Não é só por cá que se assistem a abusos na utilização de grandes telas publicitárias, nomeadamente em edifícios/monumentos históricos e ou classificados. Em Paris, como noutras grandes cidades europeias, também se assiste à mesma praga, que apesar de legislação recente raramente é recusada autorização para a colocação destas telas.
No entanto existem algumas diferenças, positivas, relativamente ao que se passa por cá. Desde logo a intervenção da Ministra da Cultura, que levou à retirada de uma tela, por a mesma já não ser absolutamente necessária, algo a que por cá me parece ser pouco provável que venha a acontecer.
Por outro lado, a obrigatoriedade de as telas mencionarem que "Cet affichage contribue au financement de la restauration de l'immeuble", é sem dúvida uma boa solução para os proprietários de edifícios históricos ou classificados, que têm enormes dificuldades para encontrar fundos que lhes permitam realizar obras de restauração em boas condições, desde que respeitem os seguintes pressupostos: "les sommes retirées de la publicité doivent être intégralement dédiées à la rénovation du monument, l'affichage ne peut excéder 50 % de la surface totale de la bâche de support et sa durée ne peut dépasser l'utilisation effective des échafaudages".
Já no que diz respeito a outras obras particulares, aí a diferença entre o que se passa em Paris e o que vamos vendo por cá é enorme. "Depuis un décret de 2012 qui modifie le code de l'environnement, les bâches de chantiers privés peuvent elles aussi accueillir des toiles. Mais cette possibilité s'est vue limitée par les réglements locaux de publicité pris par les municipalités. Celui de Paris, voté en 2013, autorise, à l'image de nombreuses autres villes de France, les publicités d'une surface maximale de 16 m2. Ce qui, naturellement, limite l'engouement des annonceurs."
Mas também em França nem tudo é perfeito, pois a própria legislação prevê contradições aparentemente inexplicáveis: "On est confrontés à un paradoxe : le code du patrimoine autorise des publicités immenses sur les monuments historiques alors que le code de l'environnement les interdit, sans dérogation possible, à moins de 100 mètres de ces mêmes bâtiments"
Em suma, apesar dessas contradições, o sistema é comparativamente melhor com o que se passa por cá, e os exemplos citados neste artigo do Le Monde, deveriam servir para criar uma eficaz regulamentação que discipline de forma mais eficaz esta actividade de forma a combater a poluição visual e os atentados ao património, que escandalosamente continuam a aparecer e cada vez mais pela nossa Lisboa.
10 comentários:
A utilidade dos painéis publicitários é financiar a obra, e baixar o seu custo para os contribuintes. Mas estou seguro que o autor do post está interessado em pagar a diferença.
Então e na Cidadania Lx já deram conta do lindo estado em que o Costa pôs o Terreiro do Paço por causa de um jogo de futebol?
Chega a dar saudade de quando aquilo era um parque de estacionamento...
@melo sounsa
e ler o posdt antes de comentar?
Os Jerónimos têm o sua fachada para alugar. A Coca Cola já manifestou o seu interesse!
"Chega a dar saudade de quando aquilo era um parque de estacionamento". Essa frase é sintomática de quase tudo o que está mal com o vosso pensamento uktrapassado e caduco, de quem não compreende o tempo em que vive, não quer compreender, e tem raiva de quem o vive. Essa vossa obsessão com umpassado feliz que nunca existiu e em que gente como vocês dizia exactamente as mesmas bocas batidas sobre o passado não é só banal: é destrutiva.
O Terreiro do Paço onde ese gastou um balúrdio a recuperá-lo e dignificá-lo transformado naquela TRAMPA só pode agradar a analfabetos que nunca foram para lá de favelas, onde por sinal nos dias que correm já se manifestam contra o mundial.
Caro Filipe Melo, não acha que os munícipes de Lisboa já pagam taxas e impostos suficientes para a autarquia? Em Amesterdão (lá vou eu à Holanda outra vez onde estou emigrado, mas que guardo Lisboa no coração) isto era impensável, raros são os outdoors e os MUPIs têm informação para turistas e habitantes como listas telefónicas ou mapas da cidade. Mas um morador para estacionar o carro à porta de casa na rua, paga 40€/mês, em Lisboa paga zero. É tudo uma questão de prioridades. Faça as contas e veja se em Lisboa se aplicassem estas taxas, quanto receberia a autarquia. Acha que daria para pagar esta obra sem publicidade? Talvez...
Ai em Amesterdão raros são os outdoors?
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http://i61.tinypic.com/24b51l0.jpg
"O Terreiro do Paço onde ese gastou um balúrdio a recuperá-lo e dignificá-lo transformado naquela TRAMPA só pode agradar a analfabetos que nunca foram para lá de favelas, onde por sinal nos dias que correm já se manifestam contra o mundial." - ou seja, o que estava mesmo bem era aquele local commendigos a dormir por baixo dos arcos, marginais a povoar a praça à noite sem sem se poder sequer lá passar e o parque de estacionamento. Há gente muito, mas muito iludida. Xiça.
Poderá em Amesterdao haver outdoors mas sao situacoes esporadicas como essa na imagem. Mas nao ve em rotundas ou em cada cruzamento, com aquelas estruturas proprias para outdoors, tipo como se ve em autoestradas. Lisboa tem disso aos montes
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