10/05/2006

Cascais já não é uma vez e nunca mais



Não é costume falar-se aqui de outros locais que não Lisboa, mas agora que é tempo de virar de nova página na vida de Cascais, e como já aqui falámos duas vezes em Madrid (por força do duelo entre a baronesa heroína e o arquitecto Siza), e enquanto cascalense desde 1968, e a propósito das notícias recentes sobre o acordo entre a CMC e a Presidência da República com vista à recuperação e cedência periódica do palácio da cidadela à CML (notícia por que todo o cascalense anseava desde há demasiado tempo) aqui fica uma pequena e sincera nota de agradecimento a António Capucho pelo muito que tem feito e impedido que fosse (mal) feito em Cascais, ao longo destes últimos 6 anos.

Assim (recapitulando de cabeça) eis o balanço: compra da Casa Sommer, acordo de cedência da Cidadela e Fortaleza da Nossa Senhora da Luz, compra da Casa Santa de Maria, recuperação do farol e forte de Santa Marta, acordo de cedência do fortes da Cadaveira e do Guincho, recuperação integral da Estrada Birre-Guincho, criação da pista de footing na Estrada do Guincho, construção da nova biblioteca municipal, aprovação das demolições da Praça de Touros, Hotel Estoril-Sol e Cruzeiro, demolição do Dramático de Cascais e construção de novo pavilhão na Torre, renovação do Paredão, plano de recuperação das termas e do Hotel Miramar, concurso para recuperação da envolvente à Praia da Azarujinha, recuperação de uma série de moradias emblemáticas de Raul Lino e outros, comemorações relativas a Wenceslau de Moraes (a CML olvidou-se!), impedimento da continuação da auto-estrada até à Areia, restrições efectivas ao trânsito entre a Av. 25 Abril e o Centro Cultural da Gandarinha, Etc.

Não foi possível travar muita coisa aprovada por outros, por falta de ... dinheiro para demolir ou indemnizar (ex. C.C.Titanix, novos hotéis nas casas do Rei de Itália, construção entre a Areia e a Charneca, empreendimento do Abano, edifício Eden, etc.), mas o balanço é altamente positivo e só fica bem a um cascalense sublinhá-lo nesta hora em que se anunciam mais planos.

Do meu ponto de vista, só faltam mesmo 5 coisas:
- recuperação do palacete do antigo tribunal para mini-unidade hoteleira;
- desocupação do forte de Santo António da Barra (São João do Estoril) pelo Instituto de Odivelas;
- reabertura das grutas do Poço Velho;
- requalificação do jardim do casino reformando os canteiros floridos e substituindo o asfalto pela gravilha fina que lá estava;
- requalificação urgente dos cafés e esplanadas das Arcadas, que o Estoril merece melhor!

No meio de tanto elogio (merecido) ficam duas objecções:
- Sou frontalmente contra o plano de abate das árvores a norte do casino para a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, e o abate das árvores da actual Feira do Artesanato para construção de apartamentos. Aquelas árvores farão muita falta, além de que já há apartamentos a mais em Cascais;
- Não percebo a ideia de se demolir a garagem defronte à estação de comboios para se construir mais um mamarracho, ainda por cima mais alto do que toda a envolvente.

E dois desejos:
- Que venha um tsunami selectivo e leve para bem longe a pior herança de Judas: a marina;
- Que venha alguém que com golpe de mágica transforme o Edificio São José naquilo que era dantes e que os cascalenses deixaram que deitassem abaixo: o Cinema São José.

PF

1 comentário:

Anónimo disse...

"Tsunamis selectivos naturais" é realmente uma necessidade para o nosso pais. Para Cascais eram uns
que fossem direitinhos aquela porcaria de cafés e restaurantes
que desfiguraram a Estrada do Guincho. Aquele pedaço de Portugal deveria ter ficado virgem para sempre. Infelizmente a nossa sociedade está repleta de "tsunamis humanos", os que deitam abaixo "Casa Garrett", e os que deixaram violar um dos mais belos pedaços de costa da Europa.
Mas para esses a história também tem páginas.


JA