Moradores, trabalhadores e visitantes do Parque das Nações, em Lisboa, puderam dar ontem um passeio em embarcações típicas do Tejo. Doze anos depois da Expo'98, a população lamenta que o rio não seja mais aproveitado quer para recreio quer para trabalho.
O bote de fragata Baía do Seixal, uma embarcação de cores garridas e flores pintadas no casco, sulca pachorrentamente as águas da frente ribeirinha do Parque das Nações, em Lisboa. A dúzia de passageiros que transporta está tão encantada com a nova perspectiva desta zona da cidade que até esquece o sol inclemente que lhe fustiga o corpo.
São sobretudo moradores ou trabalhadores da zona onde se realizou a Expo'98, mas também alguns habitantes de outras paragens, que aproveitaram o Festival do Parque das Nações, promovido pela associação local de moradores e comerciantes, para dar um passeio à borla numa embarcação do Ecomuseu Municipal do Seixal. Só lamentam que a iniciativa não seja mais frequente.
"É pena que o rio não seja aproveitado, todos os dias, pelos jovens", considera António Felgueiras, 68 anos, residente no Parque das Nações. "A escola não está virada para a água, mas nós, como país de navegadores que somos, devíamos virar-nos mais para o Tejo e tentar promover o encontro entre as duas margens."
Para António Felgueiras - que, mais habituado com a vista da sua casa num dos prédios mais famosos do Parque das Nações, estava maravilhado com a perspectiva a partir do Baía do Seixal - o barco poderia servir até de meio de transporte alternativo entre a zona a norte da antiga Expo e o Terreiro do Paço.
Carlos Tomás, 57 anos, residente na zona de Alcântara, também acha que o Tejo podia ter "mais vida", que podia passar pela organização de passeios como se fazem no rio Douro. Mas acredita que com a marina do Parque das Nações recuperada desde Agosto do ano passado, após uma intervenção de 14 milhões de euros, passam a existir outras condições para usufruir do rio.
O imbróglio da marina, que esteve fechada durante oito anos, até 2009, devido a deficiências técnicas na infra-estrutura e a dificuldades de gestão, foi um dos marcos mais negativos dos 12 anos de pós-Expo'98.
Na sequência da exposição, Lisboa ganhou um espaço empresarial, residencial e de lazer com qualidade acima da média, mas que não está isento de alguns problemas. Nessa perspectiva, Carlos Tomás é o lisboeta médio: vai até ao Parque das Nações com alguma frequência, seja para visitar a Feira Internacional de Lisboa (FIL), passear nos jardins ou beber um copo num dos bares. Mas considera que a construção de edifícios já é mais do que suficiente - uma das críticas mais comuns ao Parque das Nações, onde ainda deverão ser construídos mais 1400 fogos -, ao contrário do estacionamento.
A dificuldade para encontrar um lugar para deixar o carro tem sido, de resto, fonte de crítica ao longo dos 12 anos. Durante anos, era quase impossível encontrar um "buraco" para o automóvel. Desde que os parquímetros entraram em funcionamento, os funcionários das muitas empresas ali sediadas queixam-se do dinheiro gasto no estacionamento.
In JN
6 comentários:
Hoje em dia, não só o piso do passeio junto ao rio está a necessitar, em muitos locais de manutenção (há muitos «altos» perigosos), como se depara a cada passo (refiro-me ao fim-de-semana, que é quando lá costumo ir) com ciclistas circulando com velocidade manifestamente excessiva, passando tangentes às pessoas que andam calmamente a passear, sem se importarem com as muitas crianças, e também desrespeitando com todo o à-vontade a proibição de circular na ponte de madeira em frente ao Oceanário.
Acho que faz falta ver por lá, por exemplo, em segways, agentes da polícia ou da segurança do recinto.
Usem o metro.
Toda a gente na Europa já largou a os automóveis há que tempos e sabe que tem todas as vantagens possíveis e imagináveis em viver no centro num sítio com bons transportes para... tudo quanto interessa, porque toda a gente na Europa sabe que um bom sítio para montar um bar ou um restaurante ou mesmo um escritório é ao pé de uma estação de metro.
não é verdade que não há estacionamento. o parque do Parque do Tejo, junto aos pilares da ponte, estava quase vazio recentemente num Domingo. se querem aproveitar o rio podem estacionar lá e ir a pé ao longo do rio até ao destino preferido...
A zona do PDN é bem servida de estacionamento próximo dos 'limites' da zona (se é que existem limites). O que ali faz falta, e tenho-o dito por várias vezes, é um meio de transporte interno, que cubra eficientemente a zona de uma ponta à outra (de salientar que apostar aqui nos eléctricos seria fazer uma escolha inteligente). O que faz falta também é recuperar todo o pavimento junto ao Tejo que, em 12 anos aluiu e onde, em alguns locais apresenta desníveis com 30cm de altura ou mesmo mais. O que faz falta é deixar de ver o Parque das Nações como uma zona anexa a Lisboa e criar maneira de a integrar na cidade. Porque não criar percursos de ferryboats entre o pdn e o terreiro do paço e com a margem sul? O que faz falta é limpar e dragar a foz do Tejo. Em maré baixa, o lodo prolonga-se por mais de 5 metros para dentro do rio e não numa zona localizada. Este fenómeno acontece desde o rio Trancão (inclusive) até à Matinha. O que faz falta é parar de emparedar os jardins como o que estão a fazer com o Jardim da Água e restituir espaços de lazer (como deixaram demolir a Praça Sony?).
Em 12 anos, do que era suposto tornar-se o Parque das Nações, pouco se fez: o Pavilhão da Realidade Virtual foi demolido ilegalmente para construção do casino, o Pavilhão de Portugal continua desocupado, o Pavilhão do Conhecimento está, aos poucos e poucos a sucumbir a realidade portuguesa (estão a abrir uma janela, sem qualquer nexo com as linhas do edifício), o hotel em frente da Torre Vasco da Gama? Sem comentários… Os exemplos são mais que muitos. Até quando vamos deixar que façam o que quiserem com o Nosso espaço?
Um dia destes passei pelo Jardim Garcia de Orta e aquilo é um desmazelo vergonhoso.
Plantas secas, caminhos em mau estado, folhas no chão, por todo o lado, que ali parecem estar há séculos...
Anónimo das 7:55PM,
E também não esquecer o cheiro a mijo quando o sol bate.
Falta limpeza naquele lugar.
Cumpts.
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