30/04/2019

Reclamação por obra ilegal na Rua da Barroca, 25 - Bairro Alto - Conjunto de Interesse Público


Exmo. Senhor Vereador
Arq. Manuel Salgado


C.c. PCML, DGPC, AML e JF Misericórdia

Como é do conhecimento de V. Exa., o Bairro Alto é classificado Conjunto de Interesse Público desde 2010 (Portaria n.º 398/2010, DR, 2.º série, n.º 112, de 11-06-2010).

Serve o presente para denunciarmos o que se verifica no edifício do nº 25 da Rua da Barroca (fotos em anexo), uma situação que nos parece ilegal face ao PDM em vigor, pelo que solicitamos a melhor intervenção da CML no sentido de corrigir a mesma.

Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Virgílio Marques, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Pedro Martins, Pedro Jordão, Helena Espvall, Júlio Amorim, Jorge Pinto, Fernando Silva Grade, Fátima Castanheira, Nuno Caiado, Miguel de Sepúlveda Velloso, Maria do Rosário Reiche, Filipe Teixeira

29/04/2019

Azulejos Restaurante Panorâmico de Monsanto - Pedido de remoção à CML


Exmo. Senhor Presidente da CML
Dr. Fernando Medina


Cc. AML, Vereadora CV Pinto, Museu da Cidade, Museu Nacional do Azulejo

Como é do conhecimento de V. Exa., o antigo restaurante panorâmico de Monsanto, que é propriedade da CML, encontra-se hoje num tal estado deplorável que, praticamente, somente resistem dos seus tempos áureos os painéis cerâmicos de Maria Manuela Madureira, datados de 1965, e o painel de azulejos de Manuela Ribeiro Soares, com uma vista panorâmica da cidade de Lisboa.

Contudo, dada a ausência de soluções efectivas e imediatas para a recuperação do imóvel, é previsível que não demore muito tempo até que a destruição completa de ambos os painéis seja uma realidade, se nada for feito para o evitarmos.

Assim, solicitamos a V. Exa., senhor Presidente, que dê instruções aos serviços da CML para, no caso de ser impossível a sua protecção in situ, que será a solução ideal para este problema, procederem à remoção urgente dos painéis referidos, depositando-os em local seguro, por exemplo no Museu de Lisboa/Palácio Pimenta ou no Museu Nacional do Azulejo, até que seja possível a sua recolocação em Monsanto, logo que o edifício seja reabilitado, se o for.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Virgílio Marques, Helena Espvall, Paulo Lopes, Luís Mascarenhas Gaivão, Pedro Jordão, Rui Pedro Martins, Miguel Atanásio Carvalho, Irina Gomes, Rita Gomes Ferrão, Ana Alves de Sousa, Alexandra de Carvalho Antunes, Miguel Jorge, Fátima Castanheira, Maria do Rosário Reiche, Filipe Teixeira, Pedro Machado, Maria Ramalho, José Amador

Fotos de Diogo Garcia

23/04/2019

Alterações a palacete de Norte Júnior no Saldanha/ pedido de informação à DGPC


Exma. Senhora Directora-Geral
Arq. Paula Silva


CC. PCML, AML

No seguimento de notícias dando conta da aprovação pela CML, em 21.07.2016, de um projecto de alterações ao palacete sito na Praça Duque de Saldanha, nº 12, também conhecido por Casa Nuno Pereira de Oliveira e Imóvel de Interesse Público desde 1977 (publicado no DR, I Série, n.º 226, de 29-09-1977); e da suspensão do referido projecto entre Janeiro de 2017 e Dezembro de 2018;

Solicitamos a V. Exa. que nos informe sobre se o referido projecto (especialidades) se encontra em apreciação nessa Direcção-Geral e, em caso afirmativo, qual o parecer já emitido por esses Serviços.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, Miguel de Sepúlveda Velloso, Virgílio Marques, Júlio Amorim, Pedro Cassiano Neves, Helena Espvall, Rui Pedro Martins, Pedro Henrique Aparício, Luís Mascarenhas Gaivão, Paulo Lopes, Miguel Atanásio Carvalho, Andrés Santos, António Araújo, Fernando Silva Grade, Henrique Chaves, Pedro Machado, Beatriz Empis, José Maria Amador, Pedro Fonseca, Maria do Rosário Reiche

Fotos de José Pina Correia, in Vizinhos das Avenidas Novas

16/04/2019

A gestão do território com elevado risco de incêndio em debate em Lisboa, 23 de Abril e 6 de Maio de 2019

Um carvalho-alvarinho é libertado do estrangulamento por giestas

Nos próximos dias 23 de Abril e 6 de Maio de 2019 terão lugar em Lisboa duas apresentações públicas do documentário «1001 Margaraças: Do Fogo Controlado aos Carvalhais» que retrata o trabalho da MONTIS-Associação de Conservação da Natureza para a recuperação ecológica de terrenos do Baldio de Carvalhais, São Pedro do Sul. O baldio tem sofrido fogos descontrolados de Verão, situação que a MONTIS trabalha para reverter.

Estas apresentações inserem-se na campanha de crowdfunding Como coisa que nos é cedida para a compra de terrenos marginais pela MONTIS que está a decorrer.



Depois da projecção do documentário haverá um debate sobre a gestão que a MONTIS está a desenvolver na paisagem abandonada do nosso país e será feita a divulgação do crowdfunding que está a decorrer, apelando ao apoio de todos a esta campanha.

As datas previstas para as apresentações + debate + divulgação do crowdfunding são as seguintes:

Lisboa
Evento do Facebook aqui.

Terça-feira, 23 de Abril de 2019, das 18h30 às 20h00
CIUL - Centro de Informação Urbana de Lisboa
Picoas Plaza, Núcleo 6-E,1º, Rua Viriato, 13, Lisboa

Segunda-feira, 6 de Maio de 2019, das 21h00 às 22h30
CampOvivo, Padaria do Povo
Rua Luís Derouet, 20-A, Campo de Ourique, Lisboa

Uma oportunidade para conhecer melhor as dificuldades de gestão que o nosso território enfrenta e ajudar a MONTIS a chegar mais longe com o seu trabalho. Apareçam.

11/04/2019

Futuro "Museu do Tesouro Real" - carta à MC


Exma. Senhora Ministra
Dra. Graça Fonseca


Cc. Senhor Primeiro-Ministro

De acordo com a entrevista que Vossa Excelência concedeu ao jornal Público no passado fim-de-semana, a exposição do Tesouro Real do Palácio Nacional da Ajuda levará afinal à criação de um novo museu, com equipa e director próprios.

A justificação dada reside no facto de a colecção ser extraordinária e, por isso, merecedora de um museu e não de uma extensão natural do actual, ou seja, do museu do Palácio Nacional da Ajuda.

Assim sendo, e dada a importância do assunto, cumpre-nos perguntar:

- Qual a razão objectiva para que a tutela defenda a criação de um novo museu, quando a colecção é um acervo histórico do Palácio Nacional da Ajuda, como última sede da casa real portuguesa, tornando-o caso raro no conjunto dos seus congéneres europeus?

- Que compensações existirão para o Palácio Nacional por essa alienação de milhares de peças do seu acervo histórico?
(Como é do conhecimento de Vossa Excelência, não há a nível nacional nenhum conjunto de pratas de aparato renascentista como o que existe neste palácio, e não há nenhuma colecção semelhante à Baixela Germain, único conjunto do seu género no mundo inteiro.)

- Já existiu pronunciamento oficial e público por parte do Director do Palácio Nacional da Ajuda acerca desta matéria? Ou trata-se de uma decisão pessoal, e certamente legítima, de Vossa Excelência? Há pareceres externos nesse sentido? Está a opinião pública devidamente informada?

- Como encara Vossa Excelência o trabalho e os conteúdos científicos inéditos, bem como a concepção museológica que, como é do conhecimento público, tem sido fruto do comissariado científico do Palácio Nacional da Ajuda, entregando-o a uma nova equipa?

- Como pode Vossa Excelência garantir que as obras estarão prontas no decurso de 2020, quando se sabe que os trabalhos estão atrasados?

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Pedro Martins, Alexandra de Carvalho Antunes, Jorge Mangorrinha, Ana Celeste Glória, Henrique Chaves, Eurico de Barros, Helena Espvall, Maria do Rosário Reiche, Júlio Amorim, Beatriz Empis, Virgílio Marques, Pedro Janarra, Fernando Silva Grade, Jorge Pinto, Bárbara e Filipe Lopes, Jozhe Fonseca

Pois é....mas o buraco já lá está "entre a decisão de primeira e de segunda instância"

foto: O Corvo

"Supremo mantém suspenso o projecto de Souto de Moura para a Praça das Flores"

"Autarquia tinha recorrido da decisão de segunda instância que suspendeu a construção de um prédio desenhado pelo arquitecto Souto de Moura, mas o tribunal voltou a não dar razão. Falta ainda conhecer o desfecho de uma acção popular que visa anular todo o processo.

A construção de um prédio da autoria do arquitecto Eduardo Souto de Moura, na Praça das Flores, em Lisboa, vai continuar suspensa. O Supremo Tribunal Administrativo rejeitou o recurso apresentado pela Câmara de Lisboa e a empresa promotora da obra, a Greenparrot, contra a decisão proferida em segunda instância no ano passado.

O acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, datado de 5 de Abril, confirma a decisão tomada em Junho de 2018 pelo Tribunal Central Administrativo (TCA) do Sul que, nessa altura, e ao contrário do que sucedera em primeira instância, deu razão a três associações de defesa do património que contestaram o projecto, alegando que este não se adequava à traça típica da praça."

Pode ler o resto aqui no Publico de hoje.

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Continuamos à espera de algun(s) corajosos que dêem o murro na mesa e ordenem: "Repor tudo como estava" - porque de ilegalidades sem consequências já temos a cidade cheia.

09/04/2019

Cassiano Branco desaparecido....


..no nr. 87 da Av. Columbano Bordalo Pinheiro e edificado em 1937





..e que ainda por ali estava no ano de 1961 no lado direito da foto de Artur Inácio Bastos (Arquivo Municipal). O que é de estranhar é que uma vivenda deste calibre não tenha durado mais que 25-30 anos !?

Finalmente, a Solmar está classificada Monumento de Interesse Público. O caricato da coisa é que ninguém lá entra nem sequer sabe o que se passa nela e com ela...


Classifica como monumento de interesse público a Cervejaria Solmar, incluindo o património móvel integrado, sita na Rua das Portas de Santo Antão, 106 a 108 A, Lisboa, freguesia de Arroios, concelho e distrito de Lisboa

«TEXTO
Portaria n.º 236/2019

Propriedade dos irmãos galegos António e Manuel Paramés, a Cervejaria Solmar foi inaugurada em 1956, no piso térreo do antigo Palácio Povolide situado na Rua das Portas de Santo Antão - um importante eixo de entrada e saída na cidade; rua próspera com séculos de história onde se construíram importantes edifícios religiosos e civis, nomeadamente, conventos, igrejas, casas nobres, lojas, cafés, restaurantes, teatros, cinemas e clubes noturnos.

A pedido dos proprietários, tendo em vista a criação de um espaço moderno, sofisticado e elegante, o projeto de arquitetura, encomendado em 1954 aos arquitetos Luís Bevilacqua, Francisco Botelho e Luís Curado, fez surgir um interior orgânico, dinâmico nas formas e policromo, onde se articulam o espaço da cervejaria e do restaurante - este disposto em dois pisos - com o do café e da tabacaria, que se sucedem a um pequeno espaço de esplanada escondido por trás da fachada principal do edifício.

Conjugando materiais diversificados de qualidade, com inspiração na temática marinha sublimemente enfatizada pelo enorme painel de azulejos, da autoria de Pedro Jorge Pinto, que recria o fundo do mar num cenário quase cinematográfico, o ambiente interior do estabelecimento ajusta-se na perfeição à marisqueira de renome que os seus proprietários quiseram e conseguiram promover. Incontornável é também a referência ao elaborado plano de cores dos elementos arquitetónicos, ao desenho da iluminação interior concebido pela Philips e ao depurado mobiliário concebido por José Espinho, designer da fábrica Olaio.

O conjunto descrito, característico da época em que o estabelecimento foi fundado, confere à Cervejaria Solmar uma distinção singular no panorama da arquitetura e do design português, em estreita relação com a memória coletiva de vivência recreativa que está associada ao local onde surgiu.

A classificação da Cervejaria Solmar, incluindo o património móvel integrado, sita na Rua das Portas de Santo Antão, 106 a 108 A, Lisboa, freguesia de Arroios, concelho e distrito de Lisboa, reflete os critérios constantes do artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, relativos ao caráter matricial do bem; ao génio do respetivo criador; ao interesse do bem como testemunho notável de vivências históricas, complementado pelos valores da memória coletiva, antiguidade e originalidade; ao valor estético, técnico e material intrínseco do bem; à conceção arquitetónica, artística e singularidade do bem; à sua importância do ponto de vista da investigação histórica; e às circunstâncias suscetíveis de acarretarem diminuição ou perda de perenidade ou da integridade do bem.

Foram cumpridos os procedimentos de audição dos interessados, previstos no artigo 27.º da referida Lei e no artigo 25.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de outubro, de acordo com o disposto no Código do Procedimento Administrativo.

Assim:

Ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 28.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, e no n.º 2 do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de outubro, e no uso das competências delegadas pela alínea d) do n.º 1 do Despacho n.º 10791/2018, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 224, de 21 de novembro, manda o Governo, pela Secretária de Estado da Cultura, o seguinte:

Artigo único

Classificação

É classificada como monumento de interesse público a Cervejaria Solmar, incluindo o património móvel integrado, sita na Rua das Portas de Santo Antão, 106 a 108 A, Lisboa, freguesia de Arroios, concelho e distrito de Lisboa, conforme planta constante do anexo à portaria, da qual faz parte integrante.

29 de março de 2019. - A Secretária de Estado da Cultura, Ângela Carvalho Ferreira.»

(foto Lifecooler)

Acórdão do STA sobre o caso da Praça das Flores:


Depois do Museu Judaico, tb agora na Praça das Flores, o STA deu razão aos autores da providência cautelar, indeferindo o recurso da CML e do promotor, na circunstância a firma Green Parrot. Parabéns à Associação Portuguesa das Casas Antigas, à APRURP e ao Gecorpa.

08/04/2019

As árvores voltaram às Escadinhas da Saúde. Boas noticias!


(via HO)

Rua de S. Pedro de Alcântara 83 - Anexo ilegal na cobertura - nova queixa DGPC


Exmos. Senhores Há exactamente 4 anos solicitámos a V. Exas. que nos informassem se a alteração efectuada na cobertura deste imóvel em zona classificada de MIP (Bairro Alto) e em zona de protecção de outros bens classificados, havia sido licenciada pela DGPC, como obriga a lei do Património, tendo obtido a resposta de que "não havia antecedentes" registados, pelo que se concluiu que esta alteração era ilegal. Considerando que a cobertura permanece (fotos em anexo) como estava aquando da nossa queixa em 2015, solicitamos no presente que nos esclareçam sobre quais as medidas que pretendem executar a fim de ser reposta a legalidade e o prevaricador respeitar as entidades oficiais deste país. Com os melhores cumprimentos Paulo Ferrero, Fernando Jorge e Bernardo Ferreira de Carvalho

Linha Circular do Metro e o Parecer da Comissão de Avaliação (Nov. 2018)


Linha Circular do Metro e o Parecer da Comissão de Avaliação (com LNEC, DGPC, EPAL, etc.), e a curiosidade de a quase unanimidade ouvida em consulta pública se ter pronunciado CONTRA o trajecto. http://siaia.apambiente.pt/AIADOC//AIA3020/parecer%20final_aia3020201921816372.pdf

04/04/2019

Nem de propósito, mais uma "marretada de autor" na Lapa/Estrela


Nem de propósito, mais uma "marretada de autor" na Lapa/Estrela, desta vez pela mão do arq. STC (https://www.stc-arquitetura.com/project/142-Housing-in-Calcada-da-Estrela). Com a desculpa da pré-existência dos patamares existentes à direita, contorna-se a proibição do PDM em matéria da permeabilização do logradouro. Digam, portanto, adeus ao gaveto mais bonito da Calçada da Estrela.
Panorama desta semana, no Intendente. Inundação de cartazes da Festa do Avante em tudo quanto é sítio.






Na Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa (2019), que futuro para a Lapa?


A Lapa continua a estar à absoluta mercê da arbitrariedade da CML, dos promotores e de alguns gabinetes de arquitectura que, sedentos de deixar obra e “marca” pela cidade, fazem tábua-rasa da mais elementar cautela justificada pela presença inequívoca de valores patrimoniais e paisagísticos que importaria preservar na íntegra.


In Público (3.4.2019)

«Numa cidade orgânica como Lisboa em que os bairros históricos, salvaguardando a sua identidade, são a natural continuação uns dos outros, seria de uma grande evidência ver-se o tecido urbano no seu conjunto e também na sua singularidade.

A Lapa é, assim, uma extensão do bairro da Madragoa e como tal deveria ser alvo de um plano de salvaguarda para o seu ainda riquíssimo património.

A este propósito conviria rebater a tese de alguns arquitectos que, recentemente, afirmaram que este bairro “para além de um ou dois palacetes, não tem nada de excepcional”, falhando assim redondamente na leitura de um dos bairros mais emblemáticos da capital.

É que, para além dos tais “um ou dois palacetes”, há vários palácios e muitos palacetes (Porto Covo, Azevedo Coutinho, Monte Real, etc.), e também vários recolhimentos e conventos (o das Trinas do Mocambo é um dos exemplos mais conhecidos, outro, já na Estrela, temos o adaptado a hospital militar principal, onde se deseja que a possibilidade de aí se ter uma extensão do pulmão verde do Jardim da Estrela não seja derrotada pela gula especulativa), conta com a presença de inúmeros prédios pombalinos, pré-pombalinos e pós-pombalinos, chalets, edifícios de transição e déco-modernistas. Há muitos prédios com fachadas azulejadas notáveis, e ainda há várias casas térreas unifamiliares e vilas que emprestam ao bairro uma inegável força popular e vernacular, de que os arquitectos acima referidos serão incapazes de apreciar.

Foi no território da Lapa que se fez um primeiro projecto urbanístico com o aforamento promovido pelas freiras do convento das Trinas, dos terrenos da sua cerca monástica. Testemunhas silenciosas são as poucas pedras de foro que ainda existem em algumas fachadas do bairro.

É esta riqueza de tipologias que torna a Lapa um bairro único em Lisboa, cuja imagem vai muito para além do seu ar de “refinada burguesia”.

Sendo a continuação da Madragoa, será bom atermo-nos ainda em dois ou três pontos:

- A Madragoa é parte integrante da candidatura de Lisboa a património mundial da UNESCO, por via da candidatura desenvolvida pela CML e baptizada “Lisboa – Cidade Global” mas que parece não ser para levar a sério… porque a CML resolveu dissolver a unidade interna que trabalha no assunto.

- Sendo a Madragoa parte do bem a classificar, definiram-se “zonas tampão”, que servem para acautelar intervenções menos generosas com o edificado pré-existente, sendo a Lapa uma delas.

- Existe um Plano de Pormenor e Reabilitação Urbana da Madragoa, cuja área de implantação abrange parte muito significativa da Lapa.

Decorreria desta lógica de protecção enunciada oficialmente pela CML, uma cautela reforçada nas intervenções urbanísticas autorizadas para o Bairro da Lapa.

Contudo, bastará um pequeno passeio no terreno para se ver que, mais uma vez, a CML recomenda no papel uma coisa e na realidade autoriza todo o seu contrário. E fá-lo com uma desfaçatez que deveria cobrir de vergonha os responsáveis pelo urbanismo e todos os outros peões, desde as unidades territoriais da própria CML à DGPC.

O que vemos no terreno é assustador.

A Lapa continua a estar à absoluta mercê da arbitrariedade da CML, dos promotores e de alguns gabinetes de arquitectura que, sedentos de deixar obra e “marca” pela cidade, fazem tábua-rasa da mais elementar cautela justificada pela presença inequívoca de valores patrimoniais e paisagísticos que importaria preservar na íntegra.

Assim, por todo o lado as casas unifamiliares das ruas de S. Félix, Praças, Remédios e Trinas são esventradas para que se construam garagens. Os prédios pombalinos devolutos e “irrecuperáveis” são irremediavelmente demolidos para nascerem obras de traço contemporâneo, que tornam a uniformidade dos quarteirões uma miragem, não sendo já hoje possível classificá-los como um todo pela quantidade de notas dissonantes neles inseridas.

O fecho de ruas sobejamente conhecidas pelo seu ângulo magnífico a dar para o Tejo, o sistema de vistas, outra miragem, já que passam a ter um enquadramento igual a qualquer bairro satélite da capital.

Ficou tristemente célebre a casa Pereira Coutinho, na Rua da Lapa, n.º 69, moradia pombalina única em Lisboa e que foi demolida de alto a baixo para construir um mono transparente de quatro andares, e de cujo “inquérito para apuramento de responsabilidades” ainda todos estamos à espera…

Os palácios também não estão a salvo, veja-se o que aconteceu ao belíssimo palacete ao cimo da Rua das Trinas que foi escavacado na sua totalidade, roubados ou desaparecidos os azulejos, a escadaria e o logradouro.

A lista é infindável. De demolições e de novas criações (algumas fotos em anexo), como a “casa-forte” dos irmãos Aires Mateus, na Rua de São Bernardo, ou intervenções medíocres como a de Gonçalo Byrne na Rua das Trinas. Por todo a Lapa os exemplos são maus e são muitos.

Aliás, tendo em conta as recentes demolições e alterações profundas já ocorridas na Lapa (Rua da Lapa, n.º 69, Rua das Trinas, n.º 125, Rua da Lapa, n.º 79, Rua das Praças, n.º 84-90, etc.), e as que se vislumbram a curto e médio-prazo (Rua do Meio à Lapa, n.º 50-58, Rua do Meio à Lapa, n.º 16, Rua do Meio à Lapa, n.º 12-14, Rua do Quelhas, n.º 21-23, etc.), urge uma reformulação profunda ao Plano de Pormenor e Reabilitação Urbana da Madragoa.

Porque, sejamos claros, este PPRUM apenas tem servido para se viabilizar um sem-número de demolições e alterações irreversíveis à bela malha urbana consolidada (veja-se o estapafúrdio novo hotel Hilton defronte ao MNAA!) e outros tantos alinhamentos de cércea assustadores, desvirtuando por completo a Madragoa, a Lapa, a Estrela.

Além de que, por via desse instrumento de planeamento e gestão urbanística, a questão do património cultural é agora de somenos, foi subalternizada legalmente, uma vez que a DGPC passou a ser apenas consultada para efeitos de licenciamento em zonas especiais de protecção e imóveis classificados, que são raros. No resto apenas se pronuncia em matérias de arqueologia, detalhe caricato, face à importância histórica do todo, e porque existe uma inconsequência de facto no Inventário Municipal do Património enquanto seu substituto na salvaguarda do património em questão. Se ao menos a Carta Municipal fosse para levar a sério…

Mais grave tudo isto se torna, quando se lê no Regulamento do Plano Director Municipal a definição do que a CML entende por ruas de “traçado A” (e que corresponderia a praticamente todo o centro histórico se levado à letra), e se constata que as regras são para enganar o indígena que, impávido ou atónito, assiste à destruição impune de todo um retrato de cidade que é irrepetível.

Diz o documento, entre outras belezas acertadas, que a demolição total ou parcial é apenas admitida nos seguintes casos:

a) Em situações de ruína iminente atestada por vistoria municipal;

b) Em situações excepcionais de inviabilidade técnica ou económica da reabilitação do edifício ou edifícios, devidamente fundamentada em relatório de técnico credenciado...

Ora em todas as operações em curso, e noutras já terminadas, os avisos a indicar obras incluem quase sempre a expressão “alteração com demolição” e a autorização é, claro, sempre por “despacho do senhor Vereador”.

Algum projecto foi a reunião de CML? Há relatórios de estruturas? Feitos por quem? Levantamentos fotográficos fidedignos, para se aquilatar dos elementos decorativos e do estado de conservação dos interiores? Pareceres da estrutura consultiva do PDM? Atestados fundamentados quanto à impossibilidade de recuperação dos edifícios? Se a isto juntarmos a já referida a dispensa de parecer da DGPC, estamos conversados sobre governança.

Quanto à manutenção e ao melhoramento dos logradouros existentes, e à criação de novos espaços quando consideramos as construções novas ou aquelas que vão sendo reabilitadas, nada é dito nem assumido. É outra miragem.

Por isso, seria uma lufada de ar fresco muito bem-vinda que do Pátio da Galé e da próxima “Semana de Reabilitação Urbana”, que ali se realiza de 8 a 14 de Abril, se produzisse uma inversão de “praxis” para a dita, com efeitos em toda a cidade e em particular para a Lapa. Contudo, a lista de patrocínios do evento é esclarecedora: 1 grande cimenteira, 1 empresa de construção civil e 1 empresa de elevadores; pelo que não convém acalentar grandes esperanças.

Uma alternativa prática a esse “status quo”: a classificação urgente do que resta da Lapa, e aí sim passariam a vigorar regras estritas que pautariam as intervenções futuras. A DGPC tem a palavra.

Não se está a defender uma cidade estática, mas não se deseja uma cidade que, dando provas de um provincianismo arrepiante, escolhe deitar ao charco o que a torna única e singular, para lhe impor uma evolução que se pauta por intervenções a eito, despidas de continuidade com o conjunto onde se inserem, fruto de muitas e variadas ambições, decisões arbitrárias e, por isso, irresponsáveis, e também, é bom não esquecer, uma receita de muitos milhões em taxas urbanísticas para a CML.

Lisboa, e, por maioria de razão a Lapa, não se pode dar ao luxo de continuar a perder o seu património às mãos dos que primeiro o deveriam defender.

Por fim, e não de somenos, vem aí a Linha Circular do Metro!

E, dado o passado recente das obras de ampliação do Metro ao Chiado e ao Terreiro do Paço, em que se teve que gastar milhões e milhões extra para suprir os efeitos desastrosos em termos de deslizamentos de edificado histórico e não histórico, reforços estruturais, etc., e em que ainda hoje são visíveis a olho nu as rachas em múltiplas fachadas e outras tantas que se mantêm desengonçadas (veja-se o portão principal do palácio contíguo à Gulbenkian, por exemplo):

Ou bem que os estudos hidrogeológicos, os levantamentos topográficos e a engenharia do todo são à prova de bala ou, no que toca à Estrela, Lapa e Madragoa, estaremos perante um elefante, um paquiderme, em loja de porcelana.

Pelo Fórum Cidadania Lx

Miguel de Sepúlveda Velloso, Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Luís Serpa, Pedro Cassiano Neves, João Pinto Soares, Helena Espvall, Pedro Machado, Virgílio Marques, Júlio Amorim, Jorge D. Lopes, Beatriz Empis, Pedro Malheiros Fonseca, Pedro de Souza»

...

N.B: As fotos acima são um complemento ao artigo, e são da autoria de Miguel Velloso

01/04/2019

Projeto 121 - CORREDOR VERDE MARVILA – BEATO - Aplauso e incentivo à CML


Exmos. Senhores Vereadores
Arq. Manuel Salgado e Dr. José Sá Fernandes


C.c. PCML, AML, JF, UIT, DMAEV

No seguimento da aprovação pela CML do projecto de requalificação paisagística para a zona da antiga Escola Afonso Domingues, no âmbito do Orçamento Participativo de Lisboa 2018/19, e já em votação enquanto Projeto 121 - CORREDOR VERDE MARVILA – BEATO, “Intervenção, em articulação com os serviços de urbanismo, ao nível da reabilitação paisagística, incluindo limpeza, modelação, plantação de árvores e arbustos e percursos pedonais.”, somos, em primeiro lugar, a agradecer o facto e congratular a CML, na pessoa de Vossas Exas., pelo interesse em resgatar aquela zona esquecida da cidade e dos lisboetas.

Em segundo lugar, na sequência da anunciada mudança de instalações da Junta de Freguesia do Beato para a Quinta de Santa Catarina na Estrada de Chelas, pelo Vereador Manuel Salgado na reunião descentralizada de 6 de Março de 2019, e tendo em conta a relevante zona verde existente e a possibilidade de concretizar a ligação da Estrada de Chelas à Mata da Madre Deus e mais à frente aos terrenos camarários a requalificar no âmbito do projecto do Orçamento Participativo, supra referido, aproveitamos a oportunidade para solicitar a V. Exas. a organização, em conjunto com o Fórum Cidadania Lx e a Junta de Freguesia local, de uma visita ao local durante o mês de Abril.

Fazendo votos para que a visão da criação de um corredor verde na zona Oriental de Lisboa desde a Quinta de Santa Catarina no Beato até Marvila, que nasceu no seio do Fórum de Cidadania Lx e deu origem ao projecto em votação no Orçamento Participativo, venha a ser uma realidade muito em breve, independentemente da votação do Orçamento Participativo, sugerimos que a CML aproveite a necessidade expectável de criar estacionamento para as viaturas da Junta de Freguesia do Beato para requalificar o eixo Largo Marquês de Nisa - Rua Gualdim Pais - Estrada de Chelas, promovendo a protecção dos passeios e o estacionamento dos veículos paralelamente à via nomeadamente os da Junta, que dispõe das instalações do Posto de Limpeza do Beato, localizado a menos de 300 metros do local da futura sede, impedindo que uma eventual construção de um parque para estacionamento automóvel dentro da Quinta de Santa Catarina (ou a pavimentação/alcatroamento parcial desta) venha a desvirtuar a sua característica original enquanto zona verde e recreativa para os Munícipes.

Subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bruno Palma, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Pedro Martins, Júlio Amorim, Helena Espval, Ana Alves de Sousa, Luís Mascarenhas Gaivão, Fernando Jorge, Jorge D. Lopes, Jorge Pinto, Jozhe Fonseca, Miguel de Sepúlveda Velloso, João Oliveira Leonardo, Fátima Castanheira, Pedro Formozinho Sanchez, Fátima Castanheira e João Vasco Almeida

"O estranho caso do cavalo da Ciccone" (Jornal Público)

A prevenção de eventuais danos no Palacete de Belas, que motivou a recusa a Madonna e o efeito de esta ter que ir cantar para outra freguesia, devia ser prática continuada nos serviços e responsáveis, todos eles, com redobrada atenção no que toca a uma Sintra Histórica, Património da Humanidade.

27 de Março de 2019, 16:50

Não haja dúvidas que a notícia caseira da semana (mais “Navegante” mais barato, menos “Andante”) encerra em si mesma um enigma, pois num país habituado nas últimas décadas a que os seus responsáveis se rebolem de costas sempre que alguma estrela internacional do firmamento do show business (leia-se artístico, mas também político e empresarial), lhes pede para dar cócegas na barriguinha, quase sempre acenando-lhes com uma “nota preta”, eis que o edil de Sintra resolve dar uma valente nega à rainha da Pop.

O episódio conta-se em duas penadas:

Uma produtora solicitou autorização à Câmara Municipal de Sintra para a gravação de um videoclip no interior do palacete oitocentista da Quinta Nova da Assunção, em Belas, que é propriedade da autarquia, e viu a mesma ser recusada. Motivo: a presença de um cavalo no set poderia estragar irremediavelmente o chão e a estrutura do palacete.

Aplausos para o presidente da Câmara Municipal de Sintra, pela coragem do acto e pela irrevogabilidade da decisão, e porque ainda teve ocasião de reforçar a mesma com um claro “há coisas que o dinheiro não paga”, para que não restassem dúvidas.

Apupos para a “rainha”, que amuou (segundo o Correio da Manhã, terá escrito “já dei tanto a este país e quando peço um favor simples, de facto para mostrar Portugal ao mundo, a resposta que obtenho é negativa”), tendo ainda tentado mexer cordelinhos, em vão, ou, pelo menos, sem os efeitos desejados porque o assunto se tornara, entretanto, do conhecimento público.

À margem, mas não menos importante, nada se sabe sobre o que pensará nesta altura o cavalo em causa, que ficou sem conhecer o interior do palacete. Quiçá o mesmo que terá pensado um seu homólogo de certo vídeo picante de Illona Staller, rodado há já uns quantos anos. Muito menos se sabe de que cavalo se tratará, se de um dos já célebres onde a diva trotou pelas areias da Comporta, se de algum descendente directo do celebérrimo equídeo de Lady Godiva. Fosse isto um episódio do show de Ed Sullivan e já o saberíamos, por certo.

Seja como for, e brincadeiras à parte, a recusa de Basílio Horta é um marco histórico para a nação, um acto de pundonor que destoa no nosso quotidiano, em que tudo é aceite e ainda se agradece de boné estendido. Por isso, esta recusa merece ainda maior elogio público. E deseja-se que sirva de exemplo doravante, aos demais responsáveis, perante as mais variadas “estrelas” - lembremo-nos, por exemplo, do que se passou no Convento de Cristo, com as filmagens dirigidas por Terry Gilliam, ou, noutra dimensão, o que se deixa fazer a alguns empreendedores francófonos em matéria de reabilitação urbana na capital.

Voltando ao início do presente artigo, a estranheza a que alude o título tem que ver não com o facto concreto desta recusa em particular, mas, porque um sem-número de outros atentados ao património sintrense, e universal, classificado pela Unesco, não são objecto de igual, pronta e firme recusa.

É certo que Madonna não é uma construtora civil, nem uma promotora hoteleira, nem é dona de esplanadas no centro histórico, nem tem uma firma de “tuk-tuks”, muito menos possui uma empresa de podas e abates de árvores.

Mas a prevenção de eventuais danos no Palacete de Belas, que motivou a recusa a Madonna e o efeito de esta ter que ir cantar para outra freguesia, devia ser prática continuada nos serviços e responsáveis, todos eles, com redobrada atenção no que toca a uma Sintra Histórica, Património da Humanidade.

Tem que haver também pundonor em matérias que aparentemente são de somenos, como, por exemplo, no licenciamento de janelas e portas em alumínio e PVC, em detrimento da madeira. Nas tintas plásticas em relação aos revestimentos a pigmento natural. Na telha em canudo, sobre a mediocridade da “lusa”. Nos autocarros e “tuk-tuks” poluentes versus veículos eléctricos.

Assim como não pode a CMS estar a classificar árvores como de Interesse Municipal e depois permitir-se destruir essas árvores, autorizando podas brutais e ignorantes, ou a colocação de esplanadas que as agridem e sufocam (o que se passa em frente ao Café Paris e ao edifício do antigo Hockey de Sintra é escandaloso!), ou porque é sempre preciso mais um lugarzinho para o popó.

É um desconsolo absoluto o que acontece todos os anos em Sintra, com práticas de rolagem e agressões várias às suas árvores de grande porte, desde São Pedro até ao Lawrence’s.

É algo que a todos devia envergonhar, porque, além do mais, o património arbóreo da Vila (mais Colares e Banzão, e a Serra, obviamente) é tão ou mais valioso que o seu edificado, quem pense o contrário está profundamente enganado.

Igual pundonor devia presidir a todo e qualquer licenciamento urbanístico que ponha em causa a harmonia da Vila consolidada, a sua silhueta, as moradias e as quintas que a foram fazendo crescer a partir do centro histórico, o ritmo das suas janelas e das mansardas, a suavidade das cores, a patine, o musgo, as coberturas a duas e a quatro águas, os seus logradouros e os seus jardins verdejantes, os trilhos, os muros de pedra, as trepadeiras, etc., etc.

Mas o pundonor da CMS tem que ir mais longe.

Coisas como a monstruosa edificação na Gandarinha deviam ser banidas para todo o sempre. Mais, a CMS neste caso devia fazer o promotor abater todos os pisos do empreendimento que ultrapassam já o muro da envolvente. É um gravíssimo atentado a Sintra o efeito nefasto que este empreendimento já provoca nas vistas de quem vive e passa perto do local, mas também a quem está cá na vila e mira a encosta. E é um escândalo que o Comité Unesco, mais a mais com uma representação (?) permanente na Vila, faça de conta que não é nada com ela. Aliás, se fosse para levar a sério, o dito já teria ameaçado retirar o estatuto Unesco a um sítio em que se permite semelhante atentado.

Há que o ter também quanto ao estado deplorável e revoltante da histórica Quinta do Relógio – se há sítio em Sintra para se invocar a expropriação este é um deles. E ao faz-que-anda do Hotel Netto. Aos serviços da GNR que permanecem por trás do Palácio da Vila (já tiveram protocolo para dali saírem para as instalações dos bombeiros, mas está tudo na mesma…). Ao complexo da Misericórdia por “inaugurar” defronte ao mesmo palácio. Às “mil” edificações abandonadas Alameda Barão de Santos acima, mas também para os lados abandonados da Vigia, onde dizem que vai nascer hotel de cadeia internacional. E em São Pedro, coitado, quem o viu e quem o vê, a começar pela gigantesca Quinta de Santa Teresa (aquele desbravar de mato há uns tempos, para estacionamento - abriu uma vez?! -, trazia água no bico?) e o edifício em ruínas da União 1.º de Dezembro. E ao vário e valioso edificado ainda existente de Raul Lino e de Adães Bermudes, por exemplo, um pouco por todo o lado, eles que tanto contribuíram para a imagem de Sintra. Mas também ao edificado Art Déco e modernista, de Faria da Costa a Keil do Amaral, que ainda há algum. Proceda a CMS a intimações para obras coercivas e verá resultados práticos…

Porque essa Sintra não voltará a ser edificada. E quando desaparecer a Sintra que ainda temos, por abates licenciados ou, simplesmente, por estar toda plastificada, já nem valerá ao turista Disneyland, porque parques temáticos para “selfie” é coisa que não falta.

Que esta coisa do cavalo da rainha seja o ponto de viragem.

Quanto mais pundonor, maior a ovação.


Fundador do Fórum Cidadania Lx