25/10/2012

"Barraca" à porta fechada. Helena Roseta criticada depois de falar em barracas.



Helena Roseta criticada depois de falar em barracas
Há década e meia Lisboa endividou-se para erradicar as barracas
Por Ana Henriques in Público.
Vereadora teme "aumento exponencial" de habitação clandestina, mas PSD e CDS acusam-na de atitude populista e demagógica
A vereadora da Habitação da Câmara de Lisboa, Helena Roseta, foi ontem acusada pelos representantes do CDS e do PSD na Câmara de Lisboa de ter uma atitude populista e demagógica, depois de ter mostrado receio de que a crise que Portugal atravessa provoque um "aumento exponencial" de barracas na cidade.
...A autarca apresentou, na reunião de câmara de ontem, uma proposta de criação de um grupo de trabalho multidisciplinar para identificar as barracas habitadas existentes em Lisboa, e também para encaminhar os seus ocupantes para os organismos de apoio social mais indicados. Perante as críticas de que foi alvo não só por parte dos partidos de direita como também do PCP, foi obrigada a desistir da proposta. Mas garante não ter abdicado da ideia: "O trabalho vai ser feito, nos termos da proposta, sob minha orientação", assegura Helena Roseta.
"Trata-se de um incentivo à construção de barracas", observa o vereador social-democrata Victor Gonçalves, que fala em "atitude demagógica".
"Não há razões para a criação deste grupo de trabalho", diz, por seu turno, o representante do CDS-PP, António Carlos Monteiro, que fala também no "efeito de chamada" incrementador da construção clandestina que Helena Roseta pode estar a provocar. Durante a reunião o centrista apelidou a vereadora da Habitação de "populista".
A Câmara de Lisboa já identificou novas barracas nas zonas do Vale de Chelas, Marvila, Campo das Salésias (Restelo) e Olivais, anunciou anteontem Helena Roseta. Nalguns destes casos as famílias teriam adaptado à função de habitação barracões de apoio a hortas, arrecadações ou oficinas. Acontece que vários dos presidentes das juntas de freguesia destas zonas não confirmam semelhantes dados, sublinha Victor Gonçalves. Realçando a existência de um regulamento para atribuição de habitação social que já dá prioridade aos casos mais prementes, os vereadores do CDS e do PSD chamam a atenção para o facto de ninguém da maioria socialista que governa a autarquia ter ontem saído em defesa de Helena Roseta nesta matéria. O presidente da câmara, António Costa, limitou-se a falar da necessidade de a Polícia Municipal estar vigilante para impedir a proliferação de construção clandestina, relatou Victor Gonçalves.
"Averiguar se o problema existe e qual a sua dimensão é uma tarefa que pode perfeitamente ser feita pelos serviços camarários", defende o comunista Ruben de Carvalho. "Se cada vez que surgir um problema for criada uma comissão, então a câmara deixa de servir para o que quer que seja".
Depois da agitada discussão em torno da construção clandestina, Helena Roseta abandonou a sala em lágrimas, descrevem testemunhas presentes na reunião, que decorria à porta fechada.

7 comentários:

Anónimo disse...

Em tempo de incertezas e de excessivo "fala-baratismo", emerge o velho dilema entre a técnica da política e a política da técnica, ou seja, continua por provar que um bom técnico possa dar um bom político, como o seu contrário também estará longe de estar (com)provado! Mais tarde ou mais cedo há sempre uns (in)certos "atropelos"!!!!

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Anónimo disse...

Foram os programas PER os grandes responsaveis pela derrapagem financeiras e endividamento das autarquias. Grandes empreitadas convenientemente seleccionadas, alienação de milhares de pessoas com carências económicas, formando guetos no interior das ciodades ou nas suas periferias. Em troco disto receberam a chave das suas casas num momento crucial - pagaram com o voto! E hoje estamos a pagar esta loucura.
Não à exclusão social, não a uma Cidade em zoning de classes sociais, a Cidade é para todos ricos ou pobres!
Bastava à Vereadora da Habitação utilizar e recuperar a habitação existente.

funcionária da CML disse...

Helena, lágrimas para quê?

Afinal de contas, é um caso típico.
Senão veja:

Em face de um problema concreto...

1) a Direita prefere fazer de conta que ele não existe, com a lógica de que é melhor não procurar uma solução porque assim não conseguimos esconder o problema);

2) o PCP só vê nisto uma oportunidade para entalar a restante esquerda;

3) o António Costa lava as mãos, e não arrisca em nada.

Julio Amorim disse...

Populismo ? Ahh criar estratégias para enfrentar um (possível) problema futuro é populismo ?


Anónimo disse...

Asneiras muitas.
Ingratidão muita.
Reflexão pouca.
Quem foram os Presidentes e Vereadores da CML desde 1974?
A solução PER foi má solução?
Talvez?
Mas era esperto dizer quais os programas alternativos ?
Estudou-se o que se fez por essa Europa?
Helena Roseta nunca foi Presidente.
Muitos outros não chegaram à Presidência e talvez mais competentes e sérios.
Os arquitectos craques aconselharam mal ou tiveram e têm interesses em defender?
Os lisboetas como os portugueses têm votado assim.
Reabilitação sim.
Mas foram só os Presidentes da Câmara que afastaram os lisboetas para a área metropolitana?
Que responsabilidades dos Governos Centrais?
Porque não se respeitou e cumpriu sistemáticamente os PDMs?
Quantos técnicos prepararam a papinha para os Presidentes aprovarem as violações?
Por onde se esconderam as CCDRs?
Porque não se fala da Lei dos Solos?
Já ouviram algum Presidente da Câmara preocupado com a revisão da Lei ou interessado a estudar exemplos como o da Holanda ou de outros Países da Europa onde a especulação que se passa em Portugal não acontece?
Porque há PDMs que estão há anos para serem revistos?
Porque querem acabar com a RAN ou a REN?
Porque apareceram os PINs?
É preciso desmascarar quem são os fundamentalistas?
Quem tem medo que os Planos Verdes sejam alargados a todos os Municípios e de implementação obrigatória?
Não são os ambientalistas responsáveis pela falta de dinâmica da Agricultura, talvez em arquitectos acomodados e protegidos se encontrem algumas razões para o aparecimento de novas barracas.
Helena Roseta não será santa, mas porque deixou o PPD que ajudou a fundar? Porque saíu do PS?
È preciso reflectir e não votar naqueles arrivistas que aparecem e provocam o despesismo com a suas megalomanias ou asneiras.
Desculpem.

Anónimo disse...

Desde que vi essa tal Roseta toda contente afirmando que tinha "recuperado" um edifício onde teve a sede de campanha e onde uns amadores se tinham limitado a aplicar uns baldes de tinta que fiquei esclarecido.

Xico205 disse...

As barracas em Lisboa nunca acabaram.

É óbvio que as barracas iam voltar. Metade dos inquilinos da câmara não paga a renda. se os despejam é obvio que voltam a fazer barracas. Tambem ninguem pediu para lhes tirarem as barracas. Felizmente acabou o tempo em que temos a mania que somos finos.