16/12/2005

A Carris refuta as nossas acusações de mau funcionamento

A notícia vem em todo o lado: "O director da Carris refutou ontem as acusações de mau funcionamento lançadas na terça-feira por um movimento de cidadãos lisboetas e afirmou o empenho da empresa de transportes colectivos em reduzir o tempo das deslocações.

José Maia, da direcção da empresa de transportes públicos de Lisboa, contestou a proposta, avançada pelo Fórum Cidadania Lisboa, de distribuição de carreiras em malha, com autocarros a circular em linhas na latitude e outros na longitude, ao contrário do sistema actual, de ponto para ponto. Na opinião do movimento de lisboetas, esta medida permitiria aos utentes "esperar três vezes menos" por um autocarro do que actualmente. Segundo um estudo da União Europeia revelado na semana passada, o tempo médio de espera por um autocarro em Lisboa é de 11,22 minutos

"Eu não percebo muito bem esta proposta, porque implicaria que toda a cidade fosse rectilínea, como a Baixa, mas Lisboa não é assim", defendeu José Maia. De acordo com o responsável, a Carris "pretende ter mais carreiras circulares que intersectem com as linhas radiais", que predominam na rede, mas são também necessários autocarros que cheguem a outras zonas e que permitam uma articulação com o Metropolitano

No comunicado divulgado na terça-feira, o Fórum Cidadania Lisboa criticou "a exiguidade das paragens", uma consideração contestada pela Carris, que adianta que as mais de 2200 paragens da cidade são da responsabilidade de empresas contratadas pela câmara municipal e que utilizam o mesmo tipo de equipamento em vários países europeus.

Sobre a acusação de que a frota está a ser substituída a um "ritmo penoso", José Maia disse que até meados de 2006 mais de metade dos autocarros terão sido trocados .
"

Agradecemos a atenção dada pela Carris ao nosso desafio, e congratulamo-nos com o espírito aberto com que o nosso operador de transportes colectivos de superfície acolhe as críticas e sugestões dos cidadãos. Compreendemos as respostas e os comentários que tecem, mas não os aceitamos. Porque:

* Não é por Lisboa apresentar uma topografia feita de colinas que impede a Carris de implementar um sistema de distribuição de carreiras em malha, muito mais eficiente e lógico, em contraponto à rede actual;
* Não é pelas linhas de eléctrico terem sido fechadas (mal) há décadas, que estamos impedidos de as reabrir e de sermos europeus na verdadeira acepção da palavra investindo em transporte não poluente, efectivamente eficiente no combate à entrada de automóveis na cidade(com ligações a efectivos inter-faces), estético e até turístico;
* Não é a um ritmo de substituição de pouco mais 100 autocarros/ano que conseguiremos diminuir drasticamente os níveis de poluição e desconforto dos nossos 813 autocarros;
* Não é por as paragens de autocarro serem desenhadas e implementadas pela CML, de igual forma a alguns países europeus, que não podemos ter outras paragens, mais espaçosas, mais cómodas, com boa informação e sem poluição visual.

Sabemos que se não tivessem sido os ingleses talvez nem sequer houvesse Carris em Portugal, e sabemos quão difícil é virar do avesso todo um conjunto de situações, hábitos e processos, mas achamos que em pleno séc.XXI é tempo de recuperarmos o nosso atraso em relação a quem nos gostamos de comparar.

Por último, aqui ficam três notas pessoais, em jeito de reflexão:

- Há mais de 10 anos que há TGV entre Madrid e Córdova;
- Há quase 10 anos que Saragoça tem os quadros electrónicos, com previsão de tempo de passagem, info sobre carreiras, etc., nas suas paragens de autocarro;
- Há muito tempo que os autocarros da cidade de Cáceres são movidos a gás natural
.

PF

2 comentários:

Anónimo disse...

É bom sinal a Carris ter respondido! talvez.....the "Times They Are A Changing" ?

JA

Anónimo disse...

De facto só com bons e rápidos transportes públicos se pode combater, a sério, a utilização compulsiva do automóvel.

Alguém sabe onde pára a Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa?