30/04/2009

Um "ghetto" alemão

Em Munique, como é prática comum na Europa, as pessoas gostam de viver no centro, rodeadas de prédios antigos, pequenos, impecavelmente arranjados e bonitos, com rendas que chegam aos 800-1200 euros.
Muitas nunca se dão ao trabalho de explorar os arredores, é simplesmente "bem" viver no centro e ter uma escolha enorme de lojas e restaurantes á mão de semear.

É também expectável e agradável andar a pé para todo o lado, até porque os centros comerciais centralizados e gigantescos são algo importado da América que muitos europeus detestam. Afinal de contas, os passeios pela Europa fora são geralmente lisos, enquanto a venerável calçada portuguesa persiste em Lisboa como uma solução que certamente tem capacidade estética, mas pouco funcional e de elevada manutenção. E a falta de manutenção infelizmente tende a eliminar qualquer vantagem estética que exista...

Este é um vídeo sobre o pior bairro de Munique, Neuperlach, uma urbanização construída apressadamente, numa altura em que a cidade teve uma grande expansão, e nem sequer é de génese ilegal, até porque isso não existe.

Como se pode depreender pela banda sonora dramática, o autor provavelmente partilha da opinião comum em Munique, de que este sítio fantástico, arborizado, e com ciclovias para todo o lado, é um "ghetto" horrível e perigoso, com um grande centro comercial, rendas a metade do preço, e que está cheio de gente, meu Deus, mediterrânica!




Hmm, onde é que eu já vi prédios destes. Será que existe algures uma cidade inteira cheia de prédios horríveis deste género, ou pior ainda, com poucas árvores, ciclovias, jardins e cheia de carros mal estacionados, e com ares condicionados pendurados nas varandas?

Já agora, a partir desta coisa horrivelmente periférica chega-se de comboio ou metro ás zonas chiques do centro em 10 minutos! E para os poucos excêntricos que andam de carro, também não há engarrafamentos.

10 comentários:

Anónimo disse...

Sim, porque afinal o centro das cidades alemãs é o paraíso.

rui disse...

a alemanha tem ghettos bem piores, munique não é, de todo, uma cidade tipo

No Bull disse...

Vou a Munique regularmente e digo-vos que quem me dera que as nossas periferias tivessem a qualidade de vida, de transportes e urbanismo de Neuperlach. A critica negativa que a banda sonora imprime é provavelmente de alguém que não conhece outras realidades. Dêem-me Neuperlach e eu vou mudo-me para lá. Livro-me da poluição, ruido e desleixo do centro de Lisboa. Ao mesmo tempo mantenho o acesso aos trasnportes, e os 10 minutos de distância (um mito, mas enfim...) de qualquer ponto da cidade...

Anónimo disse...

não percebo é o comentário da calçada portuguesa...algo desenquadrado.

se calhar quer passeios em cimento e tornar lisboa numa cidade igual ás outras....sem qualquer traço distintivo o que, na globalização, é o que torna determinado sítio atractivo.

Maxwell disse...

Gostei do video mas tenho receio de não ter percebido bem o objectivo do post.
De qualquer das formas devo dizer que adoro aquelas ruas. Ao menos n'aquelas existem árvores em condições que proporcionam uma boa sombra, ao contrário do que acontece na cidade de Lisboa e respectiva área suburbana.
Já agora, gostaria de dizer que concordo plenamente com o comentário da calsada portuguesa. Sim, é histórica e, ao que dizem única, mas, se compararmos a calsada de uma vulgar rua e um passeio de cimento, eu prefiro andar no cimento. Não tenho nada contra a calsada A SERIO mas, para mim, o que está nas ruas são apenas pedras dispostas ao acaso. Ficaria extremamente feliz se alguem tomásse a iniciativa de fazer um tratamento nos passeios para ficarem como, por exemplo o chão do Centro Comercial Colombo. Assim ficar-se-ía com a beleza da calsada com o positivo de se poder andar nela de forma confortável.

Anónimo disse...

Afinal está descoberta a solução.

Uma calSada igual ao chão do Colombo. Não se esqueça de patentear essa brilhante ideia.

Anónimo disse...

O meu objectivo com este e qualquer post passado ou futuro, é simplesmente reivindicar a qualidade de vida que entendo que mereço, que qualquer humano merece.

Não deveria ser necessário fugir a sete pés do sítio onde nasci e durante décadas paguei impostos, para poder viver bem. Se há uma classe inteira de pessoas que ganham exorbitâncias e gerem quantidades ainda mais exorbitantes de dinheiro *nosso*, tendo como objectivo garantir a *nossa* qualidade de vida, porque não o fazem?

Munique é por certo a cidade mais rica da Alemanha, mas sinceramente, Lisboa gera 45% do PIB e é portanto a cidade mais rica de Portugal, para além disso já estive em cidades bastante mais funcionais e agradáveis quer em Portugal quer em países bastante mais pobres, do "terceiro mundo" mesmo.

Nunca hei de perceber porquê, mas a situação de Lisboa pouco ou nada melhora de ano para ano.

Quem é o responsável por assegurar a manutenção das ruas, na câmara, e porque é que elas não são arranjadas? Quem foram os seus predecessores nos últimos 30 anos e porque é que as ruas de Lisboa nunca estiveram arranjadas? Será que alguém compreende minimamente que se a CML fosse uma empresa normal praticamente toda a gente que lá trabalhou desde o 25 de Abril estaria em condiçoes de ser despedida com justa causa?

Uma pessoa pode passar 5 ou 10 ou 20 anos no mesmo sítio e ver todos os dias exactamente os mesmos buracos no alcatrão! Ou mais ainda!

Porque é que se continua a esbanjar dinheiro em grandes obras megalómanas quando as coisas mais básicas não são garantidas?

Porque é que é sequer possível no nosso sistema político que se desperdice um mandato inteiro de um presidente da câmara, se todas as suas iniciativas são bloqueadas na assembleia municipal pela oposição, por simples razões de rivalidade partidária mesquinha e infrutífera?

Fabio(Santo Tirso) disse...

Estou de acordo em tudo, mas por favor não insultem a nossa calçada portuguesa, em muitos países ela é admirada e comentada em muitos livros de turismo e mesmo em programas culturais.
Sem a nossa calçada a nossa cidade de LISBOA não seria certamente conhecida como a cidade luz e ficaria mais pobre.

Fabio(Santo Tirso) disse...

CULTURALMENTE CLARO.

Anónimo disse...

Em completo acordo consigo, senhor Fábio.