29/06/2012

Novo campo de râguebi no parque de Monsanto avança com o apoio do PSD .




Por Marisa Soares in Público

Proposta inicial dos vereadores do Urbanismo e do Desporto da Câmara de Lisboa foi alterada para acolher sugestões dos deputados do maior partido da oposição. Plataforma por Monsanto critica avanço do projecto

Espaço é "fundamental

O grupo municipal de Lisboa do PSD prepara-se para dar "luz verde" à cedência de uma parcela de terreno situada no Parque Florestal de Monsanto à Federação Portuguesa de Râguebi (FPR), para a construção de um campo para a prática da modalidade e de um circuito de manutenção de utilização pública e gratuita. A Plataforma por Monsanto, porém, promete continuar a lutar contra o projecto.
O terreno, com cerca de 18 mil metros quadrados e um valor patrimonial que ronda um milhão de euros, foi desafectado do Regime Florestal Total em 1995 para a construção de um colégio privado, mas o projecto nunca avançou. O objectivo da câmara é "dinamizar" aquela área e, perante o interesse manifestado pela FPR, contribuir para o "reforço da oferta" de campos de râguebi na cidade.
A proposta de cedência do direito de superfície à FPR, de forma gratuita e por 50 anos, é dos vereadores com as pastas do Urbanismo, Manuel Salgado, e do Desporto, Manuel Brito. O documento foi discutido nas reuniões camarárias e da assembleia municipal no ano passado, mas a votação final foi sendo adiada à custa das críticas da oposição. Agora, os deputados municipais do PSD - maior partido da oposição - propuseram alterações aceites pelos vereadores, e o documento final está pronto para voltar a reunião de câmara (em princípio, antes das férias do Verão) e da assembleia.

Construções sustentáveis

"Preferíamos ter alternativas, uma vez que sempre defendemos o parque florestal", admite o deputado municipal do PSD, Rui Cordeiro. "Mas também temos de pensar na população daquela zona, que carece de equipamentos deste género", afirma. Uma das alterações sugeridas pelo PSD é a obrigatoriedade de construir as infra-estruturas respeitando critérios de sustentabilidade - com materiais ecológicos e tecnologias de optimização energética, por exemplo. A construção, a cargo da Associação XV - Associação Amigos do Râguebi do Belém (do Belenenses) por via de um contrato com a FPR, deverá custar cerca de 650 mil euros e, nos termos da proposta, tem de estar concluída no prazo de um ano.
A transferência da exploração para terceiros só pode ser feita com autorização da câmara, e esta terá acesso a relatórios anuais de monitorização das condições dos equipamentos. As infra-estruturas terão de estar abertas à população em geral, nomeadamente a estabelecimentos de ensino, juntas de freguesia e associações. Além disso, a associação fica obrigada a plantar, no espaço de um ano, ainda mais árvores do que aquelas que tenham de ser abatidas. O PSD sugeriu ainda a colocação de pilaretes numa área de acesso ao parque, para "evitar que os carros invadam a zona", diz Rui Cordeiro. 
Estas condições, embora "pertinentes", não demovem a Plataforma por Monsanto da sua posição inicial, contrária à construção do campo. "Não é necessário, já há cinco campos de râguebi no parque", argumenta Artur Lourenço, membro da plataforma que junta 15 associações ambientalistas, de moradores e movimentos cívicos.
Artur Lourenço considera, desde logo, que "o terreno nunca deveria ter saído do parque". A Plataforma por Monsanto defende a reafectação daquela parcela ao Regime Florestal Total, uma proposta que já foi apresentada pelo Bloco de Esquerda na Assembleia da República, mas que foi rejeitada. "As fronteiras do parque estão cada vez mais apertadas", critica Artur Lourenço, que levanta dúvidas sobre o estacionamento que terá de estar disponível para o campo de râguebi, e sobre o corte de árvores previsto.

3 comentários:

A.lourenço disse...

Os interesses são muito grandes ,as pressões enormes e Monsanto há décadas que vê a sua área diminuída, sempre com os políticos a afirmar que é sagrado, que aqui não se mexe,mas fazendo o oposto.Esta era uma oportunidade de virar uma página , de por uma única vez manter as fronteiras(já nem digo aumentar) e devolver ao parque um terreno que nunca de lá devia ter saído e que efectivamente em termos físicos nunca saiu.Este terreno foi desafectado em favor de uma empresa privada, património publico valioso dado de mão beijada a pessoas com influência e assim continua,tudo isto é imoral. O Sr. vereador dos espaços verdes se tivesse na oposição que diria disto? Mais árvores abatidas em Monsanto , mais redes em Monsanto, mais espaço privado em Monsanto.O terreno é barato e é fácil dar a quem tem influência para receber.Manda e dá quem pode,recebe quem tem poder de influenciar.Perde Lisboa,perde o parque,perdemos todos.Ganha um associação privada e a CML que diz que fez obra.A zona tem que ser revitalizada?já agora "revitalizem" Monsanto todo, abatam as árvores que não fazem lá nada e só empatam.Já agora que terá o o Sr. Arqº Ribeiro Teles a dizer disto,até quando vai apoiar tudo isto?? Estou tão farto de tanta hipocrisia!

Anónimo disse...

Claro, o que é preciso é "dinamizar" a zona. Já tínhamos percebido.

Acabar com qualquer resquício do moribundo sossego próprio de um parque florestal é absolutamente essencial, não faço por menos.

Julio Amorim disse...

Um campo relvado (atenção RELVADO !) com equipamentos bem integrados, podre enobrecer uma zona "natural" assim que....também a pode estragar.

Agora aquela passagem lá em cima do terreno desafectado do Regime Florestal Total em 1995, é que cheira mesmo mal e, claro, o râguebi em Portugal é praticado em parte por gente que sabe puxar cordelinhos e erro cometido....foi aproveitado.

Quem foram os responsáveis iluminados, que em 1995 realizaram aquele favor a privados ?