26/10/2017

Trienal recebeu 26 candidaturas a concurso para Mercado de Santa Clara em Lisboa ... e a Feira da Ladra?


Exmo. Senhor Presidente
Dr. Fernando Medina


C.c. Vereador Manuel Salgado, EMEL, JF São Vicente, Trienal de Arquitectura, AML e media

No seguimento de notícias vindas a público dando conta dos planos da CML em requalificar o Mercado de Santa Clara (o qual, no nosso entender, nunca devia ter sido desmantelado enquanto mercado... era um mercado lindíssimo há pouco mais que duas décadas...), designadamente sobre o concurso de ideias "com um prémio no valor de 5000 euros, dirigido a arquitectos em nome individual, organizados em colectivos informais ou sociedades de profissionais habilitados a exercer a actividade de estudos e projectos de arquitectura.”, somos a alertar V. Exa. para dois pontos que nos parecem essenciais:

* A CML deve pensar o mercado em simultâneo com a Feira da Ladra.
* É inexplicável que só se aceitem propostas para o Mercado de Santa Clara vindas de arquitectos!

De facto, Senhor Presidente,

* O Mercado fica no coração da Feira da Ladra mas não é uma zona de passagem e funciona como um "beco" porque só tem uma porta aberta (actualmente esta porta conduz apenas a um conjunto de mesas vazias e as pessoas que entram voltam imediatamente para trás; a lindíssima entrada traseira do mercado, e que seria a entrada natural para quem desce a feira do lado do Arco Grande de Cima está fechada, obstruída por caixotes do lixo por causa da cozinha que foi montada no lado de dentro e aos dias de semana também está obstruída por automóveis, e as entradas laterais do lado da escola estão encerradas) e, portanto, milhares de pessoas movimentam-se à sua volta mas não entram;
* Pelo que é necessário criar formas de as pessoas circularem no espaço (e também de as pessoas com deficiência poderem entrar neste espaço público);
* Se as pessoas se deslocam à Feira da Ladra e o edifício do Mercado é no coração da Feira da Ladra não faria sentido que o Mercado fosse parte integrante da Feira da Ladra, por exemplo como o “Bazar de sabado”, no Bairro de San Angél da Cidade do México? Não compreendemos como não se pode utilizar o edifício do Mercado como … mercado!? Ao menos que ele acolhesse o "mercado bio", que tem lugar aos Sábados no Jardim de Santa Clara, sobretudo quanto chove, atraindo mais venderores;
* Por outro lado, se se pretende atrair pessoas para o Mercado por que é que não se resolve o problema dos espaços e dos acessos que estão condicionados pelos veículos dos feirantes e de visitantes que não usam os transportes públicos?
* Em relação ao próprio Jardim Botto Machado, poderia a CML “alargar” o mesmo, ou seja, removendo o asfalto e os automóveis em vários locais (separadores centrais acima e abaixo do mercado, e em frente ao Casão militar, de modo a garantir contínuos verdes;
* Por fim, o estacionamento automóvel mantém-se caótico, selvagem até, sendo um obstáculo à circulação das pessoas, e continuando desprotegidos os passeios e as passadeiras, bem como as dezenas de viaturas que ali permanecem abandonadas permanentemente (ex. nos passeios na Rua do Mirante e no Largo, que servem de arrumos aos feirantes e que a Policia apesar de informada não reboca nomeadamente junto ao antigo Hospital Militar na Rua Bernardino António Gomes (Pai).

Outro facto que contribui para o ar de abandono de toda a zona são os monumentos e o património edificado, que continuam por recuperar, uns, valorizar, outros:

* O Monumento ao Dr. Bernardino António Gomes (filho) – busto de bronze assente sobre um pedestral de pedra - é utilizado como amarra para as espias das barracas, local para os caixotes do lixo (colocados pela CML), banco e urinol;
* O fontanário não funciona há vários anos e está parcialmente destruído;
* Os relevos na antiga muralha (que podiam ser um local de visita) não estão assinalados de nenhuma forma e estão grafitados.

Propomos, por isso, a criação de bolsas de estacionamento em terrenos públicos abandonados, tal como foi apresentado oportunamente por cidadãos à CML e à Junta de Freguesia, sem resposta até ao momento (https://op.lisboaparticipa.pt/op/propostas/575d3ccf5c28680900d34013), conforme mapa em anexo.

Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Bruno Palma, Júlio Amorim, Luís Serpa, Ricardo Mendes Ferreira, António Araújo, Maria de Morais, Beatriz Empis, Luís Rêgo, Inês Beleza Barreiros, Fernando Silva Grade, José Maria Amador

3 comentários:

Anónimo disse...

* É inexplicável que só se aceitem propostas para o Mercado de Santa Clara vindas de arquitectos!...sei lá meninos, talvez por ser um concurso de arquitectura e não um concurso de ideias de programa, de ocupação ou outras coisas giras.

Anónimo disse...

Julgo também fundamental que sejam tomadas medidas para a defesa do antigo Hospital de Marinha, edifício importante para a história dos hospitais militares na cidade de Lisboa.

Pinto Soares

Anónimo disse...

Uau, "Concurso de arquitectura", deixem ver: a trienal precisa de cobres, é? É que pensei que o edifício já tivesse sido arquitectado, uma vez que existe, apesar de o terem estropiado por dentro há anos, também nessa altura por "arquitectos", se bem que ainda não pelos digníssimos ocupas do palácio Sinel de Cordes, que aliás continua por recuperar :-) Queridos.