31/03/2006

A Política ambígua da CML para a R. Ramalho Ortigão (possível encerramento da Garagem Glória)

Por um lado a CML faz questão de "gritar" para a comunicação social que está empenhada em trazer a população de volta para o centro da cidade, revitalizando e humanizando o centro urbano, mas por outro continua a insistir em sulcar os bairros de Lisboa com autênticas vias-rápidas, como é o que acontece com a Rua Ramalho Ortigão, no Bairro Azul.

Como se isso não bastasse, reabriu o Viaduto sem os arranjos necessários e reduziu os passeios a 80 cm . Isto apesar das propostas dos moradores para reduzir as duas faixas actuais para uma única com lombas permitindo o alargamento dos passeios e plantação de árvores, e dos inúmeros atropelos diários ao Código da Estrada, sendo a passadeira existente completamente opcional para quem acelera.

E não contente com isso a CML pretende agora encerrar a Garagem Glória , estabelecimento que, bem (do ponto de vista logístico) ou mal (do ponto de vista ambiental), serve o Bairro Azul há mais de 70 anos e faz parte da rede de comércio de proximidade que existe neste bairro de Lisboa.

A tentativa da CML fechar a Garagem Glória prende-se com a intenção em abrir uma 3ª faixa de rodagem na Avenida António Augusto Aguiar (sentido Praça de Espanha-Fontes Pereira de Mello no troço entre a Rua Ramalho Ortigão e Rua Marquês da Fronteira) , aumentando ainda mais a apetência dos condutores pela "via rápida" Ramalho Ortigão, desconsiderando peões e moradores , e contrariando a vontade dos moradores, em verem reduzidas as faixas de rodagem na Rua Ramalho Ortigão, expressa em abaixo-assinado.

(No inicio de Março foi entregue ao Sr Presidente da CML e Vereadora da Mobilidade Abaixo-assinado para que seja devolvida a qualidade de vida a esta rua do Bairro, actualmente com enorme poluição e transformada numa auto-estrada. Recolha de assinaturas continua no site http://www.bairroazul.pt.vu/ e n.17 da Ramalho Ortigão)


Ana Santos e Ricardo Messias

Pela boca morre o peixe?

"Cascais e Oeiras receptivas a anúncio de Carmona de criar estacionamento fora de Lisboa. Isaltino Morais espera que esta não seja uma "manobra de propaganda" do autarca de Lisboa

Os presidentes das câmaras de Cascais e Oeiras mostram-se receptivos quanto ao anúncio feito pelo presidente da autarquia de Lisboa, Carmona Rodrigues, de que está disponível para financiar a construção de parques de estacionamento nestes concelhos a fim de dissuadir a afluência de automobilistas à capital. Carmona Rodrigues, que fez anteontem o anúncio, disse que ainda não falou formalmente com os autarcas dos concelhos em questão e que, por isso, ainda não têm ideia dos custos envolvidos. "Em teoria, não parece mal. Tem pernas para ser analisado. Desde que seja a Câmara de Lisboa a suportar o investimento", salvaguarda o presidente da Câmara de Cascais, António d"Orey Capucho, através da sua assessora de imprensa, Sofia Ribeiro.
O autarca acrescenta que "neste momento é incipiente falar no assunto", pois a câmara ainda "não foi informada nem consultada oficialmente" sobre a questão.
Já o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, diz que - após ter tido conhecimento pela imprensa do anúncio de Carmona Rodrigues - se apressou a fazer um levantamento dos locais que possam acolher a iniciativa: "São quatro ou cinco. Todos na fronteira com Lisboa, entre Algés e Alfragide. Só estou à espera de ser contactado", disse o autarca de Oeiras. Isaltino Morais diz ainda que espera que Carmona Rodrigues não esteja a fazer uma "manobra de propaganda" e que acolhe a ideia com grande entusiasmo: "É de aplaudir. Uma ideia excelente e equitativa na medida em que os cidadãos que trabalham lá [em Lisboa] produzem riqueza para esse concelho." O autarca acrescenta que são 30 a 40 mil munícipes de Oeiras que trabalham em Lisboa e salienta ainda que das 80 mil pessoas que trabalham no concelho, mas não ali vivem, muitos são lisboetas. Quanto ao número de residentes em Cascais que trabalham em Lisboa, não foi possível à câmara disponibilizar dados.
Carmona Rodrigues diz que as estações ferroviárias nestes municípios dispõem de poucos estacionamentos e que, por isso, muitos dos que aí moram, mas trabalham em Lisboa, preferem utilizar o carro. O autarca não negou que, com esta ideia, a Câmara de Lisboa poderia estar a substituir a Autoridade Metropolitana de Transportes, cujo enquadramento legislativo aguarda revisão por parte do Governo. Quanto aos parques de estacionamento em Lisboa, Carmona Rodrigues insistiu na ideia de usar, durante a semana, os que existem nos estádios de Alvalade e da Luz e na Gare do Oriente, deixando aí os automóveis a fim de entrar na rede pública de transportes. O PÚBLICO tentou saber a reacção do presidente da Câmara da Amadora, mas até ao fecho desta edição não foi possível
".

In Público (31/3/2006)

PF

Andem a pé ou de transportes públicos!!!

"A Câmara de Lisboa aprovou quarta-feira a compra de combustíveis para fornecer a frota municipal, perante a iminência de as viaturas camarárias ficarem paradas por falta de abastecimento, mas o negócio termina em Julho. "Sou confrontado com o pânico completo. Não há combustível para a frota municipal", disse quarta-feira o vereador responsável pelo pelouro, Pedro Feist, durante a reunião pública do executivo camarário. O responsável pela frota propôs a compra de combustíveis, por ajuste directo, à Petrogal, pelo valor de 1,157 milhões de euros, até 31 de Julho deste ano. "Aos preços de hoje, em Julho estaremos sem gasolina", sublinhou Pedro Feist. A necessidade de comprar combustíveis surpreendeu todo o executivo, incluindo o próprio vereador da frota. Em Março de 2004 foi celebrado um contrato com a Petrogal para abastecimento de combustíveis à autarquia durante três anos, pelo valor de 6,2 milhões de euros, mas um ano antes de terminar o prazo, a autarquia viu-se confrontada com a falta de combustível. "Ou houve um grande aumento do consumo ou os preços aumentaram muito", referiu Ruben de Carvalho (PCP), citado pela Lusa, frisando que esta é uma "solução de emergência que não deve repetir-se"."Compreendo as suas perplexidades. Foram quase iguais às minhas", disse Pedro Feist, que adiantou "não encontrar outra explicação".

In Público (31/3/2006)

PF

Muita atenção às propostas respeitantes à “Lisboa Ocidental, SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, E.M." ...

... que foram aprovadas em reunião extraordinária da Câmara Municipal de Lisboa, em 28 de Março.

"(...) Fazendo uma síntese destas propostas e do trabalho da SRU Ocidental, Fontão de Carvalho considerou ser esta, das três SRU lisboetas, a que tem um “trabalho mais adiantado”, tendo já realizado o diagnóstico da situação e o levantamento das necessidades da zona mais a montante da Calçada da Ajuda (envolvente da Igreja da Memória e subjacente ao Palácio da Ajuda) – uma das três em que se divide a área de actuação desta SRU – para a qual, por ser zona habitacional e consolidada, apenas está prevista a reabilitação do edificado (2500 fogos em cerca de 600 prédios), sem recurso a novas construções. Para esta operação, a SRU deverá comparticipar em 10% nas intervenções médias e em 20% nas profundas, ficando as intervenções ligeiras e as demolições a cargo dos proprietários. Segundo o autarca, deverão ser investidos nestas intervenções cerca de 10 milhões de euros num período de 5 anos.

A segunda zona da área desta SRU, que se estende pela parte mais a Sul da Calçada da Ajuda e identificada com a zona dos quartéis, a empresa municipal deverá elaborar um Plano de Pormenor, em diálogo com os seus quatro proprietários – o Ministério da Defesa, a Casa Pia de Lisboa e dois privados. A terceira zona, uma extensão que vai da zona consolidada, nas imediações do Largo da Boa-Hora, até à zona alta de Alcântara, prolongando-se ao longo da Tapada da Ajuda, ainda está em fase de estudo, por ter sido incluída apenas recentemente na área da SRU e por a definição da intervenção a operar aí estar dependente do traçado da Via da Meia Encosta.
(...)"

ATENÇÃO LISBOETAS!

Atenção ao traçado da denominada Via da Meia Encosta!
Atenção à Tapada da Ajuda!
Atenção à Junqueira!

PF

30/03/2006

Câmara quer estudo sobre locais com mais acidentes rodoviários

"Avenidas Norton de Matos, Infante D. Henrique e 24 de Julho e Eixo Norte-Sul e Campo Grande são as piores artérias da cidade. Com perto de 11.700 acidentes por ano, mais de três mil concentrados em apenas 32 artérias, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) quer controlar melhor a segurança rodoviária na capital. É nesse sentido que vão duas propostas a submeter hoje à vereação, a mais importante das quais regula uma cooperação entre o município, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a Universidade de Coimbra destinada a identificar os locais da cidade com maior acumulação de acidentes e a propor medidas para reduzi-los (...)".


In Público (29/3/2006)

É impressão minha ou os estudos sobre os pontos negros (que é disso que se trata) já estão todos feitos, bastando uma pequena consulta à base de dados da ACA-M?

PF

Câmara de Lisboa disposta a pagar parques de estacionamento na periferia

"Não há espaço na cidade de Lisboa para parques dissuasores e a Câmara de Lisboa está disposta a pagar estes parques noutros municípios da periferia", disse Carmona Rodrigues no final de uma reunião da comissão responsável pela revisão do Plano Director Municipal (PDM) com deputados da Assembleia Municipal de Lisboa".

Há aqui um grande equívoco: "parques dissuasores à entrada de veículos em Lisboa" significa que os parques têm que ser fora de Lisboa, e não junto aos estádios do Benfica e do Sporting, ou na Gare do Oriente. CR fez bem em corrigir o que tinha dito antes.

"Esta iniciativa consta da lista de medidas a concretizar nos primeiros 180 dias da governação de Carmona Rodrigues na Câmara de Lisboa."

Outro equívoco: não se trata de uma medida, apenas de um protocolo, que podia ter sido feito nos primeiros 7 dias de mandato.

Mas vamos no bom caminho, apesar de a passo de caracol e sem se apostar no que verdadeiramente interessa: ligações centro-cidades periféricas/interfaces; linhas de metro ligeiro de superfície que liguem interfaces em Lisboa aos interfaces na periferia; transportes colectivos não poluentes; restrição efectiva ao trânsito automóvel em zonas chave de Lisboa.

PF

Obras financiadas c/verbas jogo

"A localização do novo casino em Lisboa trará à cidade dois tipos de contrapartidas financeiras que a irão beneficiar. As iniciais ascendem a 30 milhões de euros, divididos em quatro tranches iguais de 7,5 milhões de euros. Metade dessa verba (dos 30 milhões) deverá ser aplicada no Parque Mayer na reconversão de pelo menos um teatro. Vai haver ainda outra parte que deverá ser canalizada para a reabilitação do Pavilhão Carlos Lopes, bem como uma terceira parte destinada à construção de um museu nacional, muito provavelmente será o novo Museu dos Coches a construir em Belém."

Boas notícias: o Capitólio está na calha... cada vez mais sem Gehry, e para o Pavilhão dos Desportos. Lisboa agradece.

Já quanto ao Museu dos Coches, há muitas dúvidas: desde logo no facto de parecer haver uma grande confusão sobre o novo poiso dos coches (já agora, CML/MC, é favor restaurarem os outros 2 coches joaninos ... S.F.F.), isto porque se são boas notícias o regresso do Picadeiro Real, já uma coisa é a ideia, óptima e antiga, outra coisa, bem diferente, é pensar que vamos ter ali os Lipizzaner ou a Escola de Alter do Chão ... Por outro lado a pergunta é: onde se lê "construção em Belém" deve-se ler "adaptação das antigas oficinas do Minisério do Exército, defronte à estação de comboios de Belém" (que foram já objecto de 2 protocolos de permuta, um do tempo de MMC à frente do MC, e um outro do tempo de PSL à frente da CML), ou será mesmo "nova construção". Se for este último, onde? por quanto? porque se abandona a ideia de reconversão do espaço militar devoluto?

Por último, e mais importante que tudo isto junto, é constatar-se que Lisboa arranjou outro orçamento anual: as receitas do casino. Donde se conclui que a CML não precisa de Orçamento Geral. Pela mesma ordem de ideias, feche-se o pelouro da Cultura e das Obras, pois o Casino passará a ocupar-se disso directamente, sem mais encargos para os lisboetas.

PF

Nogueira Pinto critica "cubos" de publicidade

"A vereadora da Câmara de Lisboa responsável pela Baixa Pombalina criticou ontem a instalação, no Terreiro do Paço, de um cubo publicitário do futuro casino da capital, cuja remoção foi pedida pelo vereador bloquista José Sá Fernandes. Em causa está a instalação, em várias zonas da cidade, de cubos gigantes de publicidade ao Casino Lisboa, que será inaugurado a 19 de Abril."

Tem graça, sempre julguei que para se ocupar a ocupação da via pública fosse preciso requerer autorização prévia da CML. Por isso não me parece que o Casino tenha colocado a sua publicidade de forma ilegal. Daí que a conclusão seja a seguinte: trata-se de declarações de profunda hipocrisia.

Retire-se o cubo, já! Mas atenção, o mesmo para a "árvore de Natal" do BCP, e toda aquela publicidade idiota que polui o Terreiro do Paço, inclusive aqueles arraiais, vulgo esplanadas da placa central.

PF

29/03/2006

CML declama luta contra o fachadismo em candidatura à UNESCO

mas consente operação de «fachadismo» da REFER na praça Duque de Cadaval, junto à Estação do Rossio: O Executivo muncipal de Lisboa deve aprovar hoje um protocolo destinado a recuperar as fachadas dos prédios do Largo do Duque de Cadaval, no âmbito do projecto de requalificação da Estação Ferroviária do Rossio ... e nós acreditamos nos jornalistas.

PF

Lisboa vai ter a primeira República de estudantes, duas novas residências universitárias e mais dois espaços de estudo

Isto é anunciado pela CML e nós gostamos de ouvir, até porque fazem falta residências de estudantes, sobretudo junto dos pólos universitários (mais a mais onde só existe o Colégio Pio XI, junto a este futuro empreendimento de Entre-Campos), e face à autêntica exploração esclavagista que alguns oportunistas fazem uso sub-alugando quartos em apartamentos, onde inquilinos chegam a obter dos estudantes o quádruplo em relação à renda que pagam aos proprietários. ainda por cima em condições inacreditáveis. E espaços de estudo também são necessários... só de pensar que hoje é impossível estudar-se em cafés ... primeiro porque já quase não há cafés, e os que há estão expulsam os clientes das mesas para explorarem as refeições rápidas.

Sobre as "repúblicas" já a coisa é diferente. Lisboa não tem tradição académica como Coimbra, e talvez nunca venha a ter. Mas já teve uma "república", até há bem pouco tempo, por sinal num prédio em muito mau estado, que caiu nas Avenidas Novas, sem que ninguém de direito tenha feito rigorosamente nada para que se mantivesse de pé. Mas esta iniciativa é simpática e cá estamos para a aplaudir.

PF

Trânsito condicionado no Castelo?!

Exma Sr. Vereadora Marina Ferreira,

Há cerca de seis meses, a CML arrancou todos os pilaretes existentes nos passeios do bairro do Castelo, incluindo os instalados pelos próprios moradores e comerciantes, alegando que iria condicionar o trânsito na zona. Entretanto, nada mais foi feito e o bairro foi abandonado ao livre trânsito automóvel.

Devido ao estacionamento selvagem que agora ocupa todos os passeios do bairro em consequência da intervenção camarária, a mobilidade no bairro tornou-se muito mais difícil do que já era.

Ao cimo desta rua - Rua da Saudade - encontra-se o monumento mais visitado do país, o castelo de São Jorge. Ao fundo à esquerda, está situado o principal monumento romano da cidade, o Teatro Romano. À direita encontra-se um centro de saúde da Misericórdia de Lisboa que presta apoio essencialmente a crianças e a idosos. Pelo caminho, encontram-se diversas casas e estabelecimentos comerciais cujas entradas estão permanentemente obstruídas por automóveis…

A foto (em anexo) fala por si e comprova o desprezo a que CML tem votado o bairro mais antigo da cidade, assim como os seus moradores e os turistas que o visitam.

Perante esta situação - relativamente à qual a EMEL já enjeitou quaisquer responsabilidades - gostaria que a Sr.ª Vereadora Marina Ferreira, responsável pelo pelouro da Mobilidade na CML, formulasse uma resposta franca e esclarecedora às seguintes questões:

Por que motivo, e até quando foi suspenso o processo de condicionamento do trânsito no bairro do Castelo?

Dado que esta situação se arrasta há mais de meio ano, por que motivo não foram repostos os pilaretes arrancados pela CML, os quais, dada a tradicional inércia policial e municipal, constituíam a única defesa dos moradores face à permanente ocupação dos passeios e de literalmente TODO o espaço público do bairro por automóveis?

Atentamente

Luís Pedro Correia

27/03/2006

Slides sobre a Lisboa do antigamente, aqui

Obrigado, João BC!

PF

Assassinos de buganvílias à solta em Lx

Retiro parte do que disse aqui, sobre a reabilitação em curso no Jardim de São Pedro de Alcântara, depois do que constatei ontem: a buganvília lilás, ex-libris do jardim-miradouro, foi destruída na sua totalidade, sem apelo nem agravo, provando-se, mais uma vez, que a incompetência, a insensibilidade e a ignorância dos serviços camarários que deviam zelar pelas árvores e plantas de Lisboa é omnipresente, hoje como ontem, quando derrubaram iguais exemplares no miradouro de Santa Luzia, sobre Alfama, ou nas traseiras de prédio da Rua do Loreto, ao Bairro Alto. Vão ser precisas muitas décadas, demais, para voltarmos a ter o miradouro como tínhamos!!!

PF

"Não temos dinheiro, mas criatividade e imaginação", diz Gabriela Seara

In Público (26/3/2006)

"Espantoso". É assim que a responsável pelo urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa qualifica o interesses dos investidores imobiliários por Lisboa. E, de há tempos para cá deu-se uma mudança: acham que construir para a classe média pode ser o futuro. "

Espantoso é a Srª Vereadora achar espantoso o interesses dos "investidores" imobiliários, como lhes chama. E só quem não conhece os últimos 30 anos de Lisboa é que poderá achar espantoso esse facto. Lisboa tornou-se o melhor repasto da especulação imobiliária, sob todos os pontos de vista.

"Concretamente, o que mudou nos serviços?
Implicou uma enorme máquina por trás, nos serviços da câmara, a prepararem propostas com grande nível de exigência, sobretudo as que tinham a ver com planeamento. De um momento para o outro, uma direcção municipal que, apesar de estar formada há três anos, tem uma autoridade que não tinha. Porque o presidente encara a Direcção Municipal de Planeamento como uma direcção por onde têm que passar, forçosamente, coisas que, no passado, não passavam. Fizeram-se planos de pormenor para várias zonas da cidade que a direcção municipal nem conhecia
."

A Direcção Municipal não conhecia várias zonas da cidades, portanto. Ou então a CML é a maior barafunda desde que Babel se desmoronou.

"Trata-se de uma nova cultura?
(...) Durante muito tempo, e acho que isto é muito nacional, os técnicos, para se salvaguardar da cobardia dos políticos, resguardam-se. Isto porque os políticos, geralmente, não exercem a sua função que é decidir
."

Ah! Grande CML. Competência na decisão, determinação na acção. Lisboa está no bom caminho, portanto. Onde é que já ouvimos isto?

"Rapidamente fizemos o arquivo digital. É um processo que tinha começado no anterior mandato, a medo, apenas com uma máquina digitalizadora. Agora temos mais três e aumentámos os turnos para dois, de oito horas cada."

Estamos, portanto, a falar de algo que não o Arquivo Municipal de Lisboa, terceiro-mundista dos sete costados, situado por detrás do sol posto, com instalações confrangedoras, burocracia novecentista e em que os dossiers de cada número de polícia estão a cair de podres, por culpa do excessivo manuseamento. A CML nunca ouviu falar de micro-filmagem, pois não? "Digitalização do Arquivo" é a blague de toda a entrevista.

"Qual é a estratégia para a reabilitação dos fogos devolutos municipais?
É preciso fazer o seu levantamento, ver o que é possível fazer, recorrendo a parcerias público-privadas. A câmara tem fogos pela cidade toda. Dos que já foram identificados, reservei dez para desenvolver pequenas residências universitárias. Mas este património devoluto tem que servir para outras coisas: para funcionários da câmara, que vivem a sua grande maioria fora de Lisboa, ao abrigo de uma proposta do vereador Sá Fernandes que foi aprovada; para jovens, classe média, cooperativas de idosos, entre outros
".

Estas afirmações são as mesmas de sempre, pelo que constato que o uso da cassete já se alastrou às diversas bancadas e aos mais ínfimos dos redutos. Fica registado.

"Se não há capacidade orçamental há alguma coisa de substantivo que possa ser feito? Há. Não temos dinheiro, mas criatividade e imaginação (...)."

Reconheço que criatividade e imaginação são coisas que não faltam à Srª Vereadora, basta ver quão imaginativo é anunciar-se e fazer-se um percurso pedonal cultural pela Avenida da Liberdade, assinalando-se o C.C. Palladium, o Aparthotel Eden, o Hard Rock Café, o Tivoli Fórum, e muitos outros, como sendo casos exemplares deste ou daquele estilo, e soluções a elogiar quando são, isso sim, atentados urbanísticos (pato-bravescos na sua quase totalidade) que tornaram a Avenida num mero cemitério de esplendores defuntos, contando-se pelos dedos de uma mão os prédios que estão bem conservados ou que foram bem reconstruídos. Organizar-se visitas guiadas à Avenida é mais do que imaginação e criatividade: é puro surrealismo.

"(...)Por isso é que a classe média abandonou Lisboa nos últimos 20 anos. Não se criaram condições."

A classe média não abandonou Lisboa nos últimos 20 anos, Srª Vereadora, mas sim nos últimos 40 anos. Nem se criam. Além do mais deixa-se crescer a periferia e procura-se a melhor maneira de colocar quem lá mora a trabalhar em Lisboa, como se fosse essa a questão.

"Os investidores já perceberam que é aí que está o negócio, nesse grupo, na classe média."

O negócio está na especulação imobiliária, Srª Vereadora. Está em comprar-se um prédio nas Avenidas Novas, a cair, com 1-2 inquilinos, de preferência velhotes, jogar na lei da vida, e deitar tudo abaixo para construir andares com metade do pé direito, etc., etc. Está, portanto, na substituição compulsiva e continuada do senhorio tradicional pelo senhorio banco/construtora. No património que só é classificado no papel. No PDM que não serve para nada. Na letargia de quem detém o poder. Na indiferença do lisboeta, preso na dependência da TV, de quem marcou o golo do seu clube, e do emprego, regra geral, miserável.

"Foi aprovado o Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente. É possível trazer moradores?
Não. A lei do ruído é extremamente restritiva, é um eixo terciário por imposição da lei do ruído. Infelizmente. Hotéis sim...
Sim, porque podem fazer investimentos na insonorização que empreendimentos para habitação não podem fazer, porque o retorno do investimento é superior. Há todo um processo de reabilitação daquela zona, dos teatros, do Parque Mayer, vão justificar a existência desses hotéis.
E diminuir o ruído? Ao fazer a pedonalização das laterais diminui-se o ruído. Mas mesmo assim não há possibilidade de construir habitação ali. Recebi vários pedidos de informação prévia para a Av. da Liberdade para habitação. Tive que dizer que não. A aposta é incrementar habitação nas encostas da Avenida da Liberdade
."

Esta é uma afirmação que diz tudo sobre quem nos governa em Lisboa. E só a ideia é ridícula, pequenina. incompetente. E dá-nos o lamiré do que nos resta se continuarmos assim por muitos mais anos.

PF

24/03/2006

O ar que se respira nas nossas cidades

Num estudo da Comissão Europeia, via Agência Europeia do Ambiente, ... mesmo que saibamos quão enganadores podem ser estes estudos pois de uma leitura atenta do documento se conclui que o principal problema deste estudo é - como aliás em quase todos os estudos da CE - a ausência de dados de certos países, ou cidades. Não fornecimento de dados por incompetência dos organismos respectivos, relutância ou, simplesmente, insensibilidade.

PF

Agenda de debates sobre mobilidade e sustentabilidade

... até Abril de 2006, que ocorrem no Ponto de Encontro. As nossas desculpas pelo atraso.
PF

23/03/2006

Restrição ao trânsito automóvel versus vitalidade do comércio

Estudo disponível em Mobilidade Lx, um novo espaço do FCLX.

As conclusões deste estudo levado a cabo pela organização britânica Sustrans (no âmbito do Projecto Vivaldi), são deveras interessantes pois permitem-nos constatar até que ponto os comerciantes julgam, mal, que os seus potenciais clientes privilegiam o transporte automóvel e o estacionamento junto às lojas como sendo determinante para o seu desenvolvimento; quando, na verdade, é exactamente o contrário: os consumidores preferem deslocar-se de autocarro e a pé, em zonas comerciais compostas por praças desanuviadas, boas e atractivas lojas, árvores, bancos para repousar, etc. E está provado que nessas condições o comércio de rua vence o dos centros comerciais.

Ficamos contentes com os resultados deste estudo pois vão de encontro ao que reclamamos (e qualquer pessoa de bom senso reclamará igual) para a nossa Lisboa: menos carros a circular, mais praças libertadas para os peões, comércio e serviços mais atractivos, e melhores e menos poluentes bus significam progresso. Se o nível de vida e a qualidade de vida dos lisboetas fossem iguais aos cidadãos de Bristol, Edimburgo, Graz ou Copenhagen talvez nem este fórum fosse preciso.

PF

P.S. O nosso obrigado a Pedro Gouveia

22/03/2006

Azulejos furtados no Hospital de São José

"Três dezenas de valiosos azulejos, com vários séculos, foram furtados na madrugada ou na manhã de segunda-feira de uma das escadarias principais do Hospital de São José, em Lisboa. O desaparecimento do painel, que retrata aspectos de uma cena de caça, foi constatado pela manhã, tendo sido participado à PSP e à Polícia Judiciária. O conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa (Zona Central), responsável pela gestão do estabelecimento, confirmou a ocorrência, garantindo que foi "reforçada a segurança" da zona e "solicitado aconselhamento ao Instituto Português do Património Arquitectónico". O local de onde foram retirados os azulejos situa-se no edifício principal, junto aos claustros e ao bar do hospital, razão pela qual é muito frequentado não só pelo pessoal, mas também por doentes e visitantes. O destacamento das peças foi facilitado pelo mau estado do reboco em que estão assentes, havendo indícios de que os autores do furto sabiam o que queriam e tinham como objectivo levar mais alguns azulejos já escolhidos".

In Público (15/3/2006)

Tem graça, nunca percebi porque razão nunca são roubados aqueles "maravilhosos" azulejos dos prédios-latrina que abundam em Lisboa, coisas inenarráveis, fruti-color, e porque continuam a roubar os azulejos dos nossos conventos, igrejas, palacetes e até dos prédios das Avenidas Novas, que a CML/MC teimam em não classificar e proteger (ex. os prédios da esquina Av.República/Av.Elias Garcia). Porque será que não há receptadores no mercado para venda dessas "raridades" do bom gosto progressista?

PF

Proposta sui generis de CR em sessão de CML, hoje

"(...) Outra proposta interessante é a que avança com um reforço ao subsídio de 250 mil euros concedido pela CML ao empresário João Lagos, pela organização na cidade da partida do último rali Dakar. Devido a um alegado "lapso", os serviços esqueceram-se de acrescentar a essa verba o respectivo IVA. Ou seja, serão acrescentados 57 mil euros, se a proposta for aprovada."

In Público (22/3/2006)

Alguém me consegue explicar para que serviram aqueles 250 mil € e estes 57 mil € da CML? Quantas noites ficaram cá os pilotos e respectivos séquitos? Em que hotéis? Quais as receitas em termos de comércio e serviços? Que mais-valia?! E o resto do bolo, serve para quê?

PF

Novo hotel de charme de Belém vai integrar ruínas romanas

" (...) Parte das ruínas romanas descobertas recentemente nas imediações da Torre de Belém, durante trabalhos preliminares destinados a criar no local um hotel de charme, vão ter de ser preservadas e integradas no projecto da unidade hoteleira. Este é o teor de uma recomendação feita pelo director do Instituto Português de Arqueologia, Fernando Real, aos proprietários do terreno onde se ergue a antiga casa do governador da Torre de Belém, que irá ser reconvertida em hotel. (...) debaixo do pátio da casa e sob as caves do próprio edifício existe uma grande fábrica romana de salga de peixe e de produção de molho de peixe, provavelmente datada dos sécs. I-III d.C. "Trata-se de um achado espectacular", observa o presidente do IPA (...).

O entusiasmo dos arqueólogos provém não da raridade dos vestígios - que não são de forma nenhuma inéditos - mas da sua localização e dimensão. A escavação continua a decorrer, não tendo ainda sido determinada a dimensão total da antiga fábrica, e mesmo assim um dos arqueólogos nela envolvidos, António Valera, da empresa Era, diz que já se pode afirmar estarmos perante "uma das maiores do estuário do Tejo, se não a maior" (...) .

Trata-se de mega-recipientes de pedra (cetárias) revestidos a reboco. O maior dos que existem na antiga casa do governador mede sete metros de comprimento por quatro ou cinco de largura, e deverá ser um dos poupados à destruição. As restantes cetárias serão desenhadas, fotografadas e estudadas antes de darem lugar ao estabelecimento hoteleiro. As que se encontram em pior estado são as que ficaram debaixo do palácio do governador, que data do séc. XVII, e que foram aproveitadas para lhe servir de fundações
(...)".

In Público (22/3/2006)

Ou como ruínas viram vantagem comparativa em futura unidade hoteleira. Mas voltando a esta casa do antigo governador da Torre de Belém, cujos processos de venda e aprovação de projecto hoteleir foram polémicos (porque uma vez mais sofrendo de múltiplas incongruências processuais a nível da CML e do IPPAR), é bom que ela acabe em bem, para todos: Belém, o edifício em si, que é desconhecido da maioria esmagadora da população, e para a nossa História ... assim o projecto de hotel seja realmente de charme.

PF

21/03/2006

Ampliação do aeroporto de Lisboa deve começar em Setembro

"ANA-Aeroportos quer reduzir os custos orçamentados (400 milhões de euros) para as obras que vão prolongar a vida útil
da Portela até 2017. "Os trabalhos de ampliação do aeroporto internacional de Lisboa devem iniciar-se em Setembro, com o objectivo de aumentar a capacidade da Portela para cerca de 15 milhões de passageiros por ano", afirmou ontem aos jornalistas o presidente da ANA-Aeroportos de Portugal, Guilhermino Rodrigues
(...)."


In Público (14/3/2006)


Tem graça, mas eu sempre que vou ao Aeroporto da Portela acho que aquela capacidade é completamente capaz para os vôos que temos e para os passageiros que ali circulam. Compreendo que se queira um novo e moderno aeroporto, bem longe de Lisboa, de modo a não constituir perigo nem poluir a cidade, mas, anunciar-se a Ota e ampliar-se este ao mesmo tempo?!

PF

Metropolitano de Lisboa, o duplo-decímetro do nosso descontentamento

O Metropolitano de Lisboa é a melhor solução para reduzir o fluxo rodoviário e melhorar significativamente o conforto e vida urbana em Lisboa. Este meio de transporte deixa espaço para o peão e permite uma redução nos gases emitidos pelos automóveis e poluição sonora.

No entanto, o ML não consegue tomar o devido destaque como meio de transporte por não garantir uma correcta cobertura da cidade devido à sua rede mal elaborada, e deixar ao abandono algumas das principais zonas da nossa cidade e devido à falta de verdadeiros interfaces. Por isso, o anúncio da redução do horário de funcionamento só vem a acrescentar mais um aspecto a criticar.

Daí que,

- a propósito das recentes 2 boas notícias anunciadas pelo Metro: "Telemóveis a funcionar na Linha Azul", e "Carregamento de cartões em Multibanco" - e de 2 outras de sinal contrário - bilheteiras fecham a partir das 20H30, e "Metro pretende fechar pela meia-noite" (!);

- a propósito dos festejos do 46º aniversário do Metropolitano de Lisboa ;

- a propósito do recente anúncio do propósito do Metro em fechar meia-hora mais cedo (!);

- a propósito do parecer do Tribunal de Contas ( http://www.tcontas.pt/ ) , designadamente os Relatório de Auditoria nº 36/2005 - 2ª Secção (Auditoria ao Projecto / Medida "Empreendimento Campo Grande / Odivelas" do Programa PIDDAC "Redes de Metropolitano ) e Relatório de Auditoria nº 33/2005 - 2ª Secção (Encargos do Estado com as parcerias público privadas: concessões rodoviárias e ferroviárias ),

Achemos NÃO HAVER RAZÃO para o Metropolitano festejar de forma tão efusiva o seu 46º aniversário, como rejubilou nos cartazes que afixou nas carruagens, "46 ANOS, 4 LINHAS (?!), 44 ESTAÇÕES (?!)". Porquê?

1. Porque o Metropolitano de Lisboa tem 50% das estações que devia ter pois continua a ignorar Belém, Ajuda, Graça, Beato, Marvila, Sacavém, Encarnação, Paço do Lumiar, etc. , e continua a não funcionar em rede (http://www.metrolisboa.pt/diagrede.htm), pese embora todo o esforço dos últimos anos em fazer cruzar as linhas existentes. Nesse aspecto continua, assim, a ser um "duplo-decímetro";

2. Porque o Metropolitano de Lisboa demorou mais de 4 anos a abrir os átrios sul das estações Roma e Alvalade! A este ritmo, teremos comboios de 6 composições na Linha Azul somente daqui a 6 anos, quando fizerem o mesmo às estações do Areeiro e Arroios, onde ainda nem sequer começaram os trabalhos;

3. Porque o Metropolitano de Lisboa demorou 46 anos (http://www.metrolisboa.pt/evol_ml.htm) a entender que devia abrir uma estação de Metro junto ao aeroporto da Portela, e mesmo assim continua a achá-la um investimento a longo prazo (os taxistas agradecem!);

4. Porque o Metropolitano de Lisboa continua, inexplicavelmente, a projectar e a abrir estações em zonas descampadas, de implantação de futuras urbanizações, o que é suscepível de interpretações dúbias (em Madrid, por ex., o Metro tem um esquema interessante de financiamento: o Metro/Estado/Ayuntamiento é o dono dos terrenos vazios nos subúrbios em que é decidido criar um novo bairro com Metro, pelo que mal esse plano é anunciado, o valor dos terrenos sobe em flecha, o Metro vende-os e com as mais valias constrói a nova linha; dessa forma não há o menor recurso a endividamento ou a subsídios estatais);

5. Porque o Metropolitano de Lisboa tem excessiva publicidade nas suas estações, cobrindo muitas vezes a decoração das mesmas, sendo que se agudizaou o problema com a instação do canal de pseudo-notícias do grupo Media Capital, que massacra ininterruptamente os utilizadores e funcionários do Metro;

6. Porque o Metropolitano de Lisboa tem excessivas avarias (para-greves de zêlo?) nas suas linhas, sobretudo em hora de ponta;

7. Porque há excessivo tempo de espera das composições, à quase excepção dos da Linha Amarela;

8. Porque, além de tudo isto, o sistema de torniquetes instalado e anunciado como resolução para os problemas de "borlas", mendigagem organizada, etc., revelou-se um fracasso total, e uma considerável perda de dinheiro.

No entanto,

- o Metropolitanto é também o transporte colectivo mais rápido e mais eficaz de Lisboa;
- é o transporte colectivo menos poluente de Lisboa;
- é o transporte colectivo mais seguro;
- o seu pessoal tornou-se mais simpático e eficiente;
- os seus utilizadores viram ser-lhes facilitado o acesso às estações por via da abertura de elevadores (embora o ideal fossem as escadas-rolantes) , inclusive à superfície;
- os seus utilizadores podem adquirir os seus bilhetes e passes com cartão multibanco, apesar de ainda lhes estar vedado, incompreensivelmente, o cartão de crédito (prática frequente lá fora);
- as estações do Metro são bonitas, funcionais e limpas (pese embora o vandalismo crónico de alguns utilizadores);
- o sistema de informação do Metro funciona, quer presencialmente quer via altifalantes e placards, quer ainda no site (http://www.metrolisboa.pt/);
- a figura de Provedor funciona.

Que fazer, portanto, para sair da estagnação (http://www.metrolisboa.pt/proctrans.htm) que se verifica em termos de adesão da população, de modo a atrair o dobro dos passageiros, rumo a uma capital verdadeiramente europeia?

A resposta a essa questão passa exclusivamente por concretizar de facto um dos seus objectivos estatutários (http://www.metrolisboa.pt/object.htm): "Contribuir para a intermodalidade entre operadores de transportes da região de Lisboa" .

E isso passa por:

- Alargar a rede à Lisboa esquecida, construindo linhas que cruzem as existentes através do prolongamento da linha encarnada até à linha de comboio de Cascais, e prolongando a rede para zonas de grande fluxo de trânsito, tal como o Pólo Universitário da Ajuda, e a zonas já estudadas como as Amoreiras, a Estrela e Campo de Ourique;

- Alargar a rede cada vez mais à periferia de Lisboa (Póvoa Stº Adrião, Stº António Cavaleiros, Loures, Stª Iria de Azóia, Alfragide, Carnaxide, Linda-A-Velha e Algés);

- Apostar na criação de verdadeiros interfaces com a Carris e a CP, mas também com as futuras linhas de metro de superfície da responsabilidade dos concelhos à volta de Lisboa; mas dignificar também os já existentes em interfaces confortáveis e úteis (o do Campo Grande é verdadeiramente terceiro-mundista), com passadeiras rolantes, etc.);

Mas também passa por alargar o seu horário de funcionamento, e não reduzi-lo! Aumentar o horário de funcionamento e Investimentos no alargamento da rede de estações só resultarão numa sustentabilidade económica pelo aumento de utentes que este meio de transporte irá ter.

E passa também por colocar escadas rolantes até à superfície! E por manter os guichets abertos em ambos os átrios de cada estação! E por manter os cais limpos! E os elevadores vigiados a fim de não serem vandalizados!


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim e João Repas

Que futuro para o Capitólio?

E logo outra sondagem se levanta, numa altura em que todo o mundo fala do Capitólio - recuperá-lo? trasladá-lo? desclassificá-lo? demoli-lo? é um monumento? não vale nada? é um empecilho? uma mais valia para Lisboa? - e de quase nunca falaram ao longo dos quase 30 anos em que tem estado fechado. Talvez nem sequer se lembrassem dele se Gehry não estivesse em causa, mas enfim, é a nossa sina.

Aos mais desatentos, lembramos que temos informação vária sobre o magnífico exemplar do modernismo lusitano de Cristino da Silva, em http://cidadanialx.tripod.com/capitolio.html. Visitem-no e opinem na sondagem ao lado!

PF

Sondagem sobre os culpados da demolição da Casa AG chega ao fim

Numa altura em que a sondagem sobre "Quem é o culpado pela casa AG ter sido demolida?" parece ter estagnado nos 123 votos, achámos por bem fechá-la, mas não esquecê-la: 29% acharam dos votantes acharam que a culpa foi da CML, 28%, do MC/Ippar, e 20%, do proprietário. Nós, pela nossa parte, achamos que a culpa é de Garrett, que devia ter emigrado para bem longe.

PF

P.S. Brevemente haverá mais notícias sobre este caso!!

20/03/2006

Proposta de revisão do PDM de Lisboa pronta em Outubro

"Até final de Outubro serão entregues à comissão mista de coordenação todas as peças que fazem parte da revisão do PDM, incluindo os estudos sectoriais realizados", disse Gabriela Seara.

O PDM actualmente em vigor na capital data de 1994 e, de acordo com um imperativo legal, deveria ser revisto ao fim de dez anos. O processo de revisão começou no início de 2003, no mandato presidido por Pedro Santana Lopes, e previa-se que estaria concluído no prazo de oito meses.

De acordo com Gabriela Seara, o futuro PDM (...) "vai permitir gerir a cidade de maneira muito mais flexível e adequar o projecto à zona, sem ser extremamente rígido", acrescentou a responsável. Um dos aspectos que o futuro plano director vai alterar é a indicação das percentagens dos usos para determinadas áreas, que são definidas de forma rígida no actual PDM. No futuro, o documento não terá parâmetros fixos, limitando-se a definir intervalos. "Indica-se se se quer mais ou menos habitação, mais ou menos comércio ou mais ou menos estacionamento", exemplificou Gabriela Seara, para quem esta alteração irá garantir "projectos mais adequados à cidade e a cada zona".

O plano precisou também de ser adaptado à legislação entretanto produzida, incluindo já o mecanismo da perequação, que assegura igualdade na repartição de benefícios e custos entre proprietários vizinhos resultantes de uma determinada operação urbanística. Uma matéria ainda em estudo é a quantificação dos índices de construção permitidos, prevendo-se a redução de alguns. O novo PDM incluirá também um novo conceito - colmatação - que prevê que um edifício a ser construído possa alcançar a cércea dos prédios confinantes, mesmo que seja superior ao limite permitido de nove andares. (...)


In Público (20/3/2006)

Ainda estou para perceber para que serve um PDM, pois apesar de o termos tido durante anos a fio, a verdade é que foram feitas as mais variadas tropelias ao mesmo, só não vê quem não quer. Por isso, de que servirá o novo PDM se os patos bravos são os de sempre, e se os lisboetas tardam em acordar?

PF

Cidade de caricatura

A repugnante demolição da Casa Garrett, em caricatura inspiradíssima de Rui Pimentel, na última Visão!
Aqui: http://visaoonline.clix.pt/default.asp?CpContentId=329826

PF

Venha participar no futuro da Baixa

A CML convida todos a participarem no futuro da Baixa, indo visitar a exposição homónima que a partir do dia 23 de Março, irá estar patente nos Paços do Concelho, por iniciativa da SRU/Baixa Pombalina. Lá iremos, claro. No entanto, pela nossa parte, já participamos no futuro da Baixa, mesmo que virtualmente. Como? AQUI.

PF

"Uma Praça Adiada", livro sobre o Saldanha, acabadinho de publicar

Recebemos de Manuel João Ramos (ACA-M) o seguinte pedido de divulgação, que só hoje é possível, por motivos informáticos e por razões que a razão desconhece.

PF

"Título: UMA PRAÇA ADIADA
Subtítulo: Estudo de fluxos pedonais na Praça do Duque de Saldanha Autoria: Hélène Fretigné
Coordenação: Manuel João Ramos
Introdução: Manuel Delgado (Universitat de Barcelona)
Para: urbanistas, cientistas sociais, técnicos de segurança rodoviária e todos os interessados no estudo das relações peões-automobilistas
Distribuição: Assírio & Alvim Editores (http://www.assirio.com)
Preço de capa: € 14
Número de páginas: 125
Número de fotos: 25
Vários mapas, plantas e quadros
ISBN: 972-37-1090-0
Este livro oferece ao leitor um estudo inédito e inovador sobre como um espaço público urbano é apropriado e vivido pelos cidadãos que o cruzam.
Beneficiando do distanciamento do seu olhar face à realidade do trânsito em Portugal, a socióloga Hélène Fretigné apresenta-nos a história da transformação de uma praça acolhedora em inóspito local de passagem, e analisa detalhadamente as tensões, os riscos e os conflitos de uso que opõem peões a automobilistas, ambos reclamando o seu direito a esse território alcatroado.
O livro divide-se em duas partes:
- A primeira parte é uma análise histórica da evolução da praça no contexto do desenvolvimento urbanístico novecentista das Av. Novas, e a polémica da demolição do Monumental, nos anos oitenta, e da discussão pública em torno da “devolução da praça aos peões”.
- A segunda parte analisa a situação actual da praça, feita de tensão contínua nos atravessamentos, entre peões e condutores, e o papel desempenhado pela presença de 3 centros comerciais como pólos atractores de público à zona desta praça lisboeta.
O livro contém um caderno de fotografias, um mapa de ocupação do espaço da praça, diversas plantas e quadros com tempos de atravessamento, velocidades praticadas, etc."

09/03/2006

Condomínio em antiga sede da PIDE: tanta polémica porquê e para quê?

Eis o projecto que tantos protestos tem originado (ex.1, ex.2, ex.3).
Falo por mim: da minha parte não vejo inconveniente algum neste empreendimento, em dois prédios devolutos, sendo que o único que apresenta traça arquitectónica valiosa será reabilitado efectivamente, e a memória funesta identificável. Mais, tomara que todos fossem assim. Nomeadamente onde a memória foi tudo menos funesta!!

PF

Cheira bem, cheira a Lisboa

"DIAP investiga "desfalque" na Junta do Beato.
Executivo comunista não entregou descontos de onze trabalhadores efectivos e dez avençados durante três anos. Freguesia vai pedir ajuda financeira à câmara.

(...) O presidente da Junta de Freguesia do Beato, Hugo Xambre Pereira, apresentou, na passada sexta-feira, uma queixa-crime na Polícia Judiciária contra um alegado desvio de fundos na autarquia, entre 2003 e 2005, que ascenderá a mais de 300 mil euros e foi detectado numa auditoria interna realizada logo após a posse do actual executivo socialista da junta. (...) "Não pensávamos que a situação fosse tão grave, apesar de já em 2003, a junta ter tido problemas com uma auditoria do Tribunal de Contas e, inclusive, ter ficado com a electricidade cortada", revelou.

(...) Contactado pela agência Lusa, o anterior presidente da autarquia, António Cunha (PCP), que esteve dois mandatos à frente da junta, manifestou-se surpreso com esta situação. António Cunha contou ter tido recentemente conhecimento desta situação quando pediu a reforma. "São actos administrativos e eu recebia os mapas com esses valores lançados, o que indicava que a situação estava regularizada", justificou o antigo autarca, afirmando que também está a ser vítima do problema, porque não consegue reformar-se. António Cunha diz que a situação poderá dever-se ao "excesso de confiança" que tinha nas pessoas que tratavam da contabilidade. Hugo Pereira está perplexo com estas afirmações: "Isto faz-me confusão. Como é que o anterior presidente, que cumpriu dois mandatos, ainda se faz de vítima?", questiona. "Não havia nenhuma ordem aqui dentro ao longo de dois mandatos."


In Público (9/3/2006)

Lisboa com o Governo no "choque tecnológico": Carmona Rodrigues quer uma cidade empreendedora que exporte imagem de qualidade para o exterior

In Público (7/3/2006)

"(...) Carmona Rodrigues anunciou que a autarquia está aberta a trabalhar com o Governo, no chamado "choque tecnológico", incentivando e promovendo projectos inovadores, baseados no conhecimento, informação e tecnologia, que nasçam nas universidades e centros de investigação. "Lisboa tem que se afirmar cada vez mais através da qualidade. Tem que ser vista como uma cidade que capta investimento e exporta uma marca de qualidade para o exterior", afirmou o presidente da capital, no encontro Empreendedorismo e desenvolvimento económico de Lisboa, promovido em parceria com a Agência para a Modernização Económica de Lisboa (Ambelis). "Temos condições de atracção muito favoráveis", garantiu, anunciando que, numa primeira fase, se irão reduzir as taxas municipais para fomentar a fixação de investimento nas áreas da cidade que, de acordo com a revisão do plano director municipal em curso, prevêem a fixação de clusters de novas indústrias baseada em tecnologia: zona oriental de Lisboa, Alta de Lisboa, Lumiar e Ajuda".

Tem graça, mas eu já começo a estar farto desse "choque tecnológico", sobretudo porque me parece um "choque de prestidigitação".

"Defendeu, também, parcerias estratégicas entre projectos de investigação e desenvolvimento e os sectores públicos e privado, explicando que pretende promover esse debate de ideias e propostas no futuro Fórum de Participação de Lisboa (...) que pretende instalar no Pavilhão de Portugal, que a câmara está prestes a adquirir à Parque Expo: "Sempre defendi que o Pavilhão devia ter duas funções: uma cultural e outra de discussão dos problemas da cidade, fora da assembleia municipal, num ambiente menos formal, aberto aos cidadãos e sem o peso da representatividade política", disse".

Parece-me que há uma certa confusão no que toca ao termo "cluster". E mais valia à CML que cuidasse de pegar no cerne que consistia a proposta de campanha de MMC, designada por "Lisboa Criativa", essa sim uma verdadeira mais-valia para Lisboa, que merece consenso não só local como nacional. Tudo o mais que se possa dizer sobre "clusters" é pura demagogia.


"(...) Carmona Rodrigues adiantou que estão já em fase de estudo a construção de residências e locais de estudo no pólo universitário da Ajuda e na Cidade Universitária. "Há muitos privados interessados em parcerias", revelou o autarca".

Acredito que haja muitos privados interessados, sobretudo da construção civil. Acontece, porém, que o pólo universitário da Ajuda é a maior barbaridade ambiental que ocorreu em Lisboa nas últimas décadas, e toda a gente parece esquecer-se disso. Longe da vista, longe do coração?

PF

08/03/2006

Porque esqueceram Krier para a Baixa-Chiado?!

Aproveitando a ocasião, aqui vai o nosso protesto por não vermos no novel Comissariado o nome do eminente arquitecto e urbanista Léon Krier (http://zakuski.utsa.edu/krier/), consultor neste momento para Sintra, e que faria toda a diferença!!

A Baixa-Chiado merecia!

PF

A Nossa Baixa-Chiado, à margem de Comissariados

Somos simples cidadãos interessados pela sua cidade. Não pertencemos a nenhum serviço da CML, nem a nenhum Comissariado. Não vendemos estudos à CML, nem concorreremos a nada que tenha por base os nossos próprios estudos. Achamos que em pleno séc.XXI já é tempo da Baixa-Chiado ser revitalizada.

A nossa Baixa começa no Marquês e termina no Tejo.

Acreditamos numa habitação assente no cruzamento de gerações e de classes sociais. O nosso conceito de mobilidade não se cinge aos transportes públicos ou ao estacionamento automóvel. Defendemos a reabilitação do património edificado como primeiro passo, e só depois a candidatura à UNESCO. Acreditamos nos espaços culturais existentes na Baixa-Chiado e nos nossos agentes culturais como vector essencial na viragem que é preciso fazer. E queremos mais espaços verdes, mais jardins, de árvores de copa frondosa, canteiros floridos, fontes e esplanadas.

Ajude-nos a divulgar as nossas propostas para a Baixa-Chiado, que AQUI vos enviamos!!

A Baixa-Chiado merece!

Paulo Ferrero e João Gandum

CML vota moção contra encerramento da escola D. João de Castro

In Público (8/3/2006)

Uma boa notícia, esta, que deverá fazer repensar o Ministério e quem de direito. Mas é uma notícia que está relacionada com algo mais importante, ou seja, com aquilo que já que escreveramos em Alguém já pediu esclarecimentos, propôs ou criticou o P.Pormenor Alto Santo Amaro?!. Atenção ao que querem fazer no Alto (e baixo) de Santo Amaro!!

PF

Câmara dá 275.500€ a associações culturais

Boa estratégia. E agora, quantas vozes se manterão?

PF

07/03/2006

Azulejos da Infante Santo a morrer aos bocadinhos

"Nem o facto de terem sido criados por grandes nomes das artes portuguesas livra os painéis de azulejos da Av. Infante Santo, em Lisboa, de morrer aos bocadinhos, todos os dias. Hoje cai um quadrado. Amanhã roubam outro. As belíssimas paisagens coloridas criadas por Júlio Pomar, Alice Jorge, Sá Nogueira e Carlos Botelho parecem uma dentadura suja e nalguns sítios cheia de cárie, e as promessas de estima eterna da sua desleixada proprietária, a Câmara de Lisboa, pouco passam disso mesmo.

"Na altura das eleições, a Junta de Freguesia da Lapa disse que os painéis iam ser arranjados", conta a empregada da farmácia que ali existe. "Só arranjaram um, o de Maria Keil." E mesmo este já foi vandalizado por grafitti, após um acidentado processo de restauro. A mesma empregada costuma ouvir os comentários dos turistas que deparam com tanta incúria: "Tão bonitos mas tão degradados! Que pena." A vizinhança também assiste, impotente, à degradação galopante: "É deplorável, de lastimar". Todos os painéis datam dos anos 50, à excepção do último, cujos cubos cor-de-laranja salientes foram concebidos para o local por Eduardo Nery no âmbito da Lisboa 94 - Capital da Cultura. Mas nos 12 anos que leva de vida, este trabalho também já ganhou muita experiência no que ao esquecimento diz respeito. Os alegres cubos vivem hoje os seus dias emporcalhados e cobertos de grafitti, num destino muito semelhante ao dos seus irmãos mais velhos.

A câmara diz estar "a fazer um levantamento dos azulejos que faltam aos painéis". Deve ser coisa difícil: é que já em 2004 esse levantamento decorria
."

In Público (7/3/2006)

Abaixo-assinado da Rua Ramalho Ortigão

Foi entregue ao Senhor Presidente da CML abaixo-assinado para que seja devolvida a qualidade de vida a esta rua do Bairro Azul, actualmente com enorme poluição do ar e sonora e transformada numa verdadeira auto-estrada. Cópia desse abaixo-assinado irá ser também entregue à Senhora Vereadora da Mobilidade.

Continuamos a recolher assinaturas no site www.bairroazul.net e na Mercearia Ideal do Bairro Azul, Rua Ramalho Ortigão, Nº 17.

Subscreva-o, porque é urgente humanizar a cidade e os Bairros de Lisboa não podem continuar a ser devassados pelo trânsito.


Ana Alves de Sousa

03/03/2006

Comissariado para Baixa-Chiado em rampa de lançamento

O countdown final já começou; a tripulação da nave espacial da responsabilidade da Vereadora Nogueira Pinto está a postos, quase na sua totalidade, existindo contudo ainda alguns pormenores de treino não testados para alguns deles, sendo que nenhum deles sabe muito bem o que é a missão, quanto tempo vão estar em órbita, nem que destino vão ter. Ei-las, para já, as "bolinhas" da taluda da Santa Casa (sujeitas a aprovação em sessão de CML, próxima 4ª F, à porta fechada):

- Manuel Salgado (Alto-Comissariado);
- Elísio Summavielle;
- Raquel Henriques da Silva;
- Miguel Anacoreta Correia;
- Augusto Mateus;
- Maria Celeste Hagatong.

PF

«Maioria dos prédios municipais encontra-se em mau estado». Verdade de La Palisse

"Maria José Nogueira Pinto diz que não tem havido manutenção. A vereadora aposta na reabilitação contra mais construção

O património edificado que é pertença da Câmara de Lisboa está pelas ruas da amargura - nomeadamente o que foi construído para habitação social. A escolha é exígua, oscila ­entre "o mau estado e o muito mau estado", que são as situações em que se encontra 65 por cento do que a câmara chama "património disperso", segundo adiantou ao PÚBLICO a vereadora que detém este pelouro na autarquia, Maria José Nogueira Pinto. "Construiu-se e depois adeus", constata a responsável autárquica, que aponta assim o dedo à ausência de manutenção por parte da câmara. A constatação levou-a já a estabelecer uma primeira meta: "Primeiro é preciso não deixar degradar mais e depois intervir." Este é um dos objectivos que, segundo ela, irá presidir à candidatura que a autarquia está a preparar ao Prohabita, lançado pelo Governo em 2004 para complementar o Programa Especial de Realojamento. Ao contrário deste, não tem apenas como alvo as pessoas que residem em barracas, propondo-se resolver "quaisquer situações de grave carência habitacional".

Para Nogueira Pinto, em Lisboa este problema resolve-se antes de mais por via da "reabilitação urbana". A vereadora vai, contudo, um pouco mais longe, ao proclamar que uma das regras básicas a adoptar pela cidade deverá ser a de pôr fim a novas construções, apostando, ao invés, nas que já existem, mas que, em muitos casos, "estão a cair aos bocados". É o que sucede no centro histórico, onde há muita gente a viver em edifícios em pré-ruína, sem luz, sem água corrente, sem casa de banho, ou seja, adianta, "em condições que não são compatíveis com uma capital da zona euro". Lisboa tornou-se um espaço em erosão. E não só no que respeita ao património edificado. "É uma cidade de onde saiu a população activa. Foi-se embora a classe média, foram-se embora os jovens, e em troca o que está a receber são fluxos de população sem rendimentos, sobretudo oriunda da imigração. Para estes, sobretudo para os que continuam ilegais, o espaço vital pode até estar agora reduzido a uma cama. É o que se passa na Baixa de Lisboa, onde se alugam já não quartos, mas sim camas e cada uma com três turnos de ocupação", alerta Nogueira Pinto
".

In Público (3/3/2006)

E nós alertamos a Srª Vereadora Nogueira Pinto que é tempo de se começar a dar o exemplo lá para as bandas da CML ... e da Misericórdia. Recuperando o património. Impedir construções novas. Impedir a especulação. Impedir o loteamento. Impediros guetos. E pôr na prática o que está no(s) papel(eis): habitação, habitação e mais habitação.

Algo bem diferente do que o Plano da Avenida da Liberdade contempla, por sinal, já que neste plano recentemente aprovado pela mesma Drª Nogueira Pinto não há espaço para a habitação na Avenida, muito menos para a revolução necessária em termos de condicionamento de trânsito, aposta na mobilidade, etc.

Em que ficamos?

PF

02/03/2006

Cine-Teatro Capitólio: vamos a isso?

Lemos com atenção as citações que os jornais fizeram de declarações da Vereadora Gabriela Seara, relativas à preocupação que a actual Vereação tem em preservar o Cíne-Teatro Capitólio que, estando classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1983, é agora propriedade da CML e, por conseguinte, propriedade de todos nós, lisboetas.

É pois com enorme alegria que lhe comunicámos o quanto nos congratulamos com as suas palavras, sinal evidente da sua vontade e da actual Vereação em querer reabilitar o património de Lisboa, começando exactamente pelo próprio património da CML, e logo pelo Capitólio; o qual é (dadas as suas características únicas como exemplar maior do modernismo do Arq. Cristino da Silva) juntamente ao Odéon, São Jorge e Tivoli, uma das poucas salas de espectáculo emblemáticas de Lisboa que ainda se mantêm de pé, e que urge reabilitar, sob pena de não ombrearmos com as cidades com que nos orgulhamos de comparar.

E por isso, lembrámos também à Senhora Vereadora os alertas, as manifestações de repúdio, os protestos e as propostas que milhares e milhares de pessoas têm vindo a apresentar privada e publicamente, das mais variadas maneiras (as nossas propostas estão em http://cidadanialx.tripod.com/capitolio.html) , junto das mais diversas instâncias nacionais e internacionais, de há uma série de anos a esta parte:

É preciso evitar a alteração, a mutilação ou o abate desta peça arquitectónica que a todos deve honrar, até porque é elogiada por estrangeiros reputados, o que ainda nos envergonha e revolta mais quando pensamos que responsáveis do passado recente chegaram a defender publicamente a «desclassificação» do Capitólio!,

Relembrámos também que o Capitólio, embora apresente sérios problemas de conservação, não está, nem de perto nem de longe, em perigo de derrocada. Além do mais, a estrutura pioneira do Capitólio, da responsabilidade do Eng.Bélard da Fonseca, porque feita em betão armado, permitirá uma recuperação ainda mais fácil do que se supõe. Basta vontade política, competência técnica e élan de todos quantos defendem o Capitólio. Vamos a isso?

PF

Plano da Avenida da Liberdade foi aprovado

"A Câmara de Lisboa aprovou ontem, por maioria, com os votos favoráveis da coligação PSD-CDS/PP e da CDU, o Plano de Urbanização da Avenida de Liberdade e Zona Envolvente (PUALZE). Os termos de referência do PUALZE foram aprovados em 1990, tendo o plano esperado 16 anos para ser aprovado. O vereador eleito pelo Bloco de Esquerda, José Sá Fernandes, foi o único a votar contra a proposta, e a bancada socialista, que propôs uma alternativa que defendia a suspensão do PUALZE até à elaboração de um estudo de transportes, absteve-se.

Foram à sessão de câmara extraordinária cinco instrumentos de planeamento - a Avenida da Liberdade, eixo Luz-Benfica, o Parque Oriente, a coroa norte de Lisboa (Calçada de Carriche, Ameixoeira e Galinheiras) e ainda Alcântara. Fontão de Carvalho, vice-presidente da CML, afirmou ser "um dia histórico" por "nunca terem sido submetidos tantos instrumentos de planeamento estratégico para a cidade numa só sessão".

A discussão em torno do PUALZE, que seguirá agora para aprovação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, demorou mais de três horas, apesar de a vereadora Gabriela Seara, responsável do Urbanismo, e subscritora da proposta, ter retirado a zona abrangida pelo Parque Mayer, tentando obter um consenso alargado à oposição. Para o Parque Mayer será elaborado um plano de pormenor específico, adiantou, sem ter obtido o acordo esperado.

Sá Fernandes considerou a proposta como "sem ambição", "a derrota da zona central de Lisboa" e "um erro histórico". "É a vitória do terciário", acusou. O autarca lamentou a ausência de um estudo de tráfego. "É inconcebível", disse.

A bancada socialista afinou pelo mesmo diapasão: "A não existência de um estudo de tráfego prejudica qualquer intervenção", sustentou Manuel Maria Carrilho, afirmando que o PUALZE "consagra uma perspectiva loteadora da cidade".

Já Ruben de Carvalho, da CDU, defendeu: "Temos de começar com o que temos à nossa disposição. Começar não significa acabar." O vereador comunista admitiu, porém, que a autonomização da área do Parque Mayer "é simultaneamente um absurdo e uma coisa positiva. Vamos ter um problema a seguir quando tivermos os termos de referência do Parque Mayer", vaticinou.

Maria José Nogueira Pinto, do CDS/PP, concordou que o PUALZE não responde a todas as questões, mas defendeu que "a solução não é parar e adiar".

O que prevê o PUALZE:

O arquitecto Fernandes de Sá, a quem foi adjudicada, em 1990, a revisão do PUALZE, foi à reunião apresentar a proposta. Existem 1306 prédios nesta área central da cidade, 60 por cento dos quais ocupam lotes inferiores a 300 m2. A grande maioria (73 por cento) tem menos de cinco pisos e, ao longo destes 16 anos, a degradação do edificado é uma realidade, sobretudo nas encostas. Assim como a desertificação: na década de 81/91 a população diminuiu 56,3 por cento e de 1991 até hoje recuou mais 13,4 por cento, vivendo no eixo central da cidade 7447 pessoas, das quais 31 por cento têm mais de 65 anos. Na Av. da Liberdade, disse Fernandes de Sá, vivem cerca de 30 famílias.
A área devoluta do eixo central da cidade duplicou nos últimos 16 anos: de 166 mil m2 (nove por cento da área total), para 366 mil m2 (17,3 por cento do total), em 2003. A vocação do edificado para o terciário aumentou muito significativamente, ocupando mais de metade da área construída. A habitação tem um peso de apenas 20 por cento.

O PUALZE prevê o fim do estacionamento à superfície na avenida, adiantou o arquitecto, e a solução encontrada passa pela construção dos mesmos 750 lugares de estacionamento existentes em três parques subterrâneos, a ser construídos em cruzamentos, por forma a não inteferir com a vegetação da artéria. Estes serão construídas a custo zero pelo promotor imobiliário do Campo Pequeno, no âmbito de contrapartidas. As laterais da Avenida deixarão de ter tráfego automóvel.
As Ruas de Santa Marta e São José serão redesenhadas, aumentando os seus passeios. Na Rua do Passadiço está prevista a construção de um equipamento social, de apoio aos imigrantes. O PUALZE prevê a ligação das duas encostas e dos seus dois elevadores: Lavra e Glória.

Fernandes de Sá explicou que o PUALZE não inviabiliza a habitação na Av. da Liberdade, mas explicou que a lei do ruído e a poluição o impossibilitam neste momento. "O facto de a avenida ter vocação terciária não quer dizer que a zona envolvente também o venha a ser", disse, em resposta a Sá Fernandes
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In Público (2/3/2006)

Comentário: não somos profissionais na matéria mas parece-nos que faríamos melhor, bem melhor. Brevemente daremos notícias.

PF