20/04/2007

Abate dos plátanos do Campo Pequeno: comunicado/apelo!


Na sequência do abate já verificado de mais de 20 plátanos no jardim do Campo Pequeno, e das justificações vindas a público por quem de direito, somos a comunicar o seguinte:

1. Constata-se no local que a maioria esmagadora das árvores (4/5) já abatidas no lado sul Av.Berna/Av.República não apresentava sintomas de doença: os seus cotos apresentam-se em excelente estado, tal como a folhagem (existem fotos de técnicos da Quercus e da Lisboa Verde que o comprovam). O mesmo acontece com o resto dos 97 plátanos que a Sociedade de Reabilitação do Campo Pequeno (SRCP) quer abater.

2. Constata-se no local que as árvores abatidas, e as que a SRCP quer abater, se encontram nas alamedas e nos passeios laterais pelo que a justificação que a SRCP e a CML dão como tendo sido "afectadas" pelas obras na praça de touros não colhe.

3. Revolta-nos profundamente que em pleno séc. XXI não exista ainda um regulamento para a salvaguarda do património arbóreo, com regras próprias (inclusive e especialmente quando ocorrem operações urbanísticas) e tudo seja feito aleatoriamente, umas vezes, deliberadamente contra-natura, noutras vezes (aquelas árvores foram alguma vez podadas? devidamente estacadas? regadas? cuidadas?).

4. Revolta-nos profundamente que sejam os cidadãos anónimos (muitos deles moradores na zona e/ou transeuntes que se nos dirigem) e não instâncias como as Juntas de Freguesia, a CML e/ou o IPPAR (por se tratar da envolvente de um monumento) a lutar pela preservação do jardim do Campo Pequeno, e por aqueles plátanos cujas copas frondosas demorarão muitas décadas a voltarem ao que eram. Trata-se de um jardim carismático, oásis da Avenida da República.

5. Surpreende-nos que a CML emita comunicados à Sexta-Feira, e o abate se inicie na 2ª Feira seguinte. Tal como nos surpreende que as primeiras notícias se referissem a um abate de 54 árvores; para logo a seguir já não ser nenhuma; para agora serem 97. Algo se passa de estranho.

APELAMOS, por isso, e de novo, ao Sr.Presidente da CML, à Srª Presidente da AML e ao Sr. Vereador dos Espaços Verdes, para que impeçam o abate das restantes árvores, e que promovam isso sim uma reabilitação de facto do jardim, que já está atrasada em mais de 1 ano, uma vez que era suposto ter sido feita antes da reabertura da praça de touros.

LEMBRAMOS que uma reabilitação de um jardim passa por muitas coisas, mas não passa pelo abate de árvores quase centenárias. Passa pela plantação de flores, arbustos e árvores; passa pela substituição de alamedas alcatroadas por gravilha apropriada; passa pela reparação das cercas dos canteiros; passa pela recuperação das bicas; passa pela abertura de quiosques e esplanadas adequados àquela zona; passa pela substituição daqueles candeeiros; passa pela reabilitação do jardim infantil; passa pelo reforço da segurança.

Paulo Ferrero, Beatriz Empis, Carlos Brandão, Hugo Daniel Oliveira, João Correia, Joaquim Afonso, José Carlos Mendes, José Fonseca e Costa, Nuno Caiado, Nuno Santos Silva, Nuno Valença, Odete Pinto e Tiago Figueiredo

14 comentários:

Anónimo disse...

Assino em baixo

Hugo Daniel de oliveira

Anónimo disse...

apenas uma pergunta para os autoproclamados defensores do jardim do campo pequeno: Têm na sua posse os relatórios da CML que sustentam o abate dos exemplares? Pediram-nos? São engenheiros agrónomos? Arquitectos paisagistas? Baseiam as vossas sucessivas acusações em quê?

Anónimo disse...

...parece mais que "uma pergunta"! nunca percebi essa do "anónimo", a querer fazer debate sem dar a cara.

Julio Amorim

Paulo Ferrero disse...

Vale mais um plátano morto que um anónimo vivo.

daniel costa-lourenço disse...

Se eu me fiasse nos projectos, planos, intenções e até PDM,s de qualquer Câmara Municipal do País estava bem enganado e, provavelmente, viveria numa ilusão.

Anónimo disse...

Apelamos a todos os lisboetas de Boa Vontade para que se unam na defesa dos Plátanos que ainda restam nos Jardins do Campo Pequeno. As razões invocadas para o abate (danos irreparáveis nas raízes causadas pelas obras de requalificação da Praça de Touros)são falsas como podem ser facilmente verificadas com uma visita ao local.

Pinto Soares

José Carlos Mendes disse...

Ao anónimo das 3:09 PM:

1. Eu, por acaso, não sou engº agrónomo nem de outra especialidade. Mas no grupo Cidadania há quem seja, dessa e de outras especialidades.

2. Mas tenho acesso permanente a vários engºs de ambiente, arquitectos com vasto currículo e outros especialistas. E há umacoisa que me costumam garantir: a Natureza tem um enorme poder de recuperação. Mais: só devem ser abatidas as árvores que a Natureza condena, não as que o Homem condena. Menos ainda as que a construção civil condena.

3. Melhor ainda: fui assessor de imprensa de Vereadores de Ambiente da CML durante anos e o que aprendi com eles e com todos os técnicos do Sector foi a ter um grande respeito pela Natureza e pelas suas normas...

4. Já agora: o anónimo das 3:09 PM é engº agrónomo? Arquitecto paisagista? Tem os relatórios? Então por que razão não se junta a nós e defende antes os plátanos e outras espécies ameaçadas pelo Bicho Homem?

5. Fica-lhe aí o desafio e o meu e-mail, se não quiser outro meio de contacto:

jcarlosmendes@gmail.com

Obrigado.

Anónimo disse...

Lamento mais esta decisão da CML. E felicito todos aqueles que diariamente aqui demonstram o seu interesse na resolução dos problemas de Lisboa e, ao mesmo tempo, revelam o que de bom e único existe em Lisboa. Obrigado. São um exemplo de cidadania.

Finalmente, gostaria de compreender quais as intenções de alguns que por aqui passam e demonstram nos seus comentários que não se interessam nem pela defesa da qualidade de vida, nem pela manutenção, recuperação do que é importante para quem vive em Lisboa.

Carlos Oliveira

Anónimo disse...

Parece que o anónimo das 3:09 fez bem em ser anónimo, tal a preocupação que os post seguintes tiveram em querer saber quem seria e não tanto responderem às suas questões.

Sobre os plátanos e o seu abate, não creio que os tecnicos da Câmara sejam assim tão incompetentes, afinal são os mesmos do tempo da frente de esquerda. Ou então sejam consequêntes e peçam a sua passagem para o quadro dos excedentários da Função Pública.

Como, também, julgo que por cada árvore que se abata o Vereador do Ambiente ou dos Espaços Verdes , abra garrafas de Champagne e faça um risco na coronha.

Não sou saudosista por estas árvores, visto que virão outras novas e de boa saúde. É a lei da vida. Lisboa vai ter uma nova praça, com um novo Jardim, requalificado já (!) na sua totalidade e não vamos ficar à espera que elas caiam uma após outra. Durante quantos anos? E o perigo para pessoas e bens? Eu compreendo a vossa posição, mas eu estou noutra quero aquele´"oscar de arquitectura" inserido numa nova praça.

Postman

José Carlos Mendes disse...

Culpar os técnicos ou servir-se deles como escudo é uma idioteira.

O caso é de política ambiental em Lisboa.

Não de pareceres técnicos. Que nem sei se existem. E, se existem,por que razão não são exibidos?

Isso, sim, seria útil.

Anónimo disse...

Quem é o anónimo das 15:09? Alguém que se segue este blog há muito tempo e lamenta o rumo que ele tomou. Era um bom projecto, era um projecto sério de cidadania. Não é mais. Neste momento, este fórum gosta mais de aparecer nos jornais e não é à toa que rapidamente aparece o ex assessor do vereador dos espaços verdes da anterior maioria em frenética produção nesta caixa de comentários a querer saber quem são os perigosos anónimos que aqui pedem satisfações (continuo sem resposta às questões que coloquei), ou tentam acreditar que este é um projecto construtivo por uma Lisboa melhor.
Quando alguém diverge da v. opinião, é melhor, de facto, ficar escudado pelo anonimato. Porque este, aliás, devia ser um blog de cidadãos anónimos e não militantes de partidos. Devia ser um blog sério. Que baseasse as suas acusações tecnicamente. Porque por aqui passam certamente arquitectos, eng's, médicos, sociólogos, etc...
Não sou engº. Não sou arqº. Vejo plátanos extremamente degradados no Campo Pequeno. Com ramos brutalmente amputados, apesar de terem folhas novas da Primavera. Essas árvores estão vivas? Penso que não...
Não suporto oportunismos. Gostava que este blog me dissesse que já tinha pedido à CML os relatórios que sustentam o abate no Campo Pequeno. Que o tivesse analisado. Que tivesse provas concretas para apresentar.
Não tem. Mas adora aparecer nos jornais...

Anónimo disse...

pena que até aqui, se metam politiquices....

isto é um fórum de cidadãos que discutem o que outros não fazem ou não capazes de fazer...

e ao menos, que se mostrem

José Carlos Mendes disse...

Há arvores abatidas fora da zona de obras. Esta é a verdade. Mais uma. Tudo o resto é paleio / manobra de diversão e fogo de barragem.
Uma verdade constatada «in loco» por um dos melhores de nós, Paulo Ferrero, que sugere: «Vão estagiar em França». Leia-o aqui:

http://carmoeatrindade.blogspot.com/2007/04/lgrimas-de-crocodilo.html

fotogista disse...

Eu gostava de saber é porque é que as árvores em Portugal estão sempre velhas e doentes e são sempre um alvo a abater, as centenárias então são sempre tão, tão apetecíveis...

É absolutamente vergonhoso como estas tragédias continuam a acontecer todos os dias neste nosso país "livre e moderno", é absolutamente vergonhoso como ainda há por aí gente para quem uma árvore adulta é equivalente a uma árvore decadente, que vai cair a qualquer momento sobre as nossas cabeças...

É ainda mais vergonhoso quando se acaba de voltar de Madrid e de uns belos passeios pelo magnífico Passeio do Prado, também ele cheio de plátanos centenários, estimados pela população, e mistério do mistérios os nuestros hermanos não parecem ter medo que eles lhes caiam sobre a cabeça... porque será?

Mas não fosse a Baronesa Thyssen já umas boas dezenas tinham vindo ao chão... é que o "nosso" "ilustre" Siza andou por lá...

Enfim, um país de atrasados é o que nós somos, e é uma pena.

Já agora só mais uma "coisinha" para quem defende a CML com unhas e dentes... então se a culpa é das obras de recuperação do Campo Pequeno então a CML não tinha o direito moral de assegurar que não danificavam as árvores??? Claro que não... é sempre mais fácil pedir uma indemnização no fim!

João Almeida
Arquitecto Paisagista