Foi há dois anos que, vencida uma guerra burocrática entre a 5ª Conservatória do Registo Civil e a Câmara Municipal de Lisboa, consegui juntar a um dia de sol, todos os meus amigos e família e casar-me no Jardim da Estrela - local mágico onde tive a sorte de conhecer o amor da minha vida (que piroseira, bem sei).
Não sei se fomos pioneiros, desconheço se há mais pessoas que armem um verdadeiro chavascal porque teimaram casar-se num jardim público, sob o olhar atento de centenárias Ficus macrophyllas, Ginkgo biloba, Phytolacca dioica, entre outros exemplares fenomenais existentes no Jardim da Estrela, e não numa quinta dos subúrbios, com todos os luxos.
Todo o processo, verdadeiramente kafkiano, para levarmos a nossa ideia fixa avante, centrou-se em conseguir obter a licença de ocupação de espaço público para dez minutos de cerimónia.
Foram meses de requerimentos, e depois telefonemas, e mais telefonemas, faxes também, namoros telefónicos com uma senhora muito simpática da Divisão de Jardins, que, dentro dos possíveis, fazia os possíveis para acelerar o processo à medida que a data marcada se aproximava sem qualquer resposta por parte do Município, idas à Junta de Freguesia da Lapa que, muito solicitamente, nos ajudou desde o primeiro momento, e, no final de tudo - e apesar de eu ser, à data, assessora do vereador responsável quer pelos espaços verdes, quer pelo espaço público -, uma conta bem mais alta do que a do vestido da noiva, para podermos casar como sempre sonháramos. No jardim onde tivemos a sorte de nos conhecer.
Mas repeteríamos a maratona, porque valeu mesmo a pena. Isto apesar de ter sido a última vez que vi o meu pai com vida - veio a falecer pouco menos de uma semana depois, com um ataque cardíaco -, apesar de, três ou quatro dias depois, ter perdido o meu emprego por via da queda do executivo de Carmona Rodrigues.
Desculpem a postagem da foto do meu casamento (este post é um pouco romântico e, por isso mesmo, assumidamente piroso), mas vale a pena usar a foto da praxe de grupo para revisitar o Jardim da Estrela, dois anos depois. Apertem então os cintos, mandem as crianças para a cama para não terem pesadelos esta noite, e preparem-se para o embate:
Roulotte do "Pançudo", estacionada em pleno Jardim, junto à entrada da Basílica da Estrela, vendendo animadamente churros e farturas, em esplanada improvisada com mobiliário multicolorido pegajoso, mas fazendo publicidade aos gelados Olá.
Mais o quê? Vejamos... Restaurante fechado, degradado, com grafitti "filhos da p...." escrito há meses e meses, quase um ano, na fachada... (e bem sei que está aberto o concurso público para exploração - entrega de propostas até 18 de Maio -, mas há um ano que o restaurante fechou, não me serve de desculpa).
Ainda relativo ao sector da restauração, também temos a espectacular barraca em forma do logótipo da Olá, junto aos renovados parques infantis, que nada mais vendem a não ser gelados da Unilever (agora também os há da Ben & Jerry's, aqueles que fazem bem ao planeta Terra e que andaram a estacionar vaquinhas nos lugares da EMEL) - gelados que, como se sabe, são uma oferta de qualidade para as nossas crianças, sobretudo para as cáries e obesidade da população infantil de Lisboa.
Isto sem falar da inqualificável simpatia dos empregados do referido estabelecimento que, em tom de guarda de campo de concentração, gritam bem alto dentro da sua trincheira que a fila dos gelados não é a mesma que a fila do café (e é claro que podem ser antipáticos, podem ser as maiores bestas até, porque são os únicos que nos podem servir um café naquele jardim, por isso, quem não quer levar com os seus perdigotos e má educação, que traga o "termus" de casa com o café e a geladeira com a água e o gelado, que é para o lado que eles dormem melhor).
Falando em parques infantis, temos também o inovador pavimento de ambos os parques, coberto de areão tipo fundo de aquário decorativo (uma placa à entrada garante que é higienizado regularmente - menos mal), e é ver as crianças, coitadinhas, aflitas com pedras nos sapatos (peço a JSF que faça uma experiência e vá de sandálias ou chinelos para dentro do parque do Leão e da Girafa para ver se a sensação é agradável. Não é não. É um horror).
Ou então - que imaginativas que são as crianças, será que ninguém pensou nisso? -, não é assim tão raro ver os pré-adolescentes que ali também brincam a atirar as ditas pedrinhas uns aos outros, aleijando os mais pequenos e quem mais lhes passe à frente, sob o olhar bucólico e de quase morte-cerebral das funcionárias municipais, que têm como função zelar pelos parques e pelos sanitários infantis.
Depois, e sem querer ser muito minunciosa (podia ainda falar do Caracol, das árvores que caíram), há ainda a estátua de Antero de Quental, vandalizada por grafitti, sem que, apesar das múltiplas denúncias, os serviços municipais apressem a sua limpeza.
Há apenas uma coisa boa, que me lembre assim de repente, a registar desde que eu me casei, há dois anos, no Jardim da Estrela -- a EDP finalmente reparou a rede de iluminação do Jardim.
Mas tudo o resto me parece bastante sombrio...
29/04/2009
O Jardim da Estrela... Dois anos depois do meu casamento...
Etiquetas:
Degradação do Património,
jardim da estrela
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12 comentários:
acho que não fiquei mada bem na foto!
Tiro o chapéu a este seu depoimento, Diana. E faço votos para que a sua escrita volte depressa aos jornais. Abr.
pois, o melhor é mesmo votar Santana. Pode ser que traga o Carmona na lapela e de certeza que tudo ficará resolvido!
o graffiti das instalações de apoio ao parque infantil deverá ser limpo em breve, segundo informação que recebi da CML recentemente. é verdade que já lá está há pelo menos 2 anos....
segundo li foi lançado concurso para a reabilitação.
oh diana, e diz a menina que não é movida por politiquisses....
oh meu querido anónimo,
o concurso é para a reabilitação do café/ restaurante que está encerrado há quase dois anos com um grafiti filhos da p... na parede. Se reler o post verá que eu menciono o dito concurso porque sou assídua do site da CML.
Não chega, porém.... Há várias outras coisas que enumero... leia lá outra vez com atenção...
Tome lá um abraço e bom fim-de-semana.
Eu lembro-me de ser um dos convidados desse casamento.
A noiva tinha muito mau halito.LOL estou a gozar DIANA RALHA.
Olá!
Só mesmo para que relembre, aqui ficam duas fotos (http://photoblog.be/photoblog.php?nickname=relogioparado&action=view&id=1875806 ) e (http://photoblog.be/blog/oldfashion/view/category/185331/1875793/250.html ).
Que o tipo das barbas continua por lá, com o seu artefacto e a criar sorrisos a quem passa e a quem posa. E a quem casa também.
Olá boa noite.Quero deixar o meu comentário porque sou um assíduo frequentador do belo Jardim da Estrela.
Até podia fazer aqui um grande testamento mas vou directo ao assunto porque detesto rodeios jornalísticos.
Pelo que li neste texto já percebi o porquê de ela estar no desemprego, visto que as palavras que escreve não são verdadeiras...A roulotte o Pançudo e não "do", nunca vendeu churros e farturas mas sim cachorros, hamburgers, pita shoarma, batatas fritas, bebidas com e sem alcool etc etc...
Sra. Diana eu percebo que nesse dia até tivesse com os copitos a mais e até que um desses copos tenha sido na roulotte o Pançudo.
Ainda na parte da restauração a "barraca" em forma do logótipo da olá é sim um Quiosque móvel não único onde além de comercializar os gelados também têm café bolos crepes bebidas etc etc etc...Quanto a simpatia dos empregados isso não posso comentar visto que gostos não se discutem lamentam se e eu como cliente do quiosque olá lamento esse seu gosto...
Parece mesmo que vai para um testamento...lol
Mas não...Para finalizar acho que a Sra Diana é uma pessoa mal formada mal educada péssima jornalista e mal casada...O seu jornalismo adequa se aquelas revistas cor de rosa baratas e sem nível...Mande currículos para essas...Talvez tenha sorte...Só quis repor a verdade para os leitores deste blog...Abraço a todos menos a esta "venenosa".
Anónimo:
Parabéns a quem escreveu o último comentário(julgo que sei quem foi lol).Anda aí muita gente que para além de não saber o que diz...não tem mais que fazer a não ser dizer mal de quem trabalha.
Cara senhora não querendo insultá-la(embora não tenha vontade), deveria ponderar o seu vocabulário, e se não usa, deve usar óculos e graduados para poder ver bem antes de falar do que quer que seja. Sou cliente habitual do quisoque Olá e digo-lhe desde já, que os funcionários são pessoas humildes e muito dadas a ajudar, tanto as crianças que se magoam ali perto, como doam gelados em alturas especificas, como no dia da criança, etc.
Por isso faça o favor de dar brio á sua profissão, e não de a deteorar.
Abraços deste leitor
boa tarde eu gostaria de me casar dia21 de agosto no jardim da estrela gostava de saber se e possivel ja que tnho pouco tempo e nao sei o k e nexessario para o fazer
Bom dia,
Será que nos poderia dar alguns conselhos sobre como conseguir a autorização para casar no Jardim? Realmente demoram muitos meses na Câmara a comunicar a resposta?
Obrigado.
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