31/07/2020

Obras Escola Primária Teixeira Pascoaes - pedido de NÃO demolição parcial


Exmo. Senhor Director-Geral do Património Cultural
Eng. Bernardo Alabaça

CC. PCML, AML e media

No seguimento de notícias vindas hoje a público dando conta das obras na Escola Primária de Teixeira de Pascoaes, projectada pelo arq. Rui Jervis d'Athouguia em 1956, junto ao Bairro das Estacas, em Lisboa, e estando aquela escola Em Vias de Classificação por essa Direcção-Geral desde Abril do presente ano (Despacho de Abertura Anúncio nº 81/2020, DR, 2ª Série, nº 75, de 16-04-2020);

E considerando que nas obras em curso irão ser demolidas as grelhagens características dos pátios interiores da escola (fotos em anexo), assim desenhadas pelo Arquitecto, demolições essas constante do projecto de alterações durante a execução da obra, mas posteriores ao projecto submetido oportunamente a essa Direcção-Geral, e que foi objecto do v/parecer em Dezembro de 2019;

Alerta-se para o facto de nas obras provisórias na parte do edifício que ainda vai estando ocupado por atividades lectivas existem demolições já concretizadas e alteração dos elementos de apoio das salas, desenhados na confluência das zonas próximas das salas (os bancos das salas) e que já não poderão certamente ser repostos de acordo com o projeto de arquitetura implementado neste modelo emblemático do movimento de arquitetura moderna. 

Solicitamos a melhor intervenção de V. Exa. no sentido de impedir a demolição (escusada) das grelhagens dos pátios interiores daquela escola, por se tratar de destruição de património Em Vias de Classificação.

Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Pedro Aparício, Fernando Jorge, José Morais Arnaud, Virgílio Marques, João Oliveira Leonardo, Pedro Jordão, Paulo Lopes, Júlio Amorim, António Araújo, Pedro Fonseca, Guilherme Pereira, Henrique Chaves, Manuel Moreira de Araújo, Fátima Castanheira, Jorge Pinto, Irene Santos

18/07/2020

"Logradouros do nosso contentamento" [Público]

OPINIÃO
Logradouros do nosso contentamento O confinamento pode ser uma janela de oportunidade para a cidade. Mas se-lo-á se se recuperarmos algo que foi elemento fundamental da “cidade moderna”: o logradouro, o público, sem dúvida, mas sobretudo o privado.


Quis o destino fazer coincidir em Lisboa este ano, yin-yang da , a escuridão tenebrosa de uma pandemia, que parece não ter fim, com a luz irradiante de um galardão chamado Capital Europeia Verde 2020 que, ao contrário daquela, terminará impreterivelmente no final do ano. Mas o que à primeira vista seria um flop para a cidade, afinal, poderá ser uma oportunidade a não perder. Uma janela de oportunidade para que todos, lisboetas e CML, mudemos esta forma de viver a cidade e o nosso dia-a-dia sem qualidade.

De facto, se descontarmos algumas peripécias dignas de vaudeville (sim, de facto o Parque Mayer acabou) que têm marcado as “iniciativas” decorrentes do prémio alcançado, como foi terem pintado de azul e verde o alcatrão de duas ruas de Lisboa (sim, de facto já havia outra com o alcatrão pintado de rosa) como statement de que ao passarem a ser pedonais passam a ser pró-ambiente, ou aquela outra iniciativa em que uma exposição-homenagem a um eminente paisagista é rotulada pela CML de iniciativa no âmbito do Lisboa Capital Europeia Verde 2020; e se nos esquecermos do novo-paisagismo anti-árvore pré-existente que grassa pela cidade (vis a vis o que se passa na Praça de Espanha), ou se olvidarmos a contabilidade impressionante de árvores decapitadas ao longo do presente ano (década, século) e de como isso é uma afronta ao estatuto referido, pela simples razão de que sem árvores não há
oxigénio e sem oxigénio não há ambiente nem… vida, por mais que nos pintemos de verde; a verdade é que o confinamento a que a cidade e todos nós fomos obrigados como forma de abrandar a escalada do vírus, pode ser uma janela de oportunidade para a cidade.

Mas sê-lo-á, entre outras coisas, se os transportes públicos forem o que ainda não são (a Carris melhorou a olhos vistos mas o Metro continua a ser o pior da Europa), o lisboeta der preferência à mobilidade suave e à perna em vez de esgotar os neurónios em descobrir um lugar para estacionar o seu carro e queimar dinheiro para sentir o traseiro a tremer (sim, os buracos no asfalto não estão ali por acaso…), e, não de somenos, se recuperarmos para a cidade algo que foi elemento fundamental da “cidade moderna” e da qualidade de vida que então desejaram para nós mas que não descansámos enquanto não matámos: o logradouro, o público, sem dúvida, mas sobretudo o privado.

Basta um pequeno passeio pelos bairros residenciais da cidade (e isto é válido para a Lisboa de Ressano Garcia até aos finais dos anos 40-50, porque a partir daí, de um modo geral, se passou a construir na totalidade do lote) para constatarmos o estado dos logradouros que por aí existem. Há-os para todos os gostos e feitios, deixados à vontade do freguês, à frente das moradias, atrás dos prédios, entre prédios ou quarteirões, e o rol não tem fim, vejam-se alguns exemplos paradigmáticos:

No bairro das vivendas do Restelo, gizado por Faria da Costa e então construídas para os lisboetas de baixo rendimento, o popó parece agora ser o membro da família mais privilegiado, uma vez que tem só para si todo o pequeno rectângulo fronteiro à casa, hoje totalmente empedrado ou pior, mas onde já houve e podia haver de novo relva, flores e arbustos ou árvores, pois foi pensado para tal. Mais a norte, no Bairro das Caixas, em Alvalade, são as traseiras dos prédios de 3 pisos que viram objecto de  vazamento de entulho e pasto para construções ilegais as mais variadas (arrumos com telhados em fibrocimento, galinheiros à la Kusturica, etc.) e na melhor das hipóteses, pseudo-hortas urbanas.

Há muito que a nossa “cidade jardim” é uma pálida imagem do modelo alemão que copiou, vai para 100 anos. E é certo que ninguém está à espera que, de um momento para o outro, mais de metade da cidade de Lisboa, aquela onde os edifícios foram pensados com logradouro, vire réplica das casas Eduardianas de Londres, ou que desatemos a ter concursos florais como, ups, Frederico Daupias promovia no jardim em socalcos do seu chalet da Rua do Arco a São Mamede, há mais de 100 anos… Nem sequer se pode imaginar que nas escadas de incêndio e quintais da Lisboa dos anos 30 e 40 se repliquem as coreografias de West Side Story.

Bastará, isso sim, “apenas”, que seja cumprido e feito cumprir pela CML, promovido, premiado e sancionado junto de todos, o estipulado pelo Plano Director Municipal de Lisboa para os logradouros, sem hesitações e contemplações.

E para isso a CML tem que fazer coisas essenciais, desde logo começar por chumbar todo e qualquer projecto de alterações aos prédios que tenham logradouros ocupados por construções ilegais de antanho, que se proponham fazer construção nova agora legal em cima de algo que tem que ser demolido, desmanchado, arrasado. Ao mesmo tempo, a CML tem que promover campanhas de sensibilização, incentivo, etc., aos proprietários e senhorios de prédios e moradias em que se verifique a ocupação ilegal do logradouro ou a sua impermeabilização contra-natura. Depois, tem que garantir escrupulosamente que se respeitam as taxas de ocupação dos logradouros em prédios novos, previstas do PDM, isso é
elementar.

Se o conseguir fazer, terá aproveitado da melhor maneira a janela de oportunidade que foi este tremendo confinamento, e o que ele significou de usufruto de quintais e jardins de cada qual, que nunca deles se deu conta ou soube aproveitar, mas que agora serviu para relaxar, tomar ar, ler o jornal ou tomar o café durante a manhã, fazer ginástica ao som da professora brasileira tirada da Net, garantir o teletrabalho à sombra de uma nespereira ou tomar uma “mine” ao final da tarde, enquanto se cavaqueia no skype com o amigo confinado mais próximo.

Faça a CML isso e terá aproveitado esta oportunidade única, porque irrepetível quando a ciência descobrir forma de derrotar o vírus, terá juntado o útil ao agradável, à margem de qualquer demagogia e acção de propaganda, terá sido consequente com o galardão alcançado, terá conseguido vencer, por uma vez, a escuridão.

Paulo Ferrero
Fundador do Fórum Cidadania Lx

13/07/2020

Projecto Quarteirão da Suíça - Pedido de esclarecimentos ao atelier Contacto Atlântico


A/C Atelier CONTACTO ATLÂNTICO

C.C. PCML, AML. JF, DGPC e media

Exmos. Senhores 

No seguimento de notícia publicada há dias pelo Diário Imobiliário, dando conta da elaboração pelo v/atelier de um projecto de reabilitação para o quarteirão da antiga Pastelaria Suíça, no Rossio, doravante designado por “Rossio Pombalino”, e congratulando-nos, desde já, pelo anúncio aí feito de que será preservada in situ a “Pérola do Rossio”, que não sendo “pombalina” é de facto uma loja histórica desta cidade, solicitamos a melhor atenção de V. Exas. para o seguinte: 

1.Gostaríamos de saber quais os elementos que, conforme é adiantado pela v/representante, serão objecto de uma “intervenção contida e fiel à memória dos elementos originais, mantendo aqueles em que é reconhecível valor arquitectónico e patrimonial”, porque, a acreditar na imagem virtual que é publicada (foto1), a cobertura Mardeliana actual (foto2) é imensamente desvirtuada, uma vez que as célebres paredes corta-fogos, que são elemento primordial do Cartulário Pombalino.
Sendo este quarteirão dos raríssimos que ainda mantêm a geometria original das coberturas pombalinas, com todos os seus elementos identitários (telhado com elegante perfil curvo Mardeliano, águas furtadas também de desenho pombalino e as paredes corta-fogo separando unidades prediais), não vislumbramos justificação para serem substituídas por coberturas mais contínuas e ampliadas desproporcionalmente, aliás.
Esta uniformização, e supressão de empenas corta-fogo, que se propõe, é claramente um empobrecimento da autenticidade pombalina deste quarteirão.

2. Alertamos V. Exas. para a necessidade de preservação e restauro da bela pintura do tecto e dos armários da antiga loja da Manteigaria União (fotos 3 a 6), no piso térreo da fachada do lado da Rua do Amparo, e que serão sempre uma mais-valia seja qual for o negócio que venha a ser aberto nesse espaço.
Tal como será imprescindível a preservação dos cunhais em cantaria da Ourivesaria Portugal e no lado oposto à antiga manteigaria.
Bem como a pequena pala Arte Nova do antigo hotel (fachada do lado do Rossio) e, obviamente, as escadas pombalinas com revestimento a azulejo pombalino (obrigatoriamente, a escada principal que está mais bem conservada) e as chaminés também de origem.  

3. Em relação à memória da antiga Pastelaria Suíça, sugerimos que ponderem uma solução alternativa à do anunciado mural azulejar, quiçá a colocação no interior do futuro espaço comercial, de uma fotografia de grandes dimensões, retratando a referida pastelaria aquando do seu esplendor e, se possível, a colocação dos seus letreiros a néon. Isto porque as recentes experiências de feitura de murais de azulejo, na sua esmagadora maioria, têm-se revelado de um profundo mau gosto e em tudo desnecessárias, contribuindo isso sim para o empobrecimento do resultado final.
Aliás, cremos que a melhor homenagem à Suíça será o restauro rigoroso das suas fachadas comerciais, mantendo todos os seus elementos: caixilharias, vãos, portas e dispositivos publicitários, desde logo os seus néons.

4. Em relação aos interiores dos espaços que não aquela pastelaria, solicitamos que nos esclareçam qual o destino dos inúmeros painéis de azulejos, pombalinos, século XIX, Arte Nova e até modernistas, que ainda existem nos vários edifícios e escadas do conjunto do quarteirão (foto9), apesar de outros tantos já terem sido roubados, como, por exemplo, nos espaços relativos ao antigo Hotel Francforte, e armazéns de tecidos, em que também existem tectos estucados em estilo rococó, inclusive (foto9).
Fazem parte da História deste quarteirão os interiores de qualidade do século XIX, uma realidade patrimonial que não devemos desvalorizar, pois representam uma mais valia para o futuro uso para os edifícios.
Igualmente nos questionamos quanto ao destino a dar ao que resta do projecto de arquitectura de interiores de Conceição e Silva para a Casa da Sorte, e ao painel de azulejos de António Lino. (foto10/LCH, CML)

 ~ 5. Queremos ainda saber o que pretendem V. Exas. fazer em relação aos inenarráveis azulejos que foram colocados na fachada do quarteirão do lado da Praça da Figueira, não só uma operação aberrante tendo em conta o tratamento dado às fachadas dos edifícios na era de Pombal, como uma operação irregular à luz do clausurado em vigor em matéria de Plano de Pormenor e Salvaguarda da Baixa Pombalina.
Contem V. Exas. com o nosso apoio no sentido da remoção desses azulejos e da pintura adequada de todas as fachadas do quarteirão, no estrito respeito pelo Cartulário Pombalino.

6. E ainda no que respeita às fachadas, gostaríamos de chamar a atenção para a placa evocativa a Alfredo Guisado, poeta do Orpheu, ali colocada pela CML já no ano 2000, e para a necessidade de a manter.

7. Finalmente, solicitamos que nos esclareçam sobre o destino a dar aos achados arqueológicos, que serão certamente muitos no local. Serão simplesmente retirados, como é infelizmente regra, ou serão preservados in situ para fruição do público?
Recordamos que além da fachada do antigo Hospital Real de Todos-os-Santos (escadaria encontrada no Restaurante Irmãos Unidos, em 1953), ali existiu a cerca e horta do Convento de São Domingos (com respectivo cemitério), onde foram encontrados vestígios da necrópole romana da Praça da Figueira e também do urbanismo desta zona na Idade do Ferro, amplamente divulgados após os trabalhos arqueológicos dirigidos por Bandeira Freire e Irisalva Moita, no início dos anos 60, e mais tarde pelo Serviço de Arqueologia do Museu da Cidade (hoje Centro de Arqueologia de Lisboa), em 1999/2001. A maior concentração destes achados era precisamente na área da Praça da Figueira, Rua do Amparo e Rua D. Antão de Almada.

Não queremos deixar de referir ainda o seguinte: o conceito de "loja âncora", hoje muito em voga em Lisboa, mas em desuso na maior parte das cidades europeias onde foi implementado, há 25-30 anos, tem acarretado um custo para a Lisboa histórica, traduzido pela abertura de grandes lojas de cadeias internacionais, onde a massificação é por demais evidente, e com forte impacte na arquitectura dos interiores onde são abertas, designadamente pela introdução de escadas-rolantes, e nas fachadas com decorações de janelas e portas de profundo mau gosto. 

Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Fernando Jorge, Virgílio Marques, Beatriz Empis,Carlos Boavida, Rui Pedro Martins, Júlio Amorim, Fátima Castanheira, Eurico de Barros, Maria do Rosário Reiche, Fátima Castanheira, Pedro Cassiano Neves, João Oliveira Leonardo, Pedro Machado e António Araújo

07/07/2020

Ainda o projecto STC/Stone Capital para o antigo Hospital da Marinha


Cara Mariana Vozone/Stone Capital


C.C. PCML, AML, DGPC e media

Agradecendo a vossa resposta atempada e abrangente, e no seguimento de observações recentes feitas desde o Campo de Santa Clara, em que apenas pudemos descortinar como existentes neste momento a fachada do antigo Hospital da Marinha, sendo tudo o resto um imenso buraco, face à riqueza patrimonial do antigo Colégio Jesuíta, São Francisco Xavier, permita-nos que coloquemos mais algumas questões acerca do projecto em apreço.

Assim, dada a escala quase sem precedentes das demolições da pré-existência e a dificuldade em perceber-se o projecto,

- O que está previsto para o espaço da antiga portaria do Colégio? manter-se-ão as portas, os vidros e as abóbadas? o espaço mantém-se, ou foi já demolido?

- O mesmo se pergunta para a portaria nova - manter-se-ão os azulejos, a volumetria pré-existente? será desmembrado e recomposto, tal como sucedeu no Palácio Santa Helena, dos Condes de São Martinho em Alfama, da responsabilidade do mesmo gabinete de arquitectura?

- O que está contemplado no projecto para o espaço conhecido como sala de distribuição, 2º piso, sublinhando nós a existência de portas com bandeiras envidraçadas, panos de azulejos e o que, nas escadas, aparenta ser umas guardas de ferro-forjado muito interessantes. O projecto pretende mantê-las?

- Sabemos que a escadaria principal teria tectos em abóbadas e panos de azulejos polícromos. O projecto defende a existência desse extraordinário espaço?

- Irá ser integrada a porta do corredor lateral que dava acesso à sacristia, com uma notável moldura de pedra?

- O pátio interno será devolvido expurgado de todas as tubagens existentes? Irá ser entaipado/destruído?

- Por último, qual ou quais as empresas responsáveis pelo levantamento do património existente e onde se poderá consultar na íntegra o relatório?

Miguel de Sepúlveda Velloso, Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Helena Espvall, Pedro Jordão, António Araújo, Gustavo da Cunha, Beatriz Empis, Virgílio Marques, Inês Beleza Barreiros, Rui Martins, João Oliveira Leonardo, Fátima Castanheira, Pedro de Souza, Pedro Cassiano Neves

Fotos: Virgílio Marques

...

Resposta da Stone Capital (20.7.2020):-) :

«Caros Miguel de Sepúlveda Velloso, Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Helena Espvall, Pedro Jordão, António Araújo, Gustavo da Cunha, Beatriz Empis, Virgílio Marques, Inês Beleza Barreiros, Rui Martins, João Oliveira Leonardo, Fátima Castanheira, Pedro de Souza, Pedro Cassiano Neves,

Esperamos que este email vos encontre bem.

SC - Lamentamos as apreciações e comentários subjetivos que são tecidos nas perguntas que nos são colocadas. Retirando das mesmas aquilo que é objetivo e para que não se difundam considerações suscetíveis de pôr em causa a seriedade com que este importante e complexo projeto de reabilitação urbana está a ser executado, somos a esclarecer:

- O que está previsto para o espaço da antiga portaria do Colégio? manter-se-ão as portas, os vidros e as abóbadas? o espaço mantém-se, ou foi já demolido?

SC - O espaço da antiga portaria corresponde à entrada ao nível do piso +0, junto à Farmácia e terá a sua geometria completamente preservada (abóbadas, chão em pedra, nicho, arranque da escada para o piso superior). As carpintarias, para assegurar a sua preservação, são retiradas e guardadas enquanto a obra está a decorrer.

- O mesmo se pergunta para a portaria nova - manter-se-ão os azulejos, a volumetria pré-existente? será desmembrado e recomposto, tal como sucedeu no Palácio Santa Helena, dos Condes de São Martinho em Alfama, da responsabilidade do mesmo gabinete de arquitectura?

SC - A portaria nova corresponde ao espaço futuro do Grab and Go, piso +1 e manter-se-á sem qualquer alteração (teto, paredes com lambril em azulejos).

- O que está contemplado no projecto para o espaço conhecido como sala de distribuição, 2º piso, sublinhando nós a existência de portas com bandeiras envidraçadas, panos de azulejos e o que, nas escadas, aparenta ser umas guardas de ferro-forjado muito interessantes. O projecto pretende mantê-las?

SC - A sala de distribuição corresponde ao espaço ao cimo das escadas do piso +2, pela qual se acedia à antiga capela. Todos os elementos com valor patrimonial aí existentes foram devidamente identificados e categorizados nos estudos patrimoniais que acompanharam o licenciamento, sendo os mesmos para manter (ou repor quando a sua integridade possa ser posta em causa pelos trabalhos materiais de execução da obra). Serão naturalmente substituídos aqueles aos quais os mesmos estudos, validados pelas entidades competentes, de acordo com o critério da autenticidade, não reconheceram valor patrimonial ou até mesmo identificaram como espúrios.

- Sabemos que a escadaria principal teria tectos em abóbadas e panos de azulejos policromos. O projecto defende a existência desse extraordinário espaço?

SC - Não obstante a escada principal original ter o seu traçado parcialmente corrigido no projeto licenciado, está a ser feito um esforço em obra de aproximação ao traçado existente, preservando os degraus em pedra, azulejos, abóbadas.

- Irá ser integrada a porta do corredor lateral que dava acesso à sacristia, com uma notável moldura de pedra?

SC - A porta da sacristia será mantida conforme previsto no Projeto.

- O pátio interno será devolvido expurgado de todas as tubagens existentes? Irá ser entaipado/destruído?

SC - Tal como previsto no projeto e evidenciado nos estudos, o pátio interno encontrava-se repleto de adições descaracterizadoras, de caráter técnico e funcional, sem qualquer valia patrimonial e será expurgado de todos esses elementos.

- Por último, qual ou quais as empresas responsáveis pelo levantamento do património existente e onde se poderá consultar na íntegra o relatório?

SC - O Relatório Prévio, que constitui um estudo extenso e aprofundado de levantamento e caracterização dos valores históricos, arquitectónicos e patrimoniais, é da autoria da consultora especializada, Conservation Practice e encontra-se integrado no processo de licenciamento, onde pode ser consultado. Existem outros documentos complementares com levantamentos parciais de carpintarias, azulejos, assim como relatórios específicos produzidos no decurso do acompanhamento dos trabalhos arqueológicos, da autoria da empresa especializada Neoépica, e que vão sendo produzidos e submetidos à DGPC que orienta todas as tomadas de decisão em obra nesse âmbito.

Com os nossos melhores cumprimentos,

Stone»

...

Novo e-mail para a Stone Capital (30-7-2020) e e-mail ao DGPC (30-7-2020):

«Cara Mariana Vozone/Stone Capital

Gratos pela v/resposta, serve o presente apenas para manifestarmos a nossa estranheza em verificarmos que a realidade no local difere radicalmente do que nos conta, ou seja: quem olha para o edifício verificará que, à parte a fachada, qual invólucro necessário, todo o edifício desapareceu: cantarias, abóbodas, escadas, corredores, elementos decorativos os mais variados.
Fazemos votos para que os mesmos estejam salvaguardados e voltem ao seu local de origem.

Com os melhores cumprimentos»

...

«Exmo. Senhor Director-Geral do Património Cultural
Eng. Bernardo Alabaça

Reencaminhando a V. Exa. a resposta de 7 de Julho de Mariana Vozone/Stone Capital relativa a um conjunto de questões por nós levantadas relativamente ao projecto de alterações, ampliação e construção nova que está a ser executado no antigo Hospital da Marinha e que no local apenas se vêem as fachadas do edifício, tendo desaparecido praticamente todo o interior daquele imponente complexo histórico, e tendo em conta as alusões feitas nesta resposta a pareceres dados por essa DG e ao acompanhamento da obra por parte desses serviços, serve o presente para solicitarmos o melhor esclarecimento quanto ao destino dado às escadas, abóbodas, elementos de cantaria, estuques, azulejos, e madeiras retirados do antigo hospital, ou seja, se o edifício vai manter alguma da sua autenticidade ou se vai ser inteiramente fake.

Com os melhores cumprimentos»

03/07/2020

Obra na Junta de Freguesia da Estrela

Chegado por e-mail:


«Exmos. Srs.,

Venho por este meio, solicitar a Vossa atenção para a inqualificável obra que está ser realizada no bairro da Lapa, pela Junta de Freguesia da Estrela, onde se está a utilizar um tipo de pavimento, em blocos de cimento cor de laranja, que não só são completamente descaracterizadores do património urbano e imobiliário único deste local, como um verdadeira atentado à calçada portuguesa.

Peço-vos que me ajudem a combater este desastre!

Envio em anexo fotografias da obra, e o link da Junta de Freguesia para a obra: https://jf-estrela.pt/…/686-rua_das_pracas_novo_modo_de_hab

Agradeço desde já,

Com os melhores cumprimentos,

Alexandre Bettencourt»