Eng. Bernardo Alabaça
CC. PM, MC, CML e media
À luz da entrevista que V. Exa. deu ao jornal Público no dia 21 de Novembro (https://www.publico.pt/2020/11/21/culturaipsilon/entrevista/bernardo-alabaca-nao-defendo-parta-direccaogeral-patrimonio-cultural-1940014), cremos que se torne imperativo obter o seu esclarecimento urgente quanto aos seguintes pontos:
1- Pretende a tutela lutar para que a Baixela Germain, conjunto único no seu género em todo o mundo e obra-total da ourivesaria francesa do Séc. XVIII, possa finalmente ser reunida como Património Nacional que é, para a sua leitura e fruição do público português e internacional?
2 – Quando o Director-geral afirma que “a recomposição de colecções não pode ser feita com sacrifício da identidade dos equipamentos, sob pena de estarmos a construir um à custa de uma desvalorização significativa de outros.” quer dizer que as tipologias existentes no MNAA permanecerão à guarda dessa instituição, impedindo, desse modo, a reunião da Baixela? Dito de outro modo, sacrificará a tutela este património excepcional, hoje reduzido a uma expressão parcelar, estando asseguradas as condições de exposição na extensão do Museu do Palácio Nacional da Ajuda cujas obras milionárias decorrem neste momento? Qual será, então, a “identidade” que a DGPC considera mais importante?
3 – Se assim for, como justificará a DGPC que se construa uma extensão de um museu já existente, num esforço e investimento tremendos, para que uma das colecções mais importantes se mantenha desintegrada, dispersa entre duas instituições?
4 – Como justifica V.Exa. a sua afirmação de ainda ser prematuro saber se as peças pertencentes à Baixela Germain e que estão no MNAA irão reintegrar a sua colecção de origem (é bom notar que essas peças transitaram para o MNAA a título de empréstimo e por lá foram ficando)? Prematuro, porquê? V. Exa. está em funções desde Fevereiro e este projecto mantém-se como até então, ou seja, à margem do escrutínio público.
Cremos que estamos perante um desígnio nacional, que não pode ficar refém de outros interesses ou perspectivas. Um desígnio nacional que não pode ser vítima de uma DGPC constantemente secundarizada, quando o que se pede a essa entidade é que seja capaz de criar um consenso essencial para que este conjunto único de ourivesaria francesa do século XVIII não esteja a correr o risco de continuar disperso e fragmentado. Pedimos-lhe, Senhor Director-Geral, para, por uma vez, nos deixarmos de subalternizar o Património em prol dos egos desta ou daquela personagem do momento.
Por último, tendo V. Exa. sido omisso em relação ao resto do projecto do todo Palácio Nacional da Ajuda, cumpre perguntar o que pretende a DGPC fazer em relação ao Jardim das Damas, já há muito tempo encerrado ao público, à Sala dos Serenins e ao torreão da antiga Capela Real ("Torre do Galo")?
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, António Araújo, Jorge Pinto, Virgílio Marques, Rui Pedro Martins, Pedro Jordão, Nuno Caiado, Helena Espvall
2 comentários:
É comum no nosso país, sempre que há oportunidade, as diferentes entidades envolvidas no salvamento de colecçóes, reservarem para si peças, desmembrando um todo que como tal deveria permanecer.
Lembramos o sucedido quando do salvamento do navio Hospital Gil Eanes, que devido à intervenção da associação "SOS Gil Eanes", criada então para o efeito, conseguiu salvar aquele património nacional que já se encontrava no sucateiro em Alhos Vedros para ser desmantelado, e hoje pode ser visitado na cidade de Viana do Castelo.
Tal intervenção não evitou , contudo, que o sino, os paineis da capela e a roda do lene tenham sido aduqiridos pelo Museu da Marinha, bem como a mesa articulada onde eram efectuadas as operações crúrgicas em alto mar tenha transitado para o hopital de Dª Estefânea.
Esperemos agora, que o navio está em segurança, essas peças museológicas possam regressar ao seu local de origem.
Pinto Soares
Parece que se prende destruir o Museu Nacional de Arte Antiga, que é sem dúvida o primeiro museu nacional, despojando-o de uma das suas colecções mais emblemáticas, a baixela Germain.
Por isso tremo, quando ouço falar no Museu dos Descobrimentos, porque isso significará saquear o Museu Nacional de arte Antiga de obras como os Painéis de S. Vicente ou os biombos namban.
Ninguém se lembra de ir tirar a Mona Lisa ao Louvre, pois não?
Um abraço
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