15/06/2012

Lixo dos arraiais acumula-se nas ruas de Lisboa apesar de alguma recolha .




Por Fábio Monteiro in Público

Há pontos da cidade onde foi recolhido o lixo mas a câmara admite que não se chega a um décimo dos residuos produzidos


A operação de limpeza extraordinária, programada todos os anos para os Santos Populares, ocorreu mesmo com a adesão de 64.81% dos funcionários municipais à greve da recolha de resíduos em Lisboa. Porém, ainda ficou muito por recolher. A paralização está programada até à madrugada de segunda-feira e os horários de paragem dos motoristas e cantoneiros são alternados, provocando ainda maiores limitações.
A greve coincidiu com as arraiais, altura em que há uma maior acumulação de lixo. Apesar disso, houve uma recolha extraordinária que não solucionou o problema. "Recolhe-se em alguns pontos, mas não chega a um décimo dos resíduos produzidos", admitiu um encarregado de transportes do Centro de Recolha de Resíduos dos Olivais, Manuel Taveira.
A acumulação de resíduos em algumas áreas da zona histórica de Lisboa é um cenário habitual, segundo Celeste João, engenheira da Câmara de Lisboa. É "comum receber queixas da população local quando a recolha de resíduos não é eficiente", afirma. Porém, em dias de festa "a população é tolerante e reage melhor à presença dos resíduos".
A limpeza extraordinária estava agendada para as 6h na terça-feira. Mas, de acordo com uma moradora de Alfama, Maria Loureiro, até 9h30 "ainda não tinha ocorrido sinal dela". Após uma curta passagem e com "poucos trabalhadores, as ruas foram limpas, mas os caixotes de lixos continuam cheios", acrescentou.
No período dos santos populares, a acumulação de lixo intensifica-se na zona histórica da capital, especialmente em Alfama e freguesias envolventes. Num dia normal, nestas zonas recolhe-se quase quatro toneladas de resíduos, de acordo com dados da autarquia. Em dia de S. António, há um aumento de 38,5% .Este valor não inclui os circuitos extraordinários em noite de festa. Durante a madrugada, a unidade especial de recolha de lixo, que percorre Alfama e arredores, recolhe em média 21 toneladas de resíduos indiferenciados nesse dia. No entanto, este ano o valor ascendeu às 45.5 toneladas de resíduos.
Para agravar a situação, esta duplicação de lixo ocorre quando a incineradora da Valorsul, em S. João da Talha, está na sua manutenção anual e estes resíduos acabam no aterro sanitário de Mata Cruz sem que haja o devido aproveitamento.
Os moradores de Alfama manifestam a sua preocupação com a continuação da greve pois, dizem, "estes bairros são a imagem de Lisboa."
Os motoristas e cantoneiros entram ao serviço à mesma hora, mas a greve de ambos está a acontecer em horários diferentes. Os motoristas das 23h à 1h, e das 2h às 4h, os cantoneiros. Como uns não podem trabalhar sem os outros, esta programação deixa apenas uma hora diária em que é possível recolher o lixo.
As viaturas saem com o objectivo de recolher o maior volume possível de resíduos e, se não for possível ir despejar, por estar dentro do período da greve, têm ordens para os levar para o centro de recolha dos Olivais. Aí, são os seus superiores que os reencaminham para o aterro.
Em causa está a exigência do pagamento de horas extraordinárias em atraso (cumpridas há um ano, nas festas populares) e do pagamento de ajudas de custo e da totalidade do subsídio nocturno, segundo o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local, José de Jesus António. Manuel Taveira disse que, "com a crise e o corte do pagamento de horas extras, os sindicatos entenderam que os funcionários tinham direito a um subsídio de deslocação pelo facto dos locais de descarga serem fora de Lisboa".

1 comentário:

Xico205 disse...

Finalmente há um sindicato a trabalhar bem e a defender os interesses dos trabalhadores.