25/01/2012

Prémio Valmor tem cinco edições em atraso e corre risco de deixar de ser pago


O edifício da Vodafone, no Parque das Nações, foi um dos últimos a receber o prémio

Por Ana Henriques in Público

Câmara de Lisboa quer economizar os 25 mil euros atribuídos aos vencedores, soma que o regulamento do prémio diz ser proveniente do rendimento do legado do seu instituidor

Com cinco edições em atraso, o prémio de arquitectura Valmor corre o risco de deixar de ter valor pecuniário. A Câmara de Lisboa já falou com os membros do júri sobre o assunto, não tendo ficado claro se os 25 mil euros anuais que o regulamento do prémio estabelece serão abolidos já nas edições de 2007, 2008 e 2009, cujos vencedores deverão ser conhecidos no mês que vem.
Instituído há mais de um século pelo último visconde de Valmor, o galardão destina-se a premiar a qualidade arquitectónica. Os 25 mil euros correspondem, ainda de acordo com o regulamento, ao rendimento anual do legado do visconde. Embora tenha sido concebido para galardoar edifícios novos, neste momento o prémio Valmor contempla igualmente obras de reabilitação e espaços verdes.
O vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, justifica o atraso com as dificuldades de organização de um prémio que não funciona por candidaturas. São potenciais candidatas todas as obras com licença de utilização, um documento obrigatório para os edifícios entrarem em funcionamento. Depois cabe aos serviços camarários fazerem uma selecção dos projectos mais relevantes e apresentá-la ao júri. "Vamos tentar recuperar o atraso", diz Salgado, acrescentando que a reforma da técnica encarregue do assunto contribuiu para o atraso.
"Como toda a gente sabe, a Câmara de Lisboa é um monstro burocrático e um organismo muito desorganizado", observa o representante da Ordem dos Arquitectos no júri, Michel Toussaint. "Depois de a funcionária se ter reformado, a câmara demorou um ano a substituí-la. E, como ninguém na câmara sabe bem onde param todos os projectos, foi preciso o júri colmatar essa falta visitando os edifícios e os locais em causa".
Os membros do júri guardam segredo sobre as obras com potencialidades para alcançarem a distinção Valmor. "Em Fevereiro, haverá concerteza novidades", limita-se a dizer Michel Toussaint. "Os responsáveis camarários querem acabar com o prémio pecuniário, por falta de dinheiro, mas isso não me parece relevante: o Valmor é sobretudo uma distinção honorífica". Essa é também a opinião da personalidade convidada do júri, o arquitecto Francisco Silva Dias: "O prestígio do Valmor não assenta no seu valor monetário". Outro jurado, António Marques Miguel, explica que o júri ignora se haverá ou não prémio pecuniário para as edições de 2007 a 2009, apesar de existirem verbas cabimentadas para esse efeito. "Depende do que decidir a assembleia municipal", esclarece.
Siza Vieira foi um dos mais recentes galardoados com o prémio, que ganhou com os Terraços de Bragança, um complexo habitacional na Rua do Alecrim, a caminho do Chiado. A câmara também já se premiou a si própria, pela concepção do parque da Quinta das Conchas, no Lumiar. Outras obras recentemente premiadas são o edifício da Vodafone e o hotel Art"s, ambos no Parque das Nações.

5 comentários:

Anónimo disse...

Com os milhões que a CML poupa ao fazer aquele marabilhoso silo no Corpo Santo, em vez do estacionamento subterrâneo, bem podia pagar essa ninharia...

Anónimo disse...

Uma vergonha.

Xico205 disse...

Ou com o dinheiro que a câmara pouparia a não alugar um palácio no Intendente tambem libertava dinheiro para pagar a quem deve (fornecedores e expropriados).

Anónimo disse...

Concordo, mas para além da vergonha da frente Tejo e o seu aberrante projecto (criminoso até... Em termos ambientais, económicos, imagem da cidade, manutenção futura, etc.), vejam tb Tudo o que propõe para. A zona ribeirinha chamando-lhe requalificação, centralidades e outras patacoadas... É aberrante o PDM e os pp propostos, bem como a pseudo restruturação da CML e os boys amigos do filho do Vereador ou do Augusto Mateus, ou os projectos do risco, ou o edifício tb comprado no intendente ao primo espírito santo, para a instalação de um consulado da gâmbia? Apesar da gestão danosa destes últimos anos a CML ainda tem muitos edifícios que poderiam servir para este fim, no caso de ele ser mesmo necessário.
Se a CML e a Pj funcionassem a bem da Nação e não dos amigos Bes e similares, haveria muito dinheiro a receber de mais valias, compensações, etc.

Em relação ao prémio Valmor infelizmente, talvez por sinal dos tempos, vejam o que se passa com outros prémios, este têm sido dado a maior parte das vezes a situações fraudulentas e aberrantes. Se o Visconde pudesse ver para o que tem sido usado o seu prémio, seria o primeiro se calhar a querer acabar com ele...

Anónimo disse...

Quem é que ainda não percebeu que parques de estacionamento em zonas de aterro são verdadeiros atentados contra a própria cidade e a própria economia do erário público? Por favor vejam nou you tube "blue gold" sobre as guerras mundiais sobre a água, ou "crash course" , etc. Seria sempre uma estupidez o que estão a propor quer fosse o parque e enterrado, quer em silo, a proposta toda ela é só para sacar dinheiro e entreter os incautos portugueses, mas como o país está, e o que está para a contecer em termos mundiais, chega a ser hilariante... Alguém em tempos deu este exemplo: estamos num carro desgovernado que está prestes a embater numa parede de betão ou cair duma alta ponte para um mar agitado, mas dentro do carro só se discute os lugares onde estão sentados os seus ocupantes, pois todos querem ir no lugar da frente..