23/08/2009

A tragédia do Bairro Alto

Recebido por correio electrónico, do amigo José do Carmo Francisco

Os meus três filhos, nascidos no Bairro Alto, quando chegaram à idade adulta não encontraram condições para viver neste seu espaço. Vivem todos longe do Bairro onde brincaram, onde foram à Escola e onde deixaram os pais e os amigos. A Câmara Municipal de Lisboa nunca teve tempo para olhar pela melhoria das condições de vida no nosso Bairro. Tinha e tem outras prioridades. No passado mês de Junho um residente no Bairro morreu de noite num sofá, incapaz de aguentar o ruído, a prepotência e os insultos dos proprietários de um bar instalado no seu prédio. Na Assembleia de Freguesia fiquei ao lado da viúva e percebi nos soluços a profundidade do seu drama. Em vez de fechar o bar a Câmara enviou os bloqueadores da Polícia Municipal para multarem os residentes que tinham colocado as viaturas no muro do Instituto de S. Pedro de Alcântara onde não há janelas nem portas. E, não contente com a carnificina dos bloqueadores no dia 16-6-2009, autorizou os bares a abrirem até mais tarde. Logo na primeira noite um rapaz morreu vítima de uma navalhada numa esquina. Depois de um idoso, vítima da ganância de uns e da estupidez de outros, morreu um jovem na flor da idade. Os donos dos bares não podem pensar que só eles existem a não ser que a Câmara Municipal já lhes tenha prometido transformar o Bairro num espaço sem ninguém. Assim como o Bairro das Meninas de Amesterdão. Eu estive lá em 1977. Os meus filhos foram expulsos do Bairro, a nós estão a dar cabo da vida para que a paisagem seja apenas povoada pela ganância e pela estupidez. O nosso Bairro que já foi espaço de vida é hoje campo de morte e será dentro de pouco tempo uma gaiola das malucas. Os dois mortos são a factura já paga.

28 comentários:

Anónimo disse...

A pergunta que coloco é a seguinte, e não é a ironizar, pois o assunto não é para brincadeiras: desde que a rebaldaria começou no BA só se contabilizam dois mortos?!

E quantos residentes têm a saúde, a começar pelo sistema nervoso, completamente arrasada?

Anónimo disse...

O autor do post anda inspirado. Agora o ruído mata. Sobretudo quando se compra uma casa no bairro e pasme-se: há animação na zona!!! Isto lembra-me uma tragédia queiroziana melodramática.

Anónimo disse...

O texto é um drama de faca e alguidar!

Se o objectivo é convencer e puxar as lagrimas, a mim não me puxaram nada. Não acredito na estória. Quem garante que o idoso não morreria à mesma noutro bairro qualquer, afinal cada um tem a sua hora.
Quanto ao rapazinho que morreu, quem anda a traficar droga e em negócios ilicitos, arrisca-se. Se não fosse ali era noutro sitio qualquer.

Anónimo disse...

O autor do comentário anterior está inspiradíssimo.

Tentar dormir com uma barulheira todas as noites até às tantas e levantar cedo para ir trabalhar é a receita que lhe passo.

Anónimo disse...

o ruído pode não matar mas que mói, mói. O meu apoio a este post. A cidade é de todos e uns não têm o direito de incomodar constantemente os outros.

Rui disse...

Animação na zona?? Estamos a falar de dezenas (centenas?) de pessoas que têm a sua vida e saúde destruída pela actividade ilegal da "noite" de Lisboa, e há quem se lembre da "animação"?
O ruído mata? Pode ficar espantado, mas sim! Segundo a UE, morrem 50.000 europeus por ano devido a problemas de saúde associados ao excesso de ruído. Chega-lhe?

Prioridade em Lisboa:
Acabar com o anarquia da noite no Bairro Alto e em Santos

Anónimo disse...

"carnificina dos bloqueadores"????!!!!!!!!!
Terei lido bem?

MO disse...

é faca e alguidar mas não é para menos. centenas de lisboetas são diariamente agredidos, com as consequências que se conhecem a nível da saúde, pela actividade de bares e discotecas em lisboa. a situação é caótica e todas as autoridades se vergam ao lobby da noite, sacrificando sempre a saúde e bem-estar dos . moradores. não é só o bairro alto: santos e castelo são outras zonas onde cada vez mais difíceis de habitar.
é inadmissível que as autoridades continuem a assobiar para o ar e achar que é possível uma convivência sã entre moradores e "diversão" nocturna.
a situação em lisboa hoje é digna de um país de 3º mundo. mas ao menos nesses países seria mais fácil os moradores fazerem justiça por suas próprias mãos.

Maria disse...

O meu total apoio a este post!
Façam do Bairro Alto um bairro residencial, com casas para jovens e não só, com o apoio do comércio tradicional (cafés, mercearias, padarias, talhos, mini-mercados, restaurantes, etc., escolas, infantários ...)
Os bares deveriam ir para junto do rio ou outro sítio qualquer onde não incomadassem as pessoas. É inadmissivel que se queira descansar à noite ( UM DIREITO, meus senhores) e não se possa devido à barulheira.
Quem acha que este post "é de faca e alguidar" já está completamente chanfrado e o melhor é marcar urgentemente uma consulta em psiquiatria e já agora outra de humanidade.

J. Oliveira disse...

Uma verdadeira tragédia que dá cabo do sistema nervoso a todos os infelizes que têm que aturar ruído até às 4 ou 5 da manhã, e para toda a gente que depois depende dos serviços corruptos e incompetentes da CML para resolver o problema.

António Costa deu um péssimo sinal ao voltar atrás depois de implementar uma medida que só pecava por escassa. Continuam a ter medo do lobby da noite e a esquecer o direito básico, fundamental, que qualquer pessoa tem de dormir às horas que quiser ou de estar em casa a descansar sem um alvoroço contínuo à porta de casa.

Enquanto os poderes e o público não entenderem que o que acontece no BA e noutros locais é comparável a qualquer outro crime de agressão (como atropelar ou esfaquear pessoas), as coisas não vão mudar. Mas neste país nojento as pessoas e as autoridades acham isto tudo normal.

Anónimo disse...

Na minha opinião, a CML e os donos desses bares deviam ser levados à justiça e processados por homicídio. Exigir responsabilidades a quem as tem é essencial em democracia e está na hora de a CML assumir as responsabilidades pelos seus actos e omissões

Anónimo disse...

não podiam dar opinião sem parecer que estão no jornal da TVI?

homidício? carnificina?

meu deus....

Anónimo disse...

portanto a proposta é acabar com o barulho dos bares para os moradores descansarem.

a seguir vem acabar com o transito nas principais avenidas e acabar com o aeroporto.

e acabar também com milhares de empregos.

ou para alguem dormir descansado o Estado paga mudanças de estabelecimentos privados?

e colocam-nos onde? num bairro isolado algures? e isso faz com que as pessoas vão lá?

isto faz-me lembrar as boas maneiras soviéticas de separação e artificialismos.

acabou como se sabe...

engraçado que nada parecido se fez na europa ou no mundo.

Filipe Melo Sousa disse...

Que tristeza de post. Agora querem pregar a luta contra o "vício", proibir as saídas à noite e encerrar os lugares de diversão nocturna. Sabiam que existem pessoas com vida e com amigos para sair? Nem toda a gente tem como expoente máximo da diversão ficar à janela para ouvir a conversa da vizinha.

Anónimo disse...

LEIO: "O autor do post anda inspirado. Agora o ruído mata. Sobretudo quando se compra uma casa no bairro e pasme-se: há animação na zona!!! Isto lembra-me uma tragédia queiroziana melodramática."
NÃO TERÁ OCORRIDO AO QUERIDO QUE HÁ PESSOAS QUE JÁ LÁ MORAM ANTES DA BANALHEIRA? E MESMO QUE ASSIM NÃO FOSSE TODOS TÊM DIREITO A DORMIR?
Teresa Franco Lopes

Anónimo disse...

o que falta a alguns é a capacidade de se colocarem na posição do outro. por isso, apoio o post veementemente. nada contra a diversão e o ruido, mas devem ocorrer no local próprio e não em zonas residenciais.
sim, sim, lá vem amersterdão.
mas depois da meia noite a coisa acalma e em nehum local alguem se atraveria a fazer o banzé que se encontra no BA.

Maria disse...

Quem falou em encerrar locais de diversão nocturna ou as saídas à noite? Esses locais devem existir mas onde não incomodem as pessoas que querem e têm todo o direito de estar em paz e sossego nas suas casas.
Francamente, isto é assim tão dificil de entender?

Há bares e discotecas em Lisboa em locais onde não incomodam ninguém e todos os conhecem, portanto essa vossa teoria é falaciosa.

Anónimo disse...

Olá a todos.
Independentemente da apreciação que cada um de nós faça sobre o conteúdo do texto, tomei a liberdade de o publicar tal como o recebi, porque o autor me explicou que não tem acesso a outros meios onde possa expressar o que lhe vai na alma e, pelo facto, não me pareceu mal dar voz a este senhor, neste espaço dedicado à cidadania.

Julio Amorim disse...

Numa cidade TODOS têm direito ao descanso durante a noite. Quem se quiser divertir, que encontre sítios onde não incomode a vida aos demais.

filipe branco disse...

o estranho é que seja necessário convencer pessoas de que o sono é, de facto, um direito

Xico205 disse...

Todos os bairros de Lisboa são calmos à excepção do Bº Alto e santos, é preciso ter pontaria quem escolheu estes para viver e ter descanço!

Quem aprecia calma está melhor no Alvito ou na Serafina, com uma floresta ao lado.

Anónimo disse...

"Todos os bairros de Lisboa são calmos à excepção do Bº Alto e santos, é preciso ter pontaria quem escolheu estes para viver e ter descanço!"
As pessoas já lá estavam quando chegaram os bares....
O direito ao silêncio a partir de certa hora é indiscutível.
Dedução - os bares que se mudem.

Anónimo disse...

Sempre houve bares no Bº Alto. Quando não eram generalistas, eram de alterne.
As prostitutas na rua tambem faziam com cada escandaleira!...

Anónimo disse...

o bairro alto sempre foi um local de animação nocturna. sempre.

engraçado que se formos a ver a maior das queixas de ruído, são pessoas que moram a 3 ruas de distnacia do bar que fizeram queixa.

são meras guerras de concorrência.

podemos instalar um regime soviético e delimitar bairros só p industria, só para residência, só para animação, só para comércio.

pena é que essa ideia vá c ontra todas as teorias e práticas do mundo quando a urbanismo e planeamento urbano.

os problemas do bairro alto resolvem-se com fiscalização e cohabvitação e com a compatibilização dos direitos de TODOS.

ceder a fundamentalismos do descanso abre portas a que eu faça queixas sobre o barulho doc omputador numa empresa do meu prédio.

conta, peso e medida, meus senhores.

uns têm direito ao descanso e outros´`a subsistência e outros ao divertimento.

e há um ponto de equilibro.

não queiram chacinar um lado, com o argumentos de apenas um lado.

filipe disse...

é totalmente falso dizer que "a maior das queixas de ruído, são pessoas que moram a 3 ruas de distnacia do bar que fizeram queixa". sei por experiência própria que ninguém decide chamar a polícia às tantas da manhã a sua casa se não tiver boas razões para isso. e as razões estão bem descritas neste post.

o anónimo diz que "uns têm direito ao descanso e outros à subsistência e outros ao divertimento." isto é uma forma habilidosa de turvar a questão, uma vez que neste momento uns gozam do seu direito à subsistência e ao dovertimento, mas à custa do direito ao descanso dos demais. e isto num contexto em que quase nenhum bar do bairro alto está licenciado ou insonorizado, e em que quase nenhum respeita condições legais de funcionamento (horários, ruído, segurança, etc)

goste-se ou não do sítio, e seja ele soviético ou chinês, a verdade é que a criação zona das docas demonstrou que é possível criar zonas de lazer em condições, sem atropelo de direitos fundamentais. deixar as coisas como estão no bairro alto, isso sim, é um insulto ao urbanismo e às pessoas que lá vivem.

Xico205 disse...

As docas estão longe de ser um sitio agradavel no Inverno. Com o vento proprio da zona ribeirinha. O Bº Alto sim, é um espaço agradavel e aconchegado.

Anónimo disse...

Ora bem (mal)! No Bairro Alto é chinfrineira dentro dos bares e fora deles, na rua. Mas os "piquenos" sempre estão mais aconchegados, abrigadinhos do vento. E os outros, que querem descansar, que se lixem!
Está tudo dito e explicado.

amm disse...

deve ser muito "aconchegado" para quem lá mora e tem que gramar com gente que acha que beber cerveja e berrar na rua às tantas da manhã é um "direito".