13/01/2005

Carmona Rodrigues defende: «Transportes públicos de Lisboa são dos melhores da Europa».

Sinceramente, Sr.Presidente, eu, que ando todos os dias nos transportes públicos de Lisboa, ainda não me tinha apercebido desse facto! Passo a explicar:

Saturei de andar de táxi. Fartei-me de ser mal conduzido pelos senhores taxistas (sim, paga o justo pelo pecador), fartei-me das suas manobras perigosas, das travagens bruscas, dos insultos e das suas má criações constantes, em especial daqueles que ficam no Aeroporto da Portela, em caça de espera a algum turista ou regressado incauto. Fartei-me da falta de troco. Das "avarias" nos taxímetros. E da relutância em nos darem factura (devidamente preenchida). Das taxas inventadas e por inventar. Enfim, só ando de táxi em caso de extremíssima necessidade. A sua única vantagem é serem tantos (cada vez mais), infelizmente.

Passao ao autocarro. Começo por dizer que são poucos, e os que há estão quase sempre cheios. Raramente andam "à tabela" (é comum ver-se 2-3 carreiras em simultâneo... parece que ninguém planeia nada a não ser fechar carreiras onde o número de passageiros não "justifica o esforço financeiro"). Andam aos solavancos e os amortecedores já foram. Detesto o recado patibular "é favor chegar à rectaguarda" (embora reconheça que os senhores condutores de hoje nada têm que ver com os seus predecessores de há 10 anos, por ex., em termos de educação, competência e simpatia). Reconheço que os autocarros estão no bom caminho, mas ainda falta muito para lá chegarem, Sr.Presidente.

E depois, Sr.Presidente, os autocarros e os táxis de Lisboa devem ser dos mais poluentes da Europa. Desaconselho-o vivamente a respirar o CO que "uns dos melhores transportes da Europa" debitam diariamente sem que nenhuma inspecção-geral-obrigatória (IPO, curioso nao é?) nos valha ... mesmo que o gás emitido seja do melhor (e em maior quantidade) que se produza na Europa (a dos membros fundadores da UE, imagino).

O meio de transporte que mais utilizo é o metropolitano, porque é o mais seguro, o menos poluente e o que chega mais rapidamente aos meus destinos, embora ainda haja muitos destinos que humilhantemente ainda se mantêm desenhados no papel, como sejam o Aeroporto, a Ajuda, Alcântara, o Beato, Campo de Ourique ... talvez se considere estas zonas como sendo de "lisboetas de 2ª", não sei. Apesar destas vantagens, o nosso Metro tem muitas coisas más, mal feitas e reincidentes. Incompreensivelmente, a expansão do Metro é feita a conta-gotas com os custos que isso acarreta, a nível orçamental e à superfície. O tempo de espera entre comboios é enorme na maior parte do tempo, o que é ridiculo numa linha irrisória como a nossa. As composições são pesadonas, os interiores mal concebidos. O sistema de escadas-rolantes é diminuto, e é rara a semana em que as escadas que existem funcionam sem avariar. Os elevadores interiores são exíguos e estão sempre sujos. Os elevadores até à superfície são mamarrachos completamente desnecessários, que urge demolir. A maior dos bilheteiros (pessoas) foi substituída por máquinas que, regra geral ostentam uma folhinha A4 dizendo "avariada". O sistema de portadas (falsamente apelidadas de torniquetes) continua ineficaz, pelo que julgo que foi dinheiro deitado à rua. Ultimamente, foi instalado um sistema de projecção de pseudo-notícias de um pseudo-canal informativo que, além de inestético e de afectar gravemente os tímpanos dos utentes (ou serão clientes?) é apenas mais uma receita publicitária. Neste momento, contudo, é de saudar o lançamento do pequeno jornal informativo, grátis, ficando os utentes assim ao nível do que é feito desde há décadas noutros congéneres europeus. Tal como os autocarros, o Metro vai no bom sentido, com altos e baixos, mas é de longe o melhor meio de transporte de Lisboa.

Finalmente, o meu transporte preferido, o eléctrico (falo do eléctrico tradicional, não daquelas lagartas monstruosas que Ferreira do Amaral importou...). Não ando nele como queria, nem quando queria. Infelizmente. Não ando porque a sua mobilidade é continuamente posta em causa pelo carro mal estacionado, pela obra que bloqueia o carril, e porque há poucos carros-eléctricos a circular. E porque as linhas que me poderiam valer foram encerradas, embora se mantenham no mesmo sítio as respectivas calhes ... à espera não sei do quê. Mas quando ando num eléctrico, ou quando os vejo passar, é um prazer que me invade; julgo que tenho qualidade de vida.

PF

3 comentários:

Anónimo disse...

"Dos melhores da Europa..." Ohh Yee.....que maravilha.
Subescrevo a observacion do amigo Paulo, por inteiro.
Entao com respeito a tabelas......só se forem para jogar
no totoloto. Mas...... atencion ....esse "jornalito" desinformativo "Metro", que está para chegar, vai-lhes sujar a cidade toda (ainda mais) ! ai "bai, bai!"

JA

CIDADANIA LX disse...

Já faz, já faz. Há bocadinho vi jornais espalhados no chão do cais... promete!
PF

Anónimo disse...

Pois sim .....há coisas que demoram muiiiiiiito a mudar.
A falta de limpeza e civismo, é bem difícil de aturar.

JA