11/04/2008

Ainda o Paris:

Chegado por email:

«Ao Fórum Cidadania Lisboa



Tendo tomado conhecimento com o vosso texto sobre o Paris Cinema da Rua Domingos Sequeira nº30, com o qual na generalidade concordo, quero apenas esclarecer o que não é muito claro no início do vosso texto.

Sendo neto do fundador do cinema, Victor Alves da Cunha Rosa, que o mandou edificar em 1930 como “cinema de estreia”, para substituir o antigo Cinema Paris situado no fim da Rua Ferreira Borges, já perto das Amoreiras, friso que já há muitos anos que ele não pertence à Sociedade Geral de Cinemas, ao contrário do que é dito no princípio do texto. Os últimos anos da sua propriedade pela Sociedade Geral de Cinemas foi muito complexa, pois tendo-o alugado à Lusomundo, como o v. texto menciona, esta empresa deixou-o ao abandono, a degradar-se, sem qualquer exibição de filmes durante anos, tendo a Sociedade que recorrer aos tribunais para voltar à sua “plena posse” e assim preparar a sua venda, o que foi concretizado. Variados anos após a sua venda a um privado que o manteve sempre fechado e em contínua degradação, foi o cinema posteriormente adquirido pela Câmara.

Era muito interessante o seu projecto inicial da autoria do Arquitecto Victor Manuel Piloto, com apoio no seu arranjo interior do Pintor Jorge de Sousa, de onde se salientavam as 4 peças escultóricas (baixos relevos) do Escultor Simões de Almeida (sobrinho) situadas no “foyer” do balcão. Pena que nos anos 50 tenha sido algo desvirtuado, em parte devido a obrigações regulamentares, tendo no entanto sido na sua sequência feita a encomenda da pintura mural na grande “sala de fumo”, igualmente do balcão, ao Pintor Paulo-Guilherme (d’Eça Leal). Creio que esta pintura ainda existirá.

É minha convicção que, a manter-se esse equipamento com espaço cultural da cidade, deverá ser restaurada conforme o projecto inicial a fachada principal e a sua área imediatamente anexa da entrada (piso térreo) e do “foyer” (piso superior), devendo a(s) sala(s) de espectáculos e restantes espaços ser alvo de um projecto integralmente novo, contemporâneo, convenientemente articulado com o projecto de Victor Piloto.



José Cunha Rosa Silva Carvalho
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2 comentários:

andrea disse...

sempre tive um fascínio enorme sobre este edificio e como arquitecta fico muito indignada com o estado em que a Câmara de Lisboa o foi abandonando, deixando-o morrer assim. já o filme Lisbon Story se não me engano conseguiu com ele mesmo assim, dar-lhe a magia que deveria ter.
gostaria imenso, e já em tempos perguntei á CML, se se pudessem dar apoios a arquitectos para que se fizesse um concurso para a sua recuperação, mas sinceramente nem sei de quem é propriedade.
seria bom dar-lhe vida.

Anna Checa Cunha Rosa disse...

Este é o nosso cinema, do meu avô Jaime é o que nos resta, além das historias que a minha mãe me conta, que são belas e melancólica. Queremos que este lindo cinema seja otra vez o lindo cinema que era, só posso dizer obrigado da minha parte a família Cunha Rosa que sempre o quiz salvar, espero que contareis com o meu apoio
obrigada