27/05/2009

Terreiro do Paço / Comunicado


Na sequência da aprovação em reunião pública da CML de hoje do auto-denominado “Estudo Prévio do Terreiro do Paço” (quando na realidade a obra decorre a bom ritmo), elaborado pela Sociedade Frente Tejo, somos a comunicar a nossa estupefacção:

1. Pela abstenção dos Srs. Vereadores do PCP, depois de terem tecido duras e justificadas críticas ao dito estudo prévio durante a mesmíssima sessão de CML.
2. Pela ausência do Sr. Vereador Carmona Rodrigues aquando da votação, depois de na mesma sessão ter tecido duras críticas ao referido estudo.

Tais posições possibilitaram que o “Estudo Prévio” fosse aprovado e que as obras continuem a decorrer no sentido de que daqui a poucos meses sejam apresentadas à mesma CML e, portanto, aos lisboetas, como mais um facto consumado, o que é profundamente lamentável dado tratar-se da praça mais importante de Portugal, Monumento Nacional e símbolo de Lisboa.

3. Pelo estado de aparente ignorância em que todos (?) os Srs. Vereadores se encontram quanto à eficácia desta "aprovação", conhecido que é o "primado" da Sociedade Frente Tejo em relação à CML (e respectivas direcções municipais, cujo parecer foi ignorado), sobre o IGESPAR (quando este Instituto se pronunciar já o projecto estará feito!) e sobre a população de Lisboa, o que torna totalmente incompreensível esta "aprovação" na medida em que as obras decorrem, como se comprova facilmente com uma ida ao local.

4. Pela incapacidade das diferentes elites alfacinhas em se fazerem ouvir quando mais delas Lisboa precisa, sabendo-se que o que está em causa é toda uma identidade da Lisboa histórica, posta em perigo irreversível e seriamente por um projecto que introduz em toda a sua área de intervenção materiais menores, desenhos e usos inapropriados, incutindo uma "marca de autor" a algo que está muito para além disso.

Renovamos, portanto, o nosso protesto pela forma lamentável em que o projecto está a ser desenvolvido, aparentemente apenas com um único intuito, o de garantir os festejos do Centenário da República.

Pensamos que o Terreiro do Paço merece melhor, e, por isso mesmo, pedimos, encarecidamente e a quem de direito, que seja aberto um período de discussão pública antes de se fazer o projecto de execução ou (pelo menos) antes do concurso ser lançado.



Paulo Ferrero, Júlio Amorim, Virgílio Marques, João Chambers e Luís Marques da Silva

9 comentários:

Diogo Moura disse...

Apoiado!

Anónimo disse...

O objectivo é também e de certeza absoluta o de mera propaganda eleitoral, que as autárquicas estão à porta e haverá sempre parolos que julguem que aquilo é que é.

Anónimo disse...

Para os que ainda pensavam que essa do "assalto a Lisboa" era um exagero, aí está a aprovação deste monstruoso CRIME contra um património único no mundo.

E agora, também vamos deixar passar?

É tempo de cerrar fileiras, temos de nos organizar! Este crime não pose ser consumado.

Anónimo disse...

Eu acredito que o Zé vai embargar o crime.

Também acredito no Pai-Natal.

Arq. Luís Marques da silva disse...

Isto é que é um projecto e pêras; para alem de "recuperar" a Praça, como é intenção do autor, recuperam também as ideias da época :
Sem discussões públicas, sem opiniões contrárias, expressas nos locais apropriados (que não a OA), estamos de novo no despotismo iluminado do sec XVIII.
Só que as ideias de agora são bem mais frouxas e sem qualidade que as de antanho.

Lisboa disse...

Mas qual crime pá! o projecto é muito bom e a praça vai ficar muito bonita. Antes é que estava um nojo.
deixem de ser pícuinhas.

Anónimo disse...

Vai, vai.

Mais bonita só a D. Lili Caneças.

Anónimo disse...

O melhor deste projecto e a reversibilidade. Daqui a alguns anos uma CML composta por pessoas com mais bom gosto podera encomendar outro projecto e finalmente fazer ali alguma coisa agradavel.

Anónimo disse...

Pois chão de vidro numa praça histórica.

Porque não uma tradicional calçada portuguesa (tem é que ser bem cuidada)?