02/09/2019

Portela vs. Montijo - Pedido de liderança à CML para a defesa da Cidade


Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Dr. Fernando Medina


C.C. AR, PM, AML

No âmbito da consulta pública acerca da construção de um novo aeroporto no Montijo, cujos acessos previstos são rodoviários, questionamo-nos se a decisão de construir esse aeroporto sobre o rio Tejo, com vista a resolver uma necessidade de curto-prazo, não estará a condenar a cidade de Lisboa a estar rodeada de poluição química e sonora por mais três ou quatro gerações, como aquela a que tem estado desde que o aeroporto da Portela foi inaugurado, e a partir do momento em que a urbe se foi aproximando daquela zona, que por essa altura ficava nos arrabaldes de Lisboa.

Ou seja, até que ponto é desejável manter-se por mais 50 anos, ou mais, não um, mas dois aeroportos na área da capital, em vez de se encetar desde já os preparativos para a construção de um só aeroporto e fora da grande Lisboa, concentrando as operações aeroportuárias e evitando um duplo encargo para as futuras gerações?

Não eram esses os pressupostos que levaram o anterior Presidente da CML a afirmar em 2007-2008 que pugnaria pelo fecho do aeroporto da Portela e pela a sua transformação num imenso parque urbano, num segundo “pulmão verde” da cidade?

Nesse sentido, e tendo em conta que, noutra vertente que não o tráfego aéreo, são uma evidência os indicadores internacionais que apontam para a elevada poluição proveniente dos grandes paquetes quando manobram junto aos cais e por isso toda a carga extra poluidora sobre a zona de Alfama (recordemos que a nova presidente do munícipio de Barcelona está empenhada em reduzir o número de licenças de cruzeiros...) solicitamos a V. Exa. a melhor atenção para a necessidade de a CML assumir a liderança na defesa da Cidade e da sua área metropolitana, pugnando pela apresentação de estudos sobre o real impacto do presente aeroporto da Portela e da eventual solução Portela-Montijo, designadamente na qualidade do ar que se respira, nas águas subterrâneas, do impacto no desenvolvimento de doenças do foro cancerígeno, nervoso, etc., e, nessa medida, proceder à sua encomenda.

E com base nas respectivas conclusões, então, sim, decidir politicamente quanto a este assunto.

Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Filipe de Portugal, Inês Barreiros, Rui Martins, António Araújo, Júlio Amorim, Maria Maia, Beatriz Empis, Jean Teixeira, Jorge D. Lopes, Pedro de Souza, Helena Espvall, Bruno Palma, Fátima Castanheira, João Filipe Guerreiro, Fernando Jorge

Imagem: Jornal Sol

2 comentários:

Anónimo disse...

O Estuário do Tejo representa um valor incalculável não só para a cidade de Lisboa e sua área metropolitana, mas para toda a Europa e mesmo para o mundo no seu todo, dadas as rotas migratórias de milhares de aves que anualmente o atravessam e o procuram para nidificar, o que levou a que lhe fosse atribuído o estatuto de Parque Natural do Estuário do Tejo, devendo por isso ser preservado e entregue às gerações vindouras. Não pode, pela sua importância mundial, ser hipotecado a interesses turísticos, comerciais e urbanísticos por mais válidos que possam parecer.
Esperemos que o presidente da CML decrete "^TOLERÂNCIA ZERO" para toda e qualquer actividade que possa por em causa a integridade do Parque Natural do Estuário do Tejo.

João Pinto Soares

Anónimo disse...

Há 50 anos o jornal O Século dava a notícia da necessidade urgente de um novo aeroporto e que ia criar-se um gabinete para esse efeito.
Há 50 anos!...