13/05/2014

Festas de Lisboa 2014, A/C da CML, AML e EGEAC


Exmo. Sr. Presidente da CML
Exma. Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa
Exmo. Presidente da EGEAC


Nos últimos anos, os lisboetas têm assistido à degradação da identidade das Festas de Lisboa, em particular nos espaços públicos dos bairros históricos. De ano para ano é notória a transformação das Festas de Lisboa numa “Festa da Cerveja”. As regras, a nosso ver, insuficientes por parte da CML levaram, em parte, ao actual cenário de publicidade agressiva e omnipresente por parte das marcas de cerveja. O incentivo ao consumo de álcool é livre e abusivo um pouco por toda a cidade histórica, e não só.

Concordamos que cada cidadão, desde que maior de idade, seja livre de consumir álcool – mas quando os impactos negativos ultrapassam a esfera do individual, então há que intervir, cremos. E não nos referimos às ruas e aos largos cobertos de copos, garrafas, vómito e urina; referimo-nos custos, a longo prazo, para a sociedade.

As mortes devidas ao consumo de álcool triplicaram desde 1990. O consumo de álcool passou de 6ª a 3ª causa de morte e de acidente em todo o mundo. Este impacto pesa sobre toda a sociedade – e são todos os contribuintes que acabam por pagar a factura. De facto, os problemas causados pelo consumo excessivo de álcool roubam cerca de 1,5% dos orçamentos de estado na Europa. Este problema está a piorar de ano para ano e em países como Portugal, onde por tradição o consumo de álcool ocorria essencialmente às refeições, assistimos ao aumento do consumo irresponsável pelos jovens.

Na nossa opinião, o actual modelo de gestão/organização das FESTAS DE LISBOA está a contribuir activamente para o agravamento deste problema de saúde pública. Está também a contribuir para a desqualificação do espaço público e dos edifícios e monumentos históricos da nossa cidade. O quase monopólio da(s) marca(s) de cerveja que patrocinam/participam no evento produz impactos inaceitáveis:

1- DESRESPEITO CRESCENTE PELO AMBIENTE URBANO HISTÓRICO.
2- QUIOSQUES COM PUBLICIDADE LIVRE E DESCONTROLADA.
3- UTILIZAÇÃO CRESCENTE E EXCESSIVA DE PLÁSTICOS.

Falta estabelecer, de facto, regras iguais para todos os participantes, e com padrões em linha com o que se faz no resto da Europa (alguns exemplos em anexo).

Falta também criar uma campanha de sensibilização para o consumo responsável de álcool.

Há outras formas de organizar e desenvolver as FESTAS DE LISBOA sem conspurcar e arrendar a cidade histórica desta forma, nem agravar os problemas de saúde pública da capital e do país.

Com os melhores cumprimentos,


Fernando Jorge, Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Virgílio Marques, Luís Marques da Silva, António Branco Almeida, Júlio Amorim, Nuno Caiado, Jorge Lima, Inês Barreiros, Jorge Pinto, Miguel Jorge, Rossella Ballabio, Maria do Rosário Reiche, Paulo Lopes, Guilherme Pereira, Artur Lourenço

11 comentários:

Aqui Mora Gente! disse...

As "Festas de Lisboa" acontecem todas as semanas no Centro Histórico da cidade e o "binge drinking" é uma realidade que ninguém parece querer ver; comas alcoólicos em miúdos de 13 e 14 anos, jovens embriagados que deambulam de garrafas na mão.A Lei do álcool restringiu apenas a venda de bebidas alcoólicas no período entre as 24h e as 8h às lojas de conveniência e postos de abastecimento de gasolina...todos os estabelecimentos de bebidas vendem álcool para ser consumido na rua a qualquer hora.
Instalou-se uma total permissividade em relação a todos os comportamentos excessivos no espaço público, sem que as autoridades policiais intervenham.

Aqui Mora Gente disse...

As "Festas de Lisboa" são também cada vez mais ruidosas, com actuações de bandas e DJ`s com colunas de som durante dias e noites a fio, sem qualquer ligação a tradições ou costumes locais. Há para todos os gostos como o "Arraial Pop Alternativo" que promove "novas tendências de animação urbana”...tudo serve para justificar o negócio!

Anónimo disse...

As "tradições e costumes locais" de que falam são música igualmente alta mas a passar hinos pimba em vez de música de dança, ou julgam o quê? Que ainda passam marchinhas do Vasco Santana de há 80 anos atrás? Podem ficar muito satisfeitos por plantarem esse discurso reaccionário disfarçado de moralista e de paladino da saúde pública na caixa de correio da câmara, mas enquanto houver gente jovem nesta cidade (e é bom que haja), isso cai em saco roto. Estamos em 2014, nos anos 60 também havia gente a derrubar (e a mandar espancar) quem ouvia rock.

Aqui Mora Gente disse...

As colunas de som estridentes a debitarem música Pimba, Rock, Grunge, Fado... são agressões aos direitos fundamentais à saúde e ambiente conquistados pelos cidadãos no nosso sistema democrático.

Anónimo disse...

Então e barulheira descontrolada mesmo em vésperas de dias de trabalho, até às 4, 5 da manhã?

Que respeito merece quem trabalha, quem tem crianças pequenas, ou os idosos que são maioritários nas zonas onde ocorrem essas manifestações de bestialidade animalesca?

Anónimo disse...

Que sugere? Acaba-se com os santos? Pode acreditar que a quantidade de pequenos comerciantes que aproveitam essa semana para algum lucro extra serão os primeiros a opôr-se. Muda-se de hábitos? Os santos são assim, com milhares de pessoas nas ruas, desde que passou a ser legal haver ajuntamentos de pessoas na rua. Santos "tradicionais" é o quê, arraiais a fecharem a loja às 22? Adorava saber se tal coisa alguma vez existiu. Que defendam uma cidade erma, vazia e triste é lá com vocês, não percam é mais tempo a escamotear o que é óbvio.

Anónimo disse...

Os "Santos são assim" durante um mês inteiro de barulheira infernal (e não uma semana) desde quando? A ideia de que são os pequenos comerciantes locais a tirarem partido deste circo instalado já era...são cada vez maiores os interesses de quem está ligado à organizaçâo destes eventos, desde logo as cervejeiras e outras pseudo "associações culturais", criadas com o propósito de lucrarem com tudo o que é "eventos de animação" em Lisboa, que só pensam no ganho imediato e por essa razão querem que tudo continue exactamente neste formato.

Anónimo disse...

Lisboa está entregue à pura selvajaria

http://observador.pt/o-lixo-esta-colocar-em-risco-o-jazz-avisa-organizacao/

Anónimo disse...

Há pobres de espírito que, coitados, acham que a alternativa a barulho insuportável durante toda a noite em zonas habitacionais é fechar-se tudo às 22 horas.

Pobreza de espírito é assim mesmo, não há volta a dar.

Anónimo disse...

Quando se comemora os santos, gasta-se dinheiro. Não há outra forma de haver santos populares nem festa na rua sem sem querer fazer disso negócio. O post é sobre barulho, mas rapidamente resvalam para criticar o lucro. Está visto o cerne da questão.

Anónimo disse...

Há pobres de espírito que, coitados, acham que a alternativa a barulho insuportável durante toda a noite em zonas habitacionais é fechar-se tudo às 22 horas e que, como foram facilmente rebatidos, vêm defender os lucros das cervejeiras mesmo que impliquem a javardização de Lisboa.