06/11/2020

Palácio Silva Amado – Pedido a autor e CML para repensarem o proj alterações e ampliação aprovado pela CML

Exmo. Senhor Vereador
Eng. Ricardo Veludo
Exmo. Senhor Arquitecto
Manuel Aires Mateus


C.C. PCML, AML, DGPC, vizinhos e media

No seguimento da aprovação pela CML do projecto de arquitectura para alterações e ampliação do Palácio Silva Amado (proc. nº 614/EDI/2018), ao Torel, que corrigiu condicionantes aquando do pedido de informação prévia nº 2053/EDI/2016,
E independentemente do “parecer” emitido pela DGPC, omisso no que importava opinar tendo em conta o carácter histórico do imóvel em si, a excelência urbana única da Rua Júlio de Andrade e a singularidade da entrada do Jardim do Torel;

Solicitamos a atenção de V. Exas. para os seguintes aspectos do projecto que, a nosso ver e a bem da preservação da cidade romântica, importaria repensar antes que a obra avance:

Em relação ao projecto de arquitectura para o Palácio Silva Amado em si mesmo, não temos nada a criticar, pois parece preservar o que ainda é passível de preservar neste imóvel, vítima de duas décadas de abandono e 14 anos de especulação imobiliária. Chegados a 2020, pelo que depois de tudo quanto o palácio sofreu, este projecto é uma boa notícia até porque pretende, inclusive, recuperar algumas das características de palácio, que a sua transformação em repartição pública adulterou.

No entanto, receamos que as soluções de reforço estrutural se revelem "pesadas" e possam entrar em conflito com as pré-existências históricas.

Já em relação ao novo corpo a construir atrás da fachada do anexo dos anos 40, fachada essa situada defronte à entrada do Jardim do Torel, e contígua ao primeiro chalet da Rua Júlio de Andrade (nº 2), corpo esse designado no projecto por “Casa”, não podemos deixar de criticar a alteração completa da geometria da cobertura, que se traduz, na realidade, por acrescentar um novo piso, com uma geometria que não só entra em rotura com o desenho da fachada deste anexo dos anos 40 que seguia uma linguagem de continuidade com a arquitectura barroca do palácio, como essa ampliação terá impacto significativo na envolvente, pois terá grande visibilidade para quem está no Jardim do Torel e não só.

De igual modo, a proposta desta fachada ser mantida como pseudo-ruína meramente decorativa, alienada do interior da nova casa, se afigura um gesto de radicalidade desadequada ao lugar – sublinhando uma ruptura desnecessária com a identidade daquele ambiente urbano consolidado.

Considerando toda a envolvência de grande qualidade arquitectónica, abrangida, aliás, pela classificação de Interesse Público do Campo Mártires da Pátria, não vemos justificação para esta linguagem de ruptura em frente ao portão principal do Jardim do Torel. Também as moradias do período romântico na sua envolvente saem prejudicadas, em especial o chalet imediatamente ao lado (Rua Júlio de Andrade, nº2) que sofrerá impacto na sua imagem e terá as suas vistas afectadas pelo piso a mais.

Por outro lado, parece-nos de um manifesto exagero, propor-se estacionamento subterrâneo de 2 caves para 25 carros! Numa altura em que a CML, e bem, pugna por uma mudança de paradigma na mobilidade urbana, pela defesa dos logradouros permeáveis, etc., e o próprio PDM defende isso mesmo para toda aquela colina, seja proposto e aprovado este estacionamento, havendo mesmo ao lado, no Campo Mártires da Pátria, um parque de estacionamento, ao tempo construído já completamente em contra-ciclo, geralmente vazio.

Pelo exposto, apelamos ao autor do projecto e à CML para que revejam o projecto nestas duas vertentes: novo piso na fachada defronte à entrada do Jardim do Torel e o radical fecho de vãos, e estacionamento em subsolo.

Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, António Araújo, Miguel Jorge, Miguel Atanásio Carvalho, Virgílio Marques, Júlio Amorim, Beatriz Empis, Helena Espvall, Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Jordão, Sofia de Vasconcelos Casimiro, Jorge Pinto

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