09/11/2004

Aqueduto das Águas Livres, longe da vista, longe do coração

A CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa) não pára de 'encalhar' em protestos que têm impedido a construção do troço Buraca/Pontinha. Depois de os moradores de Benfica recusarem a passagem daquela via junto das suas casas, a Associação Ofícios do Património e da Reabilitação Urbana ameaça «mover uma acção judicial contra o Estado, se insistir na demolição de parte do Aqueduto das Águas Livres para concluir a CRIL».
Sendo à partida compreensível a posição do IPPAR, ao não poder, estatutariamente, ir contra o Estado, i.e. contra a sua própria tutela, não deixa de ser sintomático do estado a que este país chegou: o mesmo Estado, pretende candidatar o Aqueduto das Águas Livres a património mundial, e depois deixa destruir um troço de 180 mt do aqueduto para que uma estrada por lá passe. Supõe-se que o aqueduto valha só por aquilo que se vê e não pelo que se advinha. Uma estrada que pode passar por túnel, segundo dizem alguns entendidos. Assaz curiosa, também, é a dita "colisão de interesses públicos, entre o Ministério das Obras Públicas e o Ministério da Cultura. Tem graça, eu pensava que o "interesse público" era um e só um, e não dois ou vários. Nesta novela do troço final da CRIL (sobre se passa por baixo ou se por cima - destruindo ou não os tais 180 mt de troço enterrado) aplica-se a velha máxima popular: longe da vista, longe do coração.
PF

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