08/08/2012

Palácio da Ajuda vai entrar em obras no próximo ano

Por Lucinda Canelas, Público - 3 Agosto 2012

O remate da ala poente do Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, deverá ser feito no próximo ano. Muito menos ambiciosa do que os projectos de Gonçalo Byrne (anos 1990) e de João Carlos Santos (2011), a proposta que o arquitecto Vasco Massapina ofereceu ao Estado deverá ser executada no próximo ano, disse ao PÚBLICO Elísio Summavielle, director-geral do património.


A intervenção de Massapina, membro do Conselho Consultivo do antigo instituto do património, fará parte de um programa mais extenso de valorização daquele palácio que, para além de ter uma ala aberta ao público, serve de sede à Secretaria de Estado da Cultura e à nova Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).

“Não podemos admitir que um monumento nacional, que ainda por cima é um espaço de representação do Estado e é a casa do organismo encarregue de zelar pelo património em todo o país, tenha uma parte em ruína”, defende Summavielle, explicando que o projecto do arquitecto Massapina não prevê a “conclusão do palácio”, ao contrário do dos arquitectos Gonçalo Byrne e João Carlos Santos. “O que pedimos a Vasco Massapina foi que desenhasse algo minimal, que assumisse o inacabado e que consolidasse a ruína, absolutamente caótica do ponto de vista visual. O que ele fez resolve aquilo a que chamo um problema de higiene urbana.”

Ao “arranjo paisagístico” na ala virada para a Calçada da Ajuda deverá juntar-se a consolidação da fachada nascente, a conservação de toda a caixilharia do palácio (quase 300 janelas), a intervenção no torreão sul e a revisão das coberturas. No interior, este plano, que começa a ser discutido pela divisão de obras da DGPC em Setembro, prevê ainda trabalhos nas cozinhas, encerradas por falta de condições desde Abril. O encerramento, determinado pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), obrigou à transferência dos banquetes oficiais do Presidente da República para o Palácio Nacional de Queluz. 

O programa de valorização, diz Summavielle, também quer dar atenção às jóias da coroa, que fazem parte da colecção do palácio, e, por isso, inclui a criação de um espaço onde possam ser expostas em permanência, “com as devidas condições de segurança”, sublinha.

É preciso não esquecer que o valor a investir - para já, o director-geral do património não quer divulgar os custos – sairá do dinheiro do seguro que o Estado português recebeu em 2006 depois de seis jóias da coroa portuguesa terem sido roubadas no Museu de Haia, na Holanda, quatro anos antes. À data, a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, disse à imprensa que tudo iria fazer para que o montante total pago pela seguradora – 6,2 milhões de euros – revertesse para os cofres do seu ministério e que fosse aplicado, na sua maioria, no palácio da Ajuda. Parte dos 6,2 milhões já foi gasta em 2007, na compra de um quadro de Tiepolo para a colecção do Museu Nacional de Arte Antiga, que corria o risco de ser vendido para fora do país: Deposição de Cristo no Túmulo (c. 1769-1770) custou ao Estado 1,5 milhões de euros.
“Não falo de custos sem se discutir o projecto já a pensar na obra”, conclui Summavielle. “O que posso dizer é que os valores não terão nada a vez com os estimados para os projectos anteriores, que eram muito mais ambiciosos. Os gastos têm de ser limitados ao máximo.”

O projecto de João Carlos Santos, por exemplo, estava orçado em 11 milhões. O palácio deverá continuar aberto ao público durante a obra.

8 comentários:

Anónimo disse...

Esta nomeação é no minimo estranha ! Não acredito que nenhum dos arquitectos anteriores tb adaptasse os seus projectos a coisas menos ambiciosas.

Como é que foi feita esta atribuição de projecto? Pelo que procurei na internet este arquitecto é de 2 categoria. O proposta para cachilhas é obominável e tb encontrei esta noticia
"O projecto que implica a demolição de uma moradia no Restelo e de onde foram arrancados painéis de Almada Negreiros há cerca de duas semanas é da responsabilidade do atelier de Vasco Massapia." Era esta pessoa do concelho consultivo ? Não me parece que seja por competência nem reconhecimento...deve ser amigo dos maçón. E depois dizem que ha presseguição!

Anónimo disse...

Pelo que acabo de ler, trata-se de uma excelente opção, ou mesmo a única que não descaracterizaria o Palácio da Ajuda.
O chamado projecto de Byrne, ofensivo para Palácio, misturaria contemporâneo, seria um óptimo negócio para ele e construtoras, como de costume.
Esta notícia é boa também porque demonstra uma viragem neste tipo de intervenções, com uma clara opção pelo RESTAURO em desfavor da chamada reabilitação, onde cabe tudo, sempre na boca dos arquitectos da "moda" propangandeados pelo lóbi das grandes construtoras.
Ainda se deveria ir um pouco mais longe, e neste caso excepcional, tomar a decisão de demolir o edifício que impede a visibilidade e LEITURA da magnífica fachada principal, desafogando o espaço e dando-lhe a imponência original.

Parabens pela decisão, e esperamos que a intervenção seja na verdade mínima e de restauro, podendo já começar pelas janelas em madeira exótica.
E o número de visitantes nacionais e estrangeiros decerto aumentará, após estas obras de conservação, realmente de efeito multiplicador na Economia do País.

Anónimo disse...

Rua de Alcolena? Promiscuidade evidente entre conselho consultivo do ippar e atelier autor do projecto, mais e promotor e cml (que ora aprova a classificação da casa de antónio varela e almada negreiros para logo depois, as mesmíssimas pessoas aprovarem a ampliação da mesma com duplicação do corpo, derrube de paredes, jardim esotérico, etc.), lindo de morrer, todo esse processo. toda a gente a assobiar para o lado. mais assobios? ninguém dá nada a ninguém, abram os olhos, s'il-vous plait!

L.G. disse...

Podiam começar pelo mais simples: a própia SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA deixar de estacionar os carros DENTRO do próprio palácio...

Anónimo disse...

Eu de fato estranho os comentários e estranho o processo de remate deste palácio.
Porventura não sabem que é "casa" mais importante do país, com a mais valiosa coleção de artes decorativas?
Então este edifício merece de todos nós a continuação da ruína, mesmo que embrulhada em intervenão cuidada? E isto na mesma altura em que se projeta a reconstrução integral da fachada do Palácio Imperial Berlim, criminosamente demolido integralmente pela RDA, em que se projeta a reconstrução total do Palácio de Saint Cloud perto de Paris e das Tulherias, onde a Igreja de Maria, em Dresden foi reerguida IGUAL ao que era antes da perda total, do palácio de Catarina em São Petersburgo ter sido reerguido das cinzas da II Guerra Mundial e demorar horas para entrar porque os visitantes optam por deixar milhões de Euros num edifício que está conservado na sua PLENA GLÓRIA?
Mas é necessário mais para confirmar a tacanhez, ignorância e atrevimento deste povo que não merece o pouco que lhe deixaram.
Tenhamos vergonha!!!

Julio Amorim disse...

Rua de Alcolena...sim senhor! Uma POUCA VERGONHA de uma farsa.

Unknown disse...

Vamo-nos deixar de mais modernices , que so estragam o que de mais valioso nos deixaram...! Que se acabe, que se reconstrua, que se faça o que for preciso para preservar o Palacio, e que se possa promover, de uma forma inteligente! que se divulgue, que se encha de turistas, de visitas escolares e de muitos anonimos.....Nao ha nenhum Palacio da europa, que nao seja um prazer visitar, até é um prazer estar nas filas para as visitas! Em Lisboa tambem devi ser assim e nao é. Fui la domingo, e cruzei uns miseros 3 turistas!! Divulgaçao zero.........nao percebo!

Anónimo disse...

Cada vez que avanço na idade tenho mais vergonha de ser português.Um povo é e tem aquilo que merece.Nâo vivo em Portugal graças a Deus,mas quando vejo por exemplo um povo como o povo francês que ama e perserva a sua riqueza historica e mais ainda ,forma grupos de benévolos para tratar dos seus edificios historicos,aqui poderei dizer as palavras mais certas. Nós estamos bem aquém e além mar.Vergonha para os nossos governantes.