso das receitas extraordinárias, arrecadadas e por arrecadar, das taxas turísticas e das contrapartidas do casino de Lisboa, assuma a responsabilidade pelo legado da vida e obra de Cesário, tome posse administrativa do imóvel, expropriando-o, se necessário, e promova as necessárias obras de recuperação, exteriores, interiores e no logradouro, devolvendo-lhe o ambiente ao tempo do poeta.

O edifício, de características vernaculares e que é composto de 4/5 fracções, encontra-se em péssimo estado por dentro, mas um trabalho bem feito será de enorme valor pedagógico face à importância histórica do imóvel. O logradouro, que é enorme, poderá ser limpo do anexo de génese ilegal que mantém, provavelmente, desde os anos 70, de modo a que o jardim de buxo que ali chegou a existir volte a ser uma realidade.

Seria uma grande notícia para Lisboa se a CML assim o fizesse, abrindo naquele local uma casa-museu e/ou um espaço de poesia e literatura, valorizando ainda mais o antigo Paço do Lumiar num itinerário cultural alargado à Capela de São Sebastião e à Igreja de São João Baptista, aos museus do Traje e do Teatro, e ao património azulejar e romântico de todo o conjunto, mas cujas quintas senhoriais e azinhagas têm vindo a ser amputadas e tão alteradas, um pouco por todo o lado, porque tradicionalmente esquecidas pelos instrumentos de planeamento urbanístico da CML, desde logo por um Plano de Pormenor de Salvaguarda que o evitasse.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel Jorge, Júlio Amorim, Paulo Lopes, Teresa Silva Carvalho, Pedro Jordão, Luís Serpa, Gustavo da Cunha, Inês Beleza Barreiros, Pedro Paulo, Virgílio Marques, Marta Saraiva, Pedro de Souza, Miguel Atanásio Carvalho, Paulo Trancoso, Miguel de Sepúlveda Velloso, Fernando Jorge, Maria João Pinto, Pedro Ribeiro, Beatriz Empis, Mafalda Magalhães de Barros, João Pinto Soares, Jorge Pinto, Helena Espvall, Guilherme Pereira, Irene Santos, Pedro Cassiano Neves, Maria do Rosário Reiche, Alexandra de Carvalho Antunes, Fátima Castanheira

3 comentários:

Anónimo disse...

A força inspiradora de Cesário Verde é a terra-mãe,sendo nela que Csário encontra os seus temas. Isto leva-nos ao interesse pelo logradouro do edifício em questão e da necessidade da sua recuperação como jardim aprazível.

Pinto Soares

LuisY disse...

É uma casa linda. Aos anos que está em ruínas, creio eu que há mais de 30. Lembro-me que quando eram jovem uns amigos tão idealistas como tesos sonhavam recupera-la e viver lá.

Seria bom que a CML a expropriasse e a recupera-se. Mas a CML tem um gosto tão duvidoso, que tremo até com o projecto de recuperação, com telhados e mansardas cinzentos, caixilharia também cinzenta e muito vidro à mistura.

Enfim, tenhamos esperança

Julio Amorim disse...

E a caixilharia costuma ser aluminio ou plástico....