30/04/2009

Rua do Arsenal reservada a transportes públicos

Um manifesto de moradores e comerciantes de uma rua da capital teve eco junto da autarquia, que prometeu tomar medidas minimizadoras dos impactes no trânsito após as obras no Terreiro do Paço.

A Câmara de Lisboa comprometeu-se ontem a reservar a Rua do Arsenal apenas a transportes públicos, depois do final das obras no Terreiro do Paço. O vereador Manuel Salgado (PS) disse na reunião pública do executivo que tal facto "vai reduzir o número total de veículos a circular em relação à situação anterior ao fechar a Praça do Comércio".

Este anúncio surge na sequência de um manifesto que moradores e comerciantes daquela artéria lisboeta enviaram ao município, queixando-se do barulho e poluição atmosférica acrescidos, desde que a rua passou a canal alternativo à travessia longitudinal junto ao rio.

Manuel Salgado disse ainda que a autarquia vai "pressionar a Carris para alterar a frota de veículos que circula na Baixa, optando por veículos de menores dimensões, menos poluentes e menos ruidosos". Aquele responsável esclareceu que "a Rua do Arsenal vai ser reperfilada, os cais dos eléctricos vão ser levantados e reposicionados, deslocando-se para sul, o que permitirá alargar o passeio Norte junto aos estabelecimentos comerciais".

Na exposição que enviaram à câmara, moradores e comerciantes dizem que "o ruído e a poluição atmosférica já estão neste momento a causar-nos problemas de saúde. Viver na Rua do Arsenal e Rua Bernardino Costa tornou-se um pesadelo", acrescentam. Em face desta situação, a câmara informou que para reduzir o nível de ruído "o pavimento da rua vai ser substituído por um pavimento betuminoso com borracha".

Apesar de não ter avançado com a data da concretização destas medidas, o vereador disse que serão "introduzidas medidas de acalmia de velocidade e sinais de trânsito com limite de 30 km/hora.

As passagens de peões serão reconstituídas com material contrastante e resistente, com sinalização luminosa".

O Terreiro do Paço foi igualmente tema de discussão na sessão pública por causa do estudo de Urbanismo Comercial, cuja elaboração a Sociedade Frente Tejo entregou a uma entidade privada, a CB Richard Ellis. Ruben de Carvalho (PCP) manifestou perplexidade pela situação, mas António Costa informou que se trata de uma adjudicação da responsabilidade do organismo a quem foi entregue pelo Governo a missão de renovar a Praça do Comércio.

Entretanto, de acordo com um estudo da Universidade Autónoma de Lisboa, divulgado pela agência Lusa, "mais de metade dos utilizadores da Praça do Comércio aponta a falta de espaços para actividades culturais e de esplanadas como as principais lacunas daquela zona nobre da capital". O trabalho, promovido pelo Instituto de Investigação Pluridisciplinar da UAL, foi desenvolvido entre Setembro de 2007 e Agosto de 2008 e envolveu a realização de 440 inquéritos.

In DN


Um "ghetto" alemão

Em Munique, como é prática comum na Europa, as pessoas gostam de viver no centro, rodeadas de prédios antigos, pequenos, impecavelmente arranjados e bonitos, com rendas que chegam aos 800-1200 euros.
Muitas nunca se dão ao trabalho de explorar os arredores, é simplesmente "bem" viver no centro e ter uma escolha enorme de lojas e restaurantes á mão de semear.

É também expectável e agradável andar a pé para todo o lado, até porque os centros comerciais centralizados e gigantescos são algo importado da América que muitos europeus detestam. Afinal de contas, os passeios pela Europa fora são geralmente lisos, enquanto a venerável calçada portuguesa persiste em Lisboa como uma solução que certamente tem capacidade estética, mas pouco funcional e de elevada manutenção. E a falta de manutenção infelizmente tende a eliminar qualquer vantagem estética que exista...

Este é um vídeo sobre o pior bairro de Munique, Neuperlach, uma urbanização construída apressadamente, numa altura em que a cidade teve uma grande expansão, e nem sequer é de génese ilegal, até porque isso não existe.

Como se pode depreender pela banda sonora dramática, o autor provavelmente partilha da opinião comum em Munique, de que este sítio fantástico, arborizado, e com ciclovias para todo o lado, é um "ghetto" horrível e perigoso, com um grande centro comercial, rendas a metade do preço, e que está cheio de gente, meu Deus, mediterrânica!




Hmm, onde é que eu já vi prédios destes. Será que existe algures uma cidade inteira cheia de prédios horríveis deste género, ou pior ainda, com poucas árvores, ciclovias, jardins e cheia de carros mal estacionados, e com ares condicionados pendurados nas varandas?

Já agora, a partir desta coisa horrivelmente periférica chega-se de comboio ou metro ás zonas chiques do centro em 10 minutos! E para os poucos excêntricos que andam de carro, também não há engarrafamentos.

Donos da casa com painéis de Almada aceitam preservação se os deixarem construir anexo

In Público (30/4/2009)
Ana Henriques

«Caso nova construção não seja autorizada, os proprietários da moradia do Restelo querem que câmara a adquira por mais de dois milhões de euros


Os proprietários da moradia do Restelo onde existem vários painéis de Almada Negreiros admitem desistir da sua demolição e reabilitar o imóvel se, em contrapartida, forem autorizados a construir mais um edifício no terreno onde se situa a casa, na Rua de Alcolena. Caso a Câmara de Lisboa não o permita, propõem à autarquia que lhes adquira a moradia por valor superior a dois milhões de euros.

O assunto será em breve discutido pelos vereadores. Seja como for, o município recusa-se a autorizar a demolição, por entender que o edifício, da autoria do arquitecto António Varela, tem "um excepcional interesse no contexto da arquitectura moderna portuguesa".
É do gabinete do arquitecto Vasco Massapina o projecto que prevê a destruição da moradia dos anos 50 e a sua substituição por uma nova vivenda. Quem assina o trabalho é o seu filho, João Massapina.
Técnicas perplexas
As técnicas camarárias que analisaram o processo estranham que a memória descritiva entregue por este atelier nos serviços camarários para levar por diante a demolição escamoteie o seu valor enquanto peça artística e arquitectónica: "Foi com enorme perplexidade que constatámos que o arquitecto desvaloriza em absoluto a moradia. Ignora-a como se de uma obra menor se tratasse e desconhece que ela integra o inventário municipal do património", escrevem num parecer.
Com efeito, não há no projecto de Massapina qualquer referência a Almada Negreiros ou a António Varela. As técnicas desmentem ainda o estado de "pré-ruína" da casa invocado pelo mesmo arquitecto: "Encontra-se em razoável estado de conservação. Os sinais de degradação que apresenta devem-se essencialmente ao abandono e à falta de obras de conservação periódicas".
Ainda de acordo com o mesmo parecer, o jardim que rodeia o imóvel, no qual os proprietários querem agora construir um anexo, "deve continuar a ser uma área permeável verde, com manutenção das árvores de médio e grande porte, e de todos os elementos de carácter simbólico dispersos pelo mesmo".
A reunião de ontem da câmara foi marcada por uma inusitada discussão entre os vereadores Sá Fernandes e o social-democrata Fernando Negrão sobre a sinalética da cidade. No calor da discussão Sá Fernandes não mediu as palavras. "Agradecia que não me atirasse perdigotos", disse a Negrão. »

Pessoalmente, acho este caso escandaloso. Quem tem que impor condições é a CML, é o IGESPAR, não é o proprietário. Como é do conhecimento público o IGESPAR pode invocar a ilegalidade do processo. Como é sabido, a casa encontra-se na zona de protecção da Capela de São Jerónimo, MN. Quais anexos, quais carapuças ... caso contrário, tenho que acreditar no que já me disseram: é tudo um teatro, pois o promotor está entendido com a CML e o novo arquitecto tem muito mais pêso na CML do que, imagine-se, o legado de António Varela e Almada Negreiros. Estou curioso com a posição de 'força' da O.A. Mas uma coisa é certa, este caso, do que resultar dele se inferirá de valer, ou não valer, a pena em defender seja o que for de património em Lisboa. Cadê o MC?

29/04/2009

Mais 15 dias de obras na Av. de Berna

As obras de reconstrução de um colector de esgotos de grandes dimensões que entrou em colapso na segunda-feira da semana passada, na Avenida de Berna, vão prolongar-se por mais duas semanas (...)
In JN

«Lisboa das Avenidas Novas» pela Profª Raquel Henriques da Silva

Ciclo de Palestras organizado pela Câmara Municipal de Lisboa

A cidade, a sua história, a vida quotidiana, a arte e a arquitectura, as pessoas com as suas histórias e as suas memórias, vão ser temas destas primeirasa "Conversas com Lisboa". Através das palavras dos oradores convidados para este ciclo vamos tarzer à conversa diferentes olhares sobre Lisboa e debatê-los com todos os que quiserem partilhar um pouco dessas memórias, com um olhar posto no futuro da nossa Cidade. Todas as palestras terão lugar nos Paços do Concelho, a casa dos lisboetas, ao fim da tarde, entre as 18h00 e as 20h00.

30 ABRIL

«Lisboa das Avenidas Novas»

RAQUEL HENRIQUES DA SILVA (UNL/FCSH)

Foto: Rua Luciano Cordeiro, 13. Daqui a uma década, o que restará das Arquitecturas pioneiras das Avenidas Novas?

Quinta Bensaúde terá hotel e apartamentos turísticos


"Um hotel e diversos apartamentos turísticos deverão ser construídos em parte dos Os terrenos da Quinta Bensaúde, em Benfica terão, segundo as linhas orientadoras do Plano de Pormenor do Alto dos Moinhos, um hotel e diversos apartamentos turísticos."

in "Opção Turismo"


Perplexidades:

- O plano ainda não está aprovado mas parece que os promotores já o dão por adquirido...

- A elaboração do plano de pormenor será entregue pela câmara ao promotor imobiliário interessado...

- O Parque Bensaúde é um importante espaço verde naquela zona da cidade que tem uma elevada densidade populacional e uma escassa oferta de espaços verdes


A proposta vai hoje ser votada na reunião da câmara municipal...

O Jardim da Estrela... Dois anos depois do meu casamento...

Foi há dois anos que, vencida uma guerra burocrática entre a 5ª Conservatória do Registo Civil e a Câmara Municipal de Lisboa, consegui juntar a um dia de sol, todos os meus amigos e família e casar-me no Jardim da Estrela - local mágico onde tive a sorte de conhecer o amor da minha vida (que piroseira, bem sei).

Não sei se fomos pioneiros, desconheço se há mais pessoas que armem um verdadeiro chavascal porque teimaram casar-se num jardim público, sob o olhar atento de centenárias Ficus macrophyllas, Ginkgo biloba, Phytolacca dioica, entre outros exemplares fenomenais existentes no Jardim da Estrela, e não numa quinta dos subúrbios, com todos os luxos.

Todo o processo, verdadeiramente kafkiano, para levarmos a nossa ideia fixa avante, centrou-se em conseguir obter a licença de ocupação de espaço público para dez minutos de cerimónia.

Foram meses de requerimentos, e depois telefonemas, e mais telefonemas, faxes também, namoros telefónicos com uma senhora muito simpática da Divisão de Jardins, que, dentro dos possíveis, fazia os possíveis para acelerar o processo à medida que a data marcada se aproximava sem qualquer resposta por parte do Município, idas à Junta de Freguesia da Lapa que, muito solicitamente, nos ajudou desde o primeiro momento, e, no final de tudo - e apesar de eu ser, à data, assessora do vereador responsável quer pelos espaços verdes, quer pelo espaço público -, uma conta bem mais alta do que a do vestido da noiva, para podermos casar como sempre sonháramos. No jardim onde tivemos a sorte de nos conhecer.

Mas repeteríamos a maratona, porque valeu mesmo a pena. Isto apesar de ter sido a última vez que vi o meu pai com vida - veio a falecer pouco menos de uma semana depois, com um ataque cardíaco -, apesar de, três ou quatro dias depois, ter perdido o meu emprego por via da queda do executivo de Carmona Rodrigues.

Desculpem a postagem da foto do meu casamento (este post é um pouco romântico e, por isso mesmo, assumidamente piroso), mas vale a pena usar a foto da praxe de grupo para revisitar o Jardim da Estrela, dois anos depois. Apertem então os cintos, mandem as crianças para a cama para não terem pesadelos esta noite, e preparem-se para o embate:

Roulotte do "Pançudo", estacionada em pleno Jardim, junto à entrada da Basílica da Estrela, vendendo animadamente churros e farturas, em esplanada improvisada com mobiliário multicolorido pegajoso, mas fazendo publicidade aos gelados Olá.

Mais o quê? Vejamos... Restaurante fechado, degradado, com grafitti "filhos da p...." escrito há meses e meses, quase um ano, na fachada... (e bem sei que está aberto o concurso público para exploração - entrega de propostas até 18 de Maio -, mas há um ano que o restaurante fechou, não me serve de desculpa).

Ainda relativo ao sector da restauração, também temos a espectacular barraca em forma do logótipo da Olá, junto aos renovados parques infantis, que nada mais vendem a não ser gelados da Unilever (agora também os há da Ben & Jerry's, aqueles que fazem bem ao planeta Terra e que andaram a estacionar vaquinhas nos lugares da EMEL) - gelados que, como se sabe, são uma oferta de qualidade para as nossas crianças, sobretudo para as cáries e obesidade da população infantil de Lisboa.

Isto sem falar da inqualificável simpatia dos empregados do referido estabelecimento que, em tom de guarda de campo de concentração, gritam bem alto dentro da sua trincheira que a fila dos gelados não é a mesma que a fila do café (e é claro que podem ser antipáticos, podem ser as maiores bestas até, porque são os únicos que nos podem servir um café naquele jardim, por isso, quem não quer levar com os seus perdigotos e má educação, que traga o "termus" de casa com o café e a geladeira com a água e o gelado, que é para o lado que eles dormem melhor).

Falando em parques infantis, temos também o inovador pavimento de ambos os parques, coberto de areão tipo fundo de aquário decorativo (uma placa à entrada garante que é higienizado regularmente - menos mal), e é ver as crianças, coitadinhas, aflitas com pedras nos sapatos (peço a JSF que faça uma experiência e vá de sandálias ou chinelos para dentro do parque do Leão e da Girafa para ver se a sensação é agradável. Não é não. É um horror).

Ou então - que imaginativas que são as crianças, será que ninguém pensou nisso? -, não é assim tão raro ver os pré-adolescentes que ali também brincam a atirar as ditas pedrinhas uns aos outros, aleijando os mais pequenos e quem mais lhes passe à frente, sob o olhar bucólico e de quase morte-cerebral das funcionárias municipais, que têm como função zelar pelos parques e pelos sanitários infantis.

Depois, e sem querer ser muito minunciosa (podia ainda falar do Caracol, das árvores que caíram), há ainda a estátua de Antero de Quental, vandalizada por grafitti, sem que, apesar das múltiplas denúncias, os serviços municipais apressem a sua limpeza.

Há apenas uma coisa boa, que me lembre assim de repente, a registar desde que eu me casei, há dois anos, no Jardim da Estrela -- a EDP finalmente reparou a rede de iluminação do Jardim.

Mas tudo o resto me parece bastante sombrio...

Cada coisa no seu lugar


Avenida de Liberdade - 22 de Abril de 2009

Perguntas:

Com tanto espaço por que teve que se sacrificar o lugar destinado a uma árvore para aí instalar um parquímetro ?

Para quando uma planificação cuidada para a cidade de Lisboa?



João Pinto Soares

Figaro


Ces bâtiments dont vous ne voulez plus...
Claire Bommelaer et Valérie Sasportas (Figaroscope)22/04/2009

À l'occasion de l'exposition sur le Grand Paris, qui s'ouvre le 30 avril à la Cité de l'architecture et du patrimoine, un sondage exclusif du Figaroscope (plus de 15 000 votes) montre que la tour Montparnasse, Beaubourg et le quartier Beaugrenelle sont jugés indésirables. » Les projets du Grand Paris exposés à la Cité de l'Architecture » EN IMAGES - Les sites et monuments proposés dans le sondage


Méthodologie
Deux séries de dix monuments ou sites ont été soumises aux internautes du 10 au 16 avril. Celles-ci comprenaient des
établissements culturels ou bâtiments remarquables, tous construits au cours des cinquante dernières années. Les résultats (en %), arrondis après la virgule à la décimale la plus proche, sont donnés sur une base de 100 répondants.
N. B. : les « Colonnes » de Buren ont suscité beaucoup de commentaires mais, s'agissant d'une œuvre d'art et non d'un bâtiment, elles ne figuraient sur aucune liste.

La Tour Montparnasse : 35,4 %
« Verrue qui défigure Paris », « vilain doigt noir », « funeste candélabre » ou « tour maudite » : l'imagination se déchaîne pour fustiger la tour Montparnasse, que certains internautes suggèrent de « détruire sans délai ».
La tour, haute de 210 mètres, a toujours suscité les plus vives critiques. C'est Georges Pompidou qui a autorisé le chantier en 1969, essuyant déjà une première polémique. Conçue par les architectes Roger Saubot, Eugène Beaudouin, Urbain Cassan et Louis Hoym de Marien, achevée en 1973, la tour n'a jamais trouvé de vrais défenseurs. Bertrand Delanoë s'est prononcé en faveur de sa démolition, mais celle-ci coûterait un milliard d'euros.

Beaugrenelle : 31,4 %
Dans le cadre du plan de rénovation du secteur Beaugrenelle, en 1959, les architectes Lopez et Potier imaginent d'élever le sol à 6 mètres au-dessus des voitures, avec petits commerces et décors psychédéliques.
Quarante ans plus tard, la « dalle » horrifie 31,4 % d'entre vous. « Ce quartier est le plus moche et le plus glauque endroit de Paris », vitupèrent certains. « Et alors ? », feint de s'interroger un certain Jean-Michel par une pirouette : « Paris serait une tout autre ville sans tous ses monuments, même s'il faut admettre que ces immeubles du front de Seine n'en sont pas et qu'ils peuvent à ce titre disparaître ! »

Beaubourg : 22,7 %
Haro sur le
Centre Pompidou (Beaubourg), cité en 3e position dans la liste des monuments « indésirables », par 22,7 % de voix. La polémique ressurgit plus de trente ans après l'inauguration, en 1977, du bâtiment, dont le chantier aura duré cinq années. Ses architectes, Renzo Piano, Richard Rogers et Gianfranco Franchini, l'avaient conçu comme « un diagramme spatial évolutif ».
Vous tempêtez contre cet « art intestinal », ce « garage hideux », cette « façade pseudo-usine », « exemple parfait du snobisme du laid » qui, « en plus de cette esthétique de plomberie, défigure son environnement immédiat, le vieux quartier des Halles ». On s'interroge : ont-ils mauvais goût, tous ces Américains qui, fous de Paris ou amateurs d'art, adorent ?

Opéra Bastille : 15 %
Inauguré le 14 juillet 1989, l'
Opéra Bastille,réalisation de l'architecte Carlos Ott, n'en finit pas de provoquer l'ire des esthètes et mélomanes.
Avec 14,96 % d'opinions défavorables, il figure parmi les quatre premiers monuments dont la vue vous consterne, à en juger par la virulence de vos nombreux commentaires. « Laid à l'extérieur, sinistre à l'intérieur », « ce bloc de béton hideux, couvert de filets verts, est un symbole de la qualité éphémère de notre époque ! » « Un temple bobo dont des morceaux de façade menacent de tomber ! », insistez-vous. Et surtout : « Plus grave : l'acoustique. Les opéras sont mieux représentés à Garnier. »

Bibliothèque François Miterrand (BNF) : 13,6 %
La
BNF, œuvre de l'architecte Dominique Perrault, en 1995, obtient la cinquième place des monuments que vous jugez indésirables, fédérant 13,64 % de votants, prolixes en commentaires.
Vous fustigez son « abord malaisé » , « le coût faramineux de ses frais de fonctionnement » . Certains tempèrent, « le jardin central est intéressant » , pour mieux porter l'estocade, « mais les quatre tours sont affreuses ! » . Le pire, selon vous : « Impossible de stocker les livres dans la partie vitrée des bâtiments par risque de détérioration. » De plus, si la Seine est en crue… « la BNF sera inondée ! Et comme les réserves sont en cave… » .

Les autres monuments dont vous ne voulez plus...
La
Maison de la Radio : 12 % - Inaugurée en 1963, architecte : Henry Bernard.
La pyramide du
Louvre : 8,9 % - Inaugurée en 1989, architecte : Ieoh Ming Pei.
Le ministère des Finances (Bercy): 7,5 % - Inauguré en 1989, architectes : Paul Chemetov et Borja Huidobro.
Le
Palais des Congrès : 7,4 % - Inauguré en 1974, architecte : Guillaume Gillet.
Le
Palais Omnisports Paris-Bercy : 6,8 % - Inauguré en 1984, architectes : Jean Prouvé, Michel Andrault, Pierre Parat.
Le
Parc des Princes : 6,7 % - Inauguré en 1972, architecte : Roger Taillibert.

http://www.lefigaro.fr/scope/articles-enquete/2009/04/22/08002-20090422ARTFIG00001-ces-edifices-dont-vous-ne-voulez-plus-.php

http://www.lefigaro.fr/scope/articles-enquete/2009/04/22/08002-20090422ARTFIG00003-les-projets-des-architectes-pour-le-grand-paris-.php

28/04/2009

Dúvidas, dúvidas...

A propósito do que muito se escreveu elogiosamente sobre os jardins portáteis do Leonel Moura na Praça do Comércio -- viva o jornalismo de press release --, uma perguntinha canalha para o meu vereador favorito (o Perestrello, que conseguiu como ninguém prostituir a minha cidade, vai embora e, por isso, JSF sobe um lugar na pole position):

Quantas Oliveiras se plantavam em Lisboa por 70.000 euros?

Quantos Jacarandás? Quantos Plátanos? Quantos choupos?

JSF fez, em dois anos de mandato, alguma empreitada de espaços verdes com este avultado orçamento? (se calhar fez, gostava de saber quais...)

Quantas árvores plantou JSF este mandato? E onde?

Quantas árvores mandou classificar?

E para não me acusarem de fazer "caça ao zé" e, eventualmente, banirem-me do fórum (até ando a pedi-las), uma nota de parabéns ao ajardinamento do pântano/ bunker da Avenida dos Estados Unidos da América (em frente aos serviços de verificação de incapacidade da segurança social), do qual ninguém ainda aqui falou, se não estou em erro.

Certo é que o processo de posse administrativa deste lote de terreno, abandonado anos a fio em fase de construção, data de anteriores mandatos, mas a febre eleitoral de apresentar espaços verdejantes onde, outrora e durante mais tempo do que em qualquer democracia devia ter sido permitido, existiu um pântano a céu aberto, fez com que em poucas semanas nascesse um bonito espaço verde (faltam, por exemplo, banquinhos para o espaço ser, efectivamente fruido pela população).

Escusadas eram, porém, placas "obra-a-obra, Lisboa melhora/ fica mais verde", mas isso lembra-me outra questão canalha, e estupidamente demagógica:

Quanto custa a "plantação" destes cartazes? A este budget, gostava de somar o custo das telas "Aprovado", e da campanha de higiene urbana? E juntando essas somas, quantas árvores podiam ser plantadas com esse orçamento?

Agradecendo adiantadamente as respostas na caixa de comentários abaixo, subscrevo-me.

Touradas proibidas por regulamento municipal

"Os espectáculos tauromáquicos e os circos com animais passaram a ser proibidos no concelho de Sintra que, com esta decisão, se junta a outros três concelhos que, nas últimas semanas, aprovaram medidas limitadoras idênticas. (...)"

In JN
Viana do Castelo, Braga e Cascais já o fizeram, era preciso que em Lisboa também houvesse coragem

Sporting quer reabilitar Lisboa

Câmara vai pagar ao clube leonino 23,200 milhões de euros em terrenos e/ou projectos de reabilitação, na sequência do diferendo com os terrenos do antigo estádio.

O Sporting vai receber 23, 200 milhões de euros da câmara municipal em terrenos e projectos de reabilitação urbana na cidade de Lisboa. Clube e autarquia chegaram a um acordo sobre a forma de pagamento, depois de o tribunal arbitral, constituído para analisar o processo de loteamento dos terrenos do antigo Estádio José Alvalade, ter dado razão ao clube. Falta agora o município decidir que terrenos e que projectos vai ceder aos leões. O DN sabe que o Sporting prefere os projectos de reabilitação (reconstrução de prédio devolutos, etc.).

Em Setembro de 2008, a autarquia foi condenada a "ceder ao Sporting uma edificabilidade de valor equivalente a 29 mil metros quadrados". E sabe o DN, o tribunal arbitral definiu que a CML pagasse cada metro quadrado a 800 euros, num total de 23, 200 milhões de euros. Verba de que o município não dispõe. Por isso, Sporting e CML acordaram que o valor fosse pago em terrenos e projectos de reabilitação.

O diferendo remonta a 2003 quando a autarquia assumiu o compromisso de elaborar um plano de pormenor para conceder ao Sporting direitos de edificabilidade de 29 mil metros quadrados a acrescer aos 109 mil metros quadrados previstos para o UOP 30 do Plano Director Municipal. Mas, como tal não aconteceu, e o vereador Sá Fernandes não abdicou do espaço verde, o caso foi parar a um tribunal arbitral que deu razão ao Sporting. E decidiu que os 29 mil metros quadrados dos terrenos do antigo estádio deviam ser avaliados e a edilidade iria ceder outros com idêntico valor.

In DN

"Postam"....ou pescam ?

Edital n.º 407/2009. D.R. n.º 82, Série II de 2009-04-28

Câmara Municipal de Lisboa
Alienação do Palácio Braamcamp: prédio urbano sito no Pátio do Tijolo, 25, e na Travessa do Conde de Soure, 24, com a área total de 1684 m2

...

Ninguém no seu perfeito juízo irá comprar aquele edifício, sem saber de antemão o que a CML vai permitir no lote da antiga Lithografia Portugal. Bom, pensando melhor, talvez seja mesmo essa a intenção...

Parte da Quinta Bensaúde vai ser loteada

In Público (28/4/2009)


«Um hotel e apartamentos turísticos deverão ser construídos em parte dos terrenos da Quinta Bensaúde, em Benfica, segundo as linhas orientadoras do Plano de Pormenor (PP) do Alto dos Moinhos, que propõem dispensa de avaliação de impacte ambiental. O plano não deverá ser sujeito a avaliação de impacte ambiental porque os projectos a concretizar "não são susceptíveis de vir a gerar efeitos significativos no ambiente".
O PP do Alto dos Moinhos será elaborado pela autarquia em conjunto com a Irgossai, empresa do grupo Carlos Saraiva que detém parte dos terrenos. Segundo a proposta que vai amanhã à reunião de câmara, a área a lotear tem mais de nove hectares e o seu loteamento foi anteriormente chumbado por falta de plano. Está prevista a criação de um parque urbano na continuidade do Parque Bensaúde e uma ligação pedonal sobre a Avenida Lusíada para 'aproximar' as encostas norte e sul do Alto dos Moinhos. »

Confesso que não conheço bem a zona, nem a área da quinta. Apenas conheço o parque homónimo que a CML gere no âmbito do protocolo de cedência, mas sei que qualquer coisa que traga essa chancela "não são susceptíveis de vir a gerar efeitos significativos no ambiente" me faz desconfiar, porque a mesma coisa li eu num parecer da digníssima CCDR-LVT sobre o PP Hotel Miramar, no Monte Estoril. Ora para aí defende a CMC um hotel com mínimo de 100 quartos, numa zona onde está um edifício que era hotel com cerca de 40 quartos. De 40 para 110, numa zona de ruas esteitas, com vivendas com jardins, é caricato que a CCDR-LVT entenda que os efeitos desse tal PP "não são susceptíveis de vir a gerar efeitos significativos no ambiente".

Resumindo e concluindo: CCDR-LVT, IGAL e IGESPAR, quando se exige que tenham pareceres consubstanciais, claros e inequivocamente desfavoráveis, dizem que sim mas também. Temo que seja este o caso.

Passadeira de pedra a cortar Terreiro do Paço ao meio inquieta participantes em debate

In Público (28/4/2009)
Ana Henriques

«Sociedade Frente Tejo continua sem divulgar desenhos que permitiriam perceber melhor o projecto de reabilitação da praça


O projecto de dividir o Terreiro do Paço ao meio com uma passadeira de pedra, para assinalar o percurso entre o arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas, foi ontem recebido com inquietação por vários dos participantes numa conferência dedicada às praças da Europa que decorreu no Centro de Informação Urbana de Lisboa.

Apesar de o autor do projecto de reabilitação da Praça do Comércio, Bruno Soares, ter estado presente no debate, ainda não foi desta que foram tornados públicos os desenhos que poderão tornar mais claro o que pretende fazer este arquitecto do local. Bruno Soares disse que ainda não tinha chegado a altura de os mostrar.
Ao certo, sabe-se que o projecto que a sua equipa está a elaborar para a Sociedade Frente Tejo, entidade encarregue de recuperar para o usufruto da população alguns troços da zona ribeirinha, prevê o alargamento em 20 metros dos passeios junto às arcadas do lado poente e nascente, de modo a que ali possam ser instaladas esplanadas. Já a placa central deverá estar liberta desse tipo de equipamentos. Para o arquitecto, é um erro fazer comparações entre o Terreiro do Paço e algumas praças espanholas com esse tipo de ocupação no seu centro, como Salamanca ou Valladolid, uma vez que se trata de locais com características diferentes: desde logo a dimensão - a praça portuguesa é muito maior -, e depois a situação geográfica da Praça do Comércio, que é aberta ao rio. "É inóspita, tem muito sol e vento. Seria um grande erro colocar quiosques e esplanadas no centro para fazer com que as pessoas para lá fossem", observou. Também por questões de escala, Bruno Soares pensa não ser de voltar a colocar no local as árvores que já lá existiram no final do séc. XIX: se fossem suficientemente imponentes tapavam os edifícios; se fossem demasiado pequenas ficariam ridículas numa praça tão grande. Quanto à passadeira, servirá para encaminhar os peões em direcção ao rio - segundo o arquitecto, não fará grande contraste com o restante pavimento da praça, devendo ficar ao mesmo nível que este.
Conhecida pelo seu desempenho à frente de vários museus, a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva não hesitou em admitir as suas reticências em relação a vários aspectos do projecto. Além da inquietação que demonstrou sobre a passadeira para os peões, criticou a prevista abertura de um hotel de charme num dos edifícios do Terreiro do Paço. "E a ocupação das arcadas apenas com funções comerciais e turísticas é um erro", preveniu. O que Raquel Henriques da Silva gostaria de ver no local era um pólo do Museu da Cidade dedicado à época pombalina que permitisse aos turistas perceber a história do sítio. E, acima de tudo, que a intervenção a que a Praça do Comércio vai ser sujeita seja mínima.
Quanto à animação domingueira ali promovida pela autarquia, a historiadora de arte espera que não regresse, porque se tratou "de um desastre absoluto". »


E o problema maior nem é esse, como já toda a gente percebeu isso. O problema maior divide-se em dois: A que propósito é o Arq. Bruno Soares o autor do projecto, e não é outro qualquer? A que propósito é que se quer transformar a placa central numa malha de losangos amarelos ocre, em areão, debruados a cinzento, e sob o pedestal fazer-se um losango grande em verde; e depois, defronte à marginal, uma bancada de cerc a de 1m de altura com dois degraus?

Parece que ainda não foi desta que o powerpoint foi divulgado, o que é estranho. A coisa só foi divulgada em sessão privada de CML e as extrapolações feitas são-no por via dos pormenores divulgados em briefing.


P.S. Outro problema, igualmente grave, é constatar-se que a candidatura da Baixa à UNESCO, como a Profª Raquel Henriques da Silva afirmou, «jaz morta e a arrefecer rapidamente». Também, vendo bem, depois das alterações que foram sendo permitidas nos últimos meses, e sem continuar a haver vontade para um verdadeiro plano financeiro, a coisa nem fazia já sentido. Alumínio, podes fazer o teu trabalhinho!

27/04/2009

LARGO do CHIADO: «uzo & abuzo» do passeio


Nem mais, «uzo e abuzo» do espaço público! Mais um exemplo de um mupi a prejudicar a mobilidade pedonal. Quem conhece o Chiado sabe que por esta passadeira e passeio passam milhares de peões. Esta estrutura da JcDecaux, implantada mesmo no meio do canal pedonal, deve ser retirada. As fotos são reveladoras da sua localização abusiva - é apenas um obstáculo à circulação fluida e normal de peões. Foi solicitada à CML, e à JcDecaux, o abate deste "inconveniente" mupi.

Avenida Professor Aníbal de Bettencourt



Diariamente na Avenida Professor Aníbal de Bettencourt, ao lado da Biblioteca Nacional, o próprio sinal de proibição de estacionamento já sofreu com as manobras de... estacionamento.

Jardim das Francesinhas requalificado até ao Verão

In Público (25/4/2009)
Inês Boaventura

«A Câmara de Lisboa está a promover a requalificação do Jardim das Francesinhas, junto à Assembleia da República, incluindo a renovação das zonas verdes e o restauro da escultura em mármore da autoria de Leopoldo de Almeida que domina o espaço.
Há cerca de um ano, o Fórum Cidadania Lisboa divulgou imagens do jardim na freguesia da Lapa, salientando que este se encontrava "num estado lastimável", com "estatuária suja e vandalizada" e canteiros que "deram lugar a tapetes de pedregulhos". Seguiu-se a comunicação social, que ouviu moradores da zona queixar-se dos graffiti, da destruição do mobiliário e da iluminação insuficiente. Este mês, a câmara iniciou as obras de requalificação do espaço, cuja conclusão deverá ocorrer no Verão. A empreitada inclui a recuperação ou substituição de pavimentos, a colocação de um sistema de rega automático, a remodelação da iluminação e a reparação de muros e canteiros.
A obra contempla a renovação das zonas verdes, "com a necessária substituição de algumas espécies" e a conservação e restauro de todos os elementos pétreos. Entre estes destaca-se a peça da autoria de Leopoldo de Almeida, que, segundo dados da autarquia, foi executada em 1947 e inaugurada em 1949.
O assessor de imprensa do vereador Sá Fernandes acrescenta que "todo o conjunto da fonte e do lago será recuperado com a substituição do sistema hidráulico". O Jardim das Francesinhas é também conhecido por Jardim Lisboa Antiga, por ter recebido uma exposição sobre o tema em 1935, e também vai receber um quiosque com esplanada.
O jardim contíguo à Assembleia da República recebeu a escultura de Leopoldo de Almeida em 1949 »

A verdade é que Sá Fernandes disse em público, por mais do que uma vez, que ali não havia falta de arranjo dos espaços verdes [e como não havia lá, nem há, vasos, pistas ou muros pintados de verde, presumi que se referisse às árvores, à erva (não confundir com relva) e aos canteiros coçados] e que tudo se resumi a pedras e cimento. Bom, parece que afinal os espaços verdes estavam/estão mesmo mal tratados. Valha-nos a todos que é ano de eleições.

P.S.- Já agora, convém reavivar a memória de JSF: há mais de um ano que diz que 'encomendou' os bustos que faltam ao patamar dos decapitados, do miradouro de S.Pedro de Alcântara, 'inaugurado' então com direito a festa na aldeia e tudo.

Há um jardim de oliveiras que anda às voltas pelo Terreiro do Paço

In Público (25/4/2009)


«A Parece que a ideia agradou a muitos dos que passam pela mais nobre e imponente praça de Lisboa, em devaneio turístico, ou na correria para o emprego. Talvez por isso, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, foi ontem ver como as oliveiras se movimentam pelo Terreiro do Paço. São assim os 45 "jardins portáteis", idealizados por Leonel Moura, que a autarquia adquiriu por 70 mil euros. Mexem-se à força dos pés de quem se senta na estrutura plástica que sustenta a pequena árvore. Talvez também por isso o autarca já pense em deslocá-las, depois das comemorações do 25 de Abril, para a Praça da Figueira, onde darão o colorido de que o local tanto carece. E Costa lançou novo desafio, convidando outros artistas plásticos a apresentarem projectos para a cidade. A praça encheu-se de gente e, não fosse o vento que a fustigava e a poeira das obras que brindava os visitantes, muitos mais por ali tinham ficado. O artista plástico explicou então que o seu "jardim portátil" permite aos cidadãos, pelo seu movimento, participar na vida da cidade. Sobre a árvore escolhida, destacou que dá sombra a quem nela se acolhe e que está fortemente enraizada à cultura portuguesa e à cidade de Lisboa.»

...

Att. Sr. Presidente da CML


Atenção! Pelo facto da Praça da Figueira ser agora uma espécie de 'aterro sanitário' de tudo quanto a CML quer impingir-nos e acha pimba, por favor, nada de enxotar para lá mais monos.

A Praça da Figueira merece tanto respeito quanto o Rossio, os Restauradores ou o Terreiro do Paço.

Tinha até um belo projecto de requalificação no seguimento do do Rossio (e só projectos de requalificação que entendam a cidade como um espaço continuado é que são dignos de referência), mas que uma 'cunha' fez parar em prol de um outro de revestimento das fachadas da praça com azulejos, no que seria o projecto mais piroso de toda a Lisboa. Ainda bem que isso não foi avante.

Mas não descansaram enquanto não descentraram a estátua de D.João I, subiram a cota do pedestal, puseram aquela iluminação pindérica, mais as tendinhas e lá veio Santana que colocou corrimões nos poços de ventilação (mais outro dos clássicos lisboetas) da placa central. Ah!, é verdade, as árvores-palitos da praxe, dispostas bem longe das fachadas.

Mais bugigangas agora? Poupe-nos, por favor.

Contrato da passagem pedonal sobre Avenida Gulbenkian em tribunal

In Público (26/4/2009)
José António Cerejo

«Câmara de Lisboa entregou obra ao concorrente que propôs preço mais alto e maior prazo de execução. Sá Fernandes diz que a qualidade técnica da proposta mais barata era "manifestamente inferior"

A As obras da passagem pedonal sobre a Avenida Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que permitirão a ligação do Parque Eduardo VII a Monsanto e que deveriam estar prontas em Julho, correm o risco de vir a ser interrompidas por decisão judicial. Uma primeira ordem de suspensão já foi dada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa (TAFL), mas a câmara conseguiu ultrapassá-la, declarando a urgência e o relevante interesse público dos trabalhos iniciados no mês passado.
A adjudicação da empreitada foi feita à empresa Socometal (grupo Soares da Costa) pelo preço de 717 mil euros e com um prazo de execução de 120 dias. A concurso, além da empresa vencedora, apresentou-se a sociedade MTR, com um preço de 629 mil euros (menos 12 por cento) e um prazo de 100 dias. O júri optou, porém, pela proposta mais cara, atribuindo uma classificação bastante mais elevada à Socometal nos restantes critérios de avaliação previstos no programa do concurso.
Inconformada com a intenção de adjudicação ao outro concorrente, a MTR começou por se opor à mesma junto da comissão de análise de propostas, em Dezembro passado, denunciando simultaneamente a sua alegada ilegalidade junto do Tribunal de Contas, com vista a que este recuse o visto prévio ao respectivo contrato. Na perspectiva da empresa, a intenção de adjudicação - concretizada em Fevereiro depois de a sua reclamação ser rejeitada -, para além de lesar os interesses financeiros do município, "viola os princípios da igualdade dos concorrentes, da justiça da administração e da estabilidade das propostas".
Daí que, em meados de Março, tenha interposto uma providência caultelar no TAFL, por forma a conseguir a "suspensão do procedimento de formação de contrato", ao mesmo tempo que avançou com uma acção em que pede a anulação da adjudicação. O juiz ordenou pouco depois a suspensão dos trabalhos, tendo a câmara invocado os "princípios da proporcionalidade, adequação, legalidade e imparcialidade", bem como a "salvaguarda dos direitos de qualidade ambiental das populações", para prosseguir a obra, enquanto se aguarda a decisão sobre a acção principal. Entretanto, como o contrato já tinha sido celebrado e a empreitada estava em curso, a MTR requereu ao tribunal a alteração do objecto da providência cautelar, pedindo que seja ordenada a suspensão da execução do contrato.
Além de contestar a pontuação que a comissão de análise atribuiu aos dois concorrentes nos diferentes critérios de avaliação, a empresa afirma que a adjudicação é ilegal, porque o vencedor ganhou com uma solução técnica entregue depois da abertura das propostas e distinta da que apresentou a concurso. Por outro lado, alega que a Socometal diluiu o custo do projecto no conjunto dos custos de execução, dado tratar-se de um concurso de concepção e construção, o que seria ilegal e implicaria, de acordo com a jurisprudência do Tribunal de Contas, a recusa do visto prévio.
De acordo com o vereador do Ambiente, Espaços Verdes, Higiene e Espaço Público, José Sá Fernandes, este visto já foi pedido ao tribunal, mas a decisão ainda não foi proferida, facto que não impede a realização das obras. Numa resposta escrita, enviada ao PÚBLICO através do seu porta-voz, o vereador contesta os argumentos da MTR e justifica assim a decisão do júri do consurso: "A qualidade técnica da proposta apresentada pelo reclamante (terceiro factor do critério de adjudicação) era manifestamente inferior. Assim, da análise correcta e criteriosa efectuada pela comissão de análise das propostas, resultou que a proposta mais vantajosa era a do concorrente número 1 (Socometal). Por outro lado, afirma-se sem qualquer dúvida que não houve alteração da proposta, nem violação de qualquer cláusula do programa do concurso por parte da empresa vencedora ou do júri."

Idealizado há perto de 30 anos pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, o chamado "corredor verde de Monsanto" vai unir o pulmão de Lisboa ao Parque Eduardo VII, numa extensão de 6,5 km. O projecto inclui outros corredores que o arquitecto paisagista ambiciona ver concretizados na íntegra. Resolver a "difícil ligação de Monsanto à malha urbana, principalmente para peões e bicicletas", é um dos objectivos do corredor, que segundo Ribeiro Telles vai ainda "fazer penetrar até ao centro da cidade um corredor de vegetação com os efeitos benéficos daí resultantes". Saindo do Jardim Amália, no topo superior do Parque Eduardo VII, o corredor, sempre acompanhado por uma ciclovia, deverá começar por transpor a Marquês da Fronteira, através de uma passagem superior em projecto, seguindo pelas traseiras do Palácio de Justiça. Daí passará para os terrenos da Universidade Nova, de onde continuará, por cima da Av. Gulbenkian, para os jardins existentes por trás da José Malhoa. Depois desta zona verde, onde está prevista a criação de hortas, atravessará a Rua de Campolide, seguindo junto à Quinta Zé Pinto e chegando à orla de Monsanto pelo viaduto rodoviário que aí transpõe a via férrea. I.B.
717
mil euros foi o valor da empreitada, com prazo de execução de 120 dias, submetida ao concurso pela sociedade de construções Socometal (grupo Soares da Costa).

629
mil euros (valor 12 por cento inferior ao do outro concorrente) e um prazo de execução de empreitada em 100 dias, assim se apresentou ao concurso que agora contesta em tribunal a sociedade de construções MTR para o contrato da passagem pedonal sobre a Avenida Calouste Gulbenkian. »


Tanto barulho para nada.

É a falar verdade que as pessoas se entendem

In Público (27/4/2009)
Por Mafalda Magalhães Barros

«O texto publicado no PÚBLICO de dia 16 "Obras coercivas...desastrosas para as finanças de Lisboa" contém incorrecções que importa corrigir, sob pena de ser transmitida uma imagem que falseia a realidade.
Começa o artigo com uma afirmação do actual presidente da câmara que se queixa das "consequências desastrosas" que tiveram para os munícipes e para as finanças da autarquia as acções de reabilitação urbana desencadeadas num passado recente. Fica no ar a insinuação de que teriam sido apenas executadas obras de fachada com "consequências desastrosas" para aqueles que habitavam os referidos edifícios.

Estas declarações foram proferidas pelo presidente na Freguesia do Castelo, no acto de entrega de casas de um edifício na Rua do Recolhimento, obra agora finalizada, cuja origem remonta a uma empreitada lançada em 2004, pelo executivo de Santana Lopes. A pergunta que aqui coloco é como poderia agora o presidente entregar casas, se as obras então lançadas fossem, como afirma, apenas de fachada?
Para um melhor conhecimento sobre a situação encontrada em 2002 convém esclarecer que existiam, só na referida Freguesia do Castelo, 89 agregados familiares a receberem subsídios para realojamento temporário, em alguns casos desde 1997, aquando da gestão da coligação de esquerda. E que muitos desses subsídios serviram para os beneficiários comprar casa e sair definitivamente da cidade, contribuindo para a sua desertificação. No entanto, entre 2002-05, em consequência das obras de recuperação do edificado levadas a efeito naquele bairro, puderam voltar aos seus fogos de origem 48 famílias, libertando o erário municipal do enorme encargo que suportava com as tais mensalidades.
Continua o artigo com afirmações relativas às "mega-empreitadas" e à dificuldade do município reaver as verbas investidas em obras ditas "coercivas". Ora, aquelas empreitadas, concursos públicos devidamente aprovados pelo Tribunal de Contas, foram lançados tendo como alvo privilegiado os edifícios municipais. Só episodicamente foram incluídos alguns edifícios particulares, sempre que integrados nas zonas abrangidas e que se revelavam em muito mau estado de conservação.
Se o presidente afirma que apenas se reabilitaram 33 edifícios, no âmbito destas empreitadas, no espaço de três anos, esquecendo todas as outras empreitadas lançadas e concluídas naquele período, considerando pouco o trabalho realizado, o que diremos nós se ao fim de quase dois anos de mandato vemos apenas terminadas as obras num edifício... E não é seguramente por falta de qualidade técnica de quantos trabalham na Reabilitação Urbana, pois já deram provas, assim sejam definidas políticas concertadas e haja vontade de as implementar.
Lembro aqui, a título de exemplo, o caso da Rua de S. Bento que beneficiou de uma dessas grandes empreitadas (de cerca de 5 milhões de euros) que envolveu a recuperação de 18 edifícios, sendo 15 municipais, possibilitando que os fogos recuperados no âmbito dessa acção fossem ocupados pelos anteriores locatários, que agora vivem em condições condignas, disponibilizando ainda um considerável número de fogos para outros realojamentos, e que agora tanta utilidade têm tido.
O mesmo tipo de intervenção levado a efeito no Bairro Alto permitiu a recuperação de diversos prédios de habitação, 17 ao todo, sendo 12 municipais, muitos igualmente com fogos devolutos, o que permite agora dispor de uma bolsa de fogos para arrendamento a custos controlados. Lembro ainda as obras de reabilitação da Escola 12, na Rua da Rosa 168, que dotou aquele bairro de uma escola condigna para os seus moradores. E ainda as obras nos edifícios das juntas de freguesia de Santa Catarina (Palácio Cabral, na Calçada do Combro) e de S. Paulo. As obras foram tantas que seria fastidioso enumerar todas...
E se as condições de habitabilidade eram precárias em grande parte destes edifícios, seguramente que as obras não poderiam ser efectuadas com os moradores neles habitando, sobretudo quando se tratava de proceder a consolidações estruturais e de os dotar de condições de salubridade que passavam pela introdução de instalações sanitárias e de renovação total de redes de abastecimento. Fossem as obras só de fachada e tais cuidados não seriam necessários....
Ou será que o presidente considera que se atrai população para as zonas centrais da cidade sem primeiro as dotar de condições dignas de habitabilidade? E não deverá a autarquia dar primeiro o exemplo, conservando o património que é seu e depois exigir aos particulares que também o façam? Ou considera que, em vez de "mega-
empreitadas", é com mega-
assadores de castanhas, como o que colocou no Terreiro do Paço, ou outras acções de carácter populista, como esta, que vai requalificar e atrair moradores para as áreas históricas centrais? A Baixa pombalina merecia melhor...
Lembro apenas que a prioridade atribuída então à Reabilitação Urbana permitiu não só a concentração de meios para a recuperação da habitação nas zonas históricas centrais, como, de igual modo, lançar um programa pioneiro de conservação e valorização do património monumental e artístico que envolveu trabalhos de conservação em 17 igrejas, quatro das quais na zona da Baixa pombalina. É bem o testemunho de uma política que privilegiava a conservação patrimonial como modo de qualificação da cidade, entendida ela própria como portadora de valores estéticos e artísticos, capazes de lhe conferir qualidade e singularidade próprias.
Quanto a uma verdadeira política de reabilitação do edificado que privilegie a conservação em vez da demolição integral, com total perda de interiores e de elementos de interesse patrimonial, estamos certos que bastaria cumprir o que diz o actual PDM, quando define que só se deve proceder a demolições quando os edifícios se encontram em estado de ruína. Não me parece que seja o caso dos edifícios da Rua Rosa Araújo, ou da Av. Duque de Loulé 35, com recentes aprovações para projectos de "obras novas (...) escondidas atrás da manutenção da fachada". Se condena esse procedimento, como é referido no citado artigo, o que até considero louvável, tinha aqui bons casos para pôr em prática essa opção.
Ora, a razia sistemática dos conjuntos urbanos que definiam o perfil da cidade e os modos de construir das suas gentes, a demolição sistemática de interiores, com a consequente perda de valores patrimoniais e o êxodo da população para as áreas periféricas, têm andado a par e foi esse paradigma que combatemos durante três anos.
É que a Reabilitação Urbana entendida como conservação da cidade consolidada constitui uma forma de combater a desertificação dos seus núcleos centrais, de promover a salvaguarda dos valores patrimoniais singulares neles inseridos e um meio de fomentar uma verdadeira política de inclusão social.
E, já agora, porque persistem as incorrecções, a obra do Castelo que o presidente foi inaugurar não estava incluída em nenhuma "megaempreitada" como é referido no artigo do dia 17 p.p. Tratou-se tão-só de uma empreitada lançada para um edifício e, contrariamente ao que o referido autarca diz, tinha projecto de arquitectura, aliás da autoria do então coordenador do gabinete daquela área, funcionário da autarquia. Algum reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelos funcionários seria seguramente um estímulo ao seu empenho.
Tanta incorrecção revelando tanto desconhecimento sobre estas matérias ou é fruto de desinteresse, ou de simples vontade de intoxicar a opinião pública. É que é a falar verdade que as pessoas se entendem...
Directora municipal da Conservação e Reabilitação Urbana (2002-2005)»

26/04/2009

Rua de S. Bento tem faixa para carrinhos de bébé?

Um cenário habitual nos passeios reduzidos, e abusados pelo estacionamento selvagem, da Rua de S. Bento. Desta vez a máquina fotografica estava à mão para registar o exemplo máximo do peão enquanto cidadão de segunda em Lisboa: um carrinho de bébé a circular na faixa de rodagem, lado a lado com os veículos motorizados! A vida de muitos cidadãos é assim posta em perigo. Graças ao comodismo, total falta de respeito de muitos automobilistas que diariamente estacionam em cima dos passeios deste arruamento com trânsito intenso. Muitos deles dirão «só estacionei em cima do passeio para ir à farmácia» ou «não tinha outro sítio para estacionar» ou «mas deixei espaço para os peões passarem». E o parque de estacionamento público que existe a meio da rua? Por causa dessa atitude egoísta, pais com carrinhos de bébé, idosos de muletas, cidadãos em cadeiras de rodas - todos têm de sair do passeio e circular na faixa de rodagem como aconteceu com esta jovem mãe. Em toda a extensão deste arruamento não existe um único gradeamento ou pilarete que protega os peões. Na verdade, pelos comportamentos e pelo desenho do espaço, a Rua de São Bento tem mais características de "via rápida" do que "rua urbana".

Vale tudo!


Independentemente da força política em causa é inacreditável que se use o espaço público para esgrimir argumentos que têm uma sede própria para serem debatidos. Na pirâmide de Maslow de Alfama não há lugar para cartazes...

25/04/2009

Cartaz infantil pouco apelativo para Câmara de Lisboa


Crianças do Infantário Piloto Diese elaboraram um projecto cívico que visava sensibilizar os cidadãos para terem atenção aos outros. Para isso fizeram vários cartazes para afixar em alguns estabelecimentos da sua rua. A Câmara Municipal de Lisboa, vizinha do infantário, recusou a afixação do cartaz por não o considerar "apelativo".
Porque existem pessoas diferentes de nós que sentem dificuldades todos os dias e precisam da nossa ajuda, os meninos do Infantário Piloto Diese, situado na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, elaboraram o projecto “Cinco Sentidos”, destinado a alertar o cidadão para vários problemas como carros estacionados em cima dos passeios, lixo na via pública ou pessoas que precisam de ajuda para atravessar as ruas, entre muitos outros temas. Sendo um projecto de carácter interventivo, os meninos tiveram a ideia de elaborar e distribuir cartazes em vários estabelecimentos da nossa rua, com vista a informar e consciencializar cada cidadão para uma mudança de comportamento e atitude a bem de todos.
Neste sentido, tal não foi o nosso espanto quando após apelar a seis pessoas diferentes, com cargos e funções variadas, a própria Câmara Municipal de Lisboa (nossa vizinha), não autorizou a colocação do nosso cartaz no seu átrio. Ainda boquiabertos com a recusa, ficámos ainda mais incrédulos e atónitos com a justificação: "Esteticamente o cartaz não é apelativo e não se enquadra naquilo que consideramos aceitável".
Posto isto, lamentamos ainda o facto de as referidas pessoas não terem a coragem e dignidade de se dirigirem às nossas crianças, que aguardavam ansiosamente cá fora, e lhes explicassem o motivo da recusa. Como é que se explica a um grupo de crianças com 4 e 5 anos, que a burocracia do nosso país ultrapassa as justificações lógicas, se sobrepõe ao bom senso e limita as consciências e a visão do mundo?
Deixemos que a consciência de cada um responda.
Em nome de todos os elementos da nossa instituição, venho assim mostrar a minha indignação e total incompreensão face a esta atitude.
No entanto, queremos deixar claro que não vamos esmorecer, tão pouco cruzar os braços, porque acima de tudo acreditamos que com pequenos gestos, sejam eles esteticamente aceites ou não, podemos tornar a vida de cada um, um pouco melhor. É nesta base que continuaremos a Educar as nossas crianças - os cidadãos do futuro.

in DN por Vera Luís

Biblioteca digital mundial da UNESCO já está disponível....

"A UNESCO, em parceria com outras 32 instituições, lançou no dia 21 de Abril a Biblioteca Digital Mundial, um site que reúne documentos de bibliotecas e arquivos de todo o mundo.
O site da Biblioteca Digital Mundial (BDM) funciona em sete idiomas (árabe, chinês, espanhol, francês, inglês, português e russo) e apresenta conteúdos em mais de 40 línguas. Esta é uma biblioteca de acesso gratuito, disponível para os utilizadores que queiram aceder a mapas, manuscritos, partituras, gravações, filmes, gravuras e imagens de fotografia e pintura dos cinco continentes.
No site basta clicar sobre um dos continentes pretendidos e depois escolher o “lugar” para aceder a documentos. Ao clicar em Portugal surgem mapas e gravuras com datas que vão desde 1500 a 1900, num total de 13 arquivos históricos para consulta.
Com esta iniciativa, a UNESCO pretende despertar a curiosidade dos cidadãos ao nível dos conhecimentos sobre o património cultural de todos os países e promover a livre circulação de todas as formas de conhecimento, sejam educacionais, científicos, culturais ou sobre comunicação."

in Portal do Cidadão 22-04-2009

Abril

24/04/2009

Rua de Pedrouços


Na Rua de Pedrouços, entre a Rua Jerónimo Osório e a Rua Damião de Góis, a calçada pura e simplesmente não está lá, existe uma paragem, caldeiras também, mas passeio aparentemente não é preciso.
Resultado: quem teima em andar a pé(gente chata) ou queira usar a paragem que ande pela estrada ou enterre os sapatos na lama. (A CML já foi informada)

POSTAIS DO CHIADO: «Chiado after work»



As telas Chiado After Work, cruamente amarradas às consolas de iluminação pública, são demasiado intrusivas no espaço público. Em nome da ordem urbana e do respeito pelo património, é preciso pensar em soluções com menor impacto negativo. Estas telas são um mau exemplo para a cidade. Vamos deixar estes candeeiros neste estado caótico? A CML deve intervir. A Associação de Valorização do Chiado tem de se esforçar mais se quer de facto ser um «bairro modelo» de Lisboa. A iniciativa é correcta, o problema é a forma como foi publicitada. É mesmo necessário (terá até algum retorno significativo?) amarrar estas telas aos candeeiros dos arruamentos do Chiado? Isto faz lembrar os autistas cartazes de propaganda política que estão a invadir as zonas históricas da capital.

Entrevista ao Fórum Cidadania Lx

Na foto: Jorge Santos Silva, Paulo Ferrero, Nuno Santos Silva e Luis Marques da Silva: os "operacionais"do movimento cívico Forum Cidadania Lx

Por Margarida Davim

Chamam-lhes fundamentalistas, velhos do Restelo, D. Quixotes. Escrevem diariamente num blog, lançam petições na Internet, dão entrevistas aos media e dizem só ter em comum o amor por Lisboa e a vontade de lutar por causas ligadas ao património, à mobilidade e ao ambiente.
Paulo Ferrero tem 45 anos e é licenciado em Economia, mas há cinco anos que dedica todo o tempo livre ao Fórum Cidadania Lx. A ideia surgiu para tentar impedir a demolição da casa Garrett e deu lugar a um blog onde se foram juntando pessoas, “do BE ao CDS”. O edifício foi demolido, mas o Fórum cresceu. Hoje, tem112 membros e um site com uma média de 600 visitas diárias.
“Somos um movimento de causas”, define Ferrero, que sublinha o facto de se tratar de uma “associação informal” completamente apartidária, mas não apolítica”. O activista só conhece pessoalmente metade dos elementos do Fórum, mas explica que entre os que colaboram “há gestores, advogados, médicos, gente ligada aos media, ás artes e espectáculos arquitectos, engenheiros, estudantes…Novos e velhos”. Todos conciliam a vida profissional com a actividade cívica e alguns moram mesmo no estrangeiro. “Sem Internet não havia nada disto”, diz Paulo Ferrero, lembrando que “tudo é feito a custo zero”.

Lutar contra moinhos de vento

Luis Marques da Silva tem 46 anos e é arquitecto. Passa os dias entre Lisboa e o Porto e aproveita os fins-de-semana para escrever petições, distribuir folhetos e andar pela cidade à procura do que está mal. “Já nos chamaram malucos, mas as nossas causas não são moinhos de vento, são monstros”, diz lembrando uma das vitórias do movimento: graças a uma petição (que reuniu mais de cinco mil assinaturas), o projecto dos arquitectos Valsassina e Aires Mateus para o Largo do Rato foi travado. “O que estava projectado era excessivo em termos de volumetria e desenquadrado do contexto sócio-urbano da zona” justifica.
Foi, aliás, esse projecto que o levou a juntar-se ao Fórum Cidadania, mas Marques da Silva é também um dos mais activos na contestação ao novo Museu dos Coches. Antes já tinha dado a cara pelo movimento Em Defesa do Bolhão, no Porto. “Posso até ser penalizado em termos profissionais, mas não consigo assistir impávido à destruição desta bela cidade”, afirma.
“As nossas próximas batalhas tanto podem ser a colocação de semáforos num sitio qualquer, como a defesa de um edifício histórico”, adianta Nuno Santos Silva. O jurista de 33 anos confessa que muitos dos temas que leva para o Fórum nas cem quando está “no transito ou nos transportes públicos”. A mobilidade é o assunto que mais o motiva e diz que, por isso, já está habituado “a receber muitos insultos e comentários menos simpáticos” no site.
Mas a polémica surge mesmo dentro do “núcleo operacional” do movimento. Jorge Santos Silva, 44 anos, licenciado em História revela ser contra uma das iniciativas do Fórum: “Não posso aceitar que se coloquem autocolantes nos automóveis mal estacionados, até porque eles estragam os carros”.
Santos Silva descobriu por experiência própria a dificuldade que os cidadãos têm em ser ouvidos. “Moro num prédio na Alameda D. Afonso Henriques, que é propriedade do Ministério da Saúde, e ameaça ruir”, conta acrescentando que “foi só depois de ter chamado os jornais e as televisões que o assunto começou a ser resolvido”.
De resto, uma das maiores armas deste movimento de cidadãos tem sido a denuncia na comunicação social. “Sempre que enviamos cartas para as autoridades, ficamos sem resposta”, lamenta Paulo Ferrero, que vê nos media a única forma de “consciencializar as pessoas”.Mas, em ano de autárquicas, Ferrero sabe que vai ter uma atenção redobrada por parte dos partidos. “Todos os anos lhes enviamos um dossiê com alguns dos assuntos que achamos mais importantes”, relata, sabendo que a história se repete a cada eleição: “A maioria nem responde e os que respondem acabam por se esquecer”.“É por isso que cada um tem o seu partidoe isso não interfere no movimento”, comenta Jorge Santos Silva, que acredita que, “seja qual for a força politica que esteja na Câmara de Lisboa , haverá sempre problemas”.Paulo Ferrero reconhece que a guerra que trava nunca vai ter fim: “Ganhamos umas batalhas, perdemos outras. Mas há sempre lutas novas”

TERREIRO DO PAÇO - ARBORIZAR SEM ARABESCOS NEM PELINTRICES






A primeira função das praças não é servirem para fazer postais, para mostrar monumentalidade. Servem fundamentalmente para a utilização colectiva pelas pessoas. São para as pessoas. Devem ser local de encontro e devem favorecer principalmente esse aspecto; de convívio colectivo; de ajuntamento em dias especiais para actividades que são o reflexo da nossa cultura, da nossa civilidade; e também local de mero passeio e encontro casuístico.
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Espero que esta nova tentativa de dar alma à nossa praça - a principal do país - não fique pela proposta, mas também que não venha com complexidades mirabolantes só para fazer postais “bonitos”:
Que dê a possibilidade ao povo de a frequentar; que crie condições para isso e seja simples como a forma geométrica que a define.
E não vejo melhor proposta que a da arborização envolvente, do tipo da que já lá esteve no início do séc. XX, e liberta de alguma forma o núcleo central, para concentrações à sua escala.
Assim, não estragam muito dinheiro e motivam a sua frequência, dão-lhe vida com grande simplicidade, dão-lhe a alma que lhe roubaram.
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Os nossos vizinhos Espanhóis fazem uma enorme utilização da praça, com muito mais convívio, com mais cultura. Têm muitas: não é por acaso.
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Quase todas elas têm árvores e não perdem a escala, nem a monumentalidade: propiciam a comunhão humana desses espaços, dão-lhe carácter e a capacidade de utilização nos termos para que são construídas.
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A intervenção deve ser muito simples. O que tem que ser conseguido é a motivação e a fruição da praça pelas pessoas.
Coloquem-lhe árvores, com conta peso e medida, e as pessoas vão utilizá-la como a melhor sala de estar do país.
O local em si merece-o e as pessoas também.Não são precisos arabescos nem outras pelintrices..
Ferreira arq.

Ligação entre a rua e o largo do Carmo conclui plano do Chiado

In Público (24/4/2009)
Luís Filipe Sebastião

«Obras vão assegurar percurso pedonal entre a Baixa e o quartel da GNR, através de escadas e rampas e elevador público no edifício Leonel


Os trabalhos para a ligação pedonal entre a rua e o largo do Carmo, em Lisboa, com a criação de um espaço público nos "terraços" do quartel da GNR, devem avançar durante os próximos dois meses. O projecto do arquitecto Álvaro Siza Vieira, aprovado por unanimidade do executivo lisboeta, levará à conclusão do plano de recuperação da zona sinistrada do incêndio do Chiado, em Agosto de 1988.

De acordo com a proposta apresentada pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, na reunião privada de câmara de quarta-feira, a ligação pedonal do pátio B (no miolo do quarteirão delimitado pelas ruas do Carmo e Garrett e Calçada do Sacramento) ao Largo do Carmo constitui uma prioridade do actual executivo, por se considerar "estruturante e estratégico" para a revitalização da Baixa-Chiado. A iniciativa camarária, financiada através das contrapartidas do Casino Lisboa, representa um investimento da ordem dos 2,5 milhões de euros.
A proposta, frisa o documento de Manuel Salgado, toma em conta o parecer favorável do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), "condicionado à salvaguarda das questões estruturais e arqueológicas", e de uma equipa consultiva da autarquia, composta por reconhecidos especialistas, que também se pronunciará sobre os projectos de especialidades. Uma nota do gabinete do autarca acrescenta que sondagens de reconhecimento já realizadas permitiram "prever a existência de vestígios arqueológicos que importa salvaguardar e integrar", o que levou Siza Vieira a recomendar o faseamento da intervenção.
A primeira fase consistirá na ligação em rampa e escadas do pátio B ao patamar da porta sul da igreja do Convento do Carmo; arranjo do patamar correspondente ao campo de jogos da antiga Escola Veiga Beirão; tratamento do arruamento na Travessa D. Pedro de Menezes, entre a porta sul da igreja e o Largo do Carmo; remodelação do pátio a poente à porta da igreja, actual Museu de Arqueologia, e demolição de várias construções existentes nos terraços do quartel da GNR, "de fraca qualidade arquitectónica", ocupadas com uma tipografia e camaratas da guarda. Estas demolições deverão arrancar "a curto prazo", nos termos do concurso lançado pela câmara.

"Solução de autor"
A segunda fase, que depende dos resultados das escavações arqueológicas e dos vestígios que sejam de preservar no local, compreenderá o arranjo exterior dos terraços do Carmo, com a criação de um espaço público em articulação entre o Museu de Arqueologia e o futuro Museu da GNR a criar no quartel do Carmo. "Só se vai manter o antigo picadeiro que está a ser usado como ginásio", explicou ao PÚBLICO o arquitecto Carlos Castanheira, da equipa projectista, salientando que a zona pública a criar nos terraços, com vistas sobre a cidade, terá acesso assegurado pelo Largo do Carmo e pela rua por baixo do passadiço do elevador de Santa Justa.
O colaborador de Siza Vieira esclareceu que, para além das rampas e escadas que permitirão vencer o desnível entre a rua e o largo do Carmo, estão previstos percursos específicos para o acesso de deficientes motores entre os espaços públicos e os equipamentos. Em caso de necessidade, funcionará também um elevador de uso público já existente no edifício Leonel, a par do histórico elevador explorado pela Carris.
A vereadora Helena Roseta adiantou que a proposta foi aprovada por unanimidade "por se tratar de uma solução de autor" que respeita o património classificado existente. Todavia, a arquitecta preferia que o projecto fosse colocado em discussão pública, mas acabou por o aprovar uma vez que possui pareceres favoráveis de várias entidades.
Siza Vieira, nos 20 anos sobre o incêndio do Chiado, salientou que ainda faltava um projecto na recuperação da zona»

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«Edifício da igreja do Carmo ficará com a cota original
Movimento cívico lamenta abandono de "acessos pedonais mecânicos"


O anteprojecto para a ligação do pátio interior do Chiado ao Largo do Carmo mereceu um parecer muito crítico da Associação dos Arqueólogos Portugueses por causa dos impactes sobre o Museu Arqueológico do Carmo.
O presidente da associação, José Morais Arnaud, criticava quer as dificuldades criadas ao funcionamento do museu, quer os constrangimentos para os visitantes. O arqueólogo lamentava a "pista de skate" ao lado da porta de armas da GNR, mas recusa a solução de trocar a situação actual por "um verdadeiro ringue de patinagem, rodeado por um varandim metálico", que considera "inaceitável" em termos funcionais, mas principalmente pela estética, por introduzir um elemento estranho "na leitura da fachada do único monumento gótico da cidade que sobreviveu ao terramoto de 1755".
O parecer, além de alertar para os previsíveis impactes dos trabalhos sobre os inúmeros enterramentos humanos em redor da igreja e estruturas arquitectónicas, propôs o abandono do projecto e que as verbas servissem para reabilitar o monumento, nomeadamente "na consolidação do único arcobotante que resta da antiga igreja, o qual ameaça ruína, pondo em risco a segurança dos transeuntes". Em alternativa, defende que as alterações ao projecto incluam a "manutenção da actual escadaria, a toda a largura do monumento, no lado oeste e em parte do lado sul". Nesse sentido, preconiza a remoção da rampa existente. Sobre os terraços do Carmo, Morais Arnaud preferia que fossem usados para infra-estruturas de apoio ao museu.
O fórum Cidadania Lisboa também se manifestou contra a instalação de "um corrimão em U, em chapa galvanizada", em frente à igreja do Carmo, e lamentou que a opção pelas rampas e escadas em detrimento "de acessos pedonais mecânicos". "Não há qualquer gradeamento", assegura o arquitecto Carlos Castanheira, adiantando que a área em frente do museu beneficiará da retirada da actual estrutura, com recuperação da escadaria, e que "a igreja do Carmo será reposta na cota original com alguns ajustes e adaptações" decorrentes da rede viária existente. L.F.S»

Terreiro do Paço ganho pela CB Richard Ellis e Innovagency

In OJE (23/4/2009)

«O desenho da solução de urbanismo comercial para a Praça do Comércio, em Lisboa, será feito pela consultora imobiliária CB Richard Ellis e pela Innovagency.
Este projecto promovido pela Frente Tejo procura concretizar uma visão ambiciosa para o futuro do Terreiro do Paço.

O consórcio CB Richard Ellis/Innovagency ganhou o concurso promovido, pela sociedade Frente Tejo, para desenhar a solução de urbanismo comercial para a Praça do Comércio (Terreiro do Paço), em Lisboa.

Este projecto tem como objectivo devolver uma dinâmica a uma das maiores Praças da Europa, através de movimento comercial, cultural e turístico, dentro dos melhores e mais avançados parâmetros de qualidade urbanística e comercial a nível mundial

Este projecto promovido pela Frente Tejo procura concretizar uma visão ambiciosa para o futuro do Terreiro do Paço, desenhando e implementando um conceito inovador e contemporâneo, com relevância temporal contínua, assente na multifuncionalidade dos espaços. O Projecto enquadra duas vertentes fundamentais: a de desenho da estratégia comercial e a de definição do modelo de gestão e exploração da oferta e do espaço urbano sob um conceito e uma marca integradores.

A área de intervenção do projecto integra o piso térreo dos edifícios que constituem o conjunto monumental do Terreiro do Paço, incluindo os torreões Nascente e Poente, num total de 18 mil m2 de área coberta, bem como o espaço público do Terreiro do Paço, nomeadamente a praça e os claustros interiores dos edifícios.

A CB Richard Ellis e a Innovagency associaram-se para a realização deste trabalho por acreditarem que a complementaridade das suas competências e experiências permitiriam abordar o desafio de uma forma inovadora e integrada. À especialização da CB Richard Ellis no sector imobiliário (em particular uma vasta experiência imobiliária acumulada na análise, definição, comercialização e gestão de projectos no sector comercial) juntam-se as competências de inovação e de marketing estratégico da Return on Ideas (a marca de consultoria da Innovagency). Este consórcio ambiciona desenhar para o Terreiro do Paço um conceito com soluções inovadoras e adequadas aos diferentes públicos alvo que se pretende atingir.

A CB Richard Ellis desenvolve a sua actividade para promotores, investidores e ocupantes através de mais de 300 escritórios em todo o mundo (excluindo empresas associadas). Entre os seus serviços contam-se a consultoria e mediação em operações de venda e arrendamento de imóveis, administração de imóveis, gestão de projectos, consultoria de investimento imobiliário, serviços de avaliação, research e consultoria. Em Portugal a empresa está presente desde 1988, prestando serviços em todo o território nacional, tendo reforçado a sua posição a Norte do país desde 2006.

A Innovagency concentra a sua capacidade para abordar projectos de assessoria estratégica e de marketing sob a marca de consultoria "Return on Ideas". Esta equipa está especialmente vocacionada para apoiar os clientes na identificação, aceleração e implementação de oportunidades de crescimento dos negócios, com metodologias orientadas para o consumidor. Com oito anos de experiência no mercado português, tem colaborado com as principais empresas nacionais e tem tido sucesso em sectores tão variados que vão do sector imobiliário ao sector financeiro, do sector energético ao sector dos bens de consumo e do retalho. Em todos eles, a Return on Ideas apresenta sempre soluções inovadoras que permitem um rápido incremento dos proveitos das organizações, seja por: aumento puro e simples do número de clientes; criação de novas plataformas de crescimento do negócio; utilização mais efectiva dos canais à disposição das empresas para chegar aos consumidores; e segmentação racional dos produtos e serviços tendo em conta a base de clientes a que se dirigem»

23/04/2009

VENDE-SE PRÉDIO & VENDE-SE POLÍTICO?

Alguém vê algum «europeu»? Alguém vê a «Europa»?
O que se vê: mais um cartaz de propaganda política instalado em pleno centro histórico da capital de um país da UE. No Largo do Correio Mor, onde existe uma fonte histórica, e mesmo em frente do antigo Palácio Penafiel (sede do Gabinete do Ministro das Obras Públicas). Estamos na Freguesia da Sé / Freguesia de São Cristovão. Nas zonas classificadas, ricas em património cultural, não é proibida a instalação de publicidade e propaganda política? E como um mal nunca vem só, já foi colocado um cartaz igual a este em pleno miradouro de Santa Luzia (!). Alguém vê algum «europeu»? Alguém vê a «Europa»?

Rua do Salitre - Vende-se



Alguém interessado em adquirir este prédio na Rua do Salitre?

Parece que a grua e os andaimes estão incluídos.

Vestígios do século XVII no Terreiro do Paço

Descoberta da escadaria junto ao torreão poente

Na foto, escadaria agora descoberta junto ao torreão poente. Pela imagem tudo leva a crer que identica escadaria se encontrará junto ao torreão nascente.


Esta semana depois de ter tido conhecimento do achado arqueológico, Elísio Summavielle responsável pelo IGESPAR desceu até à margem do Tejo acompanhado por arqueólogos, para perceber até que ponto a pressa da empreitada que está a fazer as obras de saneamento não tinha danificado irreversivelmente vestígios ali encontrados.


"Suspirámos de alívio", descreve o responsável pela arqueologia náutica e subaquática do instituto, Francisco Alves. "Apesar de terem avançado com as máquinas sobre os vestígios sem autorização da tutela, estes já haviam sido registados [por desenho e fotografia] pelos arqueólogos que acompanham a obra". Além disso, continuava de pé uma escadaria em pedra, velha de vários séculos, que apareceu defronte do torreão poente da Praça do Comércio. Um poderoso anel metálico cravado a meio dos degraus atesta uma das suas funções - a amarração de barcos.

A escadaria estava enterrada e ninguém sabia da sua existência até as obras em curso a resgatarem ao passado. Irá agora ser desmontada para abrir caminho à passagem da conduta do esgoto, mas mais tarde ficará à vista de toda a gente, já que será remontada no lugar onde apareceu. À primeira vista parece fazer parte da amurada do Cais das Colunas. Os arqueólogos garantem que não, que poderá ser da época dos Descobrimentos.Vandalismo ou não?

Quanto aos achados destruídos pelo empreiteiro sem autorização do Igespar - restos de um cais de pedra prolongado por pontões de madeira assentes em estacaria -, o especialista em arqueologia náutica e subaquática fala da sua raridade, embora admita que a sua preservação seria impossível, uma vez que inviabilizaria a obra em curso. "Se estivesse numa conversa de café, diria que aquilo que se passou foi vandalismo", observa.

Depois de verem afluir ao local de cada vez mais arqueólogos entusiasmados, com máquinas fotográficas, os operários agiram: na quinta-feira cerca das 21h00 arrasaram tudo, ainda sem terem licença do Igespar para o fazer. Contido nas palavras, Elísio Summavielle fala em "precipitação" do empreiteiro. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar a empresa em causa, a Teixeira Duarte."Antes de haver autorização do instituto, não pode haver desmontagem e já chamei a atenção para esse facto, Felizmente não houve danos para o património", refere o mesmo responsável. Os arqueólogos chamam desmontagem à destruição de um vestígio quando ela é precedida do seu registo fotográfico ou desenhado. Summavielle e a sua equipa estiveram com o dono da obra, a empresa intermunicipal Simtejo, para que episódios como este, puníveis por lei, não se repitam. Para terça-feira está agendada uma reunião entre responsáveis da autarquia, do Igespar e das empresas envolvidas nas obras em curso na zona. Em cima da mesa estarão não só as questões relacionadas com a arqueologia como as dos prazos: o presidente da câmara, António Costa, prometeu que os transtornos que os trabalhos estão a criar aos automobilistas durariam quatro meses, mas a necessidade de alterar alguns projectos para preservar os vestígios arqueológicos pode fazer com que as obras se prolonguem para lá de Junho. "Por vezes a pressa é inimiga do património", constata Elísio Summavielle.Um dos projectos que será preciso alterar será o da EPAL. A empresa aproveitou as obras de saneamento para substituir um troço de 640 metros de uma conduta de água entre o Terreiro do Paço e a Ribeira das Naus. Acontece que também aqui os arqueólogos depararam com vestígios que, embora menos espectaculares do que a escadaria, entendem ser igualmente de preservar. Trata-se de um antigo muro de contenção da margem do rio, que se prolonga por cerca de 20 metros. Irá permanecer enterrado, tendo o Igespar dito à EPAL que desviasse a conduta pelo menos 20 centímetros do vestígio arqueológico.

No caminho da conduta...

Ainda na zona da Ribeira das Naus foi encontrado uma segunda estrutura de pedra, perpendicular ao rio e provavelmente da época anterior ao terramoto de 1755. O Igespar admite que possa vir a ter de ser atravessada pela conduta da água.Muita da excitação dos arqueólogos com tudo o que estão a descobrir enterrado à beira-rio tem que ver com o facto de várias destas estruturas portuárias estarem representadas em antigos mapas e gravuras da cidade de Lisboa (ver imagem). Seriam imagens fiéis da metrópole portuária do século XVII? Ninguém sabia. Até hoje.


Com as devidas adaptações, baseado em texto de o Público.


Jorge Santos Silva


PS. Descobri posteriormente à colocação deste post, esta antiga imagem onde as escadarias laterias, lado poente e nascente estão bem visiveis.