02/03/2005

Capitólio, Imóvel de Interesse Público, para quê?


(foto: IPPAR)


A notícia é toda ela um prodígio de encenação teatral (digna das famosas réplicas de Estêvão Amarante e Luísa Satanela), dado que o que está em causa em todo este imbroglio à volta do futuro do Parque Mayer é um negócio chorudo para uma firma de construção civil (que gosta de explorar parques de estacionamento subterrâneos), em troca do cumprimento de uma promessa eleitoral que voltará a sê-lo nas próximas autárquicas, já em Setembro-Outubro.

Mais, a empresa de construção além de, parafraseando a linguagem do deputado municipal do PC, trocar um "esqueleto" - o Parque Mayer - por uma bela "chicha" - os terrenos livres da Feira Popular -, ainda ficará com os direitos de exploração dos futuros estacionamentos subterrãneos circundantes ao futuro Parque Mayer.

Contudo, o que mais me aflige em toda esta encenação é o arrojo da Senhora Vereadora do Planemento Urbanístico, Eduarda Napoleão, referindo-se ao Cine-Teatro Capitólio como sendo "uma perda certa". Assim, segundo esta nossa eleita:

O Capitólio, que data de 1931, que é da autoria de Cristino da Silva (um dos nossoa maiores arquitectos de sempre); que é internacionalmente elogiado como um bom exemplo da arquitectura daqueles anos de bom gosto (veja-se o que dele disse Norman Foster, por ex.); e que é classificado pelo Ippar, integralmente, como Imóvel de Interesse Público (ver ficha), deverá

"ser demolido... este exemplo da arquitectura moderna devia ter sido preservado pelos seus donos, mas que é praticamente impossível mantê-lo, como indicam estudos do LNEC. A única hipótese é, pois, desclassificar o teatro", referiu a Senhora Vereadora.

Perguntas imediatas:

1. De que serve classificar-se um imóvel para depois o desclassificar?
2. De que serve classificar-se um imóvel se nunca se consegue coagir o proprietário a conservá-lo?
3. Não será uma enorme hipocrisia a classificação seja do que for?
4. O dinheiro vale mais do que o património?

PF

1 comentário:

Anónimo disse...

Realmente nao contem isso a ninguém
pós-fronteira, pois pode-mos ficar
qualificados como tolinhos, ou outra coisa ainda pior. Continuamos
com "inovacoes", que outras culturas, nem lhes passariam pl`a
cabeca. A ideia é tao imbecil e
indignante.....que nao vou gastar mais palavras.
A propósito, quem é que votou nessa
senhora Napoleao? "Deus vos valha!"

Julio Amorim