In Sol online (23/8/2011)
por Sónia Graça
«Tribunal e Comissão de Protecção de Dados dizem que as câmaras violam a privacidade
Há quase um ano que as 22 câmaras de videovigilância instaladas pela autarquia de Lisboa para gerir o tráfego nas ruas da capital estão apagadas. O equipamento foi ‘chumbado’ em Setembro passado pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) e, cinco meses depois, a decisão foi confirmada pelo tribunal.
Em causa, o facto de os aparelhos – que têm zoom e rotação e que foram instalados na mesma altura que os 21 radares fixos, só que em mais artérias da cidade – terem sido considerados uma ameaça à privacidade dos cidadãos.
Zoom e rotação são ameaça
«O sistema permite a leitura das matrículas dos veículos estacionados ou a captação das interacções privadas dos transeuntes, prejudicando o direito à imagem e à privacidade dos titulares desses dados» – lê-se na deliberação da Comissão, que acrescenta: «A capacidade de rotação total das câmaras não exclui a captação de imagens dos prédios circunvizinhos e das actividades privadas dos seus habitantes».
A autarquia ainda invocou os elevados gastos com a aquisição do sistema – as câmaras estão colocadas em locais tão dispersos como as avenidas de Berna, 24 de Julho e Fontes Pereira de Melo – e argumentou que as câmaras não permitem a gravação de imagens, que este sistema permite accionar com «maior rapidez e eficácia os mecanismos de socorro» aos acidentados e que todas as grandes cidades do mundo utilizam sistema de gestão de tráfego.
Argumentos que não convenceram nem mesmo o Tribunal Central Administrativo, onde o Executivo de António Costa interpôs uma providência cautelar para impugnar aquela deliberação.
O juiz considerou que o sistema de visualização «não é indispensável» à gestão de tráfego – tarefa que pode ser assegurada pelos meios convencionais de policiamento – e sublinhou que a Câmara fez um investimento «por sua conta e risco» sem antes ter notificado a Protecção de Dados.
Autarquia queixa-se da 'situação insólita'
O caso está agora nas mãos do Supremo Tribunal Administrativo, onde a autarquia interpôs recurso, em Março. Até à decisão final, os aparelhos – ligados ao centro de controlo de tráfego da Câmara – vão ter de continuar desligados.
«É uma situação absolutamente insólita. Neste momento, a central de tráfego está a funcionar às cegas, estamos dependentes de comunicações externas de cidadãos para programar os tempos dos semáforos», disse ao SOL Nunes da Silva, vereador da Mobilidade da autarquía lisboeta.»
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4 comentários:
Se isto não é uma república das bananas, o que será uma república das bananas?
Pelo que percebo, chama-se a isso «colocar o carro adiante dos bois».
Por muito que discordemos da decisão tomada, o certo é que as câmaras de vídeo são um eterno problema para o pessoal da "Protecção de dados". Assim sendo, não se compreende que as instalem sem, previamente, obter essa aprovação - concorde-se ou não, com isso.
Está certo que esta rapaziada da CNPD é um bocado fundamentalista!!!
No entanto, sabendo que a lei obriga à prévia autorização pela CNPD (até eu sei disso), é inacreditável que a CML tenha feito um investimento sem saber se o poderia utilizar.
Pergunto-me quando é que vamos ter pessoas profissionais na política ao invés de políticos de profissão.....
O que o Luis Alexandre pede é utópico. Nunca irá haver politicos profissionais sem politicos de profissão.
Se são profissionais no trabalho a desempenhar nunca irão abandonar o poleiro. Quem está bem e se sente bem não se muda.
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