10/04/2013

INDIGNAÇAO E REVOLTA: Dejetos canídeos em jardins privados de utilização pública



Chegado por e-mail:

«Ex.mos. Srs.

Peço por favor que publiquem esta minha revolta e indignação.

Faço parte da administração de um condomínio na rua Fernando Maurício em Lisboa, que tem a seu cargo um amplo e vasto jardim, que é propriedade privada de domínio público (como várias arcadas nos antigos prédios de Lisboa). Ou seja, não é nenhum condomínio privado e acho muito bem que assim o seja, pois não me custa, enquanto proprietário daquele espaço, partilhá-lo com todos.

A minha revolta prende-se que o condomínio em apreço, ou seja, eu e todos os meus vizinhos, pagamos em média 300€ por mês na preservação daquele espaço que é para o usufruto de todos, onde se inclui a manutenção através de uma empresa de jardinagem e água para rega. E tal também não me importuna, pois não me importo de pagar, para que todos usufruam daquele espaço.

O revoltante e gritante, é que todos os moradores do bairro, fazem apenas deste espaço, a casa-de-banho dos seus cães. Estão-se marimbando para as crianças e para as pessoas, pois sabem que alguém há de apanhar a bosta que lá deixarem, e esse alguém somos nós, através do condomínio. Grande parte das pessoas em Lisboa, proprietárias de cães, são totalmente desrespeitosas perante o espaço público.

O mais revoltante ainda, é que coloquei ontem uma placa a apelar para que as pessoas não façam deste jardim o WC dos seus animais, e qual presente, hoje deparo-me com um monte de bosta mesmo junto à dita placa. (vede fotos em anexo)

Tem havido forte contestação interna no condomínio, pois parece a muitos (e começo a concordar) que não podemos pagar 300€/mês apenas para que os habitantes do bairro façam daquele espaço casa de banho dos seus animais. Os filhos dos meus vizinhos (que pagam do seu bolso a manutenção do jardim) não brincam naquele espaço por questões óbvias de higiene. Tenho-me debatido fortemente contra a restrição daquele espaço, pois acho que o espaço público deve ser para usufruto de todos. Têm havido várias sugestões para se colocar um muro, ou simplesmente para colocar cimento e deitar as árvores abaixo, pois já que não usufruímos do espaço, pelo menos não o pagamos.

Eu todavia, quero que aquele espaço continue a ser um jardim público, para o usufruto de todos e não me importo, enquanto membro da administração de pagar os 300€/mês para todos, só peço a todos os lisboneses com cães, que tenham vergonha e tenham respeito pelos outros, pois se querem pôr os bichinhos a fazer cocó no chão, que o façam em sua casa, não nos jardins dos outros.

Este exemplo, deve também servir, para que os autarcas comecem a ponderar fortemente, em baixar as taxas munipais (como IMI por exemplo), para quem já paga do seu bolso a preservação do espaço público, que diga-se em boa verdade, deveria ser da responsabilidade da autarquia.

Atentamente

João Pimentel Ferreira»

14 comentários:

J A disse...

http://cidadanialx.blogspot.se/2012/10/menos-informacaoe-mais-repressao.html

Indignação já não chega: Existem ruas em Benfica onde é impossível andar pelos passeios sem manter constantemente os olhos nos mesmos.

É que a diferença entre os dois extremos da trela....já é pouca e, para esta cambada já não devia haver pachorra !

Anónimo disse...

Todos os lisbonenses com cães devem ter vergonha? Imagine que tem um cão e apanha sempre os dejetos dele. Imagine a indignação que provoca ver os outros donos não fazerem o mesmo. E imagine a indignação que provoca ler este texto que nem sequer faz uma distinção entre ser dono de um cão e apanhar os dejetos e ser dono de um cão e não apanhar os dejetos.
Francamente, dá vontade de levar o meu cão ao seu jardim e também não apanhar o que ele lá fizer!

João Pimentel Ferreira disse...

Obviamente que não quis censurar todos os donos de cães, o que há sim, é um desrespeito generalisado pelo espaço público, que se estende a outras áreaa como lixo no chão, carros em cimda dos passeios, etc...

Pedro V. disse...

Caro anónimo das 2:06 PM
Repare que apanhar os dejectos dos cães NÃO é o mesmo que higienizar a relva. Por muito boa vontade que se tenha não me parece correcto levar os cães a passear a um jardim onde podem brincar crianças.
Estou certo que pode haver um compromisso entre as duas posições.

Anónimo disse...

gostam muito de colocar as crianças nestas discuções mas a verdade é que elas, hoje em dia só querem jogar videojogos e estar no telemovel

João Pimentel Ferreira disse...

Ficam em casa nos videojogos e nos telemóveis, e é verdade, e segundo dados, em Lx metade estão obesas, e é verdade, porque o espaço público tornou-se pouco acolhedor. No meu tempo já haviam PC e videojogos, spectruns e nintendos e comodora amigas com fartura, só que havia também parques infantis, campos de futebol, jadrins, pracetas livres de carros, etc.

João Loff disse...

"Pracetas livres de carros"

http://i164.photobucket.com/albums/u17/banithor/Portugal/Pracas%20de%20Portugal/Terreiro%20do%20Paco/ImageMaximized22.jpg~

Fui morador 20 anos na Estrada da Luz, dos 5 aos 25. Brinquei muito nas pracetas da Rua Cidade de Cádis, e não fantasio liricamente sobre o que era a zona na altura: onde hoje há relva havia descampados cheios de lixo, e os carros faziam uma fila de estacionamento a meio da rua. Aliás, quando havia jogo do Benfica, havia estacionamento em todo o comprimento da estrada da Luz. Perto havia um bairro degradado de ciganos (onde hoje estão as torres de lisboa), e a primeira vez que sofri um assalto foi à porta de casa com 12 anos. Hoje nada disso se passa, e ainda bem.

Não confundam revolta do presente com fantasias do passado.

João Pimentel Ferreira disse...

Pois meu caro, mas rua que me viu nascer (Vale Formoso de Cima), haviam pracetas livres de carros e o trânsito era moderado e os passeios eram largos. Mas como entre 1990 e 2004 o parque automóvel de PT cresceu 140% (se num bairro haviam 100 carros passaram a haver 240 carros), o que sucedeu é que os passeios foram reduzidos ao mínimo, as pracetas foram ocupadas e o local onde eu jogava à bola e brincava com os amigos, é hoje um parque de estacionamento. Por isso SIM, sei que a minha infância foi bem mais activa, do que a infância dos putos de hoje, e a culpa é da carrocracia que grassa em PT.

Saudações

João Loff disse...

Compreendo, mas a culpa não é só dos carros, é da mudança dos hábitos, dos 150 canais de tv, da internet, do computador e também da fobia contemporânea em deixar os miúdos à solta. E da falta de natalidade.

Abraço

João Loff disse...

E o Vale Formoso de Cima tem lá o Júlio dos Caracóis, não admira que esteja sempre a abarrotar :D

Xico205 disse...

E apareceram nas traseiras tres ruas novas cheias de moradores: Rua Armandinho, Rua Fernando Farinha e Rua Fernando Mauricio. A Varanda do Valeformoso tambem está sempre cheia. Em compensação todas as casas da parte de baixo da Rua do Valeformoso estão agora desocupadas.

O comentario do João fez-me lembrar a musica do Rui Unas e Diana Piedade chamada "Margem Sul" que pode ser ouvida no youtube.

Anónimo disse...

O que sugere V.Exa. a quem recolhe sempre os dejectos dos seus cães? A ideia proposta de "fazer em casa e não nos jardins dos outros" parece falaciosa. Em primeiro lugar, porque há tanta dificuldade em sentar um cão na retrete como haveria ridículo em impor-lhe uma fralda. Em segundo lugar, não serão coerentes as ideias de "os jardins dos outros" e de, filantropicamente, abrir um jardim de 300€/mês ao domínio público. Mesmo os municípios reconhecem que os cães têm que defecar na rua, quando, para tanto, fornecem sacos de plástico para recolha, em alguns - infelizmente, poucos - locais. Sugiro, para uma indignação útil, que proponha alterações legislativas à C.M. Lisboa, no sentido de penalizar as pessoas que fazem do domínio público e da propriedade alheia o local de depósito do que não querem em casa. Se o problema de V.Exa. é exclusivamente privado, então vede a propriedade.

João Pimentel Ferreira disse...

Deixaria o seu filho brincar num relvado onde urinam e defecam todos os cães do bairro, mesmo que em teoria, os respetivos proprietários recolhessem todas esses dejetos fecais? Um relvado não deveria ser nem um mictório nem um defecatório canídeo. O espaço é privado, mas de utilização pública, e ainda bem que assim o é, pois por princípio abomino condomínios fechados, são reflexos urbanos de terceiro mundo.

Anónimo disse...

E por acaso estes animais têm seguro, chip e licença na junta?