23/04/2007

A «desmistificação» da CML

Estou curioso para ver e ouvir a reportagem da SIC e até onde o descaramento pode ir, na urgência de justificar o injustificável: abater-se 97 árvores, na sua maioria esmagadora de grande porte, ainda por cima de uma assentada, e tendo como justificação oficial «os danos provocados nas raízes das mesmas pelas obras de reabilitação da praça de touros». Porquê?

Porque as árvores a abater não estão no perímetro que foi objecto das obras, mas sim nas alamedas e nos corredores laterais que estiveram abertos ao público durante as obras. Porque só uma escassa minoria do total das árvores a abater e já abatidas (1/5), apresenta sinais de doença ou mutilação. Porque teimam em não deixar a Natureza trabalhar por si própria.

É de um profunda insensibilidade, para não dizer mais, o que a CML (e só ela) está a promover no jardim do Campo Pequeno.

Gostaria de saber de onde é que provêm os exemplares a plantar e recentemente plantados no Campo Pequeno. Dos viveiros da CML?

Tal como o Urbanismo, os Espaços Verdes estão muito doentes; não é de agora, não.

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Vista a reportagem da SIC (a quem agradecemos a oportunidade e gentileza), uns quantos desabafos:

- Ridículo, é o que se pode dizer sobre a insistência em filmar a mesma árvore doente (pertencente ao 1/5 das que estão/estavam verdadeiramente doentes). Porque não foi filmada mais nenhuma?;

- O Vereador Prôa diz: «ninguém gosta mais de árvores do que eu»;

- Em voz off, percebe-se: não há nenhum levantamento exaustivo do estado fitossanitário das árvores, muito menos árvore a árvore;

- Desafio: em vez de 97, dizem, vão ser mais, muitas mais a ser abatidas. Mas, não nos preocupemos, haverá ainda mais árvores do que até aqui.

Dúvidas que se mantêm:

1. Ninguém explicou como é possível dizer-se que as árvores foram assassinadas pelas obras e depois se abate árvores fora do perímetro das obras. «É preciso abatê-las porque podiam cair» é um argumento muito fraco.
2. Ninguém explicou de onde vêm as árvores a plantar.

Conclusões:

Para o Campo Pequeno, há cada vez menos que se possa fazer por ele e pelos plátanos quase centenários, que já eram enormes em 1968.

Mas para o futuro o que há a fazer já, e que devia ter sido feito há muito, é: sindicância aos Espaços Verdes. São anos a mais a (mal)tratar as árvores assim.



Texto editado

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando será que predominará uma consciência ecológica neste país?

Quando será que respeitaremos o nosso património natural?

Quando será que poderemos dizer: "Portugal - um país europeu, um país civilizado?"

Quando...?!

vasco3148.cs@gmail.com