21/04/2009

Eleições

Recentemente Pedro Magalhães fez um apelo para que, nas eleições que se aproximam, a escolha do nosso voto seja feita em função das medidas que os candidatos venham a propôr para limitar a entrada de automóveis em Lisboa.

É um critério sensato, ao qual eu gostaria de acrescentar outro: o que os candidatos pensam fazer a respeito da ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara, uma asneira absurda cujo único beneficiário é uma empresa cujo presidente tem ligações ao partido do Governo e que nos vai prejudicar a todos - todos, Lisboetas e Portugueses - pelos próximos trinta anos. Com o objectivo de favorecer uma empresa, uma; e um organismo, a APL, que devido à evolução dos transportes marítimos está sobredimensionado e fez da fuga para a frente (a olhar para o passado) a única estratégia. A APL recusa-se a encarar outras utilizações para aquela área devido ao velho conservadorismo português. Não é a olhar para trás que se anda para o futuro.

Agora que alguns dos edifícios da Doca do Espanhol foram deitados abaixo e substituídos por contentores proponho que vão ver como ficará o resto, quando - se - aquilo fôr ampliado. Note-se que a primeira fila de caixas, a que está mais perto da avenida 24 de Julho, só tem 4 níveis de contentores. As outras têm 5. Acaso, sem dúvida.

25 comentários:

Anónimo disse...

Pois claro....
Deixem para nós portugueses e lisboetas um jardinzinho virado para o Tejo (em Alcântara onde curiosamente… nunca tivemos), prontinho para passarmos umas boas tardes de fim de semana e uns bons namoriscos de papo para o ar, e mandem o porto, a economia, os empregos, os contentores e a oportunidade para Cadiz, Vigo ou Corunha, aposto que os espanhóis não se importarão.

Depôs perguntamo-nos porque ganham os espanhóis mais que nós, porque vão eles – ou irão os seus filhos - para as Maldivas ou algo do género e ficamos nós num relvado virado para o Tejo, porque será, porque será.

Xico205 disse...

Apoiado caro anónimo. Sou totalmente a favor do cais de contentores. Mas já se sabe, esta gente ou acha que o dinheiro cai do ceu ou quer toda viver do subsidio de desemprego (a industria já se foi), maneira que tem muito tempo livre para andar a passear. Belém, Algés, Docas, Jardim do Tabaco, T. do Paço e o Parque das Nações não lhes chegam!!! Não só não houve jardim como Alcântara tem uma tradição industrial.

Luís Serpa disse...

Caro Xico205,

"Esta gente" por acaso trabalha, muito; e se "esta gente" lhe dissesse o que pensa da maioria das "benesses" do estado social o senhor iria, provavelmente aos arames. É exactamente porque "esta gente" trabalha e acha que o dinheiro dos contribuintes não deve ser debaratado - e não cai do céu, mas sai do suor das pessoas - que "esta gente" se opõe frontalmente à ampliação do TCA.

Mais: "esta gente" acha que o dinheiro dos contribuintes não deve servir para ajudar uma empresa (a qual, recentemente, o Jornal de Negócios classificou como sendo uma das três piores em Portugal na qual se investir - devido à baixa rentabilidade das acções, não devido a considerações de outra ordem).

"Esta gente" acha que a tradição industrial de Alcântara há muito deixou de fazer sentido - as fábricas deslocalizaram-se para as periferias; e os portos devbem fazer a mesma coisa. Porque quando Alcântara era uma zona industrial, era uma zona periférica.

"Esta gente" não acha que a Doca do Espanhol deva ser transfromada num jardim: acha que deve ser utilizada em actividades rentáveis, que dão emprego directo e indirecto a muita gente (muita mais do que um terminal de contentores), não poluentes nem invasoras - e mais, que dispensam investimentos públicos.

"Esta gente".

Anónimo disse...

Caro Xico205,

se a questão é meramente económica e a oportunidade de ter uma zona de lazer em Alcântara é totalmente desprezível então aconselho que leia o parecer dos vários especialistas que se pronunciaram sobre a falácia em dizer-se que este projecto tem interesse estratégico. Só como um pequeno subsídio para o que estamos aqui a discutir é o facto de duas das três maiores empresas de movimentação de contentores terem optado por soluções mais a sul o que faz de Sines - ou outro porto - uma solução mais economicamente viável. É verdade que existem opiniões contrárias mas parece que optou por aceitar aquelas que são mais onerosas e penosas para a cidade que, parece-me, gosta tanto como todos nós!

Anónimo disse...

"acha que deve ser utilizada em actividades rentáveis, que dão emprego directo e indirecto a muita gente (muita mais do que um terminal de contentores), não poluentes nem invasoras - e mais, que dispensam investimentos públicos."

E que actividades são essas?
Sabe pelo menos que qualquer uma que envolva construção de novas infra-estruturas está desde logo posta de lado pois não é permitido construir em zonas ribeirinhas....

Anónimo disse...

Fala-se tanto que o País é macro-céfalo, mas na hora de distribuir não pode ser.
Não fará mais sentido para o País um grande Porto em Sines do que este ampliado, sem futuro a não ser que daqui a 30 anos tenhamos contentores no Terreiro do Paço.

Luís Serpa disse...

Anónimo da 1h21 - Não é eprmitido construir, mas é permitido destruir... É fantástico que chico-espertices deste nível "passem", num país que se pretende europeu.

As actividades a que me refiro são o lazer, a náutica de recreio e os cruzeiros. Talvez se consiga reconstruir o que a APL deitou abaixo. Veja o exemplo da Doca do Bom-Sucesso - o hotel que lá está é mil vezes melhor do que o paralepípedo amarelo anterior, não acha?

E já agora, pergunto como vai ser a Fundação Champalimaud?

Ah, sem esquecer a nova sede da APL, claro.

Anónimo disse...

Pode-se construir desde que devidamente autorizado...

Ah estou a ver....
Um porto de contentores não, esses que vão para um novo porto no Seixal (como já li algures apesar de ser simplesmente impossível), em Setúbal, ou em Sines, desde que seja longe não há problema.

Lisboa é muito fina, apesar da sua grandeza não pode ter uns contentores, metam-se cá cruzeiros e náutica de recreio! Já agora, o que será mais alto, 4 ou 5 contentores empilhados ou um cruzeiro com dezenas de metros de altura?

Anónimo disse...

A proposta de Pedro Coelho é um filme já visto e que deu péssimos resultados nas últimas eleições em Lisboa. As portagens à entrada da cidade era uma das bandeiras do Zé e do BE, após as eleições além de esquecerem as portagens ficaram a favor de uma NOVA PONTE, com mais 100 000 carros por dia na cidade.
E também Roseta não é coerente com o seu programa pois nunca se opôs frontalmente à NOVA PONTE, um desastre ecológico e paisagístico, desestruturante para a cidade.
Por mais que custe às pessoas que colocam a ideologia e o preconceito partidário em 1º lugar só o PSD é decididamente CONTRA a NOVA PONTE, ignorada no demagógico artigo de Pedro Coelho.

Xico205 disse...

http://www.transportesenegocios.com/1172.php

Só por acaso 70% da população de Portugal Continental vive no litoral entre Setubal e Viana do Castelo. Que sentido faz haver um porto em Sines, numa região periférica ao centro de consumo?
Deixem Sines para o petróleo e gás natural, que já ocupam a maior parte do porto.

A alternativa a não haver Porto de Lisboa é ir tudo para Roterdão e Hamburgo e virem as mercadorias todas de camião e lá vai o consumidor português pagar mais pelos seus produtos importados já de si caros! Além dos milhares de litros de gasóleo queimado que cada um dos milhares de camiões necessários para essas rotas irão mandar para a atmosfera, além de provocarem ainda mais tráfego nas já muito saturadas auto-estradas da Europa, onde por mais lugares que façam não há de momento lugares de parque para os camiões e passam a vida a ser multados por estacionamento ilegal! Desde que a Europa de Leste se abriu ao Ocidente houve uma explosão de camiões do Leste nas estradas ocidentais.
Os produtos que Portugal exporta para os outros continentes, uma vez que deixam de ir directamente de porta-contentores do maior porto do país, também terão que ir de camião para a Holanda ou Alemanha para lá serem postos nos navios, e lá vão ter que aumentar o custo, que se vai refletir em quebras nas vendas ainda por cima na pessima altura económica que se atravessa. Isto ainda ia ser mais catastrófico para a Economia portuguesa. Mais fábricas a fechar, mais desemprego, menos receita para o Estado, mais miséria, etc...

Mas apesar disto há quem continue a preferir ver os barquinhos de lazer dos ricassos em vez de barcos de trabalho que melhoram em muito a economia portuguesa! Até é uma vergonha se continuassemos a ser conhecidos por um país de marinheiros! O país que melhor posição geográfica de costa tem na Europa, ter que mandar vir tudo de camião dos portos do Mar do Norte!

Tenho que convidar uns estivadores aqui para o debate. Um grande amigo meu é filho e neto de um.

Xico205 disse...

Quais contentores no Terreiro do Paço??!!! É que nem Lisboa conhecem! Há contentores estacionados em Carnide, Camarate, S. João da Talha, Santa Iria da Azóia, Sacavém, Tojal, Vialonga, etc... por fata de espaço no Porto de Lisboa.

Xico205 disse...

E para juntar ao facto de Portugal ser um país periférico da Europa por estrada, ainda há as greves dos camionistas espanhois e franceses que bloqueiam as estradas e mandam pedradas e pegam fogo aos camiões que furam a greve mesmo sendo estrangeiros e nada terem a ver com as reinvidicações deles. Além disto há a neve que todos os anos bloqueia estrada nos vários países da Europa.

Xico205 disse...

Lá ia Portugal ficar sem reposição de stocks.

Xico205 disse...

Do muito que vi, ouvi e li sobre o assunto, foi este o argumento que mais me identifiquei e assinei a petição.

http://www.gopetition.com/online/23002.html

Felizmente desta vez há bom senso e a coisa vai mesmo para a frente.,)

Luís Serpa disse...

Caro Xico205,

Convide também uns carpinteiros navais para debater o fim das embarcações em madeira, uns cordoeiros para explicar o fim do cordame em massa, uns estivadores - sim, claro - mas para nos explicar porque preferiam a carga geral em paletes - ou mesmo antes disso, em volumes, etc.

E uns fabricantes de coches, já agora, é de oportunidade, para debater a chegada do automóvel.

E tratadores de pombos-correio - eles, melhor do que ninguém, saberão explicar-nos os malefícios e einconvenientes da internet.
E por aí adiante - vai ver que se começar, a lista é interminável.

Claro que talvez se conseguisse explicar aos estivadores - e mesmo a não-estivadores - que os contentores continuariam a chegar a Lisboa. Não viriam é de navio.

Quanto ao argumento do custo do transporte: pensava já aqui ter desmontado essa falácia, mas vejo que não: trazer um contentor de Sines por via férrea custa hoje 4 milésimos de euro por quilo (quatro milésimos de euro por quilo).

Ah, e Sines: então Sines é muito longe, e a não haver terminal de contentores para navios Post-Panamax em Lisboa eles teriam que vir de Rotterdam? Há qualquer coisa que me escapa nesse argumento.

Anónimo da 1h01:
Não tem nada a ver com "finices", nem com alturas. Tem a ver com utilização racional do dinheiro dos contribuintes. Racional. É a palavra-chave. Uma das palavras-chave. Há outra: bem comum.

O próprio Eng. Manuel Frasquilho, Administrador-Geral do Porto de Lisboa, disse na Assembleia da República - e tiro-lhe o chapéu - que a verificarem-se as previsões da APL o novo (novo) terminal estaria saturado em 2018.

Ou seja, vamos gastar uma pipa de massa, provocar o caos numa zona sensível da cidade para fazer uma obra que vai ter uma vida útil de 4 ou 5 anos, que vai condicionar o desenvolvimento de Lisboa a actividades que pura e simplesmente deixaram de fazer sentido nos centros e passaram - e passarão, quer queiremos quer não - para as periferias?

É exactamente por causa destes raciocínios e moda faciendi que o País é o que é: bom para uma minoria, péssimo para a maioria.

Luís Serpa disse...

PS - devo acrescentar que não acredito muito naquelas previsões. Quanto a mim a ampliação do terminal é nefasta e nem sequer vai ter procura que a justifique: com 1,000,000 de TEU o terminal será sempre pequeno, comparado com os terminais vizinhos de Tânger, Algeciras e Vigo e não poderá competir com eles.

Note-se que não tenho nada contra um terminal de contentores para navios Post-Panamax. Tenho, isso sim, contra aquela localização.

Xico205 disse...

Não conheço carpinteiros navais. Mas estivadores posso trazer! Arranje-os o senhor Luís Serpa que tambem não posso ser eu a fazer tudo!

megaphone disse...

eu sou filho e neto de estivadores, o que me mete numa posiçao algo faciosa mas oa mesmo tempo melhor informado... sabem que ha projectos para acabar com o terminal de sta apolonia?? com o fim do terminal d alcantra as actividades economicas do porto ou melhor da costa de lisboa, ficaria resumidos a pequenos portos industriais de alges e de alhhandra, originando uma perda de posto de trabalho muito maior do que possam pensar... mudar de localização?? para onde?? vila franca?? + despesas?? o terminal tem de ser feito a bem da nossa economia e alcantra parece me a melhor opcçao ja que a unica alternativa e sines e mesmo assim, parece que so serve para petroleiros.. ja se perguntaram porque??
agora sejam sinceros, quantos de voces vai/iria passear a alcantra?? a 1 enormidade de sitios com melhores caracteristicas para actividades ludicas... como por exemplo na area do terreiro do paço, que na minha opiniao deveria ser um terminal de cruzeiros...

quanto a sines(o unico porto portugues de aguas profundas) falta lhe um promenor essencial no processo economico do pais, que e a construçao de 1 linha ferrea que o ligue ao resta da europa, afin de o tornar + "proximo" da europa!!

Xico205 disse...

Nuno (Megaphone), Vila Franca nem sequer pode levar com terminal de contentores, porque quando a terceira travessia estiver concluida não passam navios por baixo! Alias como já conversámos em particular, o porto de Lisboa vai ficar sem o Poço do Bispo e talvez Xabregas!

Anónimo disse...

" como por exemplo na area do terreiro do paço, que na minha opiniao deveria ser um terminal de cruzeiros... "


Palavras para quê?

Xico205 disse...

Não percebi o ultimo comentário!

Luís Serpa disse...

Xico 205: eu também não;

Megaphone: e que tal fazer a ligação ferroviária de Sines, em vez de um terminal de contentores para navios post-panamax (convém frisar, porque é disso que se está a falar) no centro de Lisboa?

Megaphone disse...

eu sou completamente a favor da construçao dessa linha ferreviaria e do consequente desenvolvimento do porto de sines... apenas acho que Lisboa devido a sua grande extansão de costa deve ter actividades exonomivas e geradoras de postos de emprego, em alguns pontos com menor interresse ludido. e alcantara pela sua historia e 1 local mais apropriado em lisboa parar receber contentores!!

ps: soube hoje que vai haver um novo terminal de cruzeiros no jardim do tabaco

Xico205 disse...

Tem muito mais lógica os turistas chegarem a Lisboa pelo Jardim do Tabaco que têm logo Alfama em frente e a Baixa perto, do que chegarem a Alcântara que não tem atractivo nenhum! A fragata D. Fernando e Glória devia estar exposta perto do T. do Paço para ser visitada.

Megaphone, estou a ver que te interessaste pelo debate LOL. A seguir aos festejos do 25/4 ainda vieste para a net, trocar as letras! LOL =D

Xico205 disse...

Matar uma actividade com tradição num local, e fazer tudo para que a população típica dum local se vá embora, é matar o bairro! As construções de luxo e as demolições estão a dar cabo de Alcântara, que sempre foi um bairro popular e operário. É com pena que se vê a sua população típica partir para os suburbios mais distantes. O mesmo se passa com Alfama, Castelo, Campolide, Arroios, Estefania, etc...

Lisboa só tem a perder com este elitismo que está na moda, em que só há preocupações com o lazer, e nenhuma referência ao trabalho! Quem tem que trabalhar muito e por turnos com obritoriedade de horas extra, não tem tempo nem dinheiro para usufruir de esplanadas à beira rio com os preços mega-inflacionados!