16/03/2021

Aplauso à CML pela reprovação de hotel no edifício-sede do Ateneu Comercial de Lisboa

Exmo. Senhor Vereador
Eng. Ricardo Veludo


CC. PCML, AML, JF, ME, DGPC e media

Serve o presente para congratularmos a CML, na pessoa de V. Exa., pelo indeferimento do PIP relativo a obra de ampliação e de alteração de uso (Processo nº 1180/EDI/2019), em que se pretendia transformar em hotel o Palácio Polvolide, sede histórica do Atheneu Comercial de Lisboa, Monumento de Interesse Público (https://dre.pt/home/-/dre/129967172/details/maximized, incluindo todo o seu património móvel) e uma referência da cidade.

Com efeito, a nosso ver, o projecto da autoria da arq. Ana Costa, apenas traria uma particularidade positiva para a cidade: a abertura de um espaço público “verde”, ligando o lote ao Torel. No demais, o projecto replicava ad nauseam a narrativa habitual da memória descritiva e justificativa dos “n” boutique hotels espalhados pela cidade.

Inclusivamente, quando se esperava que um projecto de requalificação daquele conjunto importante da Lisboa histórica defendesse a desocupação do logradouro das estruturas espúrias que ali foram sendo construídas ao longo de décadas, o mesmo não defende tal mas antes a sua reconversão em habitação!

Por outro lado, afigura-se-nos como ofensivo que se confine a história e o legado do centenário Ateneu Comercial de Lisboa para um pequeno e patético espaço museológico, como se os seus mais de 100 anos dedicados à população de Lisboa fossem algo de marginal, quando estamos perante uma das agremiações mais importantes do país, que, contudo, teve a pouca sorte de ser gerida de forma calamitosa desde há 30-40 anos a esta parte – em resumo, começou por ver o Ministério da Educação retirar-lhe o estatuto de escola comercial, depois, foi perdendo modalidade a modalidade, arrendou os seus múltiplos espaços a actividades pouco abonatórias para a sua história, endividou-se sobejamente, foi perdendo sócios activos, transformou a sua inquilina histórica, a mítica Cervejaria Solmar (também ela Monumento de Interesse Público), em propriedade horizontal acabando por vendê-la a quem explorava o espaço, acabou insolvente e sob uma administração liquidatária, de que resultaria a venda do edifício a particular que terá comprado a totalidade da dívida acumulada.

Aliás, aproveitamos esta oportunidade para apelarmos a quem de direito - CML, DGPC, JF e Ministério da Educação, e porque não também a Presidência da República, sócios do Ateneu Comercial de Lisboa e actual proprietário - reunirem esforços para, no seguimento deste indeferimento se proceda a um “virar-de-página” e a partir desta decisão se encontre uma solução que permita devolver ao clube o palácio que o Conde de Burnay lhe deu para ali ter a sua sede e desenvolver as suas actividades desportivas e lúdicas, e assim se devolver à cidade e aos lisboetas o que é da cidade e dos lisboetas.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Virgílio Marques, João Leitão, Marta Saraiva, Luís Carvalho e Rêgo, Helena Espvall, Fátima Castanheira, João Teixeira, Pedro Ribeiro, Eurico de Barros, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Beatriz Empis, Maria do Rosário Reiche, Nuno Vasco Franco, Miguel Jorge, Maria João Pinto, Jorge Pinto, Fernando Jorge, Pedro Cassiano Neves, Pedro Jordão, Maria Ramalho

Foto: Jornal Observador

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