31/03/2005

A propósito do Bairro Azul poder integrar o "plano de pormenor da Pç.Espanha"

A propósito desta notícia, informo que a Comissão de Moradores do Bairro Azul enviou, em 14/1/2005 ao Sr.Presidente da CML o seguinte fax:

"Na sequência das recentes notícias que dão conta da intenção da CML de elaborar um Plano de Pormenor para a Praça de Espanha e Avenida José Malhoa, a Comissão de Moradores do Bairro Azul solicitou ao presidente da CML, Prof. Carmona Rodrigues, a integração do Bairro Azul nesse plano.

A conjugação de várias circunstâncias torna esta sugestão pertinente e a sua concretização possibilitará a reabilitação e revitalização deste Bairro Património da Cidade, cujo processo de classificação como Conjunto Urbano de Interesse Concelhio se encontra, há muito, em apreciação nos serviços municipais competentes (1):

1.A Nascente do Bairro, o Metropolitano de Lisboa encontra-se a rever o projecto da Estação de S. Sebastião II de modo a minimizar os impactos à superfície decorrentes da sua construção; a Poente do Bairro, a CML aprovou a adjudicação da Empreitada de Reabilitação do Viaduto da Rua Ramalho Ortigão. Projectado em 1971 pelo Eng.º Edgar Cardoso, a Comissão de Moradores tem insistido, junto da CML, para que o mesmo seja alvo de uma intervenção cuidada que permita a sua plena fruição pelos milhares de peões que diariamente o atravessam com destino à Fundação Gulbenkian, à Mesquita, ao El Corte Inglês, ao Parque Eduardo VII, etc.

2.O edificado do Bairro Azul – a aguardar classificação - encontra-se degradado e são graves as questões que dizem respeito à falta de segurança, conforme a Comissão de Moradores tem alertado os responsáveis da CML. O comércio tradicional está em declínio e a desertificação atinge valores preocupantes: mais de 10% dos andares estão abandonados. Dada a localização privilegiada e o interesse patrimonial do Bairro, a Comissão de Moradores estabeleceu já contactos com empresas que estarão, eventualmente, interessadas em patrocinar a sua reabilitação, de acordo com um regulamento que deverá ser urgentemente elaborado pela CML, como forma de travar a descaracterização do Bairro.

3.As conclusões do inquérito realizado pela Comissão de Moradores à população do Bairro, publicadas no site www.bairroazul.net, revelam que as questões que dizem respeito ao tráfego e ao estacionamento continuam a ser preocupantes. No âmbito do referido PP - e à semelhança do que foi já feito noutros bairros da cidade, nomeadamente, Bairro Alto, Alfama e Bica-Santa Catarina – deve ser estudada a possibilidade de criação de novas zonas com trânsito condicionado.

A coesão arquitectónica, urbanística e humana do Bairro exige a reintegração urgente da Rua Ramalho Ortigão.Tal será possível, por exemplo, com a criação de uma rotunda em frente ao edifício do BNC que permita desviar o tráfego de passagem do Bairro; a diminuição das faixas de rodagem (actualmente 4) criando mais estacionamento nessa rua; o alargamento dos passeios; a plantação de árvores, etc. Na Avenida António Augusto de Aguiar, não deverá ser esquecido o troço que se mantém intacto e que pertence ao Bairro Azul.

Outra das soluções há muito apresentadas à CML pela Comissão de Moradores diz respeito ao aproveitamento dos logradouros, onde existem cerca de 90 lugares de estacionamento, preparados, há já vários anos, para receberem parquímetros e que continuam, inexplicavelmente, abandonados.

A integração do Bairro Azul na área a abranger pelo Plano de Pormenor agora previsto, permitirá estudar o trânsito da zona de uma forma abrangente e estabelecer um conjunto de regras sobre o edificado e zonas públicas que irá ao encontro das expectativas dos moradores, dos comerciantes e de todos os que usufruem desta zona da cidade
."

(1) Por despacho da Senhora Vereadora da Cultura de 23 de Fevereiro de 2005 foi determinada a abertura do processo de classificação do Bairro Azul como Conjunto de Interesse Municipal, encontrando-se o Bairro, a partir desse momento, em vias de classificação.
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Em relação a este assunto a Comissão de Moradores recebeu ofício do Departamento de Planeamento Urbano datado de 11 de Março, onde se informava que a sugestão tinha sido considerada pertinente e que iria ser proposta a ampliação dos limites definidos para o Plano de Pormenor da Praça de Espanha e Av. José Malhoa por forma a incluir o Bairro Azul.

Ana Alves de Sousa

Jorge Silva Melo afirma ter sido enganado pela Câmara de Lisboa

O encenador e director dos Artistas Unidos, Jorge Silva Melo, diz ter sido "enganado" pela Câmara Municipal de Lisboa no caso do edifício A Capital e admite vir a processar o presidente, Pedro Santana Lopes, e a vereadora da Cultura, Maria Manuel Pinto Barbosa, por "incumprimento" dos acordos de requalificação do espaço no Bairro Alto que até 2003 foi sede da sua companhia.
"Quem ocupa cargos públicos não pode fazer promessas que não pode cumprir porque não é assim que se tratam os cidadãos", disse ontem Silva Melo em conferência de imprensa no Teatro Taborda.


Um abraço a Jorge Silva Melo, que não é o único cidadão a quem apetece processar não só a CML como todos os políticos que nos têm (des)governado de há décadas a esta parte.
PF

Ninguém desata o "Nó de Alcântara"?

Ontem, foi dado mais um pequeno ao novelo do chamado "nó de Alcântara". Ninguém sabe o que quer para ali. Há falta de coragem. Muita incompetência e mau gosto. E enquanto os gatos, de que Fialho de Almeida falava, se vão entretendo com o novelo, nós vamos tendo que aguentar com aquele viaduto imundo e temporário, que virou definitivo; com aquela passadeira vermelha inenarrável; com a imensidão de contentores que conspurcam a Gare Marítima de Alcântara; com a confusão de trânsito e estacionamento à volta das Docas de Alcântara; com o esventramento inconsequente dos edifícios industriais; com os planos milionários de arquitectos invocados como "guarda-chuva" institucional, conforme os argumentos pró-contra novelo; com promessas/ameaças de referendos sobre projectos que não passam disso; com o braço-de-ferro geracional entre CML e Porto de Lisboa; etc..
PF

Casa de Garrett: as últimas

Hoje, dia 31 de Março, ou amanhã, dia 1 de Abril, pelas 18H30, o programa RTP-Regiões emitirá uma reportagem sobre este assunto.

Sábado, o semanário "Expresso" publicará um artigo sobre este tema.

Segundo fonte fidedigna, a Srª Vereadora da Cultura já emitiu parecer sobre a casa de Garrett, tendo o processo passado já para a Srª Vereadora Napoleão, do pelouro da Reabilitação Urbana.
PF

29/03/2005

Dia 7 de Abril, mais um jantar-tertúlia «Falar Lisboa»

Recebemos das Oficinas do Património e da Reabilitação Urbana a seguinte convocatória:

"A Associação Ofícios do Património e da Reabilitação Urbana organiza numa quinta-feira de cada mês um jantar/tertúlia que designamos por “Falar Lisboa” e que se realizam na casa da Juventude da Galiza, na Rua Júlio de Andrade(no Torel), nº 3, às 20,30.

Esta iniciativa tem por objectivo criar um espaço de debate, reflexão e informação sobre a nossa cidade, visando a criação de uma consciência colectiva de que a cidade é constituída por todos nós e, nela, devemos exercer a nossa cidadania.

Dos jantares, surgiram os abaixo assinados para a defesa do Parque de Monsanto, e do Aqueduto, de que iremos dar noticia.

O próximo jantar será na quinta-feira 7 de Abril. O tema será «Tratar do Aqueduto», pelo Senhor Américo Pena ultimo Chefe da Brigada de Conservação deste monumento.

Também iremos reflectir em conjunto em como melhorar a vida dos que habitam ou trabalham na nossa Cidade

Agenda:

5ª feira, 07 de Abril (inscrições até 06 de Abril)
5ª feira, 05 de Maio (inscrições até 04 de Maio) Aceitam-se sugestões de temas.

Solicitamos que as inscrições sejam feitas antes da data limite, para os telemóveis seguintes: 933 476 949 – Drª. Gabriela Carvalho, 917 320 602 – Arq. Filipe Lopes ou arq.lopes@clix.pt. O preço por pessoa é de 16 €.

Drª. Gabriela Carvalho e Arq. Filipe Lopes
"

24/03/2005

CASA DE GARRETT NOVAMENTE EM PERIGO

Que o actual dono da casa de Garrett a tinha comprado para a demolir, já se sabia. Que o actual dono da casa de Garrett se estava marimbando para quem foi Garrett, já se sabia. Que o actual dono da casa de Garrett ligasse tanto ao valor patrimonial desta (e não estou a falar de valor em Euros!) como ao de uma merceeria ou loja de charutos, já se sabia. Que o actual dono da casa de Garrett fosse um Senhor Ministro, isso é que não se sabia. Segundo o jornal "Independente" de hoje, o actual dono da casa de Garrett é o novo ministro da Economia, Manuel Pinho.

Ora como Garrett está para o Teatro de Portugal, como Keynes está para a economia mundial, é caso para perguntar ao sr.ministro se calcula o que lhe fariam os britânicos se ele comprasse a casa de Keynes, para a demolir?

"Curioso" vai ser ver como irão reagir e decidir os responsáveis do IPPAR, da Câmara Municipal de Lisboa e do Instituto Camões, sobre que futuro dar àquele espaço. E aqui entram os senhores jornalistas, cujo papel em todo este caso tem sido notável. Contamos convosco!!

Curiosidade acrescida se tivermos em conta três aspectos: a quadra pascal que o país atravessa; o estado de graça do novo governo; e as pré-remodelações que se anunciam nos organismos públicos, a começar nos que podem resolver este imbróglio da Casa de Garrett.

Portugal merece Garrett?!

Paulo Ferrero

23/03/2005

Cinema Europa, em que ficamos?

Por mais que me esforce, continuo sem entender o movimento "S.O.S. Cinema Europa".
Genericamente, estou de acordo que se tente preservar todos os espaços culturais de Lisboa, até pela simples razão que nunca há equipamentos suficientes seja para o que for, muito menos para a Cultura. Mais de acordo fico quando esse esforço pela preservação toca a espaços fechados há muito tempo, o que é o caso. E mais ainda, quando esses espaços se encontram em locais onde fazem falta, como é o caso. E pertencem à memória de Lisboa, o que é o caso. E mais, muito mais ainda, quando os equipamentos em causa têm valor arquitectónico, o que não é o caso. Só que continuo a achar tudo isto bastante esquisito.
Não só porque o actual Europa é tudo menos um espaço com valor arquitectónico a preservar, pois nada tem que ver com o antigo e bonito Europa (vide fotos do site daquele movimento), sendo a sua classificação pelo IPPAR improbabilíssima; como porque os membros do movimento começaram por reclamar a classificação do Europa para agora se satisfazerem se a CML construir um silo no Europa, desde que conceda à Junta do Santo Condestável uma "Casa da Cultura", que definem como sendo composta por uma sala com capacidade para 100-200 (!!) pessoas, para exibição de filmes, encenação teatral, etc., e uma galeria para exposições.
Ora, ou bem que o Europa merece ser classificado, ou não merece. Ou bem que o Europa é recuperado e se mantém íntegro, ou não. Reclamar-se a não construção de um edifício de habitação no actual Europa, mas aceitar-se a sua transformação numa solução bizarra do género "silo automóvel+casa da cultura" parece-me esquisito.
E continuo sem entender como este movimento parece autista ao facto de ali perto, a menos de 500 mt. do Europa, estar o Cinema Paris, de pé e quase imaculado na sua velhice, que foi objecto de larga polémica há cerca de 2 anos (para a qual ninguém deste movimento contribuiu, ao que sei), cuja demolição se conseguiu travar, e para o qual a CML propôs a respectiva expropriação no Verão passado, e que pode ser, ele sim, a "Casa da Cultura" de Campo de Ourique, mas também da Lapa, da Freguesia Santa Isabel, dos moradores da Av. Infante Santo, etc.; assim seja efectuada a expropriação.
PF

22/03/2005

Alguém ajuda a União Zoófila?

Anteontem foi o Jardim Botânico que se queixou de não ter dinheiro para pagar a água para regar os seus (nossos) tesouros. Ontem, foi o Zoo que ficou sem os dinheiros de que precisava para cumprir as directivas comunitárias, adiando mais uma vez as obras prometidas. Etc, etc..

A civilidade, a qualidade de vida, o bem-estar, a saúde de uma cidade mede-se de muitas maneiras. Uma dela é esta: Crise voltou à União Zoófila. Uma cidade que assiste, todos anos, sazonalmente, ao abandono de cães e gatos pelos donos, por mil e uma desculpas de mau pagador; uma cidade em que uma das raras instituições - a União Zoófila - que se ocupam da recolha, tratamento, alojamento e encaminhamento desses animais se vê continuamente sem as quotas dos próprios associados, que tem que pagar água, gás e luz como se fosse uma entidade com fins lucrativos, e que vive do voluntarismo de alguns que não "quem de direito", é uma cidade atrasada. É isso que Lisboa é, por mais que se afirme o contrário.

PF

O Aqueduto continua em risco de mutilação

Portugal merece D.João V?

Sob o título de "Aqueduto quebrado - o 'último acto em Lisboa'", o "Público" de ontem faz referência mais uma vez ao que tem sido a novela "mutila, não mutila" o Aqueduto das Águas Livres, por causa da via-rápida, dita CRIL. De nada parecem servir os abaixo-assinados lançados em boa hora pelas Oficinas do Património e da Reabilitação Urbana. Havendo alternativas estudadas, mas recusadas, a conclusão que se tira deste caso é, mais uma vez, só uma: para quem de direito, o asfalto conta mais do que o património.

Como irá lidar o novo governo com este problema? Da mesma maneira de todos os outros até aqui?
PF

17/03/2005

Ainda o movimento pró-Cinema Europa

E a propósito das fotos que o movimento S.O.S. Cinema Europa apresentam, elas confirmam o que aqui deixei há tempos:

O actual Cinema Europa não tem qualidade para ser classificado pelo IPPAR.
O actual Cinema Europa nem tem características que o possam tornar "a" sala de cultura de Campo de Ourique.
O actual Europa há muito que deixou de ser o outro Europa.
O actual Europa mais não é do que uma sala de ensaios e estúdio de gravações.

Por isso, continuo sem perceber a razão de ser desta manifestação, quando ali ao lado existe o antigo Cinema Paris, que além de ser uma sala com muito maiores potencialidades; além de já estar protegido pelo IPPAR por se encontrar no perímtero da Basílica da Estrela; além de ter sido objecto formal de proposta de expropriação por parte da CML, em Junho de 2004; e além de ter um projecto de utilização cultural de grande nível, quer para a zona quer para o edifício; é um cinema que, apesar de ter sido esventrado e vandalizado durante mais de 20 anos, mantém a sua beleza original, o seu pé direito único e todas as características que, potencialmente, fazem dele "a" sala por excelência de toda essa zona, a começar por Campo de Ourique, mas que abrange também a Lapa e não só.

Por outro lado, continuo sem perceber como este movimento pelo Europa começa por defender a sua classificação pelo IPPAR, e depois afirma-se satisfeito por a CML anunciar um silo automóvel para lá, desde que deixe uma área para eventos culturais. Por favor, indiquem-me a lógica de tudo isto, que continuo a não entender.

Caso contrário, fico a pensar que tudo isto não passa de uma guerra política entre Juntas de cores diferentes, o que seria grave.

Paulo Ferrero

16/03/2005

Auto-silos, para quê?



Serão os silos automóveis a resposta para a falta de estacionamento dos moradores das zonas históricas?

E serão os silos e os parques subterrâneos apenas negócios (legítimos) de construção civil? Quem estaciona lá? Moradores ou visitantes? Estarão vazios?

A propósito do silo actualmente em construção para as Portas do Sol, de que damos conta no nosso site, do que já se construiu na Calçada do Combro (e para o qual a Srª Presidente da Junta de Santa Catarina apenas diz ter tomado conhecimento de que era um mamarracho inenarrável depois de já estar feito), e do que se projecta para o Mercado do Chão do Loureiro, aqui ficam as perguntas.
PF

Ainda sobre o debate de ontem,

aqui fica o balanço do "Diário de Notícias", sob o título de "'Dossier' Inglesinhos o tempo passa mas o filme repete-se" e pela pena justa da jornalista Maria João Pinto. Eis a totalidade do texto:

"Bens de valor patrimonial deixados ao abandono, promotores que se permitem apresentar projectos lesivos, legislação que oscila entre a omissão e a permissividade, cidadãos que não conseguem encontrar interlocutor nos organismos do Estado ou da administração local, vozes qualificadas a "clamar no deserto" há largos anos - como um filme que se repete, a anunciada conversão do Colégio dos Inglesinhos em condomínio fechado encontra paralelismos numa longa sucessão de casos idênticos.

No debate que, segunda-feira à noite, se realizou por iniciativa do Forum Cidadania Lisboa e do Centro Nacional de Cultura (CNC), Gonçalo Ribeiro Telles lembraria alguns desses casos - da destruição das quintas do Paço do Lumiar ao vale de Chelas - e aquela que considera ser a raiz deste quadro recorrente da estrutura natural à memória da cidade, "tudo se transformou numa 'área de oportunidade' porque tudo está à venda'". Perdas sucessivas "de que seremos responsabilizados", como referiu, por seu lado, o olisipógrafo José Luís de Matos, e cuja sistemática repetição "nos mostra como Portugal tem do património uma visão terceiro-mundista", na expressão de Matilde Sousa Franco.

Pela voz da directora municipal de Reabilitação Urbana, Mafalda Magalhães Barros, e de técnicos da Unidade de Projecto do Bairro Alto e Bica, a assistência que lotou a sala do CNC ficou a saber que, na sua primeira versão, o projecto da Amorim Imobiliária "esventrava por completo" o interior dos Inglesinhos. "Recusando ver-se no banco dos réus" pela luz verde que o empreendimento obteve da autarquia e do Ippar, os mesmos técnicos consideraram que, não fôra a sua "luta e duras reuniões com o promotor", o projecto não teria conhecido as "três ou quatro versões" que teve até hoje. "Movemos Céu e Terra para que o promotor o alterasse", referiu Helena Pinto Janeiro, historiadora daquele gabinete, "num movimento inédito no seio da Câmara de Lisboa, para que se salvaguardasse o máximo de elementos de valia patrimonial, e conseguimo-lo - o Colégio dos Inglesinhos não será destruído nem descaracterizado e o essencial será preservado".

As afirmações do Gabinete do Bairro Alto não chegam, no entanto, para apaziguar a apreensão dos moradores que têm contestado um projecto cuja finalidade já mudou várias vezes - de "clube residencial para idosos acamados" a "loteamento de luxo", guindado, mais recentemente, a "intervenção-modelo de recuperação de património", na linguagem promocional do mercado imobiliário. Para o cineasta José Fonseca e Costa, há razões para essa apreensão, seja pela "ausência de diálogo", seja pelos "pormenores inquietantes que a consulta do processo forneceu". Na mais nova versão do projecto, "os pontos mais agredidos serão os jardins e a ala virada à estreita Rua Nova do Loureiro", onde surgirá um novo corpo, servido pela abertura de vãos no muro de contenção atribuído a Carlos Mardel.

"O que verificamos", referiu o arquitecto Raul Hestnes Ferreira, "é que a intervenção aprovada nada tem a ver com as três únicas acções que se podia ter nos Inglesinhos - restauro, reabilitação, beneficiação". A interposição de uma providência cautelar, em apreciação em tribunal, não teve, até ao momento, efeitos práticos no terreno "A obra prossegue, sendo já vários os elementos demolidos".

O facto de "tudo isto ter sido aprovado sem consulta pública" constituiu, para a generalidade dos presentes, outro motivo de perplexidade, tanto mais que intervenções em zonas históricas requerem cuidado extremo. A necessidade de equipamentos que sirvam a comunidade seria, de resto, várias vezes sublinhada e apontada como a via mais adequada ao perfil do imóvel. A actriz Silvina Pereira lembraria, a propósito, aquele que poderia ter sido o uso mais condizente com os Inglesinhos o de extensão natural do Conservatório Nacional - há muito a braços com graves problemas de espaço -, caminho que "várias vezes foi tentado" sem sucesso.
"

PF

15/03/2005

Debate sobre o Convento dos Inglesinhos: balanço

1. A Direcção de Reabilitação Urbana da CML e a Unidade de Projecto do Bairro Alto recusam-se a ser considerados réus neste caso do Convento dos Inglesinhos.

Observações:

1.1 Auto-considerar-se como réu de qualquer coisa é sinal de pêso na consciência.
1. 2. Agradece-se o esforço imenso ("gigantesco", como gostava de dizer o ex-edil da outra vereação) que a CML e a referida unidade de projecto fizeram/façam pelo Convento dos Inglesinhos. Só que esse esforço não chega, é curto. Exige-se mais.
Exige-se que o pouco património de Lisboa seja recuperado, como se faz lá fora, onde qualquer cidade de província de Espanha, França ou Itália, por exemplo, tem os seus, "conventos dos inglesinhos" aproveitados das mais variadas formas, e abertos ao público, mas tudo menos reconvertidos em condomínio fechado, sobretudo numa zona, o Bairro Alto, que tem uma taxa de habitante por hectare muito superior à média lisboeta, e onde faltam espaços verdes e equipamentos culturais. Exige-se aos nossos representantes, e a quem cabe zelar pelo nosso património, que abram os olhos quando vão lá fora, e não se limitem a angariar investidores imobiliários. Já chega de construção civil!

2. A Srª Presidente da Junta de Santa Catarina acha que o silo da Calçada do Combro é um caso mais polémico e importante do que o do Convento dos Inglesinhos.

Observações:

2.1 É triste que esta seja a opinião da Srª Presidente da Junta.
2.2 É sintomático que a Srª Presidente da Junta já tenha deixado cair o argumento pró-projecto de condomínio de que "aquilo sempre foi um espaço fechado".

3. A Unidade de Projecto do Bairro Alto considera estranho que os cidadãos só falem do Convento dos Inglesinhos quando há mais casos para defender, a começar pelo Convento de Arroios.

Observações:

3.1 O Forum Cidadania Lisboa foi criado recentemente e no seguimento dos vários movimentos de protesto que têm vindo a público, aqui e ali.
Sejamos claros: os cidadãos estão fartos da incompetência generalizada. Estão fartos do "laissez-faire, laissez-passer". Estão fartos de ser "tratados nas palminhas" em hora de eleições e depois serem votados ao desprezo. Estão fartos de verem o património a desaparecer todos os dias. Estão fartos de andar no "pára-arranca" todos os dias. Estão fartos de ver os cafés desaparecerem, o comércio tradicional falir, e por aí adiante.
3.2 O Forum Cidadania Lisboa abraçou esta causa dos Inglesinhos por se tratar de um assunto que se afigura como "case study" em termos do que não deve ser a abordagem de um promotor, daquilo que não deve ser a resposta de quem de direito, e daquilo que deve ser a intervenção cívica (atrasada ou não, pouco importa, pois mais vale tarde que nunca).
3.3 Estamos de acordo erm que há muitos mais casos de património ao abandono, em risco, etc. (a começar, por exemplo, por outro convento de que já ninguém fala: o Convento da Graça) e por que vale a pena lutar.
A breve trecho o Forum Cidadania Lisboa irá ocupar-se deles, assim o permitam a disponibilidade dos cidadãos (todos eles envolvidos de forma gratuita, e sem qualquer preocupação que não seja Lisboa) e o alcance da sua voz (que vive basicamente desse instrumento poderosíssimo que é a Net).
3.4 No caso do Convento de Arroios, seria bom que os moradores daquela zona se mobilizassem, mormente se o empenho de quem de direito tiver sido/seja/for igual ao havido em relação aos Inglesinhos.
De qualquer forma, graças à receptividade que o Forum Cidadania Lisboa tem tido junto da imprensa (obrigado a todos!), é natural que aqueles que lidam mais de perto com aquilo que se passa com esse convento de Arroios, se juntem a nós, já que a informação que temos sobre esse caso é quase nula.

4. É caricato como o Plano Director Municipal (o que já foi, o que ainda é e o que há-de ser) continua a servir de desculpa e de escudo para as mais variadas barbaridades.
PF

Debate sobre o Convento dos Inglesinhos: agradecimentos

Em nome do Forum Cidadania Lisboa, quero agradecer, muito, ao Centro Nacional de Cultura, na pessoa do seu Presidente, Senhor Dr. Oliveira Martins, e na das Drª Teresa Ferreira Gomes, D. Ana Mendes e Drª Helena Serra, pela simpatia e amabilidade demonstradas, pelo interesse nesta causa e pela organização do debate.

Agradeço também, e muito, a participação da Senhora Drª Matilde Sousa Franco e do Senhor Arqº Ribeiro Teles, bem como a presença da Senhora Drª Maria José Nogueira Pinto, da Senhora Presidente de Junta, D. Irene Lopes, dos representantes da CML e da Unidade de Projecto do Bairro Alto.

Lamentamos a ausência de última hora do Prof. José-Augusto França e da Senhora Vereadora Eduarda Napoleão, cujos depoimentos teriam esclarecido ainda mais os presentes.

Quero agradecer ainda a todos os jornalistas que no "Diário de Notícias", "Jornal da Região" e "Jornal de Notícias" (ontem) e "A Capital" (hoje) deram voz a esta luta pela preservação do Convento dos Inglesinhos. Bem hajam!

Os nosso parabéns ao Senhor Arqº Raúl Hestnes Ferreira, pela clareza da sua intervenção, como representante dos cidadãos interessados pela preservação do Convento dos Inglesinhos.

Paulo Ferrero

14/03/2005

Hoje é dia de debate sobre o Convento dos Inglesinhos

Às 18H30, na Galeria Fernando Pessoa do Centro Nacional de Cultura, no Largo do Picadeiro, nº 10 - 1º (traseiras do Teatro São Luiz).

Obrigado ao "Diário de Notícias", ao "Jornal de Notícias, ao "Jornal da Região" e ao "Público", pela atenção que dedicam a este debate nas suas edições de hoje. Obrigado!
PF

11/03/2005

Convento dos Inglesinhos: debate, 2ª Feira, dia 14, 18H30

O Centro Nacional de Cultura irá acolher na próxima Segunda-feira, dia 14 de Março, pelas 18H30, uma importante sessão-debate sobre o estado de coisas no Convento dos Inglesinhos, no Bairro Alto.

Esta iniciativa conjunta Forum Cidadania Lisboa-CNC, de entrada livre, contará com a presença de personalidades e instituições de quem dependem directamente o presente e o futuro do Convento dos Iglesinhos, estando neste momento já confirmadas as presenças da Drª Matilde Sousa Franco (autora da melhor monografia sobre o Convento dos Inglesinhos), do Prof. José-Augusto França (historiador e olisipógrafo), do Arqº Ribeiro Teles, da Vereadora Eduarda Napoleão, da Drª Maria José Nogueira Pinto (Provedora da Santa Casa da Misericórdia, ex-proprietário do Convento), de Irene Lopes (Presidente da Junta de Freguesia de Santa Catarina), de responsáveis da Unidade de Projecto do Bairro Alto, e de José Fonseca e Costa, entre outros.

Aguarda-se confirmação do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, do Ministério da Cultura, do IPPAR, da Ordem dos Arquitectos, e da Amorim Imobiliária e respectivo autor do projecto em apreço.

Se quer ter uma palavra a dizer sobre este assunto ... COMPAREÇA!!

Para esclarecimentos adicionais, por favor, queiram contactar-nos para este forum, ou directamente para o Centro Nacional de Cultura, sito na Rua António Maria Cardoso, Nº 68, em Lisboa (tel. 21 346 67 22; fax: 31 342 82 50; Email: info@cnc.pt).

10/03/2005

Rua Augusta ... e bustos do Jardim de São Pedro de Alcântara

1. Rua Augusta a funcionar 24 horas é tema de concurso de ideias

Trata-se, a meu ver, de uma boa ideia. Diz o regulamento do concurso que, "mantendo-se o edificado e trabalhando os espaços vazios entre os edifícios, é pedido aos concorrentes que apresentem propostas que tragam algo de novo àquela zona da Baixa".

Mas atenção ao seguinte: que não passe pela cabeça de ninguém, cobrir a Rua Augusta como modernices. Porque se no tempo de Fialho de Almeida o poder de então recusou a sua ideia de ali conceber algo parecido com as galerias de Bruxelas, Milão ou Nápoles, então não haverá modernice que nos valha.

2. Roubo escandaloso de esculturas em Lisboa

O pobre do Jardim de São Pedro de Alcântara, um dos mais bonitos de Lisboa (que já teve prevista, imagine-se, a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, exactamente debaixo do seu patamar inferior), é uma vergonha como se mantém paulatinamente em regime de auto-gestão, seja qual for a vereação camarária. Nada é cuidado. Os canteiros têm uma mísera erva daninha, arvorada em relva. A bonita e trabalhada vedação em ferro, que circunda o miradouro, está partida em variadíssimos pontos, e quando susbtituída é-o por tubos simples de ferro. A buganvília está completamente ao Deus dará. Os bancos estão vandalizados. As bicas estão imundas. O pátio (onde alguém teve um dia a ideia luminosa de ali montar um recinto de jogos, outro alguém teve a boa ideia de acabar com ele, e ali montar de vez em quando eventos como feiras de moda, etc.) está com as pedras soltas, o piso esburacado e sujo. O patamar inferior do Jardim, onde existia um magnífico chalet, que foi entretanto deitado abaixo, tem os canteiros com lixo, e apresenta os suportes dos bustos decapitados, um sim, outro não; ora fruto de roubo, ora fruto de vandalismo.

Falou-se em tempos da programada operação de restauro do patamar inferior, da reposição dos bustos (a maioria dos decapitados encontra-se algures em armazém camarário), da reconstrução do chalet demolido como casa-de-chá e restaurante, e da revitalização de todo o jardim. Como tudo quanto nos prometem, ficou por cumprir até agora, mas em ano de eleições certamente que mais promessas virão...

PF

Convento dos Inglesinhos: projectista ignorou despacho do IPPAR, e vistoria municipal foi esquecida

Curiosos os extractos do depoimento do arquitecto responsável pelo projecto da Amorim Imobiliária, José Carlos Travassos:

"...não foi considerado o despacho do Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) que obrigava a serem previamente assegurados os trabalhos de prospecção arqueológica como condição para um parecer final positivo"; "... tal obrigatoriedade não foi determinada nem pela Câmara Municipal de Lisboa nem pelo Ippar e salientou que todos os pareceres das duas entidades foram cumpridos".

Quando confrontado com o despacho do IPPAR, de 18 de Fevereiro de 2003, assinado pelo então responsável pela Direcção Regional de Lisboa, Manuel Máximo Lapão, o arquitecto disse que "não tinha presente o documento", acrescentando: "Se é exigível far-se-á". Isto apesar de o documento determinar que os trabalhos fossem "previamente assegurados" e de José Carlos Travassos ter confirmado que as obras já estão em curso, tendo sido demolida parte de um muro na Rua Luz Soriano.

Sobre o muro da Rua Nova do Loureiro, cuja autoria é atribuída a Carlos Mardel, Travassos admitiu que "Deixa de ser de contenção e passa a ser de fachada, que vão ser colocadas grades nos vãos e que vai ser aberta uma área para acesso de veículos a um parque subterrâneo. Passa a ter outra lógica cenográfica", resumiu, confrontado com o facto de o documento camarário afirmar que o muro deve ser preservado com todos os seus elementos decorativos, incluindo os vãos cegos, e deve manter a sua imagem de muro de suporte de jardim.

Quanto aos "tectos de saia e camisa" do piso 3, igualmente referidos pelo auto de vistoria como a preservar, a testemunha admitiu que não foram considerados, confirmando ainda a alteração de uma das fachadas e do desenho das águas dos telhados, argumentos invocados pelos requerentes para pedir a suspensão do licenciamento emitido pela autarquia e a suspensão da obra.

PF

09/03/2005

Por cada boa notícia, há 2 más notícias

Como por cada boa notícia diária sobre o património alfacinha, há logo duas más notícias que se levantam, aqui ficam as de hoje, relativas a dois casos URGENTES de atentado a dois imóveis lisboetas de supra-importância:

1.Aqueduto das Águas Livres

Esta notícia do "Diário de Notícias", vem na sequência do magnífico trabalho que a Associação Ofícios do Património e da Reabilitação Urbana (Oprurb) tem vindo a fazer, desde há um ano a esta parte.

Resumindo e concluindo, o problema é o seguinte: no âmbito da execução do troço final da Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL), está prevista a demolição de parte do Aqueduto das Águas Livres (sim, digo bem, do Aqueduto das Águas Livres!!!), mais exactamente um troço enterrado de 180 metros, do aqueduto principal, bem como de 55 mt. do aqueduto subsidiário das Francesas.

A OPRURB lançou um abaixo-assinado contra (que reuniu mais de 9.000 assinaturas). A OPRURB proprôs uma solução alternativa a quem de direito, que até agora não teve resposta, senão do Instituto de Estradas de Portugal, que a reconheceu como tecnicamente viável, mas "cara", como se 740 mil euros fossem caros para os mamarrachos que se constroem por aí, a mando do "progresso".

O caricato de tudo isto é que, segundo o Arqº Filipe Lopes, da OPRURB, este problema poderia ter sido evitado se, antes da execução do nó da Buraca - e estamos a falar já de datas como 1965, aquando do Plano Director da Região de Lisboa, se se tivesse atendido aos valores em presença, "Já se sabia que o aqueduto passava ali e, de resto, até 1996, o Ippar sempre disse firmemente 'não' à demolição, justamente porque o traçado colidia com o monumento".

Uma pergunta é inevitável: Portugal merece D.João V?

2. Convento dos Inglesinhos

O julgamento da providência cautelar começou ontem, dia 8 de Março. Os relatos do que foi ontem dito estão aqui, em mais um inestimável serviço de esclarecimento público do "Público".

Neste primeiro dia, realce para as declarações do Arq. Ribeiro Teles, sobre o "espaços vedes" que o projecto prevê: "É um "jardim da Celeste" ridículo, que atinge a memória e a cultura daquela zona histórica da cidade e não funciona. Não tem presença como sistema natural no equilíbrio ecológico" . "A preservação de quintas e logradouros interiores é fundamental na cidade" ... "a manutenção do jardim do Convento dos Inglesinhos é completamente imprescindível, em nome das características não só morfológicas como também estéticas do local".

Já os arquitectos Alberto Castro Nunes e Hestnes Ferreira, e o historiador Jorge Estrela alertaram o tribunal para a "não preservação de todos os elementos decorativos do muro da Rua Nova do Loureiro, incluindo a sua destruição parcial para possibilitar o acesso a um estacionamento subterrâneo, a abertura dos vãos cegos com a colocação de grades e o facto de ficar eliminada a sua função de suporte de um jardim suspenso", contestando ainda "a transformação da cozinha do Convento dos Inglesinhos num apartamento, a não manutenção da fachada com a ampliação de um piso, a não preservação de alguns tectos existentes, a destruição de uma galeria de acesso à igreja e o emparedamento de outra".

Duas perguntas, em jeito de teaser:

Porque não a Orquestra Metropolitana de Lisboa, em vez de um condomínio?
Porque não uma escola-museu de artes e ofícios, em vez de um condomínio?

PF

Projecto requalifica lojas do Chiado

Este título do "Jornal de Notícias" de hoje é uma boa notícia. Porquê? Porque vem na linha do que tem sido feito ao abrigo do Fundo Remanescente de Reconstrução do Chiado (FRRC), que, recorde-se, surgiu nesta Vereação como forma, instrumento, para se aproveitarem as verbas (cerca de 45 milhões de euros) que tinham sido destinadas ao Chiado, para o pós-incêndio de 1988, e que o anterior executivo camarário não aproveitou, vá-se lá saber as razões - que a razão desconhece.

Com este alargamento do Fundo aos espaços comerciais degradados do Chiado, pode ser, repito PODE SER, que tenhamos oportunidade de ver restauradas e atractivas algumas das velhas e emblemáticas lojas que ainda existem por ali (e sabemos quão escassas elas já são). Eu ficaria especialmente contente se começassem pelas magníficas retrosarias da Rua da Conceição, por exemplo.

De salientar, ainda, que o Fundo pretende intervir em alguns largos do Chiado, o que será uma ainda melhor notícia.

PF

Parque Mayer: a opção jardim

Engraçado como o tema surge em cima da mesa, de um momento para o outro. Engraçadas as respostas deste mini-inquérito, levado a cabo na edição de hoje do "Público".

À pergunta "O que pensa da hipótese de transformar o Parque Mayer num jardim?";

Aurora Sousa, empregada de escritório, de 50 anos, afirma "Não estou bem dentro do assunto, mas acho mal. Não concordo porque a câmara deve recuperar os teatros";

Esmeraldo Marques, empresário, também 50 anos, diz "Não concordo muito. Até fica bonito, mas pouco se pode aproveitar. Temos de nos preocupar mais com as partes úteis e o teatro dava emprego a muita gente";

Wagner Batista, advogado, 28 anos, responde "Eu acho que talvez não seja uma boa ideia, porque devia ser mantido aquele espaço";

e José Amaral, oficial de justiça, de 53 anos, diz "Acho bem que o transformem num jardim, porque nesta cidade é só cimento, só cimento".

Estamos falados.
PF

08/03/2005

Sessão-debate sobre o Convento dos Inglesinhos, dia 14, às 18H30

O Centro Nacional de Cultura irá acolher na próxima Segunda-feira, dia 14 de Março, pelas 18H30, uma importante sessão-debate sobre o estado de coisas no Convento dos Inglesinhos, no Bairro Alto.

Esta iniciativa conjunta Forum Cidadania Lisboa-CNC, de entrada livre, contará com a presença de personalidades e instituições de quem dependem directamente o presente e o futuro do Convento dos Iglesinhos, estando neste momento já confirmadas as presenças da Drª Matilde Sousa Franco (autora da melhor monografia sobre o Convento dos Inglesinhos), do Prof. José-Augusto França e de José Fonseca e Costa, entre outros.

Estão neste momento a ser feitos convites expressos à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, ao Ministério da Cultura, ao IPPAR, à Santa Casa da Misericórdia, à Junta de Freguesia de Santa Catarina, à Amorim Imobiliária (e ao autor do respectivo projecto), à Unidade de Projecto do Bairro Alto, à Ordem dos Arquitectos e a diversas personalidades.

Para esclarecimentos adicionais, por favor, queiram contactar-nos para este forum, ou directamente para o Centro Nacional de Cultura, sito na Rua António Maria Cardoso, Nº 68, em Lisboa (tel. 21 346 67 22; fax: 31 342 82 50; Email: info@cnc.pt).

Projecto para o Convento dos Inglesinhos começa hoje a ser julgado

Violação de "vários artigos" do PDM é um dos argumentos invocados pelo advogado José Sá Fernandes e pelo realizador Fonseca e Costa.

Boa sorte para os autores da providência cautelar, e boa sorte para o Convento dos Inglesinhos.

PF

P.S. Será anunciada em breve uma iniciativa do Forum Cidadania Lisboa sobre este assunto.

07/03/2005

Parque Mayer Talvez um Jardim

Eis uma opinião que vem de encontro àquilo que quase todos nós pensamos mas que não dizemos, por razões que a razão desconhece:
Mais valia transformarem o Parque Mayer num jardim público, fazendo ligação com o Jardim Botânico, e recuperando o Capitólio como sala de espectáculos polivalente, do que deitar dinheiro à rua em projectos megalómanos.
PF

Fonte monumental da Alameda reactivada em Setembro

Esta sim, é uma boa notícia para todos nós, que gostamos de ver recuperados os sítios de Lisboa de que mais gostamos. E a fonte da Alameda D.Afonso Henriques e a área envolvente há muito que mereciam obras de fundo. Parece que é desta que a fonte ganha a monumentalidade perdida. Veremos em Setembro se assim é; se assim for, então, muito OBRIGADO a Santana Lopes e a Carmona Rodrigues, e ao Metropolitano de Lisboa.

PF

04/03/2005

Cinema Alvalade junta habitação ... e Paris ainda à espera da sessão

Aproveitando este artigo da edição de hoje do "Jornal de Notícias", quero sublinhar o seguinte:

1.Cinema Alvalade

a) Segundo o que me foi assegurado por um alto-responsável daquela congregação, há 4 anos, a IURD não abandonou o Alvalade. Ela foi forçada a sair depois de exigir aos proprietários que fizessem obras de conservação das coberturas, o que nunca aconteceu;
b) O painel de Estrela Alves de Faria, segundo me foi dit,o há poucos meses, pela restauradora do painel, o restauro decorre a bom ritmo, embora o painel estivesse em muito mau estado, devido aos actos de vandalismo ocorridos enquanto o cinema esteve devoluto, e devido à demora em retirá-lo, já depois das obras de demolição terem avançado. Desconheço se o resultado do restauro será o painel da pintora Estrela, ou um novo painel.
c) A demolição do Alvalade resulta da total indiferença da generalidade de quem de direito, desde a Junta de São João de Brito (que poderia ter olhado mais para a comunidade do que para o próprio umbigo) à Inspecção-Geral das Artes e Espectáculos, que emitiu um parecer dando luz verde à demolição, com o argumento de que há salas de espectáculo a mais naquela zona (!);
d) Os proprietários do Alvalade acenam agora com a abertura de 4 salas de cinema nas caves, no futuro edifício, e com a atribuição de nomes de actores e realizadores aos apartamentos que irão vender. Além de ser hipócrita, o facto prende-se, penso, com a necessidade de garantir que a actividade do futuro Alvalade se prende minimamente com artes e espectáculos..

2. Cinema Paris

a) A Lusomundo, a fim de garantir público para os cinemas do C.C. Amoreiras, resolveu desinvestir abruptamente no Paris. Fechou o cinema, e colocou-o à venda, o que aconteceu já há alguns anos;
b) Durante a vereação de João Soares esteve afixado um aviso de "informação prévia" para um projecto que ninguém sabe muito bem o que era, mas que parece incorporaria a construção de habitação, escritórios e zona comercial na área por detrás do Paris. O Paris, esse seria transformado em centro de conferências;
c) Ainda durante essa vereação, tentou-se vender o Paris à cadeia de supermercados LIDL que o recusou, conforme informação que recolhi há cerca de 3-4 anos, junto do responsável da LIDL para Lisboa;
d) Também nessa altura a Junta da Lapa alertou a CML para a necessidade de recuperar o Paris para os fregueses da zona;
e) Sensivelmente na mesma altura, o Coral Lisboa Cantat apresenta à CML e ao IPPAR o seu projecto para oficina vocal;
f) A actual vereação, em finais de 2002 entendeu por bem mandar demolir o Paris, com o argumento de que estava em risco de ruína, como se edifícios como o Paris caíssem à mínima rajada de vento, como se comprova facilmente indo lá neste momento: o Paris está de pé (pese embora tenha sido completamente vandalizado) e estará de pé, até que o deitem abaixo;
g) Paralelamente, uma estudante apresenta à Junta e à CML um projecto de hotel e casa de chá, com "memorabilia" cinéfila, mas que implicará não só a demolição do interior do Paris, como a completa descaracterização da sua fachada, dado o look à C.C.Monumental que surgiu num artigo do "Expresso";
h) Devido ao protesto e ao empenho de muitos cidadãos interessados, a começar pela Junta da Lapa, a demolição é interrompida pela CML e o próprio Presidente Santana Lopes comunica essa decisão nos jornais, convidando os lisboetas a verem in loco como está o Paris; o que fiz de imediato;
i) Posteriormente, e há pouco tempo, exactamente a 17 de Junho de 2004 (conforme consta em Boletim Municipal), e sob proposta de Santana Lopes, a CML aprova por unanimidade a intenção de expropriar o Paris, atribuindo-lhe o valor de 816.228 €, e propondo ao Governo a respectiva autorização de posse administrativa do Paris. Pela imprensa, sabe-se ainda que o actual proprietário terá ainda direito a uma permuta para construir na Alta de Lisboa. Ao mesmo tempo, a CML anuncia que o futuro do Paris passará por um projecto cultural.

E mais nada se sabe sobre o Paris.

PF

03/03/2005

A faena já acabou? Viva o progresso

Nova Praça do Campo Pequeno pode reabrir em Agosto, pode ler-se na imprensa de hoje. Mais à frente, lê-se esta coisa fantástica:

"Ao longo da visita, Carmona Rodrigues pôde aperceber-se da envergadura do projecto: um parque de estacionamento para 1250 lugares, uma praça de restauração por debaixo da arena, com 2200 metros quadrados e 11 restaurantes, 70 lojas, oito salas de cinema, um restaurante de luxo no torreão, 18 elevadores, 12 escadas rolantes, camarins para 150 artistas. As bancadas, com oito mil lugares, foram integralmente reconstruídas e a praça, segundo o promotor, terá acústica para receber a Orquestra Sinfónica de Londres. As paredes foram descascadas e a estrutura metálica inteiramente renovada. A avaliação inicial e o acompanhamento das obras foi feito pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Instituto de Soldadura e Qualidade e pelo professor Gaspar Neto, do Instituto Superior Técnico.
Uma empresa holandesa fez a recuperação do tijolo. Foram reconstruídos 500 mil e colocados 12 mil tijolos novos. As cúpulas metálicas foram pintadas de azul, a cor do projecto inicial".


No final desta verdadeira faena que tem sido a "recuperação do Campo Pequeno", quem levará as orelhas e o rabo?

A terminar, uma sugestão: peçam à Orquestra Sinfónica de Londres para ensaiar pasos dobles e encontrar até ao Verão um corneteiro!
PF

02/03/2005

Entre o Paris e o Europa, escolho o primeiro, de caras



(Foto: Sofia Sá da Costa)

A propósito do movimento em prol do Cinema Europa, e porque há muito que me bato pela recuperação das antigas salas de cinema de Lisboa, tenho que dizer aos cidadãos que o protagonizam o seguinte:

1. O Europa de hoje não tem nada a haver com o Europa de ontem. O Europa sofreu imensas obras ao longo dos anos, que o desvirtuaram para sempre.

2. Ali ao lado existe o Cinema Paris que, pelas suas características e historial; pelo facto de estar protegigo pelo IPPAR em virtude de constar do perímetro da Basílica da Estrela; pela expectativa de uma expropriação anunciada pela CML; pela existência de um projecto válido de exploração - o da oficina vocal do Coral Lisboa Cantat, susceptível de ser completado outras valias culturais - pode muito bem ser "o" pólo cultural de toda aquela zona de Lisboa, de Campo de Ourique à Lapa, passando pela Av.Infante Santo, Santa Isabel, etc.

É uma pena não poderem co-existir os dois neste nosso tempo. Mas isso é algo que se assemelha impossível. E tendo que optar por um dos dois espaços, como parece ter que ser a decisão da CML, eu não hesitaria um minuto em prol do Paris.

Finalizo, apelando ao fim das guerras entre Juntas, entre blocos, entre cores. Somos demasiado pequenos para isso... E mais vale o Paris na nossa mão, do que o Paris e o Europa a voar.

PF

Capitólio, Imóvel de Interesse Público, para quê?


(foto: IPPAR)


A notícia é toda ela um prodígio de encenação teatral (digna das famosas réplicas de Estêvão Amarante e Luísa Satanela), dado que o que está em causa em todo este imbroglio à volta do futuro do Parque Mayer é um negócio chorudo para uma firma de construção civil (que gosta de explorar parques de estacionamento subterrâneos), em troca do cumprimento de uma promessa eleitoral que voltará a sê-lo nas próximas autárquicas, já em Setembro-Outubro.

Mais, a empresa de construção além de, parafraseando a linguagem do deputado municipal do PC, trocar um "esqueleto" - o Parque Mayer - por uma bela "chicha" - os terrenos livres da Feira Popular -, ainda ficará com os direitos de exploração dos futuros estacionamentos subterrãneos circundantes ao futuro Parque Mayer.

Contudo, o que mais me aflige em toda esta encenação é o arrojo da Senhora Vereadora do Planemento Urbanístico, Eduarda Napoleão, referindo-se ao Cine-Teatro Capitólio como sendo "uma perda certa". Assim, segundo esta nossa eleita:

O Capitólio, que data de 1931, que é da autoria de Cristino da Silva (um dos nossoa maiores arquitectos de sempre); que é internacionalmente elogiado como um bom exemplo da arquitectura daqueles anos de bom gosto (veja-se o que dele disse Norman Foster, por ex.); e que é classificado pelo Ippar, integralmente, como Imóvel de Interesse Público (ver ficha), deverá

"ser demolido... este exemplo da arquitectura moderna devia ter sido preservado pelos seus donos, mas que é praticamente impossível mantê-lo, como indicam estudos do LNEC. A única hipótese é, pois, desclassificar o teatro", referiu a Senhora Vereadora.

Perguntas imediatas:

1. De que serve classificar-se um imóvel para depois o desclassificar?
2. De que serve classificar-se um imóvel se nunca se consegue coagir o proprietário a conservá-lo?
3. Não será uma enorme hipocrisia a classificação seja do que for?
4. O dinheiro vale mais do que o património?

PF

01/03/2005

Requalificação no Bairro Alto segue a bom ritmo

O presidente da Câmara, António Carmona Rodrigues, visitou alguns dos principais edifícios que estão, actualmente, a ser alvo de obras de recuperação no Bairro Alto, no dia 28 de Fevereiro. Esta visita, conduzida pela presidente da Junta de Freguesia da Encarnação, Ana Sara Brito, contou com as presenças da vereadora do pelouro da Reabilitação Urbana, Eduarda Napoleão, e do vereador dos pelouros do Trânsito e Espaços Públicos, António Monteiro.
Acho bem que o Bairro Alto esteja finalmente a ser cuidado. Acho bem que o trânsito tenha sido seriamente restringido. Acho bem que o Bairro Alto tenha sido classificado pelo IPPAR. Mas o que está em marcha é muito pouco, é muito lento e sem efeitos que se vejam. E fica uma dúvida:

O outro lado do Bairro Alto não conta? O Bairro Alto que pertence jurisdicionalmente à Freguesia de Santa Catarina? Será porque nesse outro Bairro Alto tudo está «bem»? Não me parece. A começar pelo escândalo do Convento dos Inglesinhos e pela operação-imobiliária desenfreada que está em marcha por aquelas ruas e becos a que nem a envolvente do palácio do Bichinho-de-Conta (vulgo Palácio do Marquês de Pombal) escapa.

PF