15/07/2019

Estátua de D. Sebastião não volta à Estação do Rossio/Pedido de esclarecimentos à Infraestruturas de Portugal


À Infraestruturas de Portugal

Cc. PCML, AML, DGPC e media


Exmos Senhores

Em 3 de Maio de 2016, a estátua esculpida por Gabriel Farail em 1891, que ornamentava a fachada principal da Estação Ferroviária do Rossio e que representará D. Sebastião, foi vandalizada, caiu do nicho onde se encontrava e partiu-se no chão (in Jornal Público, edição de 4.5.2016).

No dia 11 desse mesmo mês, responsáveis pelo Instituto de Oftalmologia Doutor Gama Pinto (local de passagem de um dos engenheiros responsáveis pela construção da estação do Rossio, Edmund Bartissol) anunciavam ter descoberto uma estátua igual, que poderia, inclusive, ser a original: “Havia um mestre que fazia o molde e a partir daí construíam-se as réplicas. Acreditamos que este é o molde original” (in Jornal i online).

Em Maio de 2017, notícias davam conta que “depois da Direção-Geral do Património Cultural ter avaliado as hipóteses de recuperação da peça, a IP Património, empresa do Grupo Infraestruturas de Portugal, detentora da Estação Ferroviária do Rossio, "irá avançar com o restauro da estátua do rei D. Sebastião, que ornamentava a fachada da Estação do Rossio, destruída num ato de vandalismo ocorrido no ano passado", em Lisboa (in TSF Online, 4.5.2017).

Em Setembro de 2017, garantia-se que a estátua que havia sido partida iria mesmo regressar, restaurada: “Infra-Estruturas de Portugal decidiu-se pelo restauro da estátua que ornamentava a estação, destruída em Maio do ano passado” (in Público, 8.9.2017).

Chegados a Julho de 2019, e depois da fachada principal da Estação Ferroviária do Rossio ter sido restaurada exemplarmente, é com enorme surpresa que se constata o não regresso da estátua referida.

Maior a surpresa, quando um cidadão dá conta no facebook da resposta dada pelos serviços da Infra-Estruturas de Portugal ao seu pedido de esclarecimentos relativo à não colocação da estátua:

"Dado que o ato de vandalismo praticado sobre a estátua de D. Sebastião, que se encontrava na fachada da estação do Rossio, a deixou sem hipótese de restauro, a IP prevê a colagem possível dos fragmentos, para colocação da peça que daí resulte em exposição, em local seguro para que não seja alvo de outros atos de vandalismo, e se constitua como memória futura da preservação do património cultural. Pelo exposto, a reposição da estátua original não será possível."

Dada a contradição das notícias vindas a público, solicitamos o cabal esclarecimento de V. Exas. quanto à situação de facto em relação à viabilidade, ou não, do restauro anunciado da estátua destruída, e em relação à cooperação entre a Infraestuturas de Portugal e o Instituto de Oftalmologia Doutor Gama Pinto, no caso de ser preciso colocar a estátua gémea, encontrada no seu depósito.

Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Pedro Janarra, Jorge Santos Silva, Júlio Amorim, Luís Mascarenhas Gaivão, Carlos Moura Carvalho, Pedro Jordão, José Maria Amador, Pedro de Souza, Beatriz Empis, Jorge Pinto, Helena Espvall, António Araújo, Fátima Castanheira, Pedro Machado, Rui Pedro Barbosa, Rui Pedro Martins, Virgílio Marques, João Oliveira Leonardo, Sofia de Vasconcelos Casimiro

Foto: Rádio Renascença

5 comentários:

Alvaro Pereira disse...

Devem estar à espera de uma manhã de nevoeiro.

Nonas disse...

Há uma réplica no Instituto de Oftalmologia Doutor Gama Pinto numa arrecadação do Palácio dos Condes de Penamacor, à Colina de Santana, em Lisboa.

Anónimo disse...

Triste sina, a de Sebastião.....

Tozé Maya disse...

Tristeza não tem fim... Até que volte, sim!
Pois, se «O mito é o nada que é tudo», como Fernando Pessoa diz, e se lá nada está... é porque está tudo lá!

Duarte C disse...

Para além da óbvia preocupação pela eventual não reposição da estátua no seu lugar original (ou de uma réplica) fica a pergunta: aconteceu alguma coisa ao autor do acto de vandalismo que a despedaçou?