10/11/2006

Apelo a empresário para respeitar palácio

In Jornal de Notícias (10/11/2006)
João Girão

"Organizações ambientalistas e cívicas apelaram, ontem, ao possível comprador do Palacete Ribeiro da Cunha, em Lisboa, que considere as características únicas do imóvel e eventuais consequências negativas para o Jardim Botânico da sua transformação em hotel. O apelo das associações ambientalistas Quercus e Lisboa Verde e do movimento de lisboetas "Fórum Cidadania Lisboa" surge na sequência de notícias recentes que dão conta da possibilidade de o empresário austríaco Anthony Lanier, ligado à reabilitação de património, comprar o imóvel e o projecto para o transformar num hotel

Carlos Moura, do Núcleo de Lisboa da Quercus, adiantou que as associações enviaram uma carta ao empresário com o objectivo de o sensibilizar "para a questão ambiental do projecto". "É preciso fazer ver ao empresário que a reabilitação do palacete tem muito pouco a ver com os projectos que tem desenvolvido nos Estados Unidos", disse o ambientalista, acrescentando que Lanier, que vive nos Estados Unidos, já comprou vários imóveis no Príncipe Real.

Logradouro em risco

As associações referem que Lisboa tem "muito poucos espaços verdes" e que o jardim do palacete é muito importante para os lisboetas. Na opinião de Carlos Moura, o projecto para o palacete terá consequências graves para o Jardim Botânico e destruirá o logradouro do imóvel.

Na carta enviada por correio electrónico, as associações informam que o Palacete Ribeiro da Cunha é o único exemplo em Lisboa de uma casa-jardim neo-mourisca, que foi construída em 1877 e nunca sofreu qualquer alteração arquitectónica. As organizações defendem que as características arquitectónicas do imóvel devem ser preservadas, assim como as árvores raras e seculares do jardim. Alertam ainda para o facto de os jardins serem contíguos ao Jardim Botânico, classificado como monumento nacional, e lembram que a área protegida em seu redor é de 50 metros.

Na carta, as associações pedem ao empresário que "reconsidere" a compra do palácio com um projecto que consideram "altamente questionável". Em causa está a construção de um hotel com 55 quartos, um "health-club", uma sala de conferências, uma piscina e um parque de estacionamento subterrâneo no jardim
."

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