23/02/2009

ALIENAÇÂO DA CASA DE S. JOÃO DE BRITO É IRREVERSÍVEL

Câmara sem capacidade para restaurar imóvel pretende que este se torne um hotel
Ontem
NUNO MIGUEL ROPIO
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A Associação dos Amigos de São João de Brito pretende que a Câmara de Lisboa não avance com o processo de alienação do edifício na Costa do Castelo, onde nasceu aquele santo em 1647, para poder acolher um museu.O Município espera vender o Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça, no Largo Rodrigues de Freitas, antigo Museu das Marionetas, por 1,5 milhões de euros, integrado num conjunto de seis imóveis que serão transformados em hotéis de "charme". É este processo - que ainda não foi votado pela Assembleia Municipal de Lisboa - que a associação quer travar, de modo a que não só não se perca aquele imóvel para mãos privadas, como igualmente o mesmo possa acolher um espaço museológico dedicado a São João Brito [um dos dois santos nascidos na cidade, o outro é Santo António].Segundo o padre João Caniço, um dos mentores daquela associação, o projecto não é recente mas, desde 1998, apenas o ex-presidente João Soares [PS] terá mostrado disponibilidade para o estudar. "Em 21 de Junho de 2005, a Assembleia Municipal aprovou uma moção onde reconhecia a importância deste edifício. Desde então, sem sucesso, tentámos sensibilizar a Câmara. O presidente António Costa tem referido, através da sua secretária, impossibilidades na agenda para nos receber", explicou, ressalvando que recentemente o vereador do Ambiente e Espaços Públicos, José Sá Fernandes, terá sido sensível aos argumentos da associação.Ao JN, Sá Fernandes adiantou que, "por incapacidade financeira", a Câmara não pode assumir as obras de requalificação do edifício e cedê-lo à associação. "Comprometi-me a lançar-se um concurso de ideias que passa por colocar no talude ajardinado uma estátua de São João de Brito", disse. "Outras hipóteses passam por preservar uma pequena capela do Senhor dos Passos, existente dentro do edifício, dar o nome do santo ao largo ou até ao próprio hotel que ali nascer", acrescentou .Criada em 1996, a associação idealizou para o imóvel um museu interactivo, que reúna o pouco espólio que o santo missionário deixou, tendo em conta que após a sua decapitação na Índia, em 1693, o cadáver foi amputado e dado a abutres (ver caixa). Apenas o cutelo da execução se manteve, ficando à guarda do Colégio de Santo Antão. "São João de Brito nasceu onde existia o restaurante Zé das Iscas. O local merecia ser conservado com dignidade", reforçou o padre João Caniço.A votação do plano de alienação foi adiada pelos deputados municipais, tendo aconselhado Costa a reformulá-lo e a não vender dois dos seis edifícios. Mas a casa de São João de Brito não faz parte das recomendações.

2 comentários:

Paulo Ferrero disse...

Esta notícia está completamente errada. A lista dos 6 edif. colocados anteriormente à venda conjuntamente foi separada em 5 lotes, por indicação expressa da AML, que também solicitou a exclusão da casa em apreço, ou seja, do lote do Largo Rodrigues de Freitas, aliás para dar seguimento à recomendação anterior da própria AML que pedia à CML para transformar aquele edifício em casa de São João de Brito. É bom que a CML tenha recuado. Cada caso é um caso e este acho bem que não se venda. Na notícia aparece muita gente a não saber o que diz.

Anónimo disse...

Fica o reparo e postarei esta nota explicativa no local de onde retirei a noticia inicial.
Luís Marques da Silva