01/05/2009

Câmara quer retirar 15% dos carros de Lisboa

A autarquia lisboeta pretende reduzir em 15%, até 2020, o número de veículos que diariamente entram e circulam na capital. O objectivo é assumido na proposta preliminar de revisão do Plano Director Municipal (PDM), que será discutido ao longo dos próximos meses. A apresentação pública será na próxima quarta-feira.

Na política de mobilidade e transportes avulta ainda a meta de "estender o estacionamento condicionado na via pública à totalidade do concelho". Por outro lado, pretende-se "conter o estacionamento de longa duração" (acima das três horas) nas zonas centrais da cidade e assume-se o "preço como instrumento de controlo". Isto é: a factura a pagar será tão pesada que o melhor é utilizar os transportes colectivos. Está ainda prevista a criação de zonas com uma velocidade máxima de 30 kms/hora "em todos os bairros da cidade", para os "proteger" do tráfego de atravessamento.

A proposta preliminar, já do conhecimento dos vários partidos e movimentos com assento na Câmara, é o primeiro passo da caminhada de aprovação do PDM, o instrumento que define as linhas de forças da política municipal de urbanismo e de ordenamento do território.

O documento preliminar elege cinco "novos pólos emergentes" na cidade, com forte aposta no terciário e em equipamentos de nível superior: a área envolvente à estação do Oriente (beneficiando da gare do TGV e das ligações ao futuro aeroporto); o Parque Hospitalar Oriental (englobando o Instituto Português de Oncologia e o Hospital de Todos os Santos); o eixo Entre-Campos/Praça de Espanha /Sete Rios (com a desactivação da Feira Popular e a eventual reconversão das oficinas do Metro); Amoreiras/Alto de Campolide (salientando-se a reconversão do quartel da Rua de Artilharia 1 e o novo Campus da Universidade Nova); e Alcântara (com o novo nó rodo-ferroviário).

Como áreas especializadas de actividade económicas e de I&D (investigação e desenvolvimento), a proposta elenca quatro: a Avenida Marechal Gomes da Costa, para a instalação de um de informação e comunicação; o Aeroporto da Portela, no cenário da sua desactivação após a conclusão da pista de Alcochete, em que a aposta num "pulmão verde" deixaria, no entanto, espaço ao "aparecimento de novas tipologias de actividades económicas"; o Parque Tecnológico Lispólis, na zona de Lumiar-Telheiras, que será expandido; e a Doca de Pedrouços, em que ao Instituto das Pescas, da Investigação e do Mar se somará a Fundação Champalimaud.

Embora o documento seja de carácter genérico, com definição de linhas estratégicas, ele evidencia ou encaixa em opções do actual executivo - por exemplo: desactivação da Portela; modo rodoviário na terceira ponte; e alargamento do terminal de contentores de Alcântara - que permitem antecipar uma batalha política durante a discussão do PDM.

Mesmo que na Câmara o PS consiga a aprovação das actuais orientações, aqueles três pontos têm a discordância do candidato do PSD, Pedro Santana Lopes. E os social-democratas possuem uma confortável maioria na Assembleia Municipal, órgão responsável pela última aprovação (entretanto, o PDM será sujeito a uma discussão pública). Circunstância que torna muito provável o cenário em que a revisão do PDM (o que vigora data de 1994) vai iniciar-se, mas não ficará concluída no actual mandato.

In Expresso

Uma medida arrojada, incluir o modo rodoviário na TTT para reduzir o numero de carros que entram em Lisboa! Os governantes das outras capitais europeias não têm a visão estratégica dos nossos!

5 comentários:

Anónimo disse...

Só 15%?

O camarada Manuel Maria carrilho, um que é marido da D. Bárbara Guimarães, nos seus tempos de candidato, tinha um plano para retirar muitos mas muitos mais.

O Costa devia perguntar-lhe.

Paulo Gomes disse...

O que é que a "criação de zonas com uma velocidade máxima de 30 kms/hora" tem a ver com retirar 15% dos carros de Lisboa? Para mais, sem qualquer tipo de fiscalização, como actualmente acontece, tais zonas são iguais às outras, onde a velocidade máxima é (supostamente) de 50km/h. Em Alverca alguém teve a "brilhante" ideia de colocar placas que limitam a velocidade a 30km/h numa recta com algumas centenas de metros (a R. Eng. Vilar Queirós). Não há (que eu tenha visto até hoje) qualquer fiscalização por parte da PSP. Resultado: praticam-se impunemente velocidades muito superiores.

Anónimo disse...

Fantástico, portanto em 2020 vamos começar a ter o mesmo nível de vida que outras cidades europeias já têm desde os anos 70, mas onde é q estes inúteis estiveram com a cabeça durante 50 anos, eles não pegam numa porcaria de um jornal ou de um livro, não viajam, não falam com os seus colegas estrangeiros?

E quando é que acabam com a porcaria dos autocarros que só servem para esburacar as ruas e devolvem á cidade os eléctricos, de preferência em versão expandida e modernizada tipo o 15.

Filipe Melo Sousa disse...

Objectivo fácil. Cortar estradas é fácil. É mais fácil reduzir a oferta de transportes do que melhorar os acessos.

Em países civilizados reduz-se o trânsito aumentando a oferta de transportes. Em lisboa reduz-se o trânsito cortando estradas, deixando as pessoas sem alternativas.

Xico205 disse...

Não se aflijam, os 15% de carros a ser retirados, são os que estão abandonados na via publica=D