16/01/2006

Casa Garrett: Isto é zero!

Lê-se no site da CML:

"O Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa vem por este meio informar que, na sequência de uma reunião mantida entre o vereador da Cultura, José Amaral Lopes, o representante dos proprietários do edifício denominado Casa Garrett e o arquitecto Manuel Tainha, foi possível chegar a um acordo que permita salvaguardar a memória de Almeida Garrett.
Nos termos do entendimento agora alcançado, ficou acordado que se irão realizar intervenções na fachada do edifício que visam encontrar uma solução que preserve e evoque de forma evidente aquele que foi um dos grandes vultos da cultura nacional. Esta medida teve como objectivo preservar, de forma reconhecível e assinalável, a memória do poeta e escritor que ali habitou no último ano da sua vida. Esta solução encontra-se neste momento em estudo pelo responsável do projecto.
Por comum acordo, ficou também decidido que os técnicos da Divisão do Património Cultural da CML irão acompanhar a proposta de intervenção no edifício que vier a ser apresentada.
Refira-se que com este acordo se procura, ainda, preservar os legítimos direitos dos proprietários, levando em conta que, de acordo com os pareceres do IPPAR e dos serviços competentes da CML, não existiria nenhum impedimento sólido que inviabilizasse a prossecução do projecto aprovado para aquele imóvel.
Acresce ainda que os mesmos pareceres alertam para a ausência de qualquer espólio do escritor no interior do edifício bem como para o adiantado estado de degradação do mesmo.
A placa evocativa de Almeida Garrett, colocada na fachada do antigo edifício, cinco anos após a morte do escritor, irá integrar o espólio do Museu da Cidade.
Em resumo, com esta iniciativa, a CML pretende assegurar no local a memória do escritor, não deixando, no entanto, de respeitar os direitos dos proprietários
".

É nada. É fazer que se faz, sem fazer. É não merecer Garrett. É não ter futuro. É triste.

Mas esperamos, sinceramente, que os documentos por nós entregues ao Sr.Vereador Amaral Lopes (“Garrett-Memórias Biográficas”, de Francisco Gomes de Amorim (1884), “Casas onde, em Lisboa, residiu Almeida Garrett”, da autoria de Henrique de Campos Ferreira Lima (publicadas no Boletim Olisipo, dos Amigos de Lisboa, 1939), e artigos do extinto "Diário Popular", de 1971, referentes à luta titânica que também nessa altura se travou em prol da casa do escritor), o elucidem sobre o que está realmente em causa, ou seja, o que é o edifício em causa; quem foi Almeida Garrett; e como em 1971 se viveu escândalo rigorosamente igual, mas em que o bom senso prevaleceu.

Acreditamos que o bom senso vá prevalecer também desta vez, e que finalmente Garrett possa descansar em paz.
PF

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