25/08/2011

Jardim de Belém continua sem relva quase dois anos depois da cimeira ibero-americana


Além da relva completamente seca, o jardim da Torre de Belém mostra muitos outros sinais de degradação


Jardim de Belém continua sem relva quase dois anos depois da cimeira ibero-americana

Por Nídia Faria in Publico

A destruição foi causada, em 2009, por iniciativas do anterior Governo. Até agora a câmara e o gabinete do primeiro-ministro ainda não se entenderam sobre quem paga a factura

O Jardim da Torre de Belém permanece sem relva desde o final de 2009, altura em que foi palco de duas grandes cerimónias. A 29 de Novembro e a 1 de Dezembro celebraram-se aí, respectivamente, o arranque da XIX Cimeira Ibero-Americana e a entrada em vigor do Tratado de Lisboa.
A Câmara de Lisboa cedeu o jardim ao gabinete do primeiro-ministro para que ali fossem instaladas diversas estruturas de apoio à realização daquelas iniciativas. Desde então, o relvado, outrora aprazível, desapareceu, tornando-se um terreno árido, abandonado e degradado.
As queixas multiplicam-se entre os frequentadores do espaço, sejam eles turistas de passagem ou residentes na zona. O pequeno lago do jardim encontra-se vazio há muito tempo, há raízes de árvores que rompem os passeios contíguos, e, segundo Antonino Madeira, arrumador de automóveis há oito anos no local, "os bancos estão mal estimados".
Antonino, de 53 anos, comenta que há cada vez menos pessoas a virem ao jardim e que mesmo os turistas não se demoram muito. A principal razão que aponta é a de que "falta verde" ao espaço. "O solo como está hoje rouba beleza à paisagem. Fico triste, porque o espaço abrange uma zona histórica", onde, além da Torre de S. Vicente de Belém, se encontra o Forte do Bom Sucesso, memorial aos combatentes do Ultramar, e a réplica do hidroavião no qual Sacadura Cabral e Gago Coutinho atravessaram o Atlântico em 1922.
Joaquim Taleto, de 73 anos, e José Simião, de 86, são amigos e frequentam a esplanada do restaurante Vela Latina, ao lado do jardim. Lembram-se de ver gente a tratá-lo todos os dias, mas isso foi antes de 29 de Novembro de 2009. Os netos de José brincavam em cima da relva - quanto aos bisnetos, nunca os trouxe, porque agora não há lugar onde possam brincar.
"Antes a relva era um manto verde, macio e bem cuidado", diz. Aos fin-de-semana, lembram os dois amigos, viam-se ali miúdos a jogar à bola, pessoas a passear e a brincar com os seus cães, namorados e famílias à conversa, em piqueniques, ou pessoas simplesmente deitadas na relva ao sol. Agora, o abandono a que está entregue o jardim revolta os dois idosos, que consideram a demora na recuperação do espaço uma "falta de respeito para com os lisboetas, a cidade e os turistas".Mário Augusto, de 50 anos, nota também a falta de segurança no local e sublinha serem constantes os furtos a turistas por parte de grupos organizados. Trabalha ali perto e assistiu à montagem das estruturas metálicas sobre o relvado no final de 2009. Afirma que "foi lá depositado um misto de gravilha, terra e areia", ao que Joaquim Taleto acrescenta que se chegou a raspar o solo antes de se adicionar o cascalho.
Segundo o vereador dos Espaços Verdes da Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, a realização daquelas cerimónias danificou o sistema de rega, provocando a seca do que sobrou do relvado. O valor estimado para a reabilitação deste sistema e da relva, diz o vereador, ronda os 600 mil euros. Porém, a autarquia continua a aguardar que o gabinete do primeiro-ministro, responsável pelos danos, tome a iniciativa. A espera e as conversações alongam-se, contudo, há já 21 meses.
O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria de Belém, Fernando Rosa, sublinha que, apesar das recomendações apresentadas na Assembleia Municipal relativamente à recuperação do jardim, e dos vários estudos elaborados pela câmara a esse respeito, o problema continua a ser "o pingue-pongue" entre o município e o gabinete do primeiro-ministro.

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Basta somar este caso ao estado do "arranjo paisajístico" da Ribeira das Naus e do mureto do Cais das Colunas ... para termos o "menu" completo destas "fontes de Prestígio" para a imagem da Cidade de Lisboa ... para Lisboetas, Turistas Nacionais e Internacionais ...
António Sérgio Rosa de Carvalho

9 comentários:

Anónimo disse...

A Monocle é disto que gosta. Deixem estar.

Anónimo disse...

Queixas de residentes, acredito. Queixas de turistas, serão mais com os pés: deixam de pô-los aqui e está o assunto resolvido.

Anónimo disse...

a mim o arrumador causa-me mais dano que a relva seca ou que falta...

A.lourenço disse...

Este estado de coisas tem apenas dois responsáveis, o anterior governo e CML. A parte do terreno degradada com a cimeira foi a que está em frente da torre de Belém, o restante terreno, bem maior veio por arrasto e devido ao desleixo de quem deveria tratar do local, a CML que agora se justifica com a cimeira. Nada justifica aquele estado de coisas e o paralelismo com a Ribeira das Naus é lógico. O que se passa nestes dois locais já ultrapassou tudo o que é admissível e justificável. A este ramalhete juntava, por exemplo, o miradouro de Sta. Luzia, outra autentica vergonha municipal. Não existem justificações ou desculpas para esta vergonha!

BRUXA disse...

Por vezes penso que, as pessoas nao sabem o que querem!
Se há relva bem tratada, ou seja bem verde porque é bem regada, "cai o Carmo e a Trindade" porque se está a gastar água que, imensa falta faz para outras coisas necessárias. Se a relva nao é tratada e acaba por secar, também nao está bem porque tem um aspecto feio, etc, etc.
Entao em que ficamos? Quais sao as prioridades?

Anónimo disse...

Não raras vezes, eu, alfacinha, sinto vergonha pelas coisas deste calibre com que deparam os estrangeiros que visitam a capital.

Xico205 disse...

Bruxa disse:

Quais sao as prioridades?

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A prioridade é falar mal, sobre o quê, isso é secundário.

Anónimo disse...

Bruxa,aqui não há nenhuma preocupação com poupanças há sim desleixo. A prioridade é regar diariamente o piso do jardim do Principe real por causa do pó que lá meteram.Aí não falta a água.

Xico205 disse...

São divisões de espaços verdes diferentes, cada uma tem a sua gestão, consoante quem a coordena.