30/09/2004

Continuando com o protesto de moradores

E não sei se por causa da fabulosa série "Six Feet Under", se por causa da crescente mortalidade que por cá existe, mas o certo é que o negócio das funerárias à americana floresce de dia para dia. Um negócio como outro qualquer e dele não vem nenhum mal ao mundo, salvo se o negócio nos entrar pelo bairro, rua e casa adentro. É o que a empresa Servilusa está em vias de fazer, ao querer adquirir as antigas instalações das Páginas Amarelas (junto à Av.Rodrigo da Cunha), para aí instalar uma central funerária, composta de 9 salas, e comportando actividades como cafetaria e salas de embalsamento e "maquillage". Dado o corropio junto à Igreja de Santa Joana, que dispõe de idêntico centro - mas que tem apenas 2 salas! - os moradores das Ruas Conde de Ficalho e Francisco Franco preparam-se para fazer barulho e com razão. Estão dispostos a tudo.
PF

Continuando pelos "Inglesinhos"

Hoje à noite, na Livraria Ler Devagar, as Obras no Convento em debate público. A mobilização das pessoas vale sempre a pena e muitas vezes aquilo que parece um facto consumado deixa de o ser, de um momento para o outro. Ficou a saber-se - por quem tutela o nosso património - que no projecto da Amorim Imobiliária, a igreja, os jardins e pátios e "as características fundamentais do edifício" se irão manter. De dia para dia dispomos de mais informação. Ainda bem.
PF

29/09/2004

Terminal Rodoviário de Sete-Rios

No dia 22 de Setembro, foi inaugurado o novo Terminal Rodoviário de Sete Rios.

A conversão destas instalações do Metro de Lisboa custou cerca de dois milhões de euros e estas são ainda provisórias, pois o terminal definitivo virá ainda a ser construído no mesmo local. Este equipamento irá servir uma média diária de sete mil pessoas, utentes da Rede Expressos, numa área de 22 mil metros quadrados.

Desde já, dois pontos muito positivos. Em primeiro lugar, esta é a localização certa para um terminal com estas características, situado entre uma estação do Metro, uma estação de Comboios, bem servido de autocarros da Carris, junto ao eixo Norte-Sul e com espaço suficiente para estacionamento. Em segundo lugar, o facto de libertar uma área considerável, no centro da cidade destinada à construção de espaços verdes é sempre uma medida de aplaudir.

Quer os utentes deste Terminal, quer os que nele trabalham, como os motoristas dos autocarros e os taxistas, estão satisfeitos com esta mudança, há muito desejada.

No entanto, existem ainda algumas coisas a corrigir como acessos para crianças, idosos ou deficientes motores, ou a adaptação da sinalização vertical luminosa ao novo volume de tráfego na zona envolvente, essencialmente no que concerne aos acessos dos autocarros ao terminal.

Esta medida vem facilitar em muito os autocarros que entram em Lisboa vindo de Sul, mas nem tanto os que vêm do Norte. Por isso é aconselhável que parte deste fluxo seja retido no Terminal da Gare do Oriente construído para o efeito, e igualmente bem servido de metro, comboios e autocarros da Carris.

Depois dos problemas com a localização na Avenida Casal Ribeiro e no Arco do Cego, finalmente, foi encontrada para o Terminal Rodoviário uma solução mais consensual.
PP

Animais são nossos amigos, nós é que não somos amigos dos animais

O público de hoje noticia que a Avenida da Liberdade Está Cheia de Animais! Esclarece depois, que se trata não de animais verdadeiros, mas de uma iniciativa do Jardim Zoológico de Lisboa que colocou pendões nos candeeiros da Avenida com figuras de girafas, elefantes, gorilas, etc.

Interessante pensar que este título não causa grande estranheza para quem vive em Lisboa. O estranho do Jardim Zoológico de Lisboa para quem visita o nosso país e a nossa Capital é que Sete-Rios Está Cheio de Animais!

E, eu acredito que os Animais Estão “Cheios” de Sete-Rios!
PP

27/09/2004

Que fazer com o Convento dos Inglesinhos?

O que se passa com o Convento dos Inglesinhos, no Bairro Alto, é sintomático quanto ao estado do património histórico-arquitectónico de Lisboa e serve de "case study": referenciado como estando em estudo a sua protecção (nº 1106150422) pela DGEMN, foi vendido pela Santa Casa da Misericórdia ao Grupo Amorim, o qual apresentou à CML, ainda no anterior mandato camarário, um projecto, que dá agora os seus primeiros passos, segundo o "Público". Como é que é possível que um edifício tão bonito, ainda em relativo bom estado, que poderia ser um foco cultural daquela zona de Lisboa - que se pretende rejuvenescida - se vê ameaçado na sua integridade histórica? Por outro lado, para que serve classificar um determinado imóvel como sendo de interesse público, ou mesmo monumento nacional, se ele continua a estar sob a alçada do direito privado? E que destino dar a um edifício como o Convento dos Inglesinhos? Será que a CML tem dinheiro para o comprar, numa altura em que também ela aliena o seu património? E o Patriarcado, não se pronuncia sobre um convento? E os lisboetas, como possibilitar que desfrutem daquele espaço? Como será possível compatibilizar os vários interesses em jogo? Legalmente, não há nada a opôr em relação à Santa Casa, que pode alienar o seu património como bem entender, e ao Grupo Amorim, que pode comprar o que bem entender, a quem bem entender. E a DGEMN e o IPPAR tudo fazem, certamente para zelarem pelo interesse público, nomeadamente no que toca à protecção legal do nosso património. Sendo assim porque continuam ao abandono edifícios como o Convento dos Inglesinhos? Será que tudo quanto temos de valor arquitectónico se tornará mais cedo ou mais tarde em "hotel de charme" ou condomínio de luxo? Porque não o MC adquirir o Convento dos Inglesinhos e dotá-lo de uma verdadeira escola de artes e ofícios, ou uma escola-museu, à imagem do que as cidades italianas e francesas fazem desde há anos?!
PF