07/12/2016

Intervenção no edifício Diário de Notícias deve repor "concepção original", diz DGPC


In LUSA e PÚBLICO (6.12.2016)

«A Câmara de Lisboa recebeu um pedido de informação prévia de um promitente-comprador que quer reabilitar e ampliar o edifício para criar 32 fogos de habitação e um espaço comercial. Proposta será apreciada na quarta-feira em reunião privada.

A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) encontrou "inúmeras alterações ao projecto original", que considerou "indevidas", no edifício do Diário de Notícias, na Avenida da Liberdade, Lisboa, defendendo que a futura intervenção no espaço deve repor a concepção original. "A proposta preconiza a viabilidade de alteração, incluindo a legalização de obras executadas ao longo dos anos do edifício do jornal do Diário de Notícias, dotando-o de características técnicas, funcionais e estéticas adequadas aos usos propostos: habitação (32 fogos), comércio (um espaço comercial) e estacionamento (44 lugares)", especifica o documento, assinado pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado. O documento refere que "esta operação urbanística implica também a viabilidade de alteração de fachada de um edifício distinguido com o Prémio Valmor".

Numa resposta enviada esta terça-feira à agência Lusa, a DGPC refere que tem acompanhado a proposta de alteração de uso do edifício "desde a sua fase inicial". Numa visita ao imóvel em Outubro de 2015, a DGPC deparou-se com a "existência de inúmeras alterações ao projecto original do arquitecto Pardal Monteiro, verificadas nos interiores e exteriores do imóvel classificado, materializadas em demolições/alterações e diversas ocupações/ampliações indevidas de muitas áreas exteriores originalmente em pátio, e nas coberturas/terraços". Segundo o organismo, os "trabalhos [foram] executados ao longo dos anos de forma aleatória e sem nenhuma qualidade arquitectónica". O projecto mereceu aprovação condicionada, estando a DGPC a "aguardar a revisão da proposta e a entrega do projecto de execução de arquitectura e demais especialidades, de forma a verificar a sua adequação patrimonial". "Face ao estado actual do imóvel, foram definidas em diversas reuniões com o promotor e gabinete projectista um conjunto de condicionantes para que a intervenção proposta salvaguardasse todos os elementos patrimoniais considerados estruturantes e originais do imóvel classificado", continua o esclarecimento da DGPC.

Esses elementos passam pelos "espaços de acesso público (entrada principal, vestíbulo, grande hall, sobreloja) e privado (gabinetes da administração e funcionários, salas de reunião), compartimentação interior, sistemas distributivos (corredores, escadas e elevadores), painéis decorativos (incluindo o fresco do pintor Almada Negreiros), caixilharias, carpintarias, elementos decorativos e revestimentos e, no exterior, os letreiros identificativos do jornal Diário de Notícias, assim como o painel pintado na fachada lateral do imóvel". "Paralelamente, foram igualmente definidas as áreas a demolir e a legalizar, existentes em pátios e nas coberturas, para que a futura intervenção contribuísse para a reposição da concepção original do projecto", salienta a DGPC. A Direcção-Geral do Património Cultural aponta que são "exemplos dessa preocupação a libertação total de construções de dois dos três pátios, a demolição de áreas significativas na cobertura afectas ao antigo refeitório (atuais áreas de redacção) e a recuperação da função de 'alpendrada' do terraço coberto junto à Avenida da Liberdade". [...]»

3 comentários:

Julio Amorim disse...

Foi ainda há pouco tempo que o proprietário do edifício mostrou certa indignação pelo facto de o CLX não se ter dirigido inicialmente aos mesmos questionando as intenções/intervenções futuras no imóvel. Talvez a qualidade das obras anteriores tenha sido um bom motivo para tal !?
Quanto às condicionantes do DGPC....seria bom, seria. Mas suspeito que algumas irão ser totalmente ignoradas.

Anónimo disse...


Será ?

Repor o original não se coaduna com "apartamentos", casas de banho, cozinhas, etc

O menos intrusivo só podem ser ... escritórios, para empresas que queiram fazer da identidade e cultura ... um dos seus logos ... e não empresas sem alma de paredes de vidro.
É necessário acompanhar e VER o que a DPPC tem aprovado.

A luta deve continuar !

Alvaro Pereira disse...

Eu já disse e repito: esse edifício só pode servir como Museu da Imprensa ou como Hemeroteca Municipal!

Se aproveitaram os antigos estúdios da RDP para fazerem o Museu da Rádio, deviam seguir a mesma lógica de ideias para o edifício do DN!